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Onipotência

Os ventos sopram… a terra gira, as estações mudam. Ando a reler “O ponto de mutação” obra máxima de Fritjof Capra. Tinha ganhado esse livro de presente de aniversário em 2004, assistido ao filme em 2002, talvez, e pensado – na época – como esse livro mudou a minha cabeça. E é impressionante o poder que certas coisas têm na sua vida: de mudar. Mudar.

Os ventos sopram... a terra gira, as pessoas mudam. Quer dizer, se há uma regra universal na vida, eu diria que é a regra do livre-arbítrio. Você – e mais ninguém – é dono do seu destino. Não é recordação de nome de novela, não. A cada segundo de nossa vida, temos a oportunidade de fazer diferente. De escolher diferente. De desejar diferente. Mudar... mudar.

No entanto, a algumas pessoas é dado o direito supremo de julgamento da vida alheia. Ops, eu disse “a algumas pessoas”? O correto seria dizer: a todas as pessoas. Pois todos temos as nossas experiências de vidas que funcionam a partir daí como embasamento empírico para apontar falhas alheias como se as nossas próprias não fossem dignas de julgamento. Para alguns, esse poder extrapola limites. Para uns outros, pode ser motivos de autoculpa e autoflagelação com dizeres do tipo “eu não deveria dizer isso, mas eu digo isso” ou fazer exatamente as atitudes criticadas pensando intimamente que não deveria fazer. Um ciclo vicioso, digamos assim.

Nos últimos meses, a minha vida tem sido de reviravoltas. De reconhecimento, de autoconhecimento e de conhecimento, mesmo. Como dito, eu mesma acho que conheço certas coisas só por tê-las vivido a fundo. Ilusão. Eu também acho que conheço as pessoas porque a Astrologia me disse que a conhecia. Ilusão (e não é por culpa da Astrologia, claro). Eu também acho que aprendi a reconhecer o meio-termo dos extremos da vida, dos fatos e dos relacionamentos... ilusão.

Minha vida, por isso, tem sido uma completa ilusão? Desilusão? Eu diria que a minha vida tem sido um complexo e completo universo inteiro de novas possibilidades nunca antes vislumbradas. Eu mudei? Sim, eu mudei. Estou reaprendo a viver sem ilusões? Sim, estou batalhando. A vida é mais fácil dessa forma? Não é mais fácil ou mais difícil, é apenas nova. E como uma criança aprendendo a andar, estou reaprendendo a andar de novo.

Por isso, eis a minha resposta à sua pergunta: quando uma coisa não está fluindo, a melhor forma de desobstruir é deixar o rio seguir seu curso. Não forçar barricadas. Não exigir que as margens cedam. O rio segue seu curso e saberá qual o melhor caminho a tomar. Eu acho que dizer isso parece grosseiro, pois parece que sou superior: acredite em mim, não há superioridade nas minhas palavras, é você quem as está interpretando assim. E se você sabe que não me conhece o suficiente para tentar me compreender, não force uma interpretação baseada em traumas pessoais antigos, em reflexos doentios de uma sociedade hipócrita e igual. Você poderia simplesmente tentar... sentir. Mas se não houver, por ora, sentimentos em seu coração... calar não é sempre a melhor resposta?

Por isso, eis a minha resposta à sua outra pergunta: não olhe para o passado procurando por respostas como um arqueólogo atrás de relíquias. Ainda estamos vivos e nossos ossos não precisam nos dizer o que nossa alma e nossas atitudes do presente podem. Se você se sentir preso dentro de si mesmo, é porque há algo dentro de si que deseja ardentemente se libertar. Se você se sente sufocado, mesmo respirando e mesmo falando sem parar, é porque você ainda não passou da sua própria superfície e é apenas no verniz que você está patinando. Se você procura, inconscientemente, a culpa nos outros pelos erros que você não tem coragem de assumir, faça como eu: assuma os erros. Admita que se a única regra universal da vida for o livre-arbítrio, tentar o diferente (e, talvez, errar por isso) é o mínimo decente que podemos fazer por nós mesmos.

O vento está soprando... e eu sinto que é hora do silêncio entre nós. O silêncio e o tempo, bálsamos tão poderosos, saberão nos conduzir. Nossas mentes racionais e tão humanas agora não podem. Pois precisamos aprender que a onipotência inerente a cada ser humano vivo na face da Terra é a arma que têm nos conduzido a nossa própria destruição.

Melissa Etheridge - Company

De uns tempos (bastante tempo, aliás!), venho pensando nas pessoas que entraram e saíram da minha vida. Tantas pessoas, tantas circunstâncias. Exagerei no poder da palavra, exagerei no conhecimento e uso da Astrologia, exagerei no falso correto julgamento que achei que poderia fazer. Exagerei em muita coisa.

Ao mesmo tempo, tenho saboreado tantos novos sabores e temperos... que me pergunto constantemente qual é o real limite naquela velha frase: "melhor ser ignorante ou saber a resposta de todas as perguntas?".

Vou confessar uma coisa aqui: sabe do que sinto falta? Sinto falta de conhecer uma pessoa e me sentir tão instigada por ela, que eu seria capaz de fazer um revolução ao seu lado. Uma pessoa apaixonante! Não é amor, não é paixão, não é sexo... é uma conexão eletrizante, de pura energia e coincidência conectadas, sabe? Alguma vez na vida, todos nós sentimos isso.

E faz tempo, sabe, faz muito tempo que eu sinto falta dessa conexão que me arrepie e me surpreenda. Mas deve ser período, deve ser carma, deve ser essa nova pessoa que sou agora. Ironicamente, mais aberta e mais compreensível e, na mesma medida, mais sozinha.

As pessoas tornam-se tão previsíveis... tão egoisticamente previsíveis e tão ironicamente rasas... um racionalismo que se traduz assim: paralelas que nunca se cruzam.

Trilha sonora de hoje, Melissa Etheridge.

Meu aniversário + show da Myllena

Queridos leitores deste blogue, não tô com mão boa para escrever, então hoje vai por tópicos:

1-) Castelo do Vinho: mesmo chegando atrasada, consegui aproveitar profa. Maria Helena, Jana, Sharlene, Jeane e Robertinha. Nem enchemos a cara nem nada... rs.

2-) Lona de Jacarepaguá: show da querida Myllena com Alê e Daniel, Karla Rosalino, mais a galera do Castelo do Vinho. Tanta gente deveria ter estado lá, mas não pode... fez falta.

3-) Show da Myllena: o som da lona estava de ruim para péssimo. Não precisa ser expert no assunto para perceber isso, mas mesmo assim, Myllena apresentou um show "que começou calmo e cresceu até alcançar um auge no fim" - palavras de Isabella Taviani. Sempre penso como foi no Teatro Rival, em como seria ouvir a voz límpida e linda de Myllena.

4-) Jeane linda me deu marshmallows japoneses de presente. Adooorei, querida!

5-) No camarim, Myllena me deu o mais gostoso dos abraços. Compartilhei de sua energia limpa e linda, leve... é encantador ver sua alma mineira. Ela me desejou parabéns no meio do show, depois do show. Me disse que "um dia" canta Pontos Cardeais. Tô pensando mesmo que o dia em que ouvir esta música ao vivo eu vou precisar de um desfibrilador cardíaco... Enfim, e eu apenas penso como são privilegiados os que podem conviver com ela.

6-) Minha cara de pau ainda foi dar um abraço em IT, sentada num canto, sem querer ofuscar a mineira. E eu sempre ficarei arrepiada em ouvir a sua voz, uma das mais belas vozes que já ouvi em toda a minha vida, pessoalmente, tenha certeza disso!

7-) Pedi uma palheta para a Myllena, já que a senhorita Alessandra tem vergonha de ela mesma fazer o pedido. A garota trava com a cantora (diante de sua beleza, diz ela) e eu fiz a de porta-voz, com muito prazer! rs

A noite ainda foi longa, longa, longa, longa... meu aniversário, oficialmente é dia 18 de julho, mas comemorei muito feliz, ali, com os cariocas que puderam estar presentes e com a minha amiga paulista Sharlene que representou a todos. Foi bom demais.

Sinto a fase nova, de transmutação e de novos ares. Obrigada a todos que um dia estiveram comigo, a todos que me acompanham ao longo de muitos anos e a todos os novos chegados, que espero que fiquem por muito tempo.

Ame o próximo

Esta é a semana derradeira antes do meu aniversário. É aquela semana que todos os pensamentos correm, juntos com as energias que se renovam e se recriam. Meus sentidos andam mais do que nunca à flor da pele. Agora, me parece, que de verdade, eu cada vez mais deixo de ser aquela pessoa que sempre fui para me tornar naquela que realmente devo ser.

Brevemente, queria comentar sobre a raiva e o ódio. Lembro que minha amiga querida Gabitchs me disse que eu deveria escrever a respeito e, àquela época, não me achei pronta para falar qualquer coisa que fosse a respeito. Acho que hoje, agora, posso tentar.

Então, Gabitchs, sabe o que acho do ódio? Vou pensar nas pessoas próximas a mim que vociferam ódio aos quatro cantos. Pessoas comuns do nosso dia a dia. Eu me lembro da pessoa que fui um dia. E lembro com tristeza de como isso ficou grafado na memória das pessoas com quem convivi nesse período.

O ódio que vemos no nosso cotidiano nada mais do que aquilo que revelamos que há dentro de cada um de nós. Enquanto não aprendermos a transmutar esse sentimento tão próximo e tão oposto ao amor, não conseguiremos deixar de classificar as coisas. Não deixaremos de sentir ódio quando podíamos sentir mais amor. O amor puro que ainda não aprendemos a sentir de verdade e que parece tão utópico.

Essas pessoas próximas a mim sentem raiva e ódio por tudo! Pelos atendentes, pelas pessoas que andam na rua, pelas coisas mínimas, pelos acontecimentos mínimos, pela causas mínimas! Eu sei, como sei, porque eu já fui assim. É o nosso lado instintivo-animal mais fácil de ser. Somos reativos quando reclamos de tudo que passamos e que não gostamos de passar.

Essas pessoas próximas a mim, Gabitchs, sentem ódio por tudo que lhes acontece, porque na minha modesta opinião, é esse ódio preso dentro delas. Todos nós temos todos esses sentimentos e todos nós precisamos aprender a lidar com eles. Os caminhos são vários e as formas de demonstrá-los, idem.

Acredito, ainda, que as pessoas do ódio são as pessoas que mais sentem amor. Mas elas ainda não sabem disso. E eu sei que tudo isso pode parecer bem um blá-blá-blá de autoajuda, mas isso é tudo do mais sincero que posso dizer. O meu ódio interno ainda me atenta, como um velho hábito persistente, a fazer com que eu seja instintiva-reativa: mas tenho cada vez escolhido o caminho do meio -- aquele que acho que todos deveriam ao menos tentar seguir.

Os anos 90

Esta semana foi dedicada à música dos anos 90. Assumo e confesso: vou ser aquelas tias que daqui uns belos anos vai dizer assim aos jovens: "Meu filho, música boa é dos anos 80-90!". hahaha

Talvez por ter sido marcada fortemente pela minha pré-pós adolescência, tenho coleções infinitas de lembranças de músicas dessa época. Num tempo em que haviam rádios rocks famosas, que o cenário internacional da música saía de um ostracismo criativo indo para o grunge, eu guardava e memorizava todas as músicas. Foi um período fértil, porque eu ouvía de tudo. Naqueles anos, não tínhamos mp3, não tinha download de músicas. Tínhamos vinis e rádio pra ouvir, nada mais. Quem tinha gravador de fitas k7 corria pra gravar músicas das rádios para poder fazer o famoso "repeat one" que dava trabalho porqque você tinha de rebobinar fita. Doido? Sim! Mídias ainda não tinham alcançado o nível que temos hoje, tudo num plug-push-play.

Assim, não me escuso de ouvir música dessa época. Agora, para mim, tudo parece tão esquisito. Sinto em falar em público, mas o Radiohead parece que imputou um estilo musical cool e cult que todos ouvem, gozam e vociferam aos quatro cantos. Gosto é gosto, mas não consigo ouvir Muse, Keane e afins. Eu bem que tentei e ainda me pego tentando, mas não consigo. Gabitchs sempre me salva, me indicando bandas que aprendi a gostar como Sterophonics e She Wants Revenge.

Então, trouxe uns cds de SP para o Rio e comecei a reouvir material que não ouvia a muito tempo. Ainda tô ouvindo. Eu poderia encher páginas e páginas de vídeos com as coisas que ando ouvindo, mas vou poupá-los da minha loucura que já compartilhei por twitter.

Alguém lembra do Maskavo Roots? Tempestade é uma clássica nacional de 1993 (posteriormente regravada pelo Pato Fu), bem como Pérola do Paulo Ricardo e RPM numa tentativa de reunir o RPM. Ficou nesse cd. Ouvi dizer que eles estão se reunir de novo... mas duvido que haja um RPM rock como deve ser. Bem, em todas as vezes que ouço Pérola lembro do meu grande amor platônico, o maior de todos que tive e que já ouvi dizer. Esse amor dessa época gerou páginas, páginas, páginas, páginas, páginas infinitas de poemas, histórias, contos e muitas noites maldormidas. E eu mal sabia seu nome. Platônico como deve ser.





Como brinde deixo Take me for a little while que já postei várias vezes neste blogue, porque é uma dádiva ver um único cd que reuniu David Coverdale e Jimmy Page. O álbum inteiro (que eu tenho... hehe) é um clássico. E esta música, em especial, é a minha favorita. [detalhe, nunca tinha visto o vídeo, nem sabia que existia! brega master, estilão Coverdale... :P. Que guitarra é aquela com 50 milhões de cordas, alguém me explica?]



Da década de 90 também tem o Simple Minds, banda fabulosa, cheia de outros clássicos. Este álbum também está na lista daqueles que levarei para uma ilha deserta: Good News From the Next World. E She's a River e Hypnotised... ah.