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Apenas eu

Falei de tantas pessoas ao longo desta semana. Pensei em tantas coisas boas... mas chegou a hora de pagar minha própria conta e cuidar de mim. Não costumo falar de tudo que sinto, por respeito a mim mesma. Porém, hoje, o dia amanheceu nublado (de novo!) e eu não pude evitar aquela sensação de solidão mesmo com tanta gente perto de mim.

A música a seguir (do Bon Jovi, claro) é uma das várias que me definem. Esta me define agora: "You better chase your dreams before they rust. Get what you can and hope it's enough. Go on now, you're on your way, baby. Break some hearts, hearts can break easy." [Algo como: "É melhor que você vá correr atrás de seus sonhos antes que eles enferrujem. Que você tenha tudo que puder e espero que seja o suficiente para você. Vá agora, siga o seu caminho, querida. Magoe alguns corações, já que eles podem facilmente ser feridos."]

Saudade de construir sonhos novos. Saudade da companhia perfeita de um sábado à noite. Saudade da intimidade que palavras não exprimem. Por isso: "
O limbo emocional é uma mistura de todas as piores salas de espera que você puder imaginar." O meu eu agora está transmutando e reconstruindo.

Don't worry about me, I'll get along

I'm like a neon sign that's always on
It's alright, I'm open all night
I'll be right here waiting no matter how long
I'll keep the jukebox playing our favorite song
Hey, if you're lonely, I'm open all night
Open all night
I'll never turn out the lights


Para inspirar

Tirei esta foto hoje: em meio a paulistanos apressados -- cada um com seu motivo particular. Já é clichê dizermos que não olhamos mais para o céu -- de dia ou de noite. Não olhamos as pessoas nos olhos, não sorrimos, não cumprimentamos.
Somos tão mesquinhos, vazios, perdidos e egoístas que o nosso maior mérito é saber quem vai chegar primeiro a qualquer lugar. É passar rápido por alguém na rua. É ultrapassar aquela pessoa que vai no passo mais lento à nossa frente. É ficar onde tem fila. É empurrar onde tá todo mundo empurrando.
Mas se você para, respira e olha um pouquinho para cima, pode encontrar tanta beleza escondida em lugares mais improváveis. Pretendo começar a fazer um registro fotográfico desses lugares... espero que eu saia bem!Esta foto é dedicada a todos os meus queridos leitores que nunca deixam de visitar este canto. A todos que leem o que escrevo e nada comentam. A todos que leem e comentam. A todos que leem... por simplesmente ler! Obrigada a cada um de vocês.

O fim da própria vida - por quê?

Ontem fiquei sabendo que o vizinho do prédio onde morei, no Rio de Janeiro, se suicidou. Era um senhor de idade avançada, já. Quais são as recordações que tenho dele? Troquei uma ou duas palavras, bom dia, boa tarde. Nunca vi ninguém com ele, ele era sozinho. E gostava de ouvir música clássica -- que sempre ouvia muito alto.

Ele cortou os dois pulsos e sangrou até morrer. Uma sensação do quente saindo do corpo, a vida. A alegria, provavelmente, ele já não sentia mais. Ir adormecendo, um sono forçado. Será que ele acreditava em vida após a morte? Não sei.

É a segunda vez que sei de alguém, perto de mim, que se suicida. Outra pessoa foi também um cara que conheci quando trabalhei como mesária nas eleições. Foi uma afinidade imediata, isso porque ele era apenas um votante. Lembro que ele era muito simpático. E lembro que as meninas que trabalharam comigo, na época, ficaram achando que ele era um bom partido para mim... mal sabiam elas. Lembro que trocamos emails e ele começou a periodicamente mandar poemas para mim. Não poemas de amor, claro... poemas muito sensíveis. Eu adoro conhecer poetas que escrevem com a alma e não com o ego.

Algum tempo depois, uma das meninas que trabalhou comigo me ligou para dizer apenas que ele tinha morrido.  Foi encontrado enforcado no quarto. Nessas horas é impressionante o mix de sentimentos que te invade... a primeira coisa que pensei foi: "por que não disse a ele que seus poemas eram lindos? Será que isso teria dado uma gota de alegria para que a vontade de viver dele não sumisse?"

Essa sensação de impotência diante do livre-arbítrio de alguém é muito mais pungente do que quando alguém lhe diz "não" na sua cara. Porque você sabe que essa atitude não tem volta. É a última palavra, o último ato de uma pessoa que -- nunca saberemos -- não tinha mais motivos para continuar viva.

Isso me lembra também um documentário que vi numa Mostra Internacional de anos atrás sobre a ponte Golden Gate, um dos locais preferidos dos suicidas. O relato mais comovente é o de um rapaz (se não me engano) que conseguiu sobreviver. Ele fraturou as pernas e vários ossos, mas sobreviveu. E a fala rasgante: "Quando você está caindo, você já se arrependeu. Mas não pode fazer nada."

Deixo minhas mais profundas orações para este senhor que sequer soube o nome. E o convite para celebrarmos a vida. Para fazermos aquilo que tivermos vontade de fazer. Para doar amor puro. Para abraçar quem precisar de um abraço. Para ouvir quem precisa falar. Para estar ao lado daqueles que estão solitários. Pode ser uma chance única: e nós nunca sabemos. Porque não cabe sabermos. Precisamos apenas agir: sem julgar, sem escolher. Como dizia o poeta Renato Russo: "precisamos [mesmo] amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Porque, na verdade, não há."

ps: Deja, obrigada por compartilhar seu texto (pessoal) comigo. Me inspirou a escrever este post.

E os dias...

Drying up in conversation,
You will be the one who cannot talk
All your insides fall to pieces
You just sit there wishing you could still make love.
They're the ones who'll hate you
When you think you've got the world all sussed out
They're the ones who'll spit at you
You will be the one screaming out.