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Pequenas atitudes de amor

Amanheci com um pensamento: antes eu reparava (algo que não mudou) as pessoas falarem, falarem, falarem... colarem frases no mural, gritarem, esbravejarem com autoridade frases lindas, frases proféticas, frases filosóficas, frases espíritas, frases de pura reflexão. E apenas isso. FALAREM.

E eu achava ruim, porque as pessoas só falam e não fazem. Sempre foi assim, né? Eu confesso: achava MUITO RUIM.

E as pessoas são assim: FALAM. A primeira das reações. Porque somos seres de reação, em primeiro lugar. Primeiro reagimos, depois -- quando ocorre, refletimos. Por último, se ocorrer mesmo, sentimos. A ordem das coisas aí tá totalmente errada!

Mas, atualmente, eu penso que as pessoas estão tentando. Se esforçando. Uma coisa ali: dura, árdua... mas ainda é uma tentativa. E é válida!

Não importa se as pessoas fazem coisas que não gostamos: isso vai acontecer na maior parte do tempo. O que importa é saber olhar a profundidade de cada atitude, mesmo que ela seja totalmente contrária a tudo aquilo que você acredita e defende. Porque é disso que precisamos neste mundo. Olhamos tudo com olhos rasos e analisamos tudo com tanta propriedade e simplesmente esquecemos que mesmo detrás de um ato supostamente "vil" existe um propósito. Existe uma sinceridade. Existe um amor.

Então, todas as vezes que vejo essas frases, ou vejo as pessoas com atitudes ou falando... eu penso que há uma tentativa de uma alma sufocada que quer se libertar. E mesmo essa ínfima tentativa precisa ser acreditada... porque em quantos momentos já nos sentimos sufocados? Esse estado de sufocamento é insano, se você não souber como lidar com ele.

Lembrando algo: aquele que mais vocifera autoajuda aos quatro cantos é aquele que mais precisa de ajuda. Ajudar os outros indiscriminadamente, ainda é -- infelizmente -- uma forma arcaica de pedir ajuda silenciosa (e com orgulho, por que não?). Tirei essa conclusão ao longo de muitos e muitos anos de observação... não é regra geral, mas é bastante real.

E esta solidão?

Andei reparando -- com um olhar bem menos julgador que d'antes -- que as pessoas têm se sentido muito solitárias. Mesmo envoltas num agitado mundo virtual -- ou num agitado mundo real, elas estão se sentindo solitárias.

Aos quatro cantos (principalmente virtuais) vociferam essa solidão. Não há música, não há livro, não dá companhia: simplesmente não há nada que as façam se sentir menos sozinhas. Eu mesma tenho esses ímpetos de solidão. É quase como se um buraco negro nos consumisse de dentro para fora, exigindo tudo que você tem mais aquilo que você não tem, com juros e correção monetária.

E algumas pessoas se alimentam dessa solidão alheia. Outras, se deixam doar, como se esse tipo de doação resultasse em alguma ação efetiva. E vamos compartilhando esse sentimento sem saber de onde ele veio. Nos preenchemos com vícios dos mais variados concluindo que assim nos salvaremos. Não estamos fazendo nada de efetivo...

Estamos cada vez mais distantes de nós mesmos. Nosso olhar apenas se volta para o exterior. Olhamos o que os outros estão fazendo... olhamos o que o outro tem que não temos... olhamos os passos errados e os tropeços que os outros dão... e esquecemos de olhar para nós mesmos. Esquecemos de olhar para nosso interior, para a riqueza que se esconde no silêncio interior.

As pessoas esperam chaves mágicas, prontas para abrir as portas. Não há segredo, não há mistério. E o primeiro passo de tudo isso é acreditar na verdade, não na ilusão.

O que somos: as máscaras reais e as máscaras virtuais

É mais do que óbvio e claro que temos vivido tempos caóticos. Nos falta saúde, falta silêncio, falta conforto e bem-estar. Por outro lado, nos sobra estresse, raiva, impaciência. Somos verdadeiras bombas quase automáticas prestes a estourar...

Uns sentem mais, outros sentem menos. Os que conseguem captar a fina percepção de que basta um clique para mudarmos nosso modo de agir. Esperamos grandes ações, esperamos grandes atitudes... mas é no silêncio solitário de estar dentro de si e consigo mesmo que alcançamos nosso ápice e nossas respostas.

Outros gritam aos quatro ventos! Todos gritam e eu mesma já gritei muito aqui. E reparem: por que precisamos de estardalhaço para ver o tênue? Não precisamos de dor. Não precisamos de dor! Não precisamos de dor!!!

Não precisamos de dor para perceber o que não dói. Não precisamos de dor para voltar a viver. Não precisamos de dor para saber o que é bom. Não precisamos de dor para valorizarmos um sorriso. Não precisamos de dor para saborear a felicidade. Não precisamos de dor para nada.

Mas somos seres humanos criados com uma distorção tão gigante de tudo que não conseguimos raciocinar nas coisas mais simples. E uma das coisas mais simples é isso: não precisamos de dor para justificar nossa alegria. Não precisamos de dor para nada!

Deveríamos aprender a andar entre os extremos, como uma dança em que cada passo do vai e vem é um aprendizado que não necessita da dor para justificar sua beleza. Outra distorção muito comum é a de que apenas sorrindo quase como bobos alegres também evitamos qualquer sofrimento. Isso para mim não me parece a fórmula mais adequada. Porque se sorrimos o tempo todo, de fato devemos esconder um verdadeiro buraco negro. Não é?

Para mim, a simplicidade de se sentir é o grande segredo. Se estamos em um momento mais triste, nos recolhemos, nos interiorizamos. Recorremos a ajuda exterior, se for o caso. Não é necessário vestir as máscaras da felicidade eterna. Não é necessário, também, vestir as máscaras do rancor estourado aos quatro ventos.

Na verdade, para mim, o que mais precisamos agora é praticar o silêncio. Falamos muito para agradar aos outros, para preencher nosso vazio interno... mas não falamos para realizar o básico da fala: comunicar.

Se você, querido leitor, chegou até aqui, pense apenas: busque o silêncio interior para saber quem você é, não aquilo que os outros esperam e não aquilo que você julga melhor mostrar.

poema: cinquenta centavos



Cinquenta centavos

É tudo
que tenho
para lhe dar
agora, meu amor.

Sinal mudo
agora mantenho,
para lhe alcançar
e  tirar o seu doce rancor.

É nada
que arranjei
da forma mais pura
para ver-lhe sorrindo.

Saco de piada
no choro inventei,
supondo ser a cura
pelo ralo fui indo.

Cinquenta centavos
talhado por escravos
pintado por operários
usado por ilusionários.

Cinquenta centavos por
seus pensamentos de dor,
na mão aberta o troco vou pôr
em troca de um punhado de amor.

Cinquentavos
que encontrei na rua outro dia...


> poema escrito em novembro de 1998 e relembrado pela minha irmã. Obrigada...

Sentindo a felicidade!

Hoje está um dia lindo. Perfeito para voltar a escrever no blogue.

Andei bastante ausente, né? Pensando no passado... no presente... no futuro. Nas pessoas que conheci. Naquelas que ainda me lembro. Daquelas que eu acho que quase esqueci. Pensando naquelas que ainda não conheci e quero na minha vida.

Estou pensando em todas as coisas que têm me cercado há mais de um ano. Uns dois anos, talvez. A intensidade de sentimentos que sempre me fez viajar do fundo do poço ao extremo do céu. Daquela coisa de ir buscar no infinito desconhecido as possibilidades... toda uma gama de coisas esperando ser descobertas. Tanta vida para ser vivida!

Eu estive, durante muito tempo, perdida dentro de mim mesma. E acho que encontrei o caminho. De vez, definitivo. Para sentir a vida sem rancor. Para ver todas as pessoas ao meu redor como elas são. Para perdoar e saber que perdão não é sinal de fraqueza. Para sorrir sem sentir intimidado. Para ser você mesmo sem se preocupar com inveja. Para reconhecer em cada pessoa um pedaço seu, que você pode amar ou odiar -- basta saber escolher.

Eu agora quero caminhar sem ansiedade, sem receios, sem tormentos. Que venham as adversidades, quer venham as alegrias. A felicidade não está em nada daquilo que você conquista materialmente, porque quando você tiver conquistado, a sua felicidade já será sua. A felicidade, este cálice tão procurado por todos, está dentro de você mesmo. Encoberto pelas tramas da nossa personalidade. Tornado um horizonte inalcançável para parecer com mais mérito. Não precisamos sofrer para sermos felizes!

Todos temos talento para transitar entre os extremos e viver confortavelmente no meio termo do caos da modernidade. Isso é felicidade. Ter a consciência do que somos, traçar um plano para nos autoconhecermos e nos melhorarmos a cada dia. Isso é felicidade!

Agora, sim, o ano verdadeiramente começou para mim. E vem cheio de conquistas. E todas as outras coisas que quero conquistar. E eu desejo ardentemente que você -- meu leitor -- também encontre a sua felicidade. Aprimore a sua consciência. SINTA MAIS e pense menos. SINTA MAIS e reaja menos. SINTA MAIS e percebe que todas as respostas mais insolucionáveis que sempre procuramos sempre estiveram... dentro de nós mesmos.

beijos a todos! prometo escrever mais... rs ;-)