Clique

Batendo à porta dos 40

(In)felizmente, este blogue sempre abrigou todas as palavras do meu coração: tristes, alegres, reflexivas, finais, decisivas... cada palavra dita e digitada sempre foi (e sempre será) reflexo puro do meu ser humano - espiritual e físico.

Este ano completarei 40 anos de idade. Não estarei mais na casa do trinta e poucos, agora será dos "-enta" em diante. Eu gosto de marcos. Aprecio datas decisivas. Elas têm o sabor de efemérides pessoais, algo que a maioria não leva muito a sério. 

As primeiras reflexões que me vêm à cabeça pensando nesses 40 quase chegando dizem respeito às convicções que sempre tive e que sempre defendi veementemente. Não é clichê afirmar que pouco resta daquilo tudo que sempre acreditei. Precisamos nos pautar e nos orientar sempre a partir de alguma crença, mas como acreditar numa crença mesmo sabendo de sua fragilidade e que ela pode cair a qualquer momento? Você, ainda assim, acreditaria nela?

Eu ainda tenho minhas crenças e convicções, isso não mudou. O que mudou foi a maneira como eu lido com elas. Aprendi deixar ir, quando algo ou alguém precisa ir. Parece fácil, mas não é. Temos nossos apegos, nossas carências e a sensação de vazio e casa sem estrutura quando algo (ou alguém) que sempre pareceu certo em nossa vida, de repente (mas nem tão repentinamente assim) se vai. E foi. Para nunca mais voltar.

Aprendi também a lidar sozinha com minha saudade de tudo que se foi. Pois se foi, não mais voltará. Restam as lembranças boas de um momento único que nunca mais voltará. É aquele momento ido, específico, daquele dia, daquele ano... que não voltarão mais. Você pode desejar ardentemente reconstruir aquele instante, mas ele não existirá mais além de suas lembranças.

Aprendi também a não insistir onde não há fio de resistência. As coisas e as pessoas não são descartáveis mas quando vivemos num mundo onde tudo é descartável, ser acumulador é um risco desnecessário e o preço a ser pago muito ser alto para viver entre a sanidade e a loucura. Então. eu digo, 'live and let live'.

E a gente segue aprendendo a viver a vida sem os parâmetros e clichês da sociedade, em sua maioria, capitalistas e católico-cristão: casar, ter filhos, ter casa, comprar carro, tirar férias uma vez por ano, discutir os detalhes minimalistas de viver a vida da família doriana. Ninguém nos diz que devemos falar menos e agir mais, desenvolver empatia, sermos mais humanizados, diminuir a diferença preconceituosa que existe em cada um de nós, valorizar mais o espiritual e menos o material.

Mas continuamos nosso foco nas aparências: ter uma boa aparência asseada é importante mas... já faz um bom tempo que a casca não me importa mais (exceto uma boa casca crocante de pão fresco). Como não somos cebolas ou pães, chegamos ao último ponto de reflexão: estou aprendendo a conviver com tudo que sempre esteve ao meu redor, fazendo as mudanças necessárias (mais internas do que externas) e compreendendo que o mundo anda sombrio e só cabe a mim mesma as minhas escolhas e as consequências delas.

Até breve!

Crisantemus Infinitus Astrologia

Pois é! Mudanças!

Não sei se deixarei de postar neste blogue, mas é certo que a minha dedicação estará voltada para a minha nova empreitada e nova profissão: astrologia!

Acessem a página: curtam, compartilhem, comentem! Venham fazer um mapa comigo.

No site, tem uma aba para o blog: lá escreverei sobre clichês astrológicos e os erros comumente divulgados. Em seguida, falarei sobre a importância dos signos em nossa vida. Tudo sem astrologuês e sempre respeitando as leis universais, cármicas e energéticas.

Te vejo por lá!

Poema

No vácuo do espaço do tempo
dos desejos das expectativas da pulsação
do passado do presente do futuro
do dito não dito maldito bendito
entre o pensamento a intuição o esquecimento
a dor o amor a ansiedade
aquilo que chamamos de verdade dorme
ninfa adormecida
pedra tolhida
passagem de ida
a quinta dimensão
o amor supremo

o centro.

Reflexão da meia-idade

Aos eventuais leitores que ainda têm força para visitar este blogue esquecido, meus mais sinceros agradecimentos: já faz muito tempo desde minha última postagem e é desnecessário dizer que muita coisa aconteceu.

Mas não vou contar nenhuma história nem compartilhar algum fato. Hoje vou escrever da maneira mais minha possível: refletindo.

Esse negócio de crise pessoal é algo sério. Para algumas pessoas, parece quase um hábito, uma sombra que nunca se dissipa. Lembro com detalhes quando as crises começaram a me afetar de modo a me deixar muito fora do meu próprio eixo: culpei os 29 anos e a revolução de Saturno. Só que os anos se passaram e a crise continuou. E aí você começa a arranjar os bodes expiatórios para tentar justificar por que tanta coisa não dá certo na sua vida.

Do seu próprio ponto de vista, sua vida está uma merda e parece nunca melhorar. Mas o tempo não para e a vida segue, aos trancos e barrancos, por sua própria escolha (ou não).

Aí uma certa ficha -- de que a sua vida é assim e que não adianta querer tapar a eterna inquietação com algo que você não sabe direito o que é -- cai e você sai do eixo outra vez. 

Mas, este post não é sobre crise ou a falta total de percepção do que acontece ao meu redor. Os segundos semestres costumam ser mais fáceis para mim, e eu posso afirmar que o meu ano só começa de verdade quando faço aniversário. De Janeiro a Junho é um inferno, literalmente!

E desde o começo de Agosto percebi umas fichas meio óbvias caindo novamente... e eu fiquei pensativa a respeito. Vários posts foram se escrevendo e sobrescrevendo em minha cabeça. Estava com saudade dessa ânsia de colocar para fora esses sentimentos e pensamentos que me povoaram várias noites insones.

1) As pessoas não podem dar aquilo que elas não possuem
E isso pode ser físico ou emocional.
E isso é um estado passageiro: pode ser uma fase como também pode ser um estilo de vida.
Certamente, convivemos com pessoas assim com mais frequência do que provavelmente temos consciência. Mas é uma escolha você estar ciente de que não pode criar expectativas além da pura realidade.
E você também pode escolher viver sendo vampirizado (ou mesmo sendo vampiro).

2) O amor é o grande desafio da humanidade
E isso é algo atemporal.
É algo que sempre será o grande desafio e a grande demanda.

3) Não faça afirmações convictas sobre uma verdade que parece ser verdade para você
Eu acho que este é o meu grande aprendizado este ano.
Quem me conhece de longa data sabe o quanto eu sempre fui a pessoa categórica com uma lista gigante de afirmações embaixo do braço.
E nessas minhas afirmações, muita convicção. A certeza de que a minha experiência vivida me traria uma sabedoria, uma lei. 

Baboseira.

A vida está aí para constantemente te mostrar de que convicções são boas mas não podem ser tomadas ao pé da letra. E isso praticamente se mistura com o lance da expectativa. 

Você tem uma série de convicções que te orientam em sua vida. E você se norteia baseado em cada uma dessas experiências prévias que te levaram a algum resultado final. Isso não é ruim, afinal, todos nós precisamos de uma bússola para viver, não é?

O perigo está em como você usa essa bússola. No geral, você -- assim como eu -- deve utilizá-la de forma bem errada... 

Porque dessa fórmula: convicção + expectativa + um dose de orgulho = o resultado é catastrófico -- desilusão, decepção, perda da autoestima, sentimento de inadequação no mundo, solidão.

---

Talvez haja algum sentido em tudo isso que acabei de escrever... ou eu mesma estou criando outra convicção para mim mesma na quase vã tentativa de tentar entender o que acontece com o mundo, com as pessoas e comigo. O que você acha?

Espero não demorar até o próximo post!

Assunto: depressão

Confesso que esses últimos dias venho pensando no projeto que acabei abandonando no ano passado: uma série de posts sobre depressão. De repente, nem preciso de uma "série de posts" mas apenas de um post com alguns tópicos relevantes. Arrisco aqui umas considerações muito pessoais sobre o assunto, já que nem de perto tenho qualquer embasamento técnico para versar. 

1) Depressão é como lepra.
Há, de fato, uma espécie de sentimento generalizado quando alguém assume estar com depressão. As pessoas sentem pena, dó e, preferencialmente, se distanciam de você, porque depressão parece ser algo extremamente contagioso, transmitido pelo ar e por qualquer espécie de contato físico: sim, depressão é o vírus da pior espécie possível.

2) Depressão é frescura.
Também é fato que a maioria de nós vê um depressivo como alguém que "precisa levar uns tapas" para se encaixar na realidade. Falta do que fazer, falta do que pensar. Mal-agradecido. Mimado. Uma pessoa que tem saúde, tem dinheiro, tem de tudo e não deveria estar "depressivo" porque não sabe reconhecer tudo que tem. Assim, as pessoas acabam julgando o depressivo como alguém que está com tempo de sobra e, como não tem o que fazer, quer chamar a atenção.

Muitos especialistas afirmam que a depressão é o grande mal do século 20. É uma doença silenciosa, diretamente não apresenta sintomas físicos e ela começa pequena, quase imperceptível. Um diagnóstico tardio e grave só poderá ser percebido quando a pessoa decidir terminar com a própria vida.

Eu acredito que todos nós temos algum nível de depressão. Uns lidam melhor com ela. Outros a combatem com tamanha maestria que ela vem e passa longe. Já a grande maioria acaba perdendo essa batalha e, creio eu, uma vez que você tenha tido depressão, é como se ela instalasse um acesso eterno dentro de você e, caso você não saiba fechar essa porta corretamente, ela poderá entrar a hora que quiser e com a força que quiser.

Penso que uma vez que você tenha tido depressão é como você tivesse de conviver eternamente com ela dentro de você. Uma espécie de cicatriz que sempre alcançará aquele estágio final de cicatrização mas que nunca cura completamente. Então, dependendo do que você estiver vivendo, a depressão pode encontrar o acesso que queria para voltar e se instalar com fúria total.

Qual a solução? Não sei. Existem diversos tipos de saída disponíveis, mas não creio em cura total. Digo que deve haver uma eterna e constante vigilância sobre si mesmo. E nunca, nunca, nunca desdenhar da depressão. Não importa que amigos, familiares ou pessoas próximas tratem dela com desdém, você nunca deve subestimar a força da depressão. Creio que, talvez, precise aprender a conviver com ela, como uma outra persona sua dentro de você mesmo. Esquizofrênico? É a melhor resposta que eu encontro para mim mesma.

Pois a depressão é a ausência total de sentido na vida. Ausência total de sentimentos pela vida, seja amor seja ódio. É olhar para tudo e ficar se perguntando onde está o sentido e não ter nenhuma resposta. Nenhuma resposta. E você não precisa estar solteiro, não precisa estar morando na rua ou ser uma pessoa sem um bicho de estimação. Por isso as pessoas dizem o que eu citei acima quando veem alguém que parece estar depressivo. Depressão é a ausência total de qualquer tipo de paixão pela vida. É a vontade de apagar as luzes de um quarto já escuro, sem janelas, sem portas e sem iluminação.

Bem, voltando a pensar em solução, remédios, psiquiatras e psicólogos ajudam. Mas, talvez, a melhor solução para o primeiro passo para lidar com isso seja tentar reacender a maior paixão, algo que a pessoa ame (ou tenha amado) muito: um estudo, um lugar, um animal de estimação, um hobbie, um filme... qualquer coisa. A falta de sentido ainda existirá mas poderá ser amenizada aos poucos em troca de um sentimento que não irá substituir muito menos entrar em competição com a depressão: coexistirá com ela.

Considerações finais: bom, talvez tenha dito muita besteira, mas o que disse foi baseado em minhas observações pessoais comigo mesma, na minha depressão e na convivência -- perto ou distante -- com outras pessoas com depressão. Espero voltar em breve a falar sobre o assunto. E meu pedido: um depressivo não é alguém que está pedindo por sua ajuda mas é alguém que precisa da sua ajuda.