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Hard reset na vida

"Hard reset" é um procedimento utilizado quando um smartphone está com problemas em seu sistema operacional e precisa voltar às configurações de fábrica. Esses problemas podem ter origens diversas, como vírus, pouca memória, aplicativos que não funcionam direito. Aí você aperta uns botões, segue uns dos incontáveis tutoriais (não se esqueça de escolher aquele que específico para o modelo do seu celular) e pronto: seu aparelho está novinho, como no dia em que você o tirou da caixa.

Eu precisei dar um hard reset no meu Motorola porque ele não atualizava mais os aplicativos da PlayStore. Engraçado que mesmo depois de ter repetido o procedimento três vezes, o erro ainda não tinha sido corrigido. Eis que resolvi fazer diferente na última tentativa: ao invés de restaurar as configurações prévias (que o celular salva como um espécie de backup), optei por zerar tudo mesmo, sem qualquer menção ao passado do celular.

Assim, quando achava que tinha perdido de vez o aparelho e pensava nos passos seguintes... o celular voltou à vida. Novinho, veloz, prontinho para eu configurá-lo do jeito que eu queria (sem repetir os erros e os excessos anteriores) outra vez! Alegria infinita e eu me sentindo uma verdadeira hacker profissional dos smartphones sem pedir ajuda a ninguém e sem gastar nenhum tostão!

Lições: apaguem as fotos e os vídeos que só ocupam memória. Cuidado ao acessar sites duvidosos. Tenham sempre o Clean Master eo adBlock instalado. Não deixem nunca a opção "atualizar aplicativos automaticamente" (essa eu não deixo há anos, dica de um amigo). Não cliquem em arquivos suspeitos (dica velha, mas que sempre vale lembrar). Acho dispensável ter antivírus: só ocupa espaço e não serve para praticamente nada.

Bem, por que eu escrevi quatro parágrafos para dizer que fiz um hard reset no meu celular? Porque na hora eu pensei em como seria fácil se déssemos um hard reset na vida. Gente, seria muito fácil! Seria a solução dos problemas. Não é essa uma das obsessões da nossa vida? Poder ter a chance de recomeçar tudo de novo, apenas com o apertar de um botão?

Na verdade, nós temos essa opção o tempo todo. Porém, a nossa vida não funciona como uma smartphone, graças aos deuses, somos bem mais complexos! E tamanha complexidade tem suas condições, seus procedimentos e suas consequências. Agora, pergunto: se fosse fácil fazer um hard reset na nossa vida, como seria? Todo mundo, na hora em que quisesse, recomeçando literalmente do ponto em que gostaria de recomeçar? Acredito que perderíamos a nossa complexidade em todas as áreas, das relações sociais, dos aprendizados e dos erros, até na evolução genética (rs)!

Existe alguma solução quando a nossa vida está com tantas dificuldades, percalços, problemas, falta de objetividade e falta de forças? Existem muitas soluções, mas, acredito, que hard reset seria um apenas um paliativo para que tudo recomeçasse novamente, como um loop infinito e fantasioso, de que a nossa vida está indo para frente só porque podemos ter a oportunidade de ficar zerando o cronômetro do carro (quando na verdade, toda a quilometragem dele ainda continua lá).

Fato é que viver não é fácil. É tarefa daqueles que têm coragem, não a que conhecemos, mas aquela que une o racional e o emocional, mente e alma, visível e invisível. Viver não é se isolar. Viver não é se privar do erro. Viver é errar e entender que o erro é que nos torna mais capazes de melhores escolhas. E vivemos e erramos até compreender que a ideia do hard reset parece um atalho atraentíssimo mas pouco rentável.

E, finalmente, os 40!

Meu último post aqui ainda falava sobre as minhas reflexões do passado. Àquela época, sentia intensamente uma vontade de lembrar muita coisa vivida, recente ou não. Uma necessidade forte de ficar revirando tudo mesmo.

Os meses se passaram, o foco mudou e as coisas caminharam. Assim segue a vida, quer você queira ou não.

Gosto de fazer aniversário, como as pessoas bem sabem. É um momento de renovação pessoal, renovação e a reafirmação de certezas. Talvez não tão certas, mas o desejo de seguir por um caminho.

Se agora mudei o quadradinho indicativo da idade, ou se acrescentei o sufixo "-enta" à minha idade, ou se a carinha aqui ainda tem algumas linhas mas poucas rugas e nenhum cabelo branco na cabeça (genética! rs) o que sinto de diferente é a diminuição dos meus polos raivosos que sempre determinaram minha personalidade mais exterior.

Quando o mundo parece ir cada vez mais intenso na maré polarizada de paixão e ódio eu quero cada vez mais apaziguamento e o caminho do meio. Estar fora das intrigas. Talvez a maior lição que tenha aprendido é: gosto de ter atenção, porém, a correta atenção.

Também percebi que cada vez mais gosto de conforto (isso não quer dizer usar molecas) e silêncio e paz visual e sonora (repetição do item "silêncio" rs). 

E prestei atenção aos parabéns todos que recebi em todas as mídias sociais: os que enviaram os parabéns pelo WhatsApp são os que mais me emocionaram (claro, tem muitas pessoas que me emocionaram fora do Whats e só não me escreveram lá porque provavelmente não tinham meu número de celular). Os que me escreveram no Whats também são aqueles com quem tenho mais intimidade e são aqueles que não economizaram na digitação.

As mensagens do Facebook e Instagram foram muito bonitas e alguns se repetiram, me parabenizando mais de uma vez - o que é um belo gesto, já que muitas vezes, uma vez é mais do que suficiente. Algumas pessoas, a maioria delas, mora longe de mim, então, o recado foi mais afetuoso. E, claro, as lembranças dos conhecidos de vista.

Claro, muitos se esqueceram, outros provavelmente não quiseram me escrever e tudo isso é perfeitamente normal. Tudo faz parte da vida. No hard feelings!

Assim, espero, a renovação dos meus votos pessoais, a força para continuar a caminhada e cumprir a minha missão pessoal. Agradeço a energia positiva enviada por todos!

E sigamos em frente!