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How good humans being can be...

Ontem à noite eu tive uma surpresa agradabilíssima ao sair para jantar no meu restaurante japonês favorito (aquele que fica na Liberdade). Minha amiga de trabalho Lilian Aquino me proporcionou uma conversa agradável, regada a muito sashimi de salmão, camarões fritos, ostras frescas (que não comemos), salmão defumado (manjar dos deuses!!!) e temaki de camarão.

A frase mais incrível da temporada foi ouvir ela dizer que não consegue viver sem as metáforas. Foi a mais poética forma de dizer que não é direta e rude como eu! (hahaha)

Moça das poesias, amiga de trabalho e agora... esta surpresa. Quando acho que os seres humanos não valem mais a pena, me surpreendo. Não que ela tenha salvado a pátria dos bilhões restantes, mas é na sutileza do imperceptível que temos a prova transcendental de que somos meros mortais, iguais na podridão -- mas interiormente divinos.

Se você ler este post, obrigada mais uma vez.

Vamo ganhá um cash!

Recebi agora um desses emails, meio spam, meio corrente. Dizia o seguinte: Igreja Universal abrirá concurso para pastor: SALÁRIO INICIAL DE R$ 8.234,82. Eu disse. Náááá... não pode ser.

Digitei no Google. Digite a frase acima no Google, digita!

E pensei: cara, tô na profissão errada. Ou melhor, religião nem deveria existir. Porque o que nos ajuda não é a religião, mas a fé oriunda do pensamento holístico, universal, fraternal e amoroso. E isso não tem NADA a ver com religião.

Calor, Kafka e uma moça

Voltando às postagens mais leves... vou relatar algo engraçado que vi ontem.

No caminho para casa, peguei meu primeiro busão. Para quem não sabe, anda um calor da porra em qualquer lugar e não tem sido diferente em SP. Cinco da tarde, sem vento e muito calor dentro do buso.

Entrei, me ajeitei e seguimos. Dali a 5 minutos, a viagem de 15 minutos dura mais de meia hora. O calor aumentando, todo mundo suando... e eu comecei a olhar uma moça que estava sentada à minha frente (eu estava em pé). Dormindo, tombando cabeça, ouvindo música do celular. Bonitas unhas pintadas de branco, cabelos lisos que se mexiam enquanto ela pescava.

De repente, um bichinho corre na parede do ônibus, onde ela estava encostada. Uma barata, daquelas pequeninas, de cozinha de apartamento sujo. A bichinha tava com as anteninhas procurando algo -- como costumam fazer as baratinhas (ou qualquer inseto). Aquilo começou a me desesperar. Eu não tenho medo de baratas, mas a bichinha tava vívida. E começou a subir na bolsa da moça. Ladeando a sua mão que segurava o celular. A moça? Nada, estava pescando vários peixes, enquanto a baratinha andava sobre sua bolsa.

Eu comecei a imaginar que aquela minibaratinha poderia ser um homem qualquer que apenas queria contato mais íntimo com uma mulher. Safado, ele seria. Porque ela estava dormindo. E ele estaria se aproveitando dela.

Mas a minibaratinha-quase-homem entrou por debaixo da bolsa, para meu alívio, acho que se ela decidisse subir pelos braços da moça eu iria presenciar um surto e talvez não aguentasse e risse na cara dela. O que é feio.

O buso enquanto isso caminhava a passos lentíssimos. Eu pensei em descer e ir andando, mas o calor me desanimou.

De repente, a moça na minha frente começa a se mexer, coçando as costas. Ela se levantou muito e eu vi que usava uma blusa amarrada atrás, deixando metade das costas descobertas. Adivinhe quem vi lá, safada de novo?? A baratinha.

Desta vez eu fiquei com nojo. Com a agitação, o baratinha-homem se assustou e saiu correndo pelo braço dela!!! Pensei: agora a moça surta. Mas ela tava tão sonolenta, que se coçou, voltou à posição inicial e continuou dormindo. Se ela dormisse de boca aberta, corria o risco de ganhar um beijo de língua da baratinha-homem carente.

Mas, eu não fiquei pra ver. Calor, baratas... fica pra quente gosta de suar e ficar grudando. Fui pro fundo do buso, quando a carroça se agitou e desci logo em seguida. Imaginando para onde teria ido aquela baratinha safada...

Meu amor por David Lynch

Eu tenho uma admiração por este cineasta que traspassa fronteiras. O que temos em comum? O gosto pelo não-convencional.

Mas, claro, ele é David Lynch, capricorniano maluco, cheio de curtas nada convencionais e longas menos convencionais em grau mais elevado.

Muitos dizem não entendê-lo. Outros apenas o classificam como insano. Enquanto outros riem desistindo de qualquer tentativa de tentar entender, eu apenas penso que ele não deixa de ser um cineasta como todos os outros. Tudo é ponto de vista e visão. A matéria bruta é sempre a mesma. Veja, por exemplo, em Mulholland dr., meu filme favorito: é uma história de amor. Ele mesmo tinha dito isso em entrevistas. O que pode parecer simplório, na verdade, é a primeira compreensão que devemos ter dele.

Agora, o modo como ele vai mostrar uma simples história de amor é que o torna David Lynch. E eu adoro o modo como ele brinca com o onírico, o esotérico, o fantástico e o inconsciente. Farpas que todo mundo costuma fugir. Não somos quase aqueles que gostam da superfície? Como ele mesmo diz em seu livro, você pode pegar peixes em qualquer profundidade, mas será apenas aqueles pescados nas águas mais profundas é que surpreenderão você.

Fora isso, Mr. Lynch é adepto da Meditação Transcendental, motivo que o fez visitar o Brasil no fim do ano passado. Fiquei um dia inteiro para assistir aos 40 minutos de um homem de cabelos grisalhos que tinha feito o meu filme número 1. Parecia surreal. Mas é exatamente nessa hora que você compreende que ele continua sendo apenas um homem como outro qualquer, que fez as escolhas que fez.

Quando fui assistir a Inland Empire na Mostra Internacional de 2007, repleta de expectativas de um filme que demorou a chegar no Brasil, não sabia mesmo o que esperar. Apenas sabia que ele tinha rompido com todas as regras do cinema, ao "destruir" o roteiro.  Peguei fila. Aguentei os falsos intelectuais lotando a sala. Sentei na minha sagrada primeira fila. Assisti com delírio as pessoas se levantando e saindo da sala após os primeiros 40 minutos de filme. David Lynch não é para todos.

E não digo isso com a alegria de ser elitista, muito pelo contrário. Digo isso, porque como sempre afirmo a quem me conhece: estamos em níveis, querendo ou não. Os que saíram da sala naquele dia queriam pegar peixes na superfície rasa. E David Lynch requer coragem para olhar bem mais além.

Dos clássicos de Lynch, nunca vi o Eraserhead e o Lost Highway. Que vergonha. Eu até tenho trilha sonora do Lost highway, mas nunca vi o filme. Bem, decidi que escreverei uns posts falando sobre alguns dos principais filmes de David Lynch.

Estes dias revi (pela vigésima vez, por aí) Mulholland dr. com a paixão da primeira vez. E cada vez que vejo este filme vejo a perfeição materializada. É um fillme perfeito, com timing perfeito, atores perfeitos, roteiro perfeito.