Os olhos daquela mulher
estão pintados com a cor da luxúria
e esses mesmos olhos
que olham com outros olhos
a mulher da esquina
de cujos lábios gotejam palavras mudas
tentam ser desvendadas
por uma mulher que não olha nem fala
a mulher parada, estátua solitária
sob o silêncio de lembranças
sob as circunstâncias tão incompreensíveis
de sua única solidão.
Entre, atravesse as fronteiras
um outro-mesmo ser que respira ar
não há datas, nem há dias no calendário imaginário
que se desenha no cotidiano absorvido
de seres igualmente semelhantes e diferentes.
(02/08/2003)