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LAS ACACIAS - o filme

Dentre todos os cinco filmes que vi na Mostra Internacional de Cinema, elejo Las Acacias como o que mais mexeu comigo. É o típico filme de Mostra: simples mas com uma intensidade que, desculpa, só alcança poucos. Porque, sim, a maioria vai ao cinema para contabilizar quantos filmes viu e não sentir e refletir sobre o que viu. Ao final, você apenas ouve comentários do tipo: "bonitinho, a menina é uma gracinha. Este foi o vigésimo filme que eu vi!". Pfff.

Las Acacias é outra pérola do profícuo cinema argentino. Trata-se de um road movie sem as lantejoulas a que estamos acostumados. Mostra personagens secos, cortados, tolhidos -- como as acácias mostradas logo no início do filme.

Mas se as acácias são as árvores cortadas (que podem voltar a brotar) e os personagens são as acácias, veremos que mesmo depois de vinte minutos de filme quase sem diálogo (mas nem por isso menos intenso e cheio de mensagens), o que os personagens ali mais querem é um contato mútuo, é relacionar-se, é compartilhar.

O personagem de Rúben me pegou fundo porque ele me parece o mais real protótipo de um ser humano que sofreu, perdeu e arriscou tanto que simplesmente preferiu se fechar em seu mundo vazio, silencioso e egoísta. Jacinta também é outa mulher sem sonhos apenas com a dura realidade de manter sua filhinha viva. E a filhinha, Anahí, é o elo inimaginável que une esses dois desertos. Secos e sedentos.

Não preciso dizer o quanto chorei e o quanto foi catártico para mim, diante da fase que estava vivendo. A relação entre os dois é intensa: sem palavras, sem contato físico, sem olhar. Não é tensão sexual ou romântica, é a vontade de sentir a vida outra vez, como ela foi um dia. Eles sabem (e não sabem) que precisam voltar a viver e eles sabem que, ironicamente, a aridez comum entre seus sentimentos é que os trará de volta ao sorriso.

Um filme lindo, perfeito, mágico, simples e cheio de doçura. Vou caçar para comprar. Se voltar a reprisar ou se estrear, por favor, não percam... é uma obra de arte em homenagem à esperança e à vida!

CALVET, o filme: a intensidade e a loucura

Sina de escritor é essa: a ideia surgir em muitos momentos, naquelas horas inapropriadas, quando não há o alcance de nenhuma caneta ou um pedaço de um verso de um papel qualquer. Guardar o pensamento na memória e torcer para que ela cresça o suficiente para virar um verso, um capítulo qualquer.

Eu vi Calvet - documentário sobre o artista plástico Jean-Marc Calvet -, semana passada, na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. E pensei numa das frases que ele mais repete: "vomitar tudo para fora". Ele é intenso e maluco num nível tão assustadoramente genuíno, real que não tinha como pensar nele como alguém parecido comigo.

Porque quando vc se dá conta da própria intensidade, seja ela dita por alguém seja ela descoberta por si própria, vc não tem muitas opções. Vc pode ser inconsequente ou tentar tirar proveito disso. Certamente Calvet foi inconsequente antes de tirar proveito e é isso (mais ou menos) do que o documentário trata.

Vivemos numa sociedade horrorosamente opressora!!! Vivemos numa sociedade que diz o que precisamos ser, o que precisamos dizer, o que precisamos fazer. As regras que determinam o que é correto e o que é esperado. Quando não correspondemos a essa imensa expectativa silenciosa, é praticamente impossível não pirar.

O que mais me tocou no documentário sobre Calvet é a sua coragem inversa em mergulhar fundo, fundo, fundo e apenas mais fundo nos seus próprios tormentos. É alguém que não tem medo de descobrir o que há por trás dos fantasmas (reais e ilusórios) de seu medo. É a coragem (aquilo que mais admiro) de não pensar no que o outro vai pensar, mas fazer aquilo que acredita que precisa ser feito. Calvet é uma alma perturbada e, ainda assim, corajosa e livre.

Seus quadros são retrato de sua intensidade de sentimentos. Sua voz: rápida, agitada e articulada. Sua sinceridade: rasgante, honesta, dolorosa e verdadeira. Como não tinha lido a sinopse direito antes de ver o filme (como sempre digo, faça isso às vezes e vc se surpreenderá!), não sabia ao certo o que me esperava. Achei que fosse ficção... a vida pode ATÉ parecer ficção em muitas vezes. Mas não é. Se o filme repassar na repescagem, veja! Indicadíssimo.

Trilha sonora de hoje: The Different

You've never been to the moon
But don't you want to go
Under the sea in the volcano
You've never looked into my eyes
But don't you want to know
What the dark and the wild
And the different know.


Come dance with me now

We'll dance without a care
I'm as free as a fire
And change is in the air
There are some things in my life
I'll never understand
But they become the force
That makes me who I am.

Don't you worry about the kids

The kids are all right
Mama's rollin' in the back yard
Filled with love and light
'Cause you live and you learn
And you learn to hold on
And time will make it heal
And time will make it gone.

Come with me now.

Come with me now.
It's time to try.
It's time to fly.

Lançamento - Pequenos afazeres domésticos

Amigos paulistanos, quero convidar vocês a se encontrarem comigo para o lançamento do livro de poemas (sim! isso mesmo que você leu!) da minha amiga poeta, escorpiana, cabelos vermelhos: Lilian Aquino.

Ela já disse tudo no blogue dela, sala dos passos perdidos: é muita coragem publicar poesia no Brasil, infelizmente. Mais coragem ainda, publicar um autor desconhecido. Mas... grandes realizações vem para aqueles que não têm medo de sonhar, de se arriscar, de se atirar no escuro!

Lembro quando li os primeiros poemas da Lilian... lirismo puro. Uma doçura única vinda dessa escorpiana com ascendente em peixes. Imagens simples, olhar único, metáforas que trazem os cheiros até você. Ela não é despretensiosa, ela faz isso de propósito... e como faz bem!!!

Querida, estou tão, mas tão, mas tãããão feliz por você, que você não tem ideia!!! Muito orgulho de ter você espalhando sua doçura por aí. No dia 10/11 estarei lá para te abraçar, para ver você brilhar, para tirar uma foto com você, pegar seu autógrafo.

Ansiosa por esse dia! E parabéns, mais uma vez, para você!

Aquela que me conhece mais do que a mim mesma

Finalmente, depois de quase sete anos de amizade, temos uma foto juntas! hahaha Aposto que uma história assim, ninguém tem...

Pois é, somos duas exigentes com fotos e adia daqui e dali... eu disse a ela, ontem, que de hoje não podia passar, porque não tínhamos uma foto sequer juntas! Como assim? Argumento impossível de ser batido.

O finde ao lado dela foi algo que precisava muito. Para ajudar a curar minhas feridas, para ajudar a lembrar quem eu sou, para filosofar sobre a vida -- e TODOS os seus aspectos. Obrigada, filha, por ser a amiga que é na minha vida.