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Uma pausa para refletir na primeira e fria tarde de outono de 2024

Tardes frias de outono sempre me trouxeram um sentimento profundo de nostalgia.

Nostalgia essa, aliás que sempre foi algo intrínseco em mim. Junto com outras coisas que sempre foram minhas: constante solidão, ser uma pessoa reflexiva e silenciosa, sentir nostalgia inexplicável que não se sacia — apenas se esvai. Como naquele refrão que Renato Russo escreveu.

As noites começam a ficar mais longas. E hoje nem tivemos pôr do sol.

Minha vida está veloz e em muitas vezes eu não sei direito o que está acontecendo. Eu sinto que estou me distanciando cada vez mais das pessoas ao mesmo que nunca as compreendi tão profundamente. Eu sinto a solidão cada vez mais presente como uma forma de vida e diante da qual eu sempre me pergunto: é mesmo isso? É assim que as coisas caminharão?

Sinto saudade de coisas que nunca vi. De sentimentos que nunca testemunhei ou vivenciei. E sempre me pego perguntando se isso é uma ilusão ou uma realidade que estou desvendando. Como saberei diferenciar?

Começo a ouvir umas músicas que me tocam em algum lugar de minha alma que vai muito alémde memórias que eu resgato do meu passado. Às vezes é mais confortável ficar lá, viajando idilicamente e platonicamente em uma vida que nunca me machucou e que me oferecia o conforto e a segurança que sempre precisei. Quando visualizo a vida diante de mim, sinto orgulho do que me tornei, mesmo sabendo de tudo que tive que pagar pelas escolhas que fiz.

Talvez eu tenha uns 25, 30 anos de vida pela frente. Talvez menos. Envelhecer nunca me assustou. Às vezes, o que eu mais queria era uma certeza. Mas, olhando para a trajetória da minha vida, tudo o que menos tive foram certezas. Ninguém que veio, ficou. Todos se foram em algum momento. A impermanência não é ruim, mas nos convida a viver muita tristeza.

Hoje estou nostálgica.

E amanhã será outro dia.

Crédito da foto aqui.