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David Lynch - o lado REAL da alma

Pra mudar o tom sombrio e excessivo de filosofia que tomou este blogue (não que isso seja ruim, muito pelo contrário...), o Caixa Cultural do Rio de Janeiro está dedicando seu espaço para a mostra do cineasta mais incrível de todos os tempos: David Lynch. A mostra se chama David Lynch - O Lado Sombrio da Alma. Entra em cartaz a partir de hoje.

Todos os filmes, livros, fotos, material inédito... não dá nem para dizer que estou passando mal. Justamente EU -- a frequentadora do RJ, não irei para lá nos próximos dois findes. Grrrr.

Bem, quem puder aportar lá, veja o texto publicado no site do CCSP e no site da Caixa Cultural. E me contem como foi. Ainda hei de ver Lost Highway. No cinema.

PS: não sei se concordo com esse "lado sombrio da alma". Poucas pessoas entendem de verdade mr. Lynch. Ele nunca quis ser sombrio, apenas quis mostrar o que todos -- vivendo a máscara da hipocrisia -- escondem.

E assim caminha a humanidade…

Impossível parar de pensar nesse assunto, é necessário um adendo. Se textos longos cansam, idem para posts longos, então achei melhor quebrar em dois em vez de escrever um extenso (e olha que o anterior foi grandão).

Alguns podem estar pensando: estarei sendo radical? E os grandes grupos que transformaram a história da humanidade, tornando-nos quem somos hoje em dia? Eu sei.

O ponto da questão que tenho trabalhado aqui é que sim, em grupos, somos mais ouvidos, mais chamativos, mais atendidos. Senão, nem teríamos sindicato, por exemplo. Senão, não teríamos a sociedade dividida tal qual a conhecemos.

Mas são os mesmos grupos que se opõe e se degladiam, que causam brigas e guerras. Outro dia reparei, sem querer, numa moça com uma camiseta: “Faça parte do Exército de Jesus”. Cara, tenho certeza de que o esqueleto dele (se ainda existir) deve ter gritado de desespero. Viu e reparou? “O Exército de Jesus”. Porque se a guerra for santa, ela pode ser justificada e aceita. Não foi assim com a Inquisição? A diferença é que agora usamos neurolinguística e milagres, em vez de fogo e espadas. Tudo sob o véu do moralismo.

Uma vez conversei com minha mãe, quando ela tentou me converter à Igreja Messiânica, de quem sempre fui muito simpática. Eu disse: “Mãe, o problema não é a Igreja, o problema são as pessoas que estão nela, que pensam que sabem de tudo, que se julgam superiores por terem mais cursos ou por terem feito faculdade. O problema, mãe, são os seres humanos, não a ideia. Eu faço tudo o que eles fazem, eu ajudo as pessoas do meu jeito”. Ainda bem que ela parou de tentar me convencer – de um jeito educado e meigo, claro – porque senão a gente iria brigar.

Então, falo aqui: a regra vale para TODOS os grupos sem exceção. O problema não é a ideia, mas as pessoas envolvidas nela. Somos seres humanos, falhos por natureza, em contínuo aprendizado. Somos seres egoístas, que destroem a Natureza em nome do progresso, somos confiáveis?

Existem grupos louváveis, que fazem muita coisa em prol de um imenso sentido maior. Mas, basta um pouco de conversa com essas pessoas que vestem o distintivo do “faço parte deste grupo” que você perceberá radicalismo, absolutismo e uma certa dose de egoísmo grupal. Parecem formigas defendendo a rainha e o ninho. É assim que funciona! Você pode participar do grupo se aceitar agir dessa forma.

E existem grupos menores, de gente comum, que age da mesma forma. Bem, como dizem, são grupos, e o funcionamento básico delas não é a ideia, mas as pessoas envolvidas nelas. Por isso queria ler o livro Sociologia e Antropologia, porque ele parece ter reunido duas ideias essencias que caminham juntas com a Filosofia. Ainda me lembro que o livro também incluía Psicologia e Linguística.

Eu acredito que a raça humana está com os dias contados. Se um dia tivemos um motivo original, ele se perdeu. Se perdeu no nosso egoísmo, no nosso falso moralismo que nos torna capazes de julgar quem quer que seja. Somos falsos moralistas e demagogos. Eu me incluo nessa lista e busco desesperadamente sair dela, mas não é fácil. Porque vivo no sistema, dependo dele e gosto dele em muitos aspectos. Como não ceder ao sistema e ter personalidade própria? Como agir assim sem ser tachado de lunático, hippie e sociopata?

Pois vocês sabem que é dessa forma que são classificados os que pensam e agem diferente. Podem imaginar que já cansei demais de ouvir que sou ET, alcunha recebida desde os tempos do colegial.

Minha única forma de luta é com as palavras, a maior parte delas agora neste blogue. Se houver um leitor que conseguiu ler a quadrilogia até aqui, quero dizer apenas que não sou contra nada nem ninguém em específico, apenas tenho meu modo de pensar – que sempre destoou da imensa maioria.

Eu acho que somos ilimitados demais para nos prender à tanta mesquinharia, à lambeção de cu alheia para mostrar que pertencemos a algo e que não sabemos viver à deriva. Estamos à deriva! Estamos à beira do caos e as pessoas pensam que os grupos salvarão. Nessas horas, esquecem de pensar que o “julgamento” é pessoal, de acordo com o livre-arbítrio de cada um.

O fim do mundo (em dias de chuva)

Enganam-se vcs que pensam que fim do mundo será com bolas de fogo apocalípticas caindo do céu. Ledo engano.

Mais uma matéria sobre o aquecimento global. E ando acompanhando o evento em Copenhague.

Devo confessar que sou meio cética em relação ao futuro desse evento. Mas também, se eu não tiver o mínimo de esperança, o que será da já tão desesperada raça humana?

Veja o exemplo dessa chuva que assolou a capital de SP entre ontem e hoje. Uma chuva nem tão forte, mas contínua por quase 12 horas que alagou tudo.

Eu escuto as pessoas falarem "poxa, tá tudo alagado", mas são essas mesmas pessoas que jogam todo tipo de lixo nas ruas. Isso é o mínimo do que deveríamos fazer: jogar o lixo no lixo. Porém, se você olhar ao redor, vc não vai ver cestos de lixos, apenas enfeites, porque a maior parte deles está toda depredada.

Então, caro leitor, não tema as bolas de fogo caindo do céu. Elas virão em forma de chuva. E vamos nadar na própria merda, beber esgoto e comer comida jogada no chão. Cruel? Muitos já passaram por isso antes, por que não poderíamos passar agora?

Assim caminhou Crisão – parte 3 (e finalmente Crisão em grupos hoje em dia)

Eu gostaria de poder ter lido o livro que citei no primeiro destes três posts, antes de entrar mais a fundo neste assunto. Mas a urgência de falar dele foi inevitável. As ideias começaram a brotar com uma abundância, que apenas passando para o papel eu conseguiria me sentir aliviada. E cá estou.

Pelo um breve histórico dado nos posts anteriores, dá para perceber que nunca fui inserida em grupos – o que não quer dizer que eu nunca tenha desejado estar em um. De alguma ou de forma, eu sempre me punha na beira de algum aqui e ali, porque é incrível como isso dá forma ao ser humano como um todo. É uma necessidade intrínseca, de formação de caráter, de identificação. Mas algo em mim sempre me impelia à solidão. Era como se eu precisasse conhecer um lado, apenas para saber que na verdade, queria estar do outro.

Observe um homem sozinho. Ele pode ficar acuado até, dependendo do ambiente. Ponha dois caras parceiros com ele e instantaneamente ele se transformará no garanhão que canta as mulheres, cospe no chão ou coça o saco. Fala alto e falta só mijar para demarcar território. Claro, nem todos os homens fazem isso. Mas veja e perceba. As mulheres, por sua vez, agem de uma forma um pouco diferente, dependendo do grupo, claro. Sozinhas, elas ficam olhando para as mulheres do lado, desejando a blusa que a outra tem e ela não, analisando centímetro por centímetro das coisas que poderiam ser dela e são da outra. Em grupo, elas escolhem um alvo e falam mal dele. Destroçam a pobre coitada que pode ser uma gordinha, uma vaca, uma fofoqueira. Porque o grupo não é fofoqueiro, mas sim de quem elas estão falando. Veja e perceba.

Será que estou falando de uma camada socioeconômica menos favorecida? Não. Mudam os estratos, mudam as contas bancárias e as coisas continuam iguais, apenas mudam as cores. A forma? É sempre a mesma.

Meus “grupos” sempre se resumiram a três pessoas, no máximo, incluindo eu. Eu sempre achei que muitas pessoas causam algum tipo de “escolha” em detrimento de outra “escolha” e sempre rola ciúme e sempre rola inveja e a inevitável fofoca. Entre mulheres é assim, infelizmente, não importa se lésbicas ou heterossexuais.

O pensamento em grupo faz o pensamento de todos estagnarem, como água parada, até apodrecer. Claro, isso tudo é aleatório e varia. Mas, a síntese ainda é esta, mesmo em um grupo dinâmico. Porque todos concordam com todos. E aí jaz o prazer de estar em grupos: a total identificação com o que está ao seu lado, que faz todos os seus pensamentos serem aceitos. No fundo, é tudo aceitação.

Eu sou um tipo de pessoa que praticamente nunca conviveu em grupos. Desde grupos como ser humano a grupos pelo fato de ser lésbica. Você, meu leitor, pode achar isso agressivo, mas eu apenas convivi enquanto me era conveniente e bom para mim. Aprender o modus operandi, saber o que as pessoas fazem e dizem, para onde iriam. E acreditem em mim, até hoje não encontrei um grupo que me desse vontade de fazer parte. O grupo tolhe seus pensamentos, direciona suas atitudes. O líder – porque não existe grupos sem líderes – sempre se acha o dono da razão e da verdade absoluta, embora até possa apregoar o contrário, como um perfeito político demagogo. E isso me enoja profundamente. Sempre afirmo – até que me provem o contrário – que eu pertenço a um único grupo: o dos sem-grupo.

Eu não pertenço a religião nenhuma e me simpatizo apenas com o movimento universalista que acredita que a Terra é uma imensa escola e que nosso objetivo único aqui é de aprendizado e crescimento. Não faço parte de ONGs. Não defendo política nenhuma. Não participo de saraus. Sequer tenho o meu grupo de balada. Nada disso faz parte da minha personalidade. Talvez eu seria um bom exemplo de sociopatia… não fosse meu prazer imenso em conhecer pessoas. Pessoas inteligentes, interessantes, corajosas e sábias. Preferencialmente que não esteja atrelado a um superego que embace a visão. As mais interessantes são sempre aquelas que não fazem alarde de si próprias.

A despeito disso, tenho amigas únicas, que valem cada segundo de vida. Sempre presto homenagem a elas, pois de alguma forma, sempre estão a meu lado e eu nunca me esqueço disso: minha filha Poliana, Denise Yumi e Sharlene são a tríade básica e essencial (olha, mais de duas pessoas!). Minha prima Marli, Priscila Mota, Larissa Wostog, Fabiana Kono (a mais distante de todas). Juliana Simionato, Renata Campos e Carol Francese. E algumas outras pessoas, em menor presença, mas que sempre me trazem surpresas agradáveis.

E olha que irônico, dessa lista de dez pessoas, apenas três são lésbicas. Isso diz muito de mim. E todas as outras sabem de mim e me respeitam como sou. Ainda na lista, existem três japas. Pura coincidência.

Porque, para finalizar, podemos precisar andar em grupos pelos mais diversos motivos, com o intuito de darmos forma à nossa identidade. Mas, não importa quem somos e com o que identificamos: acredito que precisamos saber estar em qualquer ambiente, com a mesma maestria que estamos no nosso grupo favorito. Acredito que a adaptação não devesse ser apenas a minha característica, mas a de todos os seres humanos. Claro, estamos onde queremos estar, mas transitamos onde quer que seja necessário transitar.

Post no PL e outras coisas

Pessoal, vão lá ver minha nova matéria no Parada Lésbica, desta vez falo sobre Torcidas Uniformizadas.

Primeira coisa: esqueci o pendrive com o término da trilogia. Grrr.

Segunda: amanheceu chovendo em SP. Eu adoro segunda-feira cinza, mas nem tanto...

Terceira: a Rua Doze de Outubro, na Lapa, está um verdadeiro cenário do filme Ensaio sobre a Cegueira. Sujeira, comida estragada, embalagens e plástico, muito plástico nas ruas. Ao meu lado, escuto uma mulher dizer: "Que porcaria, o túnel (de acesso aos pedestre entre lapa de baixo e lapa de cima) vive inundado. Por que será?...