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Geni, Irã e o Samsara

A cultura oriental sempre me pareceu mais atrativa do que a Ocidental. E não falo isso porque sou japa, mas porque a coerência parece mais ajustada. Durante as minhas aulas de Cultura Sânscrita na USP, eu sempre me pegava pensando que eu nunca seria uma seguidora devota (como não sou em religião nenhuma), mas uma pensadora constante.

Acabei de ler esta notícia no site da globo.com. E na hora me lembrei daquela velha música do Chico Buarque, indicada pelo meu amor: Geni e o Zepelim.


E pego pensando na primeira lição que o meu professor de Cultura Sânscrita me deu e eu nunca mais esqueci: não julgue nenhuma cultura com olhos ocidentais. Faça parte da cultura para tentar entendê-la, nunca julgá-la.

Lembro que essa premissa foi a base de muitos trabalhos de faculdade, por me parecer uma das verdades mais reais a que já tive contato.

Porque é sempre mais fácil apontarmos o dedo e dizermos "certo!" ou "errado". E isso não se aplica apenas à análise de uma cultura, mas da vida toda! Quantas vezes fazemos isso por dia? Eu me incluo nessa lista, viu?

Então, imaginar uma mulher sendo condenada à morte por apedrejamento em pleno 2010? Inimaginável. Não consigo. Como é inimaginável a mutilação dos órgãos genitais em vários países africanos ou, ainda, na China, quando as mulheres tinham de ter os pés de lótus para serem aceitas pela sociedade?

Diante de tudo isso, penso no Ciclo do Samsara, na nossa capacidade irrisória de compreensão do todo e na tristeza que me acomete por ver que tudo isso faz parte de nossa realidade.

A Humanidade ainda tem muito a caminhar. Cada um de nós, também. Para terminar este post pesado, deixo uma frase de Deepak Chopra:

"Be kind to yourself and others. Come from love every moment you can."

Pensando no passado... e no futuro

Na maior parte do tempo, estamos cercados de coisas de que não gostamos. Mas qual é o seu nível de satisfação que possa te agradar? Em alguns, chega a tamanha perfeição, que ninguém a agrada... nem a própria pessoa.

Eu fico pensando de daqui a algum tempo vamos rir da nossa "modernidade" de hoje, assim como rimos dos gramofones e da tv pb de nossos avós. E passado algum tempo, vamos retomar "as coisas antigas" porque o retrô é sempre mais interessante. Mas me pergunto se vamos rir da nossa cultura descartável que troca tudo em questão de meses, que sempre o mais inovador e moderno ao antigo (isso aqui não é política anticonsumista, é uma dura realidade), se vamos continuar ingerindo comida cada vez mais manufaturada e menos natural. Se vamos continuar tendo atitudes mesquinhas para com os outros e pior: para conosco mesmo.

Nada faz cair uma gota de chuva no Rio de Janeiro. Mas o tempo hoje tá do jeito que eu gosto: cinza, nublado, quase garoando, 22ºC. Tantas coisas passam pela minha cabeça. Vou curtir este silêncio... quase uma quarta-feira de cinzas.

Nosso Lar - o filme

Como programado, fui assistir ao filme Nosso Lar, ontem.

Não preciso dizer que chorei antes mesmo de começar o filme...

Ok. Sentimentalismos. Os céticos irão dizer que eu me rendi à trilha maravilhosa de Philip Glass (que para muitos pode ser bem irritante também) feita especialmente para o filme. Foi perfeito ouvi-lo durante o filme. Mas certas emoções não precisam de explicação. E este é um grave defeito dos racionais: encontrar explicação para tudo.

A primeira vez que li o livro data mais de uma década. Foi por motivos especiais... e a leitura da coleção completa de Nosso Lar corroborou vários paradigmas meus à época. Abriu um novo mundo de conhecimento.

Ver Nosso Lar nas telas é como ver um sonho realizado. Toda a grandeza da maior produção (em termos de efeitos especiais) e do maior orçamento do cinema brasileiro. Creio que a Era de Aquário trará bom senso e fará as pessoas vislumbrarem, em uma tela gigante de cinema, como é o Mundo Espiritual.

O filme não é autoexplicativo nem se propõe a tal objetivo. Ele mostra, baseado na obra do espírito André Luiz, psicografado pelo médium Chico Xavier. O filme é uma verdadeira lição de vida. Nâo foque nos pontos prováveis que o filme possa causar alguma irritação em você, não pense em julgar e contrapor as ideias apontadas no filme. Ficou esguelho com o filme, leia o livro. Compre baratinho num sebo.

Wagner de Assis, roteirista e diretor do filme, teve muitos méritos ao traduzir o livro em filme e que podem ser absorvidos por qualquer espectador diante da tela de cinema. O único excesso, na minha opinião, é do drama em si (com as músicas ao fundo, que não tem deixam deixar de chorar). Mas me parece tão ridículo falar isso que me deixei levar "pelas lágrimas catárticas" como já li em muitos livros espíritas.

Veja o filme, guarde a lição. Você não precisar ser um espírita ou tornar-se em um para absorver e propagar ideias sobre amor, compreensão, abnegação e paz. Para isso, você precisa apenas ser um "ser humano pleno". Nosso Lar relembra isso. E "só por isso" é um filme que vale cada centavo do ingresso.

Ana C.

Tenho uma folha branca
          e limpa à minha espera:
mudo convite

tenho uma cama branca
          e limpa à minha espera:
mudo convite

tenho uma vida branca
          e limpa à minha espera: 


[Ana C. Inéditos e dispersos, 1988]

Mais uma frase

Quando lidar com as pessoas, lembre-se de que elas não são criaturas de lógica, mas criaturas de emoção, limitadas por preconceitos e motivadas por orgulho e vaidade. 
(Dale Carnegie)