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E depois de alguns meses com Halu Gamashi...

Hoje eu aproveitei o dia frio (meio tardio) para fazer uma caminhada mais puxada.

E já eram mais de nove horas da manhã quando me propus a observar as pessoas do meu bairro: o mesmo cenário, o mesmo contexto, a mesma energia matinal de uma segunda-feira, as pessoas com ressaca do fim de semana. Especial? Mais um outro finde de excessos, vícios, distrações.

Então, lembrei de mim mesma há alguns meses. Há um ano atrás. Antes de ter conhecido a Halu.

Eu não tinha noção naquele momento, mas eu estava vivendo mais um período de provações extremas.  Me alimentando mal. Sobrevivendo mal. Trabalhando muito e ocupando a minha mente apenas com isso, porque se eu parasse para pensar, eu enlouqueceria. E buscando vícios possíveis para inserir em minha vida. Sim, eu estava no piloto automático para sobreviver a mais um evento traumático vivido.

Me isolei. Como sempre faço. Mantive contatos superficiais para dar aquela falsa impressão de calmaria sendo que eu vivia uma tempestade controlada cuja energia, em breve, chutaria as portas para sair.

Entre dezembro e janeiro, eu voltei a fumar. Eu nunca fui realmente fumante mas nunca tinha fumado dez maços de cigarro a cada duas semanas. Eu sabia que tinha algo errado, mas o monóxido de carbono foi a única coisa capaz de tirar o oxigênio do meu cérebro e promover alguma paz.

Em novembro do ano passado, eu li uma fanfic como já escrevi aqui. Essa fanfic foi o primeiro elemento que eu precisava encarar para iniciar o processo de depuração do meu coração. Em janeiro, uma pessoa que considerava amiga saiu de minha vida. Não era amizade de verdade. Mais uma.

Todo novo ano eu me encho de forças transmutadoras. Essa foi a única resolução que eu consegui tomar.

Não fumei mais. Mas todos os outros péssimos hábitos de pessoa entorpecida se seguiram.

Então, em maio deste ano, eu conheci a Halu e já falei disso neste post.

E, hoje, dia 02 de outubro de 2023, eu dou continuidade àquele texto.

Estava caminhando pela manhã, observando homens bebendo cerveja no café da manhã. Um outra moça quase me atropelando com um copo de café doce. Outra compartilhando o cheiro do salgadinho de cebola. Filas para comprar salgados fritos pela manhã. Pessoas e mais pessoas fumando desesperadamente o resto da bituca para não desperdiçá-la. Pessoas saindo correndo com um pacote de biscoito recheado nas mãos. Nada novo.

Passei no mercado para comprar um pacote de papel higiênico. E uma garrafa de água mineral. Prateleiras e mais prateleiras de produtos industrializados. Voltei até o ponto de ônibus para voltar para casa. O comércio abrindo. E todas as lojas de doces expondo açúcar e mais produtos industrializados em promoção.

E há algum tempo nada disso faz mais sentido para mim. Porém, pergunte a qualquer pessoa se ela não se sentiria influenciada de alguma forma? Não por esses exemplos, mas por outros mais sofisticados?

Desde maio, estou seguindo todas as orientações da espiritualidade à risca. Todas as receitas, sucos, bebidas, águas, banhos, saladas, tudo.

E, pela primeira vez em minha vida, eu olho para tudo com um imenso sentimento de alívio por não me sentir mais conectada a essa vibração densa. À vibração do consumo descontrolado. Do impulso dos vícios. Compulsão é uma palavra que está sendo riscada da minha vida. Vício também. Esses péssimos hábitos todos adquiridos.

Já não consigo comer mais uma série de alimentos. Nem sinto vontade de comer outra lista gigante de coisas. Coisas essas que, há uns meses atrás, eram parte rotineira do meu cotidiano. Confesso que nem acredito nisso! Não se trata de proibição, trata-se simplesmente de zero desejo por isso.

Estou até vislumbrando a possibilidade de voltar a ser vegetariana. Não é meu foco. Veremos.

Então, neste segundo post, queria enfatizar que, sim, ao cuidarmos de nossa espiritualidade, engana-se quem pensa que o foco seria "espiritual". Nós somos espíritos num corpo material e essas duas partes precisam coexistir em harmonia. Sem um corpo saudável (não ilustrado da forma como é comercialmente vendida por aí) não poderemos manifestar o nosso potencial espiritual porque não haverá como! Precisamos estar sutis para sermos sutis.

Ao cuidarmos do espiritual em nós, mente, corpo... tudo é consequência. O foco, sempre, deve ser o espiritual. E oro para que as pessoas se conscientizem... porque seremos tão melhores em tudo.

Teremos ainda mais autoamor. Autocuidado.

Teremos discernimento e saberemos o que dizer e o que escolher.

Poderemos viver nossos aprendizados em Planeta Terra sem tanto sofrimento.

Espero voltar no ano que vem com outros relatos. Eu sei que eles virão.

Cuidem-se! Vocês são a coisa mais preciosa na vida de vocês.

E muito obrigada: Halu, mentores espirituais e os mestres ascencionados por todo o infinito amor por nós.

Um poema (antigo)

Hoje acordei com um verso de um poema, que escrevi há mais de vinte anos atrás, na cabeça. Já não me lembrava do título... apenas de um verso.

Liguei o computador e vim caçar. Achei.

Escrito no dia 20 de maio de 2001, quando eu ainda usava o pseudônimo "Kris de Sousa", mostra uma Cris antiga, que ainda não tinha vivido uma cesta de experiências, tinha acabado de começar a fazer o curso de Letras na USP e carregava sonhos e uma coragem que... bem... eu ainda as tenho. Apenas em outro formato.

A linguagem aqui é mais formal e rebuscada, algo que abandonaria em breve. Mas esse poema, apesar de estar nessa roupagem, é muito visceral. E não foi nada à toa eu ter acordado com ele na cabeça...



Baile

Ao baile dos poemas, entreguei-me na noite passada

e mesmo no silêncio mudo, misterioso... inquiridor

tenho os vestígios: resquícios de sua arte, sua dor

e acordei com palavras tristes... mas abonadas,

perguntei ao relógio do tempo que não é tempo,

mas mera figuração, idolatração: passatempo.


Ao baile da ansiedade cheia de escárnio, chorei

lágrimas, e com elas, fiz tinta que usei em pena

em alusão à mulher que tanto me traz cenas

em sonhos, em pesadelos: marquei-me, esperei,

mas o silêncio da solidão foi duro e taciturno

minhas mágoas não encontraram momento oportuno.


E tremi...

entre transes 

de ópio e morfina,

pretendi...

esquecer a vida 

que desatina,

malogrei...

sangrei...

dei...

ao obscuro

o que não tinha,

e busquei

não em mim

mas fora

... de mim...

o que

só em mim

havia...


Ao baile da solidão eterna o tempo todo eu compareci,

dias e noites, madrugadas e manhãs vazias, mal vividas

os estranhos me serviram de companhia para a sina

que eu escolhi e pretendi, e que não sabe que adoeci,

mas acordei com palavras e poemas, perfeitos,

que saberão, em sua sapiência inviolável, dar-me preceitos.

Que sentimento você sente por si mesmo?

Já não é mais novidade há um bom tempo: quanto mais possibilidade temos de estarmos conectados uns aos outros, menos estamos conectados às pessoas e, principalmente, conosco mesmos.

E essa informação já está tão repetida que se tornou apenas mais uma daquelas que as pessoas veem e passam adiante. Estamos tão hiperestimulados que acabamos nos dopando inconscientemente para conseguir sobreviver sem enlouquecer.

Acabei de ler uma matéria da BBC dizendo que o zolpidem se tornou a droga hype do momento. Oi? Além da insônia (outra doença subproduto do caos que é viver hoje em dia), o zolpidem está se tornando saída para pessoas que precisam sentir alegria.

E quem não precisa de uma boa noite de sono?
E quem não precisa sentir alegria?

Estimulada pelas conversas com uma querida leonina, comecei a refletir nesse tema que, também, já falei bastante por aqui. Mas me veio a oportunidade de trazer uma nova reflexão à luz deste ano de 2023 tão estranho que estamos todos vivenciando.

A pandemia deveria ter servido para nos aproximar uns dos outros como seres humanos. Fomos todos obrigados a nos isolar de pessoas queridas, do convívio em sociedade. Tivemos de reaprender questões básicas de higiene e limpeza. O pensamento coletivo antes do individual. Priorizar idosos, crianças e imunossuprimidos.

Mas a pandemia veio e foi e nem parece que milhões de pessoas morreram no mundo todo por causa de um vírus letal que ainda (e sempre) circulará entre nós. O ser humano tem esse péssimo hábito de ter memória curta, imediatista, materialista e superficial. 

Alguns tiveram de encarar os próprios demônios com a força de todos os trânsitos astrológicos acumulados. Casamentos terminaram porque as pessoas perceberam que "estar casado" não é apenas uma aliança e um papel assinado. A maioria percebeu que todas as narrativas de fim de mundo exibidas em filmes de ficção de científica quando vividas na realidade não têm nada de aventuroso ou divertido.

O planeta está mais populoso. O sistema econômico está ainda mais cruel. Se você não for capaz de fazer seu prmeiro milhão em um ano, você é simplesmente um derrotado incapaz de servir para nada além de ser mais uma mera geringonça escravizada em um esquema que vende a ilusão de estarmos todos felizes desde que estejamos endividados e vendendo nossos serviços a preço de banana.

Aí voltamos ao começo deste post.

Hoje comecei a ver uma live de Halu Gamashi chamada "Como canalizar a energia da cura". Eu tinha visto só um recorte e decidi ver o vídeo integral. O que me chamou a atenção foi a pergunta que ela fez logo no começo do vídeo: "Que sentimento você sente por si mesmo?".

E eu faço essa pergunta para você, leitor: que sentimento você sente por si mesmo?

E o que a Halu responde? Veja o vídeo! rs

Mas dou uma dica: recentemente escrevi um post intitulado "Sobre a paixão (por alguém)" e lá eu dei a minha resposta. E aqui continuarei com ela.

As pessoas vivem uma ilusão de que amam a si mesmas. A verdade é que a imensa e esmagadora maioria apenas se mantém com o mínimo necessário para a sobrevivência — seja do corpo, da mente ou da alma. Pior ainda: a pessoa não faz ideia de que vive à beira do abismo fazendo malabares com facas afiadas e fogo ao mesmo tempo. Ela acredita que isso mostra o quanto ela é capaz de ser corajosa, multitarefas, indomável.

Ilusão.

Assim como Instagram é o suprassumo da ilusão. Claro, tem pessoas que usam as redes sociais com utilidade. Mas não é o caso dos que estão lá criando uma imagem que pode ser real ou não. Quem saberá dizer a diferença?

Olhe para as pessoas na rua. Se a gente pudesse ler mentes, certamente ficaríamos loucos. Por vezes, sabemos o que se passa na cabeça de alguém quando testemunhamos uma conversa entre duas pessoas conhecidas em alguma condução pública: falando mal de alguém. Falando mal do trabalho. Reclamando de alguma coisa porque, afinal, é por causa daquilo que a pessoa está ali sofrendo. Quantas vezes você ouviu uma conversa alheia e testemunhou algo edificante? (sem teor religioso, porque isso não é ser edificante)

Olhe para as pessoas ao seu redor. Elas não sabem viver sem celular. Elas reclamam do superestímulo (sem consciência) e estão ali, viciadas em não perder nada do que se passa no mundo virtual. Estamos tão sufocados por uma vida que não queríamos ter que não sabemos mais qual vida gostaríamos de ter. E para conseguir sobreviver a isso tudo nos enchemos de distrações. Rolar o dedo pra cima e pro lado se tornou o exercício que as pessoas mais gostam de fazer. Simples, rápido e sem precisar pensar ou refletir.

Olhe para as pessoas: elas não sabem mais interagir umas com as outras. Se não for regado a muito álcool, não há conexão. Se não tiver selfies e fotos infinitas, não há conexão. Se não tiver a beleza física pasteurizada, não há conexão. Se não houver um post de atualização com infinitas hashtags, você não está conectado com o que você estiver fazendo.

Ao final do dia, o que você acha que essas pessoas sentem por si mesmas?

Ao final do seu dia, o que você sente por si mesmo?

O sinal dos tempos já começou neste ano de 2023. E é meio unanimidade entre diversas fontes que teremos anos difíceis pela frente. Dê uma chance a si mesmo e saia da manada ignorante que sobrevive acreditando que está dando o exemplo. Faça-se esse ato de autoamor.

Ame-se. De verdade. 
Cuide de sua espiritualidade. Seu corpo e sua mente automaticamente serão beneficiados.
Porque, afinal, ao final, só o amor importa.

E eu aprendi a dizer adeus...

Não. Este post não é uma resposta tardia a uma certa música sertaneja que fez sucesso há umas décadas atrás, quando esse estilo musical ainda sobrevivia produzindo boas músicas.

Esses dias me peguei pensando na quantidade de tchaus que me foram ditos nos últimos meses, seja de forma direta ou indireta. E, na mesma hora, eu lembro desse movimento tão longo que tenho vivido há mais de uma década e que já retratei aqui neste blogue em inúmeros outros posts.

E quem me acompanha sabe o quanto me dói ouvir um adeus. Não que eu não goste de despedidas, por vezes, elas são imprescindíveis. No entanto, poucas vezes eu me despedi definitivamente de alguém. Não gosto. Sempre gosto de dizer que prefiro agregar — como uma boa canceriana que sou. Não para fazer coleção de pessoas ou me gabar da quantidade de pessoas na minha vida. Apenas porque simplesmente eu gosto de manter laços com todos.

Cada pessoa tem um significado único em nossa vida. Cada pessoa, com uma alma única, com sua presença única, com suas lembranças únicas. Eu e essa pessoa temos uma história única construída que não se repetirá com ninguém, justamente por isso, todos nós somos seres únicos construindo mundos e histórias únicas por aí.

E me despedir dessa singularidade me entristece. Não terei mais acesso aos sentimentos que eu e essa pessoa podemos trocar.

Veja, eu entendo. Manter relacionamentos humanos sadios é, talvez, a segunda mais tarefa difícil para qualquer um. E qual a primeira? Estar mentalmente, fisicamente e espiritualmente saudável. Se não estivermos sadios, como conseguiremos manter relacionamentos saudáveis? 

Cometeremos erros. Cometerão erros conosco. Seremos impulsivos e imprudentes. Agiremos e pensaremos depois. 

Gosto de crer que possa existir um mundo em que todos possam coexistir sem sentir sentimentos negativos uns pelos outros. Porque sentiremos respeito. Respeitaremos quem prefere uma estrada e a gente prefira outra. Respeitaremos os momentos pessoais uns dos outros. Respeitaremos que uns precisam passar mais tempo em um mesmo aprendizado enquanto você já estará buscando outros desafios e outras perspectivas.

E não há bom ou ruim. Certo ou errado.

Isso posto, eu admito que sempre sofri com o tchau que me foi dito inúmeras vezes. Ora porque não aceitava e não via motivos. Ora porque sequer motivos me foram dados — a pessoa simplesmente virou as costas e se foi. E esse caso aí foi o que mais aconteceu comigo.

Vivia um eterno luto com direito a muito remoer, revirar, resmungar e ficar presa nesse instante que eu simplesmente não conseguia superar.

Demorou muito tempo até que eu entendesse (como disse no começo deste post) e tantos processos, tantas dores foram vividas... (infelizmente) para que eu entendesse que, na verdade, nós dizemos adeus e sequer nos damos conta de que estamos dizendo até logo. Essa pessoa sempre estará em nós, porque até onde sei, ainda não inventaram uma máquina para apagar lembranças (como no filme Brilho eterno de uma mente sem lembranças). Essa pessoa é parte intrínseca da nossa história pessoal. Se você quiser que seja uma lembrança boa ou ruim, só depende de você e mais ninguém.

Hoje em dia quando me deparo com um iminente adeus, eu sinto meu coração disparar. Aquela velha sensação se aproximando... do tempo que não podemos capturar, dos desejos que não conseguimos realizar. E eu penso em mim mesma. Hoje em dia, eu acredito que a melhor forma de honrar uma pessoa que não quer mais fazer parte da nossa vida é aceitar seu adeus e guardar as boas lembranças. 

Não devemos discutir, muito menos argumentar. Claro, nenhuma decisão é definitiva. E eu não creio em situações imutáveis. No entanto, ao aceitarmos um "tchau" permitimos a nós mesmos que possamos abrir espaço a alguém novo e às novas experiências que essa pessoa trará. Porque, acredite ou não, essa próxima pessoa sempre vem!

Que este post não seja lido como uma ode passiva a quem nos chuta pra fora da vida. rs Nada disso! Certamente, antes dessa decisão chegar, muito já foi discutido, argumentado. Muita energia foi mal utilizada. Muitas brigas aconteceram. Tanto desgaste... e, então, chega o momento do famigerado "adeus" como passo necessário para o instante seguinte. Que assim seja!

E reitero: prefiro agregar a ter de me despedir. Sempre!
Mas a quem quiser se despedir... até breve.

O videoclipe da minha vida...

... na primeira metade da música eu estaria andando de carro sem destino, parando em lugares desertos, no meio do nada, sempre olhando e buscando um algo que ainda não encontrei.

Até a gasolina do carro acabar e eu começar a andar.

Aí, na segunda parte do vídeo eu andaria, andaria, andaria... 

Andaria sem receio de estar sem aparente amparo. Sem receio do que deixei para trás. Sem olhar para quem estivesse tentando me parar.

Eu simplesmente andaria...
sob sol
sob chuva
com frio (preferencialmente no frio! Amo)
ou com fome.


Meio dramático! rs
MUITO EXISTENCIAL.
Filosófico. Reflexivo. Questionador.
Imparável.
Solitário.
EU.

Mas seria interessante misturar um estilo road movie com esse andarilha que jaz em mim.

Tenho três videoclipes musicais que AMO muito. E foi só recentemente que me dei conta da similaridade entre eles.

Please don't stop the rain (James Morrisson, 2008)

It means nothing (Stereophonics, 2007)

Bitter sweet symphony (The Verve, 1997)

Esperando os próximos dias frios para sair andando sem destino e fazer um videoclipe dentro da minha cabeça!