Há umas duas semanas, venho fazendo uma verdadeira "limpa" na minha vida. Como algumas coisas costumam ser, não foi um movimento voluntário. Fui impelida e simplesmente segui com o curso.
Primeiro, foi sair do emprego em que estava. Não sou de mágoas -- e nem queria usar essa palavra aqui --, mas quando certas coisas acontecem na sua vida, ou você toma consciência real, reflete sobre o fato, age, levante, sacode a poeira e vai; ou você sucumbe. Eu quase sucumbi num momento muito específico. E com ajuda de pessoas muito especiais na minha vida, que respeitam meu silêncio e minha amizade ausente, tirei o véu dos olhos e voltei a enxergar com mais clareza.
Sair de um emprego parece um fato corriqueiro. Aqui, não quero enfatizar o drama, MUITO MENOS minimizar a importância do que senti -- que isso fique bem claro. Ainda estou me limpando do passado até onde posso conseguir, pois certas lembranças e experiências vividas eu nunca poderei esquecer. Posso e devo, sim, aprender com elas.
Segundo, foi arrumar umas tralhas aqui em casa, ainda tem mais. Separar papéis, papéis e mais papéis... e aí, meus queridos, você encontra o que não quer encontrar, o que não espera encontrar e o que nem sonhava encontrar.
Confesso, foi o teste mais real para saber a quantas anda meu relacionamento com as pessoas que amei no passado, com os erros que cometi, com a Cristiane que um dia existiu em mim, e, principalmente, com as ilusões e sonhos que tinha e que, percebi, não tenho mais. Essa parte final foi a mais... não diria difícil mas estranha.
Queria saber qual foi o ponto em que deixei de fazer certas coisas que me alegravam tanto. Fiquei muito tempo refletindo sobre isso. O que acontece conosco que deixamos de fazer coisas simples? O que acontece conosco que deixamos de dar crédito às pessoas? O que acontece que essa tal ingenuidade se vai?
Assim, muita coisa foi jogada fora, muito papel ainda precisa ser queimado, muitas cartas e muitas fotos foram rasgadas... e algumas coisas foram mantidas. Melhor ainda, outras foram resgatadas dentro de mim mesma.
Mesmo sendo canceriana com ascendente em peixes, aquele perfil que gosta de guardar um pouco de tudo por mais tempo que deveria, já sabia e ratifiquei ali, que posso e devo virar todas as páginas. Cortar sem dó nem piedade!!! :)
Agora é começar tudo de novo.
O cotidiano sob o meu olhar. De tudo um pouco, das coisas que gosto e de tudo que quero eternamente descobrir.
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O poder da palavra... aérea
Tarde de outono, particularmente silenciosa. Céu azul, temperatura amena.
Sinto um silêncio, um silêncio interior como há muitos anos não sentia. Aquela mesma sensação indescritível que me fazia, numa tarde como esta, escrever poemas sem parar. Eu queria transcrever o que estava sentindo em palavras.
Acho que estou me sentindo bem para escrever algo assim, agora. Escrever as minhas reflexões acerca de algumas coisas que tenho observado com uma certa constância. Escrever sobre elas é um exercício "forçado" que me faço para exercitar aquilo que todos nós deveríamos fazer: refletir.
Não é implicância minha bater na tecla das mesmas coisas de tempos em tempos. Nossa era massiva com alta velocidade de comunicação transparece, com a mesma rapidez, coisas boas e coisas ruins. Tudo bem até aí. Ao mesmo tempo, a banalização é iminentemente poderosa. As coisas mais idiotas podem ganhar uma proporção épica, enfeitada com detalhes dramáticos, romanceada com as ilusões mais devaneadas possíveis. E tudo, ao final, parece pertencer à terra de ninguém.
Assim, o tópico de hoje aborda o "eu te amo" que vejo dito entre nossos semelhantes com uma facilidade e em quantidade assustadoras. Parece até que estamos vivendo algo assim: "Oi, tudo bem? Eu te amo!".
VEJA BEM: eu não estou dizendo que não devemos dizer "eu te amo"!!! Vamos deixar isso bem claro desde já afim de que não pareça que estou fazendo apologia ao ódio ou à falta de amor entre as pessoas. NÃO É ISSO. Mesmo porque, no ano passado, eu escrevi um post exaltando o poder da frase "eu te amo". Também acredito nos cristais de água do dr. Masaru Emoto e no poder da palavra sem a mínima intenção específica.
O que eu quero dizer é que entramos numa onda de creditar ao "eu te amo" uma ligação de sentimentos que não querem exatamente dizer o que deveriam dizer. De forma mais clara: as pessoas, ao que me parece, têm dito "eu te amo" umas às outras apenas por status. Que tipo de status? O status de 'bonzinhas', 'legais', 'do bem', 'sociáveis'. Acredito que deva até existir um carinho grande, mas não amor assim. Estou sendo radical? Pode ser... pode ser. Mas eu sou daquelas que preferem demonstrar a falar apenas. Dura lição aprendida a duras penas, meus leitores.
Tenho alguns amigos de longuíssima data para os quais nunca disse 'eu te amo'. Mas demonstrei de todas as formas que senti vontade, o meu 'amor'. Pois creio que o amor, como todos os outros sentimentos e como tudo na vida, é feito de energia. E ele não é formado apenas de energia escrita ou dita. Não costumava dizer a poeta Cecília Meireles, no Romanceiro da Inconfidência, o seu poema "Romance LIII ou Das palavras aéreas"? Palavras são importantes, mas palavras por palavras... elas se perdem no vento, vão assim como vieram.
Quem me conhece, sabe que não sou de palavras à toa. Posso até parecer ser... mas não sou. E, principalmente, faço o que sinto vontade de fazer, mesmo não dizendo as palavras pomposas que todos gostam de ouvir para regozijar no ego de cada um. Porque, no fim, palavras aéreas só servem para uma coisa: alimentar os egos das pessoas.
Posso estar sendo radical, mas em tempos como esses, ninguém me convence com palavrinhas bonitinhas. Elas podem e até são necessárias em determinadas etapas da vida, mas não podem e nunca deveriam ser o modo como nos relacionamos com as pessoas ao nosso redor. Uma palavra pode ser um alento numa hora de desespero e pode simplesmente deixar você sem nada na hora seguinte. As ações? Elas são eternas, quer você queira ou não.
Sintam amor, tenham amor, "amem como se não houvesse amanhã" mas cuidado com as ilusões plantadas por causa de palavras ditas sem pensar (ou até achando que elas tenham algum valor). Palavras sem ações (ações próprias e ações a outras pessoas) não são nada -- e acredito que isso valha, também, para a frase "eu te amo".
Sinto um silêncio, um silêncio interior como há muitos anos não sentia. Aquela mesma sensação indescritível que me fazia, numa tarde como esta, escrever poemas sem parar. Eu queria transcrever o que estava sentindo em palavras.
Acho que estou me sentindo bem para escrever algo assim, agora. Escrever as minhas reflexões acerca de algumas coisas que tenho observado com uma certa constância. Escrever sobre elas é um exercício "forçado" que me faço para exercitar aquilo que todos nós deveríamos fazer: refletir.
Não é implicância minha bater na tecla das mesmas coisas de tempos em tempos. Nossa era massiva com alta velocidade de comunicação transparece, com a mesma rapidez, coisas boas e coisas ruins. Tudo bem até aí. Ao mesmo tempo, a banalização é iminentemente poderosa. As coisas mais idiotas podem ganhar uma proporção épica, enfeitada com detalhes dramáticos, romanceada com as ilusões mais devaneadas possíveis. E tudo, ao final, parece pertencer à terra de ninguém.
Assim, o tópico de hoje aborda o "eu te amo" que vejo dito entre nossos semelhantes com uma facilidade e em quantidade assustadoras. Parece até que estamos vivendo algo assim: "Oi, tudo bem? Eu te amo!".
VEJA BEM: eu não estou dizendo que não devemos dizer "eu te amo"!!! Vamos deixar isso bem claro desde já afim de que não pareça que estou fazendo apologia ao ódio ou à falta de amor entre as pessoas. NÃO É ISSO. Mesmo porque, no ano passado, eu escrevi um post exaltando o poder da frase "eu te amo". Também acredito nos cristais de água do dr. Masaru Emoto e no poder da palavra sem a mínima intenção específica.
O que eu quero dizer é que entramos numa onda de creditar ao "eu te amo" uma ligação de sentimentos que não querem exatamente dizer o que deveriam dizer. De forma mais clara: as pessoas, ao que me parece, têm dito "eu te amo" umas às outras apenas por status. Que tipo de status? O status de 'bonzinhas', 'legais', 'do bem', 'sociáveis'. Acredito que deva até existir um carinho grande, mas não amor assim. Estou sendo radical? Pode ser... pode ser. Mas eu sou daquelas que preferem demonstrar a falar apenas. Dura lição aprendida a duras penas, meus leitores.
Tenho alguns amigos de longuíssima data para os quais nunca disse 'eu te amo'. Mas demonstrei de todas as formas que senti vontade, o meu 'amor'. Pois creio que o amor, como todos os outros sentimentos e como tudo na vida, é feito de energia. E ele não é formado apenas de energia escrita ou dita. Não costumava dizer a poeta Cecília Meireles, no Romanceiro da Inconfidência, o seu poema "Romance LIII ou Das palavras aéreas"? Palavras são importantes, mas palavras por palavras... elas se perdem no vento, vão assim como vieram.
Quem me conhece, sabe que não sou de palavras à toa. Posso até parecer ser... mas não sou. E, principalmente, faço o que sinto vontade de fazer, mesmo não dizendo as palavras pomposas que todos gostam de ouvir para regozijar no ego de cada um. Porque, no fim, palavras aéreas só servem para uma coisa: alimentar os egos das pessoas.
Posso estar sendo radical, mas em tempos como esses, ninguém me convence com palavrinhas bonitinhas. Elas podem e até são necessárias em determinadas etapas da vida, mas não podem e nunca deveriam ser o modo como nos relacionamos com as pessoas ao nosso redor. Uma palavra pode ser um alento numa hora de desespero e pode simplesmente deixar você sem nada na hora seguinte. As ações? Elas são eternas, quer você queira ou não.
Sintam amor, tenham amor, "amem como se não houvesse amanhã" mas cuidado com as ilusões plantadas por causa de palavras ditas sem pensar (ou até achando que elas tenham algum valor). Palavras sem ações (ações próprias e ações a outras pessoas) não são nada -- e acredito que isso valha, também, para a frase "eu te amo".
Reflexões iniciais para um novo tempo
Faz um tempinho desde a minha última postagem. Não sei de meus leitores fiéis ou dos ocasionais, mas sei que tem pessoas ansiosas para este post. Ei-lo.
O voto de silêncio foi um momento para reflexão. Passada a primeira fase de conscientização dos fatos, pequenas coisas obscuras vieram à luz. Aí, as coisas pequenas misteriosamente se ligaram a outras e meu cérebro foi fazendo uma confusão. Mas, creio que tudo está começando a clarear como a velha metáfora da poeira.
Algumas coisas estão ficando claríssimas para mim. A mais clara de todas e o preço pago por alguém decidir ser quem é verdadeiramente e não uma sombra de alguém. Pensando em todas as coisas que vivi na minha vida ao longo desses trinta e cinco anos, posso separar uns itens:
- Você sempre vai ter de escolher entre se autorrespeitar ou sucumbir a uma necessidade de ordem maior, fora de seu controle.
- Todos são amigos de todos e todos não são seus amigos. Quanto mais cedo aprender isso, menos vai sofrer na vida.
- A vida em sociedade é um jogo doentio para as pessoas mostrarem suas vidas pasteurizadas e perfeitas de comercial de Doriana. Se você não se enquadra nisso, você tem algum problema.
- O julgamento e condenação alheias são ferramentas inevitáveis para sobreviver entre seres humanos. Se você não toma partido, se você não polariza, se você não condena, simplesmente você não é nada.
Mesmo assim, ainda me surpreendo com as pessoas! Claro, o erro é meu, pois se houve surpresa, houve expectativa. Não devemos criar expectativas, portanto? NÃO! Acho que essa a lição-mor que preciso aprender: ter a esperança otimista eterna no ser humano, me compadecendo com ele, mesmo sabendo que ele vai errar, mas acreditando que ele vai acertar quando chegar a hora certa.
Na real... é um duro exercício para pessoas comuns como eu e você.
Mas, acredito que um exercício tão difícil para os dias de hoje está sendo o de compreender como é ser "um vírus". Acerca de todo o moralismo o qual não quero discutir, não importa o que é bom ou ruim, o que importa é que o "vírus" seja extirpado sempre. Não vou dizer que eu lá goste de me sentir um dos seres mais temidos do mundo, pois, como tudo, tem suas vantagens e desvantagens. Gosto de pensar apenas na ideia de constante mobilidade, mutação, adaptação e força para sobreviver. Se ser vírus também é ser assim, então eu sou assim!
E que os tempos vindouros sejam bem-vindos!!!
O voto de silêncio foi um momento para reflexão. Passada a primeira fase de conscientização dos fatos, pequenas coisas obscuras vieram à luz. Aí, as coisas pequenas misteriosamente se ligaram a outras e meu cérebro foi fazendo uma confusão. Mas, creio que tudo está começando a clarear como a velha metáfora da poeira.
Algumas coisas estão ficando claríssimas para mim. A mais clara de todas e o preço pago por alguém decidir ser quem é verdadeiramente e não uma sombra de alguém. Pensando em todas as coisas que vivi na minha vida ao longo desses trinta e cinco anos, posso separar uns itens:
- Você sempre vai ter de escolher entre se autorrespeitar ou sucumbir a uma necessidade de ordem maior, fora de seu controle.
- Todos são amigos de todos e todos não são seus amigos. Quanto mais cedo aprender isso, menos vai sofrer na vida.
- A vida em sociedade é um jogo doentio para as pessoas mostrarem suas vidas pasteurizadas e perfeitas de comercial de Doriana. Se você não se enquadra nisso, você tem algum problema.
- O julgamento e condenação alheias são ferramentas inevitáveis para sobreviver entre seres humanos. Se você não toma partido, se você não polariza, se você não condena, simplesmente você não é nada.
Mesmo assim, ainda me surpreendo com as pessoas! Claro, o erro é meu, pois se houve surpresa, houve expectativa. Não devemos criar expectativas, portanto? NÃO! Acho que essa a lição-mor que preciso aprender: ter a esperança otimista eterna no ser humano, me compadecendo com ele, mesmo sabendo que ele vai errar, mas acreditando que ele vai acertar quando chegar a hora certa.
Na real... é um duro exercício para pessoas comuns como eu e você.
Mas, acredito que um exercício tão difícil para os dias de hoje está sendo o de compreender como é ser "um vírus". Acerca de todo o moralismo o qual não quero discutir, não importa o que é bom ou ruim, o que importa é que o "vírus" seja extirpado sempre. Não vou dizer que eu lá goste de me sentir um dos seres mais temidos do mundo, pois, como tudo, tem suas vantagens e desvantagens. Gosto de pensar apenas na ideia de constante mobilidade, mutação, adaptação e força para sobreviver. Se ser vírus também é ser assim, então eu sou assim!
E que os tempos vindouros sejam bem-vindos!!!
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