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Visitando o passado - I

Hoje em dia, com certa razão - mas não total - é muito defendido que as pessoas vivam o presente! O momento de agora, o hoje. Não anseie o amanhã e não se prenda ao passado, porque ambos são tempos que não existem.

O que também não deixa de ser um certo paradoxo, porque o texto que eu acabei de escrever já é passado, o que estou pensando já deixou de ser futuro, se tornou presente e virando passado. Em fração de segundos.

O tempo sempre foi uma matéria lisa, impalpável e, simultaneamente, bússola da vida de cada um de nós. Não vou filosofar a respeito porque não tenho gabarito suficiente para isso, não me atreveria. Escrevo minhas impressões, observações -- como sempre, baseadas em minhas experiências pessoais.

Eu sou uma pessoa que cultiva muito o passado, admito. Não nego. Para mim, essa coisa de desapego de futuro e passado é quase um passo extremista em falso, óbvio. Não conseguimos viver sem um planejamento mínimo e tudo que somos é resultado de tudo que vivemos até hoje - coisas boas e ruins. Do mesmo radicalismo que se combate ao dizer que devemos viver o presente, se baseia o argumento de que passado e futuro são ruins. 

Oras, tudo em excesso é ruim. Tudo que é extremista, idem. Eu creio, para mim, que esta é a melhor lição que tenho aprendido nesta vida: caminhar no meio termo. E isso não significa que serei uma indecisa. O caminho do termo só existe porque existe uma ponta em cada lado. É ingênuo acreditar, também, que estaremos sempre no meio. Um momento estaremos em um lado, outrora em outro. E isso também constitui o meio!

Contudo, sei que muitas pessoas vivem o extremo de apenas se apegarem ao passado, ou apenas vislumbrando o futuro, deixando totalmente de curtir o momento presente. Para mim, o que poderia ser mais esclarecido como "momento presente" é a variável indefinida de que qualquer coisa pode acontecer e você não vai ter controle absoluto nenhum sobre isso! Ninguém pode prever uma surpresa em sua vida, positiva ou negativa. 

Então, eu acredito que o mote deveria ser: quer ser um "passadista", que seja! Quer ser um "futurista", viva isso. Mas não deixe de observar. O que falta nas pessoas - e isso eu defendo firmemente - é que somos tão bombardeados com informações que deixamos de observar os detalhes. A vida é feita nos detalhes que passam despercebido. Claro, nem todos tem essa capacidade naturalmente desenvolvida, conheço gente distraída para tudo! rs - mas como qualquer habilidade, ela pode e deveria ser aprendida. 

Observar os detalhes de cada momento que você vive poderá trazer muito mais cores, opções, experiências, sensações. Tente isso.

2 comentários:

Anna Paula disse...

Adorei o texto. Me fez pensar...

Poliana disse...

Ah, com certeza é assunto para uma vida... Apenas sobreviver faz de nós menos humanos; vivenciar, por outro lado, nos sensibiliza.
Adorei a reflexão!
Bjs