Reflexões pré-aniversário de 48 anos

Domingo, 06 de julho de 2025, 16h10.

Um domingo de folga, o primeiro nos últimos três meses. 

O tempo passou e eu não percebi. Quer dizer, percebi, sim, porque parei de sonhar. Toda vez que paro de sonhar eu sei que tem algo errado. E eu sei o que está caótico, onde falta a minha lucidez, como tenho conduzido a minha vida.

Eu sei...

Está uma tarde invernal tão fria. 16ºC e um vento frio soprando. Céu azul com poucas nuvens. Tarde caindo, temperaturas caindo... e eu decidi sair para dar uma espairecida.

Ao colocar meus pés na rua, lembrei de você. Você cujo rosto já não me lembro mais direito como é quando está falando, olhando ou sorrindo. Você cuja voz é uma lembrança distante, quase como uma vida anterior. Eu sempre lembro de você e da forma como seus cabelos balançavam ao vento enquanto eu deixava você ficar passos à minha frente apenas para eu fotografar a sua silhueta de costas e guardar essas fotografias feitas com a minha retina.

A tarde fria me lembra você. 

Eu tinha colocado uma meta de que até o meu aniversário, eu teria encontrado o jeito correto de como ver a sua presença em minha vida. Meses depois e com alguns dias faltando para o meu aniversário, penso em como a mente de uma pessoa ansiosa e com TDAH precisa operar para sentir segurança. E me lembro que nunca me senti plenamente segura com você, como se uma parte minha, extremamente intuitiva, já soubesse que o ghosting era apenas uma questão de tempo.

Eu sempre achei que o problema era meu ao identificar minhas neurodivergências, traumas infantis e me ver como alguém tão imperfeito a ponto de não ser digno o suficiente para estar ao seu lado. Fiz tantas escolhas, assumi tantos fardos... para, ao fim, perceber que tudo que parecia controle meu era, na verdade, o medo de não conseguir assumir que eu nunca tive controle.

A carência nos cega. A dependência emocional joga a última pá de terra. E o que resta é uma mente destroçada conduzida por um coração gentil e puro que apenas viveu totalmente dissociada da razão. Pois razão e sentimento precisam caminhar juntos. Sempre.

Você me deixou sem respostas. E até eu ainda sigo buscando elas mesmo já sabendo que eu já as conheço. Uma ambiguidade produzida por uma mente que não consegue dar o último passo necessário diante do novo ciclo que estou prestes a iniciar. Eu nunca vou entender por que não recebi uma resposta. E no mesmo instante que cravo minha dúvida, eu sei da resposta.

Tudo em você foi familiar demais. 

E neste fim de tarde frio... neste mês de Julho em pleno Apocalipse, onde começamos e retomamos novas eras... tudo faz sentido no não sentido, a ciclicidade de Planeta Terra que sempre é um aprendizado para compreendermos que os ciclos são inevitáveis mas os erros não. 

Nós erramos. Talvez possamos consertar numa próxima vida, num próximo encontro.

Para o meu próximo ciclo eu seguirei e procurarei nunca mais esquecer de aplicar em minha vida a maior lição que você me ensinou: razão e emoção camiinham juntas. 

Fonte da imagem: Contiki.

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