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Senna - o documentário

Ontem, além de ter visto a Isabella Taviani (sem querer...), fui ao cinema ver Senna. Claro que foi sem querer, também, porque cheguei no shopping e peguei o que dava para pegar. Achei uma boa coincidência ter podido ver esse documentário, que tinha ouvido por cima, e não os outros 500 blockbusters em cartaz. Aliás, nada contra blockbusters, só não tava a fim de ver.

A primeira pergunta que fiz foi por que o filme não foi dirigido por um brasileiro? Talvez por ele ser um ídolo mundial, como é tantas vezes repetido? Acho que esse trabalho poderia ter sido por um brasileiro. Exagero? Talvez...

O documentário não traz nenhuma novidade estonteante, a menos que você não conheça quase nada sobre Ayrton Senna. Achei um pouco exagerado -- como sempre acho! -- a trilha sonora que te obriga às lágrimas. Desnecessário. As cenas são emocionantes por si próprias e a ênfase da trilha sonora eu sempre dispenso. Na sala vi marmanjos, mulheres, senhores e senhoras chorando. E eu também não pude evitar minhas lágrimas quando revi sua primeira gloriosa vitória no GP do Brasil.

Eu gosto de Fórmula 1 por causa do meu pai e por causa de Ayrton Senna. Concordo com os depoimentos de que ele era a única alegria no Brasil, numa época de década de 1990. Lembra? Brasil tinha perdido a Copa, vivíamos recessão e inflação altíssimas. Eu ainda estudava Educação Moral e Cívica na escola. Um pouco depois, tivemos o impeachment do Collor. Tempos duros aqueles... Senna era um alento a um povo sofrido. Foi para mim também. Porque era um motivo de orgulho, ver o hino nacional sendo tocado e ouvido por milhões de pessoas ao redor do mundo.

O documentário também mantém sua linha narrativa em torno da eterna briga Prost-Senna. Mas também ressalta a humildade do piloto e sua preocupação com as crianças carentes no Brasil. Um resumão bem contado de 1988 a 1994. Quase poderia passar num Discovery da vida... mas vamos dar um desconto: a figura de Senna está onde merece estar. E vale a pena assistir e relembrar do melhor piloto que representou o Brasil lá fora.

Luxúria IT - pela Chef Ana Zambelli

Desde que a famosa Chef carioca Ana Zambelli criou uma sobremesa para o menu do restaurante Galeto Mania, eu estava morrendo de vontade de comer. A foto era algo tentador, ainda mais para uma pessoa como eu, que adooora doces. Então você imagina reunir -- em um doce -- o tema luxúria, inspirado na música Luxúria, da Isabella Taviani? Não titubeei, aproveitando o fato que essa rede só tem no Rio de Janeiro e aproveitando que eles inaguraram uma nova filial na Barra da Tijuca!

O cardápio é muito extenso, variado e cheio de sabores que dá muita vontade de experimentar. Mas eu e meu amor fomos no básico galeto e sem arrependimento! Obviamente, minha curiosidade maior era experimentar a sobremesa... perguntamos ao garçom que apenas respondeu sorridente: "Essa sobremesa não pode faltar de jeito nenhum!". De acordo!

A sobremesa é de fato uma Luxúria. Eu achava que, pela foto, ela seria mais doce. Que nada! O bolo americano de chocolate, macio e quente, na medida certa, o sorvete crocante e o chantilly de cereja mais o ganache... não dá pra explicar, precisa comer! Uma delícia mesmo, de lamber os dedos. O menu indica que serve até três pessoas, mas eu como sozinha, sem piedade!

Eu preciso confessar que, a caminho da Barra da Tijuca, pensei: "poxa, poderia encontrar com a Isabella Taviani no restaurante..." desencanei. Achei mesmo que apenas iria encontrar a Chef Zambelli por lá. Nada. Eis que, enquanto esperávamos a Luxúria IT, vejo a Zambelli passando! Fiquei morrendo de vergonha de falar com ela. Mas eis que ela me reconheceu e veio falar comigo. E disse que a Diva estava no outro salão. Não queria incomodá-la, afinal, ali era a pessoa Isabella e não a artista. Mas depois do carinhoso convite da Chef, fui lá. E fui coroada da melhor maneira inimaginável: conhecer o Galeto Mania, comer a Luxúria IT, conhecer Ana Zambelli e rever a mais do que querida Isabella Taviani.

Foi um dia mais do que feliz e inesperado. Assim é a felicidade... nas coisas mínimas -- e cheias de surpresas -- que nos acontecem.

A coragem acima de todas as coisas

Não, não vou falar sobre o Rio de Janeiro, a cidade sitiada. Nem vou escrever o próximo capítulo no meu blogue. Hoje acordei reflexiva na madrugada... junto com as cigarras, com a manhã de sexta nublada e com os restos da chuva da noite passada.

Acordei pensando na coragem, um dos sentimentos quase tão belos quanto a esperança. Talvez porque estejam tão intimimamente ligados entre si. Acordei pensando que nada somos com a vida regada no esquecimento -- que diria estar ligada à covardia. Mas, claro, classificações são sempre limítrofes... este aqui é apenas um exercício de reflexão.

Conversando com minha amiga Sharleu disse a ela o quanto não acho que devemos ser nós mesmos. Quem diria, porque essa sempre uma das coisas que mais defendi ao longo de toda a minha vida. "Seja você mesma" parecia quase um mantra, de tanto que eu o entoava todos os dias. Porém, atualmente, para mim, agora, aquela velha frase "Conhece-te a ti mesmo" me parece uma das melhores frases para ser divulgada por aí.

O que você pode fazer para conhecer a si mesmo? Dar um pulo dentro de si mesmo é um dos exercícios de maior coragem que um ser humano pode se inflingir. Porque pular de bungee-jump é uma destreza admirável, mas e fazer o mesmo pulo dentro da própria autoconsciência? Nesse, às vezes nem mesmo os mais audaciosos conseguem.

Associo essas reflexões à releitura do livro da Ilana Casoy "Psicopata, louco ou cruel?". Associo às coisas que tenho aprendido nos últimos meses e a tudo que vivi neste ano de 2010. Tudo isso junto na minha cabeça... devo confessar: pura adrenalina! Ainda resolvi reassistir todos os filmes do David Lynch que tenho aqui. Eu sei que existe algo prestes a surgir dentro de mim.

Mas sei que posso dizer que estar em absoluto silêncio consigo mesmo é a melhor maneira de ouvir os próprios pensamentos. E aquietar a mente... até ouvir o próprio coração e o silêncio da alma. Você pode se assustar... porque nada nunca parecerá tão corajoso, simples e completo.

O Canto dos Malditos (ou O Bicho de Sete Cabeças)

Revi O Bicho de Sete Cabeças. Longa metragem de estreia da diretora Laís Bodanzky. Acho que a maioria aqui já viu o filme que também lançou Rodrigo Santoro à categoria de estrela. Sem querer, revi Caco Ciocler, que tinha esquecido completamente que fazia parte do filme.

Tive o o privilégio de conhecer Austregésilo Carrano, autor do livro que inspirou o roteiro do filme, senão me engano, em  2007, num evento na Casa das Rosas, em São Paulo, como parte da luta antimanicomial que ele fazia.

Quem me levou àquele encontro foi a minha querida prima Marli. Ela era amiga de Carrano e também por defender as mesmas causas. Foi uma noite memorável... pena eu não ter tirado fotografias. Lembro que as pessoas estavam ansiosas pelo Rodrigo Santoro, mas "apenas" a diretora Laís Bodanzky esteve presente.

Descobri (ou já poderia ter lido, mas tinha me esquecido) que Carrano morreu. Era um homem de personalidade muito marcante, como dá para perceber no próprio filme. Fiquei triste. As coisas pelas quais ele passou, e que são relatadas com impressionante realidade no filme, sempre me fazem pensar nas coisas que estão à margem da sociedade. As coisas que podemos colocar à margem de nossa própria vida. E o que costumamos fazer? Esquecer.

Um dia quero ler O Canto dos Malditos. Enquanto isso, vou pensando sobre esse filme que fica por muito tempo nas lembranças... e sobre como apenas precisamos esquecer para continuar sobrevivendo. Como fazemos isso no mais pequeno detalhe de nosso dia a dia. Acho que esquecer é uma das formas mais fáceis de fingir sobrevivência atualmente.

Deixo a voz grave de Arnaldo Antunes com denso poema:

Capítulo 4.4 - Ilha Grande (RJ): final

Pra não ficar me estendendo muito e apenas em Ilha Grande, vou dar uma resumida geral nos dias seguintes em que ficamos por lá.

Primeiro: o tempo realmente demora a passar. Um dia inteiro parece ter mais de 100 horas. Enquanto você está lá, não pensa em nada. Nada de twitter, facebook, contas pra pagar, celular, internet, busão cheio, chefe chato. Nada disso.

Na Ilha Grande não há carros. Os poucos existentes pertencem à PM, Prefeitura e Corpo de Bombeiros (pelo que vimos). Todo mundo anda de bicicleta ou a pé mesmo. Diariamente existem muitos e muitos turistas. Eu ouvi inglês, francês, espanhol, alemão e umas duas línguas desconhecidas. Isso faz o pessoal ser muito educado (na medida do possível) e solícito com qualquer estranho.

Nos dias seguintes, conhecemos a Praia do Abrãaozinho, após uma meia hora de caminhada (bem lenta) no meio de uma trilha. Fomos também a Praia do Galego e ao Poção. Conhecemos as Ruínas do Lazareto e o Aqueduto do Lazareto. No fim do século XIX uma enorme casa funcionou e as imponentes construções do aqueduto abasteciam de água doce esses moradores.

Deu vontade de fazer uma trilha até a Cachoeira da Feiticeira e ao Saco do Céu (que não sei porque se chama assim). Mas eram quase duas horas de caminhada (íngreme, diga-se de passagem) que exigia roupa e equipamento adequados. Ainda vou voltar lá e fazer essa trilha!

O Mirante da Praia Preta dá uma vista linda... bem, tudo lá é lindo, mesmo em dias de chuva. Pegamos um sábado chuvoso e fomos para a praia assim mesmo! Nenhum arrependimento nisso!

Coisas inusitadas aconteceram no último dia: na Praia do Galego cruzamos com siris/caranguejos (sei lá) e achei interessantíssimo! Teve um momento em que fiquei sentada imóvel, na pedra, e um passou por mim, pena não ter tirado uma foto. Pude ver o "símbolo do signo de Câncer" em ação e devo dizer que foi divertido. Numa das fotos vocês verão que ele lembra o Sirigueijo...

Os peixinhos (tainha, segundo uma mulher) invadem o rasinho da praia, sem muito medo da gente. Diversas formas de mexilhão, ostras moram nas pedras. Fiz alguns vídeos engraçados. Como a mata atlântica ainda continua por lá, vimos alguns macaquinhos, que suponho ser algum tipo de mico.

Pra terminar, o percurso de volta na barca foi uma verdadeira aventura! Pra leigos do mar, como nós, um mar semiagitado com algumas ondas foi motivo pra deixar todo mundo meio tenso e a barca balançando violentamente. Eu confesso que adorei! hehe E ainda fomos presenteados com alguns golfinhos e um tal de peixe-voador, quase chegando em Mangaratiba.

*** O convite para quem não gosta de praia e quer aprender a apreciar: Ilha Grande. Vale.