Não. Este post não é uma resposta tardia a uma certa música sertaneja que fez sucesso há umas décadas atrás, quando esse estilo musical ainda sobrevivia produzindo boas músicas.
Esses dias me peguei pensando na quantidade de tchaus que me foram ditos nos últimos meses, seja de forma direta ou indireta. E, na mesma hora, eu lembro desse movimento tão longo que tenho vivido há mais de uma década e que já retratei aqui neste blogue em inúmeros outros posts.
E quem me acompanha sabe o quanto me dói ouvir um adeus. Não que eu não goste de despedidas, por vezes, elas são imprescindíveis. No entanto, poucas vezes eu me despedi definitivamente de alguém. Não gosto. Sempre gosto de dizer que prefiro agregar — como uma boa canceriana que sou. Não para fazer coleção de pessoas ou me gabar da quantidade de pessoas na minha vida. Apenas porque simplesmente eu gosto de manter laços com todos.
Cada pessoa tem um significado único em nossa vida. Cada pessoa, com uma alma única, com sua presença única, com suas lembranças únicas. Eu e essa pessoa temos uma história única construída que não se repetirá com ninguém, justamente por isso, todos nós somos seres únicos construindo mundos e histórias únicas por aí.
E me despedir dessa singularidade me entristece. Não terei mais acesso aos sentimentos que eu e essa pessoa podemos trocar.
Veja, eu entendo. Manter relacionamentos humanos sadios é, talvez, a segunda mais tarefa difícil para qualquer um. E qual a primeira? Estar mentalmente, fisicamente e espiritualmente saudável. Se não estivermos sadios, como conseguiremos manter relacionamentos saudáveis?
Cometeremos erros. Cometerão erros conosco. Seremos impulsivos e imprudentes. Agiremos e pensaremos depois.
Gosto de crer que possa existir um mundo em que todos possam coexistir sem sentir sentimentos negativos uns pelos outros. Porque sentiremos respeito. Respeitaremos quem prefere uma estrada e a gente prefira outra. Respeitaremos os momentos pessoais uns dos outros. Respeitaremos que uns precisam passar mais tempo em um mesmo aprendizado enquanto você já estará buscando outros desafios e outras perspectivas.
E não há bom ou ruim. Certo ou errado.
Isso posto, eu admito que sempre sofri com o tchau que me foi dito inúmeras vezes. Ora porque não aceitava e não via motivos. Ora porque sequer motivos me foram dados — a pessoa simplesmente virou as costas e se foi. E esse caso aí foi o que mais aconteceu comigo.
Vivia um eterno luto com direito a muito remoer, revirar, resmungar e ficar presa nesse instante que eu simplesmente não conseguia superar.
Demorou muito tempo até que eu entendesse (como disse no começo deste post) e tantos processos, tantas dores foram vividas... (infelizmente) para que eu entendesse que, na verdade, nós dizemos adeus e sequer nos damos conta de que estamos dizendo até logo. Essa pessoa sempre estará em nós, porque até onde sei, ainda não inventaram uma máquina para apagar lembranças (como no filme Brilho eterno de uma mente sem lembranças). Essa pessoa é parte intrínseca da nossa história pessoal. Se você quiser que seja uma lembrança boa ou ruim, só depende de você e mais ninguém.
Hoje em dia quando me deparo com um iminente adeus, eu sinto meu coração disparar. Aquela velha sensação se aproximando... do tempo que não podemos capturar, dos desejos que não conseguimos realizar. E eu penso em mim mesma. Hoje em dia, eu acredito que a melhor forma de honrar uma pessoa que não quer mais fazer parte da nossa vida é aceitar seu adeus e guardar as boas lembranças.
Não devemos discutir, muito menos argumentar. Claro, nenhuma decisão é definitiva. E eu não creio em situações imutáveis. No entanto, ao aceitarmos um "tchau" permitimos a nós mesmos que possamos abrir espaço a alguém novo e às novas experiências que essa pessoa trará. Porque, acredite ou não, essa próxima pessoa sempre vem!
Que este post não seja lido como uma ode passiva a quem nos chuta pra fora da vida. rs Nada disso! Certamente, antes dessa decisão chegar, muito já foi discutido, argumentado. Muita energia foi mal utilizada. Muitas brigas aconteceram. Tanto desgaste... e, então, chega o momento do famigerado "adeus" como passo necessário para o instante seguinte. Que assim seja!
E reitero: prefiro agregar a ter de me despedir. Sempre!
Mas a quem quiser se despedir... até breve.