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O ser humano (versão 2024) em pleno Apocalipse

 Queridos leitores deste blogue: sumi, eu sei.

Janeiro, fevereiro, março... foram meses intensos. Vivi mais uma vida inteira em três meses. Purguei o passado e coisas velhas e tão antigas. Um constante novo eu surge a cada dia, eis a beleza inenarrável de minha vida.

Comecei a escrever um tuíte e durante a criação do quarto fio do novelo me dei conta de que o tema deveria ser devidamente registrado aqui, no meu blogue. Então, cá estou para compartilhar esse pensamento que me surgiu.

Essas reflexões costumam ser construídas depois que tenho conversas boas. Fazia tempo que não tinha uma conversa que atingisse esses níveis profundos da minha mente. Afinal, a cada dia que passa, é mais difícil encontrar alguém que se disponha a ter esse tipo de conversa, a maioria prefere ficar na superfície — e eu não julgo! Pois a superfície está bastante complexa e difícil. Mas me parece muito desperdício gastarmos nossos neurônios só para sobreviver apenas com a cara para fora, lutando apenas para não morrer afogado.

Eu sempre tive um fascínio enorme em conhecer pessoas novas. Apesar de ter um lado antissocial muito acentuado que associado à minha timidez me impele a ficar quieta na minha ao invés de interagir com as pessoas, por vezes, me sinto disposta e com desejo de conhecer pessoas. Ao longo dos anos de minha vida, fui aprendendo a moldar meu desejo de espaço e solidão que existe quase que na mesma medida com minha vontade de conhecer pessoas novas.

E o que mais me fascina ao conhecer alguém novo é ouvir as histórias que elas têm pra contar. Podem ser histórias engraçadas, tristes, de seuperação, de aprendizados. Nada supera uma história bem contada.

Mas o ato de contar uma história não é apenas uma repetição lamuriosa. Ela envolve reflexão, tempo de maturação, acrescentar coisas novas, excluir outras, o dom do lúdico e o de prender a atenção de quem ouve, usando entonação, escolha de palavras, construção com início meio e fim. Sacou, né? Contar uma história é como voltar às tradições antigas quando livro era algo raro e só tínhamos a voz e a memória para repassar algo adiante (guardadas as devidas proporções atualizadas para 2024).

E eu confesso aqui para vocês: que hora decidi conhecer novas pessoas — em pleno Apocalipse!

As pessoas estão completamente saturadas sob o caos.

As que já não tinham condições de sobrevivência estão loucas. 

As que sobreviviam com alguma decência estão cedendo à loucura. 

E tem aquelas que parecem alheias a tudo e odeiam ouvir falar de desgraça: vivem no mundo de Alice.

Sobreviver, desde a pandemia, é uma habilidade que, definitivamente, já fez sua seleção natural.

Hoje não temos mais histórias sendo contadas. Hoje as pessoas ou são verborrágicas ou são monossilábicas. O que narram são o caos em que vivem, sem perspectiva de saída. E no silêncio doloroso de todos seus traumas não resolvidos, de dores que sequer ainda foram identificadas, elas acabam também se tornando portadores e transmissoras do caos. No fim, é tudo uma legião sem rostos identificados de pessoas agindo instintivamente e irracionalmente. Buscando ser felizes porque é um objetivo que foi implantado em seu cérebro. E a felicidade essa que perdeu todo seu significado original, sendo relegada a um puro materialismo, consumismo, status e poder.

O apocalipse é vivermos nesse caos de extremos com sanidade e equilíbrio.

(gargalhada) 

Mas aqui e ali eu ainda consigo ouvir uma boa história. Eu ainda vejo luz. A sabedoria da vida é que ela é cíclica e por mais que nem consigamos ver o quadro maior, a volta inteira de uma volta, nada dura para sempre.

Mas aqui e ali eu ainda conheço alguém incrível que parece ativar todos os neurônios que eu nem sabia que existiam meu cérebro. Ou outra pessoa que ilumina os cantos mais escuros de minha consciência que imploravam por luz. Já confundi isso com paixão e já aprendi essa lição também. Há um amor maior, muito maior que tudo que nem sonhamos existir, que eu aprendi a prestar atenção. O verdadeiro amor.

E cá também estou escrevendo e registrando minhas histórias. Comecei a compor um livro desde o final do ano passado. Enquanto novos estímulos ainda não surgem para eu retomar a faísca da escrita criativa, vivo.

Até o próximo post!

Que sentimento você sente por si mesmo?

Já não é mais novidade há um bom tempo: quanto mais possibilidade temos de estarmos conectados uns aos outros, menos estamos conectados às pessoas e, principalmente, conosco mesmos.

E essa informação já está tão repetida que se tornou apenas mais uma daquelas que as pessoas veem e passam adiante. Estamos tão hiperestimulados que acabamos nos dopando inconscientemente para conseguir sobreviver sem enlouquecer.

Acabei de ler uma matéria da BBC dizendo que o zolpidem se tornou a droga hype do momento. Oi? Além da insônia (outra doença subproduto do caos que é viver hoje em dia), o zolpidem está se tornando saída para pessoas que precisam sentir alegria.

E quem não precisa de uma boa noite de sono?
E quem não precisa sentir alegria?

Estimulada pelas conversas com uma querida leonina, comecei a refletir nesse tema que, também, já falei bastante por aqui. Mas me veio a oportunidade de trazer uma nova reflexão à luz deste ano de 2023 tão estranho que estamos todos vivenciando.

A pandemia deveria ter servido para nos aproximar uns dos outros como seres humanos. Fomos todos obrigados a nos isolar de pessoas queridas, do convívio em sociedade. Tivemos de reaprender questões básicas de higiene e limpeza. O pensamento coletivo antes do individual. Priorizar idosos, crianças e imunossuprimidos.

Mas a pandemia veio e foi e nem parece que milhões de pessoas morreram no mundo todo por causa de um vírus letal que ainda (e sempre) circulará entre nós. O ser humano tem esse péssimo hábito de ter memória curta, imediatista, materialista e superficial. 

Alguns tiveram de encarar os próprios demônios com a força de todos os trânsitos astrológicos acumulados. Casamentos terminaram porque as pessoas perceberam que "estar casado" não é apenas uma aliança e um papel assinado. A maioria percebeu que todas as narrativas de fim de mundo exibidas em filmes de ficção de científica quando vividas na realidade não têm nada de aventuroso ou divertido.

O planeta está mais populoso. O sistema econômico está ainda mais cruel. Se você não for capaz de fazer seu prmeiro milhão em um ano, você é simplesmente um derrotado incapaz de servir para nada além de ser mais uma mera geringonça escravizada em um esquema que vende a ilusão de estarmos todos felizes desde que estejamos endividados e vendendo nossos serviços a preço de banana.

Aí voltamos ao começo deste post.

Hoje comecei a ver uma live de Halu Gamashi chamada "Como canalizar a energia da cura". Eu tinha visto só um recorte e decidi ver o vídeo integral. O que me chamou a atenção foi a pergunta que ela fez logo no começo do vídeo: "Que sentimento você sente por si mesmo?".

E eu faço essa pergunta para você, leitor: que sentimento você sente por si mesmo?

E o que a Halu responde? Veja o vídeo! rs

Mas dou uma dica: recentemente escrevi um post intitulado "Sobre a paixão (por alguém)" e lá eu dei a minha resposta. E aqui continuarei com ela.

As pessoas vivem uma ilusão de que amam a si mesmas. A verdade é que a imensa e esmagadora maioria apenas se mantém com o mínimo necessário para a sobrevivência — seja do corpo, da mente ou da alma. Pior ainda: a pessoa não faz ideia de que vive à beira do abismo fazendo malabares com facas afiadas e fogo ao mesmo tempo. Ela acredita que isso mostra o quanto ela é capaz de ser corajosa, multitarefas, indomável.

Ilusão.

Assim como Instagram é o suprassumo da ilusão. Claro, tem pessoas que usam as redes sociais com utilidade. Mas não é o caso dos que estão lá criando uma imagem que pode ser real ou não. Quem saberá dizer a diferença?

Olhe para as pessoas na rua. Se a gente pudesse ler mentes, certamente ficaríamos loucos. Por vezes, sabemos o que se passa na cabeça de alguém quando testemunhamos uma conversa entre duas pessoas conhecidas em alguma condução pública: falando mal de alguém. Falando mal do trabalho. Reclamando de alguma coisa porque, afinal, é por causa daquilo que a pessoa está ali sofrendo. Quantas vezes você ouviu uma conversa alheia e testemunhou algo edificante? (sem teor religioso, porque isso não é ser edificante)

Olhe para as pessoas ao seu redor. Elas não sabem viver sem celular. Elas reclamam do superestímulo (sem consciência) e estão ali, viciadas em não perder nada do que se passa no mundo virtual. Estamos tão sufocados por uma vida que não queríamos ter que não sabemos mais qual vida gostaríamos de ter. E para conseguir sobreviver a isso tudo nos enchemos de distrações. Rolar o dedo pra cima e pro lado se tornou o exercício que as pessoas mais gostam de fazer. Simples, rápido e sem precisar pensar ou refletir.

Olhe para as pessoas: elas não sabem mais interagir umas com as outras. Se não for regado a muito álcool, não há conexão. Se não tiver selfies e fotos infinitas, não há conexão. Se não tiver a beleza física pasteurizada, não há conexão. Se não houver um post de atualização com infinitas hashtags, você não está conectado com o que você estiver fazendo.

Ao final do dia, o que você acha que essas pessoas sentem por si mesmas?

Ao final do seu dia, o que você sente por si mesmo?

O sinal dos tempos já começou neste ano de 2023. E é meio unanimidade entre diversas fontes que teremos anos difíceis pela frente. Dê uma chance a si mesmo e saia da manada ignorante que sobrevive acreditando que está dando o exemplo. Faça-se esse ato de autoamor.

Ame-se. De verdade. 
Cuide de sua espiritualidade. Seu corpo e sua mente automaticamente serão beneficiados.
Porque, afinal, ao final, só o amor importa.

Sobre a paixão (por alguém)

Recentemente, me peguei pensando de novo nesse tema que nunca se esgota! Impressionante. À medida que as primaveras passam, é possível trazer novos entendimentos em um mesmo assunto. E por se tratar de um tema caro para mim — os relacionamentos humanos — eu também sempre busco aprofundar, aprender algo, ampliar o meu conhecimento. Eu já discorri sobre esse tema anteriormente como você pode ler clicando aquiAssim, não vou retomar o que disse em alguns posts antigos. Vou tentar delinear brevemente o que eu entendo agora sobre a paixão que uma pessoa sente por outra.

Etimologicamente, a origem da palavra está ligada aos termos "sofrimento" e "doença". E é curioso constatar que, mesmo sem ter feito essa pequena pesquisa, eu sempre afirmei que a "paixão é uma forma de loucura".

E por que eu digo isso? Não precisamos refletir muito para chegarmos às mesmas conclusões. A paixão é um ato não programado de súbita conexão com alguém que suscita em nós sentimentos mistos de alegria, furor, prazer, ansiedade, posse e muita, mas MUITA intensidade.

É como se destravássemos uma chave no cérebro. Quem não quer estar apaixonado? Quem não quer se apaixonar? E se for correspondido?

O ato de estar apaixonado diminui a nossa capacidade crítica praticamente a levando a zero. O ato de estar apaixonado aciona nosso modo instintivo, involuntário e irracional. 

Defeitos do outro? Não existem! 
Incompatibilidades? O amor (a paixão) vence tudo! 
Um único (talvez dois ou três) ponto em comum constrói castelos gigantes de possibilidades, obviamente embasadas em um terreno frágil que passou longe de conseguir analisar prós e contras.
Não existem contras quando a gente está apaixonado!
"Juntos vamos vencer o mundo" dizem os apaixonados e eles se esquecem de pensar que mal conseguirão vencer a si mesmos nessa empreitada.

Apaixonar-se é sair do lugar comum. A sociedade nos enfia goela abaixo a ideia do amor romântico que começa numa paixão e termina em final feliz com os dois velhos sentados juntos compartilhando sonhos e boas lembranças. 

Quando a gente se apaixona, a gente quer se apaixonar. A gente quer estar apaixonado. A gente quer viver esse sentimento com alguém. É um desejo visceral que não tem paciência alguma e quer ser saciado com urgência. Nisso, as pessoas se conhecem, se encontram, fazem juras eternas no dia seguinte, se casam no mês seguinte (ou fazem união estável...) como se uma assinatura num papel fosse o suficiente para confirmar que o sentimento ali é sólido. Usar aliança. Fotos de casal em todos os perfis virtuais. A dissolução do um em dois, pois não há mais individualidades e sim "o casal".

Eu já vi essa história tantas e tantas vezes... e em todas as vezes o final foi o mesmo. 

Estudos dizem que uma paixão dura cerca de seis meses. Se o casal se estabelece, dura cerca de dois a três anos. Quantos casais que ficaram juntos por dois anos você não conhece por aí?

A gente bem que gostaria, mas o calor da paixão — (in)felizmente — tem prazo de validade. E quando as pessoas voltam a si, se dão conta de que quando não há mais tesão sexual, o relacionamento começa a escancarar todos os defeitos que, na verdade, sempre estiveram ali. Porque, afinal, desejar sexualmente a mesma pessoa ano após ano é um detalhe que as novelas românticas nem os comerciais de dia dos namorados ensinam.

Então, me vem a pergunta: por que a gente se apaixona?

Eu acredito que, basicamente, a gente se apaixona porque a gente não está apaixonado por si mesmo.

E de onde eu tiro essa ideia?

A resposta pode tomar alguns direcionamentos, mas em suma me parece simples: quem não pratica autoconhecimento e autocuidado de verdade (sem usar a terapia como muleta) sabe o preço que é curar um coração partido — seja essa dor causada por uma decepção amorosa ou outra qualquer (mas, em especial, a amorosa). 

O ato de se autocurar exige muitas atitudes. E a gente sempre acaba pulando uma ou várias delas. Por impaciência, por incapacidade, por ingenuidade... é apenas nas experiências dolorosas que nos lapidamos — ou, pelo menos, é isso que deveria acontecer.

Creio que a autoestima é uma das etapas da autocura onde mais precisamos do outro como elemento externo para nos validar. E isso é extremamente ardiloso, ambíguo e tênue. porque ao nos abrirmos à opinião alheia, saberemos como filtrar o que é importante ouvir e o que deve ser descartado?

Porque sabemos que não será de qualquer pessoa que virá aquela palavra que acionará a faísca em uma brasa quase se extinguindo dentro de nós.

E quando, inesperadamente ou não, surge o tal alguém que acende essa brasa sem que pedíssemos, nos permitindo voltar a ver um mundo com cores (que sempre estiveram ali mas que você era incapaz de ver), fazendo a gente voltar a acreditar naquelas qualidades que você até sabe que tinha mas nem se lembrava mais. Você volta a respirar. Você sente seu coração bater com força.

E eu acho que deveria parar aí! 
Porque se a pessoa que te causou isso for alguém por quem você facilmente se sentiria atraído fisicamente, mentalmente (ou nada disso), você cairá, sem perceber, na armadilha de ser picado pela doença da paixão.

Aí surgem os "encontros fatais" e as paixões fulminantes. Ou, na mesma medida, quando um apenas se apaixona e o outro usa esse pedestal em que se encontra para se aproveitar do apaixonado tirando todo tipo de vantagem pessoal — a pior delas, alimentar o próprio ego com a devoção cega de alguém. Ou quando simplesmente o que não está apaixonado diz "vamos ser amigos?".

Acredito que no dia em que conseguirmos entender só um pouquinho mais do mecanismo que diferencia radicalmente amor e paixão, poderemos ser mais felizes em nossos relacionamentos amorosos e em nosso relacionamentos, de modo geral. Porque, sim, a imensa e esmagadora maioria confunde amor e paixão.

Não estou negando que elas possam começar juntas!
Acho que todo mundo aqui conhece ao menos uma história de duas pessoas que trocaram um olhar, algumas palavras, se apaixonaram, se casaram e, mais de trinta anos depois, continuam juntas até hoje.

Porém, essa NÃO É a regra!

E como faz?

Aí volto ao começo deste post sobre autocura e autoestima.

Quem não consegue se amar, como conseguirá amar alguém?
Quem não está encantado por si próprio como saberá se encantar por alguém sem estar sob os efeitos da loucura?
Quem não se autoconhece bem saberá reconhecer o outro além da superficialidade cada vez mais leviana estimulada hoje em dia?
Quem não tiver o controle do tempo nas mãos saberá usar esse mesmo tempo para construir um descobrir, um despertar que caminhe para a criação do conjunto de duas pessoas que estão se conhecendo?

Amar alguém não é tapar o buraco de uma ausência com a presença de uma pessoa nova ali.

Amar é estar constantemente encantado (não apaixonado).

Amar não é estar imune a oscilações e desequilíbrios e, sim, saber, junto com o outro, a comunicar os sentimentos e juntos buscarem uma solução que seja boa para ambos.

Amar é saber comunicar com empatia, sinceridade e acolhimento.


Então, apenas me responda: uma paixão que está praticamente sendo guiada e alimentada pelos instintos e pelo irracional é capaz de agir dessa forma? Ilusoriamente até que sim. Até passar... o véu cair. E a realidade assustadora queimar os olhos das pessoas sem possibilidade de desqueimar.

O sorriso em tempos de máscaras faciais

Muito já se falou em como esta pandemia transformou completamente a nossa vida. Hoje, especificamente, quero falar do sorriso - esse movimento dos músculos faciais que fazemos para demonstrar alegria, contentamento, felicidade - e que quase nunca mais compartlhamos, por ficar escondido atrás de máscaras que nos protegem do vírus e também  de uma de nossas formas mais complexas e diretas de comunicação.

Lembro do primeiro episódio da quarta temporada de The Good Doctor em que os médicos colam uma foto de si mesmos sorrindo em seus crachás para mostrar quem são. Uma tentativa de trazer um pouco de calor em um momento tão frio e duro na existência humana.

Não vemos mais as pessoas sorrindo, mas não que elas não sorriem! Dizem que as pessoas sorriem com os olhos, vocês têm visto pessoas sorrirem assim?

Hoje, ao almoçar em uma lanchonete e já me preparando para sair, vi uma moça se sentar quase de frente para mim. Jovem, longos cabelos claros e lisos. Estava mexendo no celular com um imenso sorriso no rosto, mostrando não só dentes mas uma felicidade especial. Enquanto ela olhava no aparelho, eu tentava desvendar o que aquele belo sorriso queria dizer: uma notícia feliz? Um amor correspondido? Algo me diz que era essa opção.

Naquele breve instante, eu me apaixonei por ela e seu sorriso. 

Porque parecia tão franco, tão honesto, tão simples - quase ingênuo. O amor (ou a paixão) em todo seu início sempre tem disso, não é? E eu confesso que perdi um muito disso, dessa doçura humana. Estamos sempre escondidos atrás de medos, inseguranças, desconfianças... ver um sorriso como o dela atingiu algo dentro de mim naqueles milésimos de segundos.

Naquele breve instante, eu desejei ser o objeto e a razão de seu sorriso.

Porque eu simplesmente queria viver um sentimento livre do peso dos traumas, das acusações, das condenações. 

A lembrança de seu rosto já se mistura com tantas outras e nem saberia mais dizer como ela é. Mas o seu sorriso... Um breve sorriso que me aqueceu e que me fez sorrir junto com ela - eu, escondida atrás de minha máscara, protegida contra qualquer argumento alheio. Um breve sorriso que me fez teleportar momentaneamente para aquele porto feliz que todos nós merecemos eternamente estar.

Moça, sei que a felicidade é um instante, que se constrói e descontrói, que se faz e desfaz num piscar de olhos. Moça, sei que a felicidade não é eterna e nem o nosso objetivo, mas desejo que sua felicidade lhe seja boa e eterna enquanto dure. Agradeço por ter compartilhado esse lindo sorriso comigo, eu me apaixonei e me encantei com ele e nunca mais o esquecerei!

E, finalmente, os 40!

Meu último post aqui ainda falava sobre as minhas reflexões do passado. Àquela época, sentia intensamente uma vontade de lembrar muita coisa vivida, recente ou não. Uma necessidade forte de ficar revirando tudo mesmo.

Os meses se passaram, o foco mudou e as coisas caminharam. Assim segue a vida, quer você queira ou não.

Gosto de fazer aniversário, como as pessoas bem sabem. É um momento de renovação pessoal, renovação e a reafirmação de certezas. Talvez não tão certas, mas o desejo de seguir por um caminho.

Se agora mudei o quadradinho indicativo da idade, ou se acrescentei o sufixo "-enta" à minha idade, ou se a carinha aqui ainda tem algumas linhas mas poucas rugas e nenhum cabelo branco na cabeça (genética! rs) o que sinto de diferente é a diminuição dos meus polos raivosos que sempre determinaram minha personalidade mais exterior.

Quando o mundo parece ir cada vez mais intenso na maré polarizada de paixão e ódio eu quero cada vez mais apaziguamento e o caminho do meio. Estar fora das intrigas. Talvez a maior lição que tenha aprendido é: gosto de ter atenção, porém, a correta atenção.

Também percebi que cada vez mais gosto de conforto (isso não quer dizer usar molecas) e silêncio e paz visual e sonora (repetição do item "silêncio" rs). 

E prestei atenção aos parabéns todos que recebi em todas as mídias sociais: os que enviaram os parabéns pelo WhatsApp são os que mais me emocionaram (claro, tem muitas pessoas que me emocionaram fora do Whats e só não me escreveram lá porque provavelmente não tinham meu número de celular). Os que me escreveram no Whats também são aqueles com quem tenho mais intimidade e são aqueles que não economizaram na digitação.

As mensagens do Facebook e Instagram foram muito bonitas e alguns se repetiram, me parabenizando mais de uma vez - o que é um belo gesto, já que muitas vezes, uma vez é mais do que suficiente. Algumas pessoas, a maioria delas, mora longe de mim, então, o recado foi mais afetuoso. E, claro, as lembranças dos conhecidos de vista.

Claro, muitos se esqueceram, outros provavelmente não quiseram me escrever e tudo isso é perfeitamente normal. Tudo faz parte da vida. No hard feelings!

Assim, espero, a renovação dos meus votos pessoais, a força para continuar a caminhada e cumprir a minha missão pessoal. Agradeço a energia positiva enviada por todos!

E sigamos em frente! 

Assunto: depressão

Confesso que esses últimos dias venho pensando no projeto que acabei abandonando no ano passado: uma série de posts sobre depressão. De repente, nem preciso de uma "série de posts" mas apenas de um post com alguns tópicos relevantes. Arrisco aqui umas considerações muito pessoais sobre o assunto, já que nem de perto tenho qualquer embasamento técnico para versar. 

1) Depressão é como lepra.
Há, de fato, uma espécie de sentimento generalizado quando alguém assume estar com depressão. As pessoas sentem pena, dó e, preferencialmente, se distanciam de você, porque depressão parece ser algo extremamente contagioso, transmitido pelo ar e por qualquer espécie de contato físico: sim, depressão é o vírus da pior espécie possível.

2) Depressão é frescura.
Também é fato que a maioria de nós vê um depressivo como alguém que "precisa levar uns tapas" para se encaixar na realidade. Falta do que fazer, falta do que pensar. Mal-agradecido. Mimado. Uma pessoa que tem saúde, tem dinheiro, tem de tudo e não deveria estar "depressivo" porque não sabe reconhecer tudo que tem. Assim, as pessoas acabam julgando o depressivo como alguém que está com tempo de sobra e, como não tem o que fazer, quer chamar a atenção.

Muitos especialistas afirmam que a depressão é o grande mal do século 20. É uma doença silenciosa, diretamente não apresenta sintomas físicos e ela começa pequena, quase imperceptível. Um diagnóstico tardio e grave só poderá ser percebido quando a pessoa decidir terminar com a própria vida.

Eu acredito que todos nós temos algum nível de depressão. Uns lidam melhor com ela. Outros a combatem com tamanha maestria que ela vem e passa longe. Já a grande maioria acaba perdendo essa batalha e, creio eu, uma vez que você tenha tido depressão, é como se ela instalasse um acesso eterno dentro de você e, caso você não saiba fechar essa porta corretamente, ela poderá entrar a hora que quiser e com a força que quiser.

Penso que uma vez que você tenha tido depressão é como você tivesse de conviver eternamente com ela dentro de você. Uma espécie de cicatriz que sempre alcançará aquele estágio final de cicatrização mas que nunca cura completamente. Então, dependendo do que você estiver vivendo, a depressão pode encontrar o acesso que queria para voltar e se instalar com fúria total.

Qual a solução? Não sei. Existem diversos tipos de saída disponíveis, mas não creio em cura total. Digo que deve haver uma eterna e constante vigilância sobre si mesmo. E nunca, nunca, nunca desdenhar da depressão. Não importa que amigos, familiares ou pessoas próximas tratem dela com desdém, você nunca deve subestimar a força da depressão. Creio que, talvez, precise aprender a conviver com ela, como uma outra persona sua dentro de você mesmo. Esquizofrênico? É a melhor resposta que eu encontro para mim mesma.

Pois a depressão é a ausência total de sentido na vida. Ausência total de sentimentos pela vida, seja amor seja ódio. É olhar para tudo e ficar se perguntando onde está o sentido e não ter nenhuma resposta. Nenhuma resposta. E você não precisa estar solteiro, não precisa estar morando na rua ou ser uma pessoa sem um bicho de estimação. Por isso as pessoas dizem o que eu citei acima quando veem alguém que parece estar depressivo. Depressão é a ausência total de qualquer tipo de paixão pela vida. É a vontade de apagar as luzes de um quarto já escuro, sem janelas, sem portas e sem iluminação.

Bem, voltando a pensar em solução, remédios, psiquiatras e psicólogos ajudam. Mas, talvez, a melhor solução para o primeiro passo para lidar com isso seja tentar reacender a maior paixão, algo que a pessoa ame (ou tenha amado) muito: um estudo, um lugar, um animal de estimação, um hobbie, um filme... qualquer coisa. A falta de sentido ainda existirá mas poderá ser amenizada aos poucos em troca de um sentimento que não irá substituir muito menos entrar em competição com a depressão: coexistirá com ela.

Considerações finais: bom, talvez tenha dito muita besteira, mas o que disse foi baseado em minhas observações pessoais comigo mesma, na minha depressão e na convivência -- perto ou distante -- com outras pessoas com depressão. Espero voltar em breve a falar sobre o assunto. E meu pedido: um depressivo não é alguém que está pedindo por sua ajuda mas é alguém que precisa da sua ajuda.

s2016e01

E começamos mais um ano: season 2016, episode 01.

Na última semana, tive o privilégio de viver cem milhões de sentimentos em um dia, em dois dias, em três dias. Como aquele game que você tanto joga e você não consegue mais ficar no nível fácil, você precisa ir pro mais difícil, só pra saber se vai conseguir ir até o fim.

A vida é meio assim. Não para todos, mas apenas para aqueles corações corajosos. Não podemos dar reset na vida e começar tudo de novo na hora que quisermos. Não podemos amassar o rascunho e começar uma folha nova. Mas podemos -- e devemos -- aproveitar cada situação: boa ou ruim, se esta é a vida que se apresenta diante de nós, de quê adianta fugir, deixar para depois ou mesmo fingir?

Creio que, pela primeira vez em muitos, muitos, muitos anos, eu me perdoei de verdade. Me perdoei pelas expectativas que criei de mim para mim mesma. Me perdoei pela perfeição que exigi de mim mesma. Me perdoei por errar e errar e continuar errando as mesmas coisas, sem saber os motivos, sem saber se havia objetivo, apenas tocando o barco adiante porque esse é o único movimento que as pessoas esperam, mesmo que estejamos nadando de um poço fundo e escuro.

Creio que, pela primeira vez, em muitos e muitos e muitos anos... eu entendi mais e julguei menos. Eu me deixei machucar sem revidar, eu me machuquei a ponto de quase não querer mais viver, eu joguei a toalha por não ter mais forças para lutar contra o meu próprio demônio -- eu mesma. A espiral para o fundo do poço é tão infinita quanto a espiral para sair dele. Os dois caminhos estão sempre diante de você, à sua disposição para você fazer o que quiser.

Não sei do meu futuro e não estou mais preocupada com aquilo que não posso nem nunca pude controlar. Não me preocupo se terei mais amigos que inimigos. Não me preocupo com que esperam de mim. Nada disso... a vida é um eterno jogo de liga pontos. E eu quero apenas continuar unindo pontinhos aparentemente sem conexão alguma e criar algo. Criação. A vida é criação!

A todos os meus leitores deste blogue, antigos ou novos, apenas desejo um ano de 2016 com mudança, reestruturação e coragem... muita coragem, muita ação, muita paixão em suas atitudes, muita força e objetivos concretos. 

Quero estar mais presente aqui, não importa o que esteja escrevendo. Estarei aqui. Firme, forte, feliz, positiva e cheia de ideias e ideais: o que sempre fui e sempre serei!

beijos a todos. Até breve!

Temporário

Como uma lufada de ar morno em uma tarde de primavera: meus olhos semiabertos querem capturar uma certeza. Qualquer certeza. A gota de chuva que rapidamente evapora sobre o asfalto quente. O toque humano que esfria mais rápido do que deveria. Um sorriso que me faz sentir viva por alguns minutos, enquanto o ocre vampiro da depressão me lembra que nunca estarei sozinha neste mundo.

Temporário é o meu desejo. Desejo carnal por uma realidade despida e sem adornos ou perfumes. Desejo carnal por uma pessoa que já fui e nunca mais serei. Desejo carnal para sentir meu sangue em minhas veias. Desejo do não desejo, Sem desejo.

Eu sorrio e me perco em meu próprio sorriso. Me abraço desejando um abraço que não posso sentir. Busco sem desespero o desespero outra vez e minha insanidade  compactua com minha paz. A esquizofrenia em mim que não posso traduzir em palavras. Talvez minha maior loucura. Talvez minha maior lucidez.

Temporária é a minha vida em meio aos transeuntes. Eu sou eles, eles são eu. Se eu tivesse seu abraço por mais de 30 segundos eu sei que seria mais feliz. Mas por sobre meus ombros está a constante lembrança de que a felicidade é uma ilusão que alimentamos com a ração da vaidade e da falsidade. Cacete, só quero ser feliz.

Eu olho para o espelho e vejo uma pele menos vistosa, linhas que se tornam rugas -- mas pelo menos não tenho cabelo branco. Eu olho e fecho os olhos: se não posso ter felicidade, poderia ao menos sentir paz? É a única pergunta que de tanto ser temporária, está ficando permanente.

Como o meu antigo desejo por sentir a paixão correndo em minha veias, animais selvagens retumbando em meu coração pueril: sou jovem ainda? Quanto de mim ainda é meu e o que nunca mais será? Queria menos perguntas e menos respostas, não queria nada.

A vida pode ser temporária mas as perguntas são sempre eternas. Os desejos também. As histórias continuam sendo as mesmas, mudando apenas os personagens. Eu tenho tanta vontade de conversar com alguém mas não tenho ninguém aqui. Quantas vezes (temporárias) tive? Eu queria tanto conversar com alguém e até o reflexo no espelho tem fugido de mim. 

Eu queria tanto conversar com alguém que parei de sentir saudades das melhores conversas que tive. Minhas mãos firmes e meus pensamentos incertos me conduzem durante o silêncio que me cala em mim mesma. Me abraço sozinha no escuro e durmo, esperando que os sonhos tragam qualquer certeza.

Temporária é a minha vida. Um beijo na boca da depressão e outro no rosto da sobriedade. Dois lados ocultos e abertos de mim mesma. Eu e minhas cicatrizes recentes. Eu e meu otimismo insano mesmo à beira da morte iminente. Eu... e eu.

O que é maturidade emocional num relacionamento amoroso?

Pensei em muitas formas de escrever este post. Nenhuma delas deu certo. Talvez falte liga, ou talvez falte até “mais experiências”. Não dá para esperar o ‘momento certo’ de escrever. Talvez alguma coisa esteja me bloqueando e impedindo a fluidez dos pensamentos. Nessas horas... eu penso na poesia. Somente a poesia com suas imagens, semitons e rimas consegue dar forma ao abstrato sem palavras.

Mas não vou escrever um poema, nem conseguiria... Ao contrário disso, vamos dizer que vou compartilhar um pensamento em voz alta.

Lembrei do post (que recentemente foi muito visualizado e muito comentado) As pessoas são estranhas. Na ocasião, me foi perguntado de como é difícil se sentir assim. Não diria que é difícil. Acho que esse é apenas um dos modos como eu vejo e — especialmente — sinto as coisas. Como sempre afirmo: não é mais ou menos certo. É o meu jeito.

Recentemente, me vi diante de um cenário com repertório conhecido. Aquelas mesmas dicas que te apontam para aquelas conclusões que você não quer ter, mas sabe que elas chegarão em breve.

Acredito que todos temos aquele segundo de pensamento quando está diante de uma situação já vivida várias vezes. Você pode escolher seguir, mesmo sabendo como será o final; ou você pode tentar um caminho diferente e crer que, sim, é possível que o final mude.

Mas o final não muda...

Qual é a maturidade emocional das pessoas? Como definir algo tão amplo dentro dos caminhos obscuros da psique humana? E diante de um relacionamento amoroso: como as pessoas se comportam? O que falta? O que sobra?

Já fiz muitas classificações. Conseguia razoavelmente criar listas que indicava mais aqui menos ali. Falando especificamente de casais, eu conseguia prever quanto tempo um casal ficaria junto apenas analisando o comportamento deles. Quanto mais paixão, mais efêmero. Claro, não é uma regra... mas funciona bastante.

Conversando com algumas pessoas e lendo alguns textos, dizem por aí que quanto mais vivemos, mais deveríamos ter autoconhecimento de si mesmo, autoconsciência e empatia pelo outro. Acho que, nesse caso, a regra real nem é o que acabei de dizer mas o contrário.

Conheci pessoas incríveis, altamente humanizadas, cultas, inteligentes... mas quando se trata de relacionamentos amorosos são um verdadeiro fiasco. Lembrei do Walter Riso, autor fantástico que preciso reler. E não são um fiasco porque querem sê-lo! Muito pelo contrário. A pessoa não tem consciência porque acha que está agindo como deveria agir.

Bem, a pessoa de fato está agindo da melhor forma como deve agir. Não devemos julgá-la por isso. No entanto, a partir do momento em que o espaço pessoal for invadido, você tem o direito — ao menos — de decidir se quer continuar com aquela experiência ou educadamente decliná-la. No meu caso, tive de declinar.

Enfim... esta matéria ainda será de muita reflexão para mim, não porque quero chegar a algum lugar, porque sei que não chegarei a lugar nenhum, mas porque penso que é possível dar pistas para um caminho mais claro e mais leve. Acredito que todas as pessoas que te procuram — em qualquer nível que seja — elas precisam de algo de você e, você, delas. Então, se algum caro leitor do blogue quiser comentar algo...

E, para finalizar por ora, o que vocês acham daquelas pessoas que dizem que "gostam de ouvir a verdade"?




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POST EDITADO
Me lembrei de algo que norteou meu pensamentos ao escrever o post acima e que acabei nem comentando. Só fui lembrar graças à frase postada pela Claudia Bertrani: "Amor sem verdade é mera paixão e verdade sem amor é crueldade. (Bion)"

Acho que o nível "maturidade emocional" pode ser claramente medido pelo fogo que vc tem no meio das suas pernas. Isso mesmo, fogo sexual. Acredito que, enquanto isso for a prioridade número 1 para começar um novo relacionamento, vc — de fato — quer estar constantemente apaixonado. Quer sexo a toda prova, quer brigar e reconciliar na cama, quer sexo em todos os lugares e a qualquer hora do dia. Há algo de errado nisso? NÃO! NUNCA!

Mas vc, honestamente, não deve esperar mais do que "9 and half weeks". Maybe less, maybe more. Um relacionamento baseado em paixão dura cerca de 2 a 3 anos no máximo. Eu diria 2. E tem as pesquisas que falam sobre o "hormônio do amor", do quanto somos dependentes dele e de quanto tempo somos capazes de produzi-lo continuamente.

Temos parâmetros muito tortuosos em relação ao amor, hoje em dia, na minha modesta opinião. E aí, não importa vivência, experiência, espiritualidade ou educação. Queremos tudo para ontem, no máximo hoje;  queremos um amor de televisão ou de filme, com tudo perfeito; queremos que o outro seja o que nós sonhamos no nosso mais profundo id maluco. Queremos uma ficção esquizoide em forma de amor romântico cheio de sexo como nos filmes pornôs. E o que somos? E o que temos para oferecer?

Acho que achei o norte deste tema espinhoso. As minhas experiências relatadas foram apenas para mostrar que não sou melhor nem pior. Sou um alguém como vc, em constante mutação e aprendizado. Já vivi a paixão e a irracionalidade. Muito. Demais. Meu conceito de amor nunca vinha dissociado de dor. E, olha, não faz tanto tempo assim, viu?...

Provavelmente escreverei mais. Num próximo post.


La vie d'Adèle -- o azul é a cor mais quente: minhas notas

Esperei uns dias para poder escrever este post que, certamente, não será o melhor, não será o mais completo e não será o mais curtido. É apenas a minha opinião.

Fiz uma boa pesquisa pelo google e li várias críticas, gringas e brasileiras. Das brasileiras, gostei especialmente do blogue Blogueiras Feministas. Contém spoiler mas o considerei o texto mais completo e mais justo. Para quem se interessar, vale a leitura.

Também li Omelete e Rolling Stone que cito como sugestão de leitura. Ademais, digita o nome do filme em francês e vá procurar o que puder encontrar. Além do trailer, claro.

Bom, este post também tem spoiler. Então, se você preferir, veja o filme antes de ler meu post! ;)

***
Eu saí extasiada da sala de cinema, ao fim das três horas de filme (que nem pareceram três horas, afinal). A primeira impressão que ficou foi a de "wow, o 'cinema lésbico' precisava de um filme assim!". Não há peripécias nem tramas complexas no filme. E isso me chamou a atenção, pois tudo é retratado sem a pretensão de se autoexplicar. Por outro lado, é quase um documentário, os primeiros planos, a narrativa quase em primeira pessoa (mas sem narrador), todos os detalhes que captamos na personagem principal, Adèle, que narram os "dois capítulos" da vida dela.

Indubitavelmente, as famigeradas cenas de sexo são fortes. São explícitas. São cruas. Não tem trilha sonora ao fundo. Você ouve os sons. Você vê vários ângulos. Algumas críticas foram justamente sobre a verossimilhança. Bom, pense. Pode fazer sentido. Em uns momentos, parece que a cartilha do kama-sutra para lésbicas está sendo encenado. Mas, me diga, também, onde há regras no sexo? Cada um faz como acha melhor, como gosta mais. E aí quem poderia dizer se o que é mostrado é a realidade? Pode não ser a sua, mas pode ser a de alguém.

Outro ponto levantado é a questão do uso do corpo. Uma das atrizes (a dos cabelos azuis) disse que se sentiu uma prostituta. A outra (Adèle) também chegou a afirmar o mesmo mas depois parece ter voltado atrás. Elas afirmaram que foram dez dias apenas gravando cenas de sexo. Bem... não sou cineasta, não entendo desse mundo, nem poderia me atrever a querer assumir que poderia estar falando a verdade. Pode ter havido exagero? Pode. Pode ser marketing pessoal? Pode. Pode ter sido abusivo? Pode. Tudo pode.

Mas, creio eu que uma atriz ao afirmar que se sentiu uma "prostituta" parece ser meio contraditório em algum momento da interpretação, estou errada? Sei lá, se parece ter havido exagero, e o diretor estava se deleitando com duas mulheres encenando sexo, ao invés de filmar seu longa, é meio esquisito. Eu acho. Uma coisa não exclui a outra, porque acredito que um ator ao fazer uma cena sexual deva sentir algum tipo de prazer. 

Aí a pergunta que faço é: esses movimentos feministas estão errados nas suas críticas? Acho simplesmente que é complicado você querer criticar um filme por causa de cenas isoladas. Acho injusto. Em algum lugar, li uma lista de filmes com cenas de sexo (quase) explícito e de forte apelo visual. Cinema é uma arte. Você cria algo com um propósito que pode ser, também, causar esse incômodo. Tirar as pessoas de seu conforto.

O filme narra dois capítulos da vida de Adèle, conforme diz o próprio título. É uma adolescente se descobrindo sexualmente. "Me falta alguma coisa que eu não sei o que é". E ela parece se sentir completa quando se apaixona pela menina de cabelos azuis. É paixão à primeira vista, fulminante. Alguém se lembra da primeira paixão fulminante que teve? O que você fez? O que as pessoas costumam ser/fazer quando se apaixonam fulminantemente?

A proposta do diretor é mostrar um retrato real de uma menina que se apaixonou, viveu sua paixão, errou e ainda não sabe o que fazer com o sentimento que carrega dentro de si. Nesse ponto, compartilho a crítica que li e mais gostei, a do Inácio Araújo (FSP). Um trecho de seu texto diz: "A relação do cinema com a realidade, desde os anos 80 do século passado, tornou-se progressivamente mais tênue. Parece que cada vez menos os cineastas conseguem captar o óbvio: o corpo humano, seus sorrisos, sua batalha para descobrir sua própria medida, sua estatura. O que há de fascinante neste Azul-Kechiche é a veemência com que o autor, mais uma vez, afirma sua modéstia diante de suas personagens, como lhes permite, e ao mundo que habitam, se manifestarem na tela e irradiarem no espírito dos espectadores."

Altamente indicado. Para ser visto e revisto e revisto. E a atriz principal, a sagitariana Adèle Exarchopoulos, além de ser linda, tem o olhar mais pisciano que já consegui ver em um ator. Afirmo categoricamente que a personagem que ela interpreta é uma pisciana... meio irresponsável, ingênua e livre. Livre para testar, descobrir, aprender, se perder e se reencontrar.

Talvez, o que seja mais desconcertante para a maioria dos espectadores, é ver muito de nós na personagem de Adèle, mas não termos consciência o suficiente para admitir e compreender. Okay, observação minha! Mas... vá ver o filme. Só não faça como o funcionário do Espaço Itaú (Augusta) que entrou na sala só para ver a cena de sexo. Shame on you! É uma ofensa para o filme e para dos deuses do cinema. ;D

Diversos

Quase fim de abril! Tanta coisa acontecendo! 

Eu fiquei com essa ideia de escrever sobre "como ser do contra nos dias de hoje". Mas o post veio e foi. Não deu tempo de sentar, desenvolver o pensamento. Parecia quase uma poesia em forma de narrativa. Bom... deixa pra lá. Não estou chateada, ao contrário!

Sexta-feira passada me encontrei com a Nilce -- uma garota maravilhosa. Nossa amizade já está quase indo para dez anos! Como assim? Foi outro dia que ela foi minha estagiária, primeiro emprego em editora, Crisão aqui que era uma outra pessoa quase impossível de reconhecer hoje em dia. Pois é. Nilce, este post é dedicado para você.

Conversamos mais sobre mim do que sobre as duas. Um próximo encontro será marcado em breve para corrigir isso. Enquanto isso, ela trouxe duas reflexões muito interessantes sobre o que está acontecendo comigo. Sua visão é ainda mais especial porque ela está totalmente de fora de tudo que está acontecendo e seu olhar está bem isento de julgamento.

Primeiro: ela disse que as coisas na minha vida estão acontecendo apenas para ver a que ponto de minha maturidade profissional eu cheguei. É como uma "coroação" de tudo que já experimentei e que, hoje em dia, posso me dar "ao luxo" de dizer: "ah. Isso? Não é nada. Já vivi situações bem mais extremas." 

Segundo: fica quem tem que ficar, vai quem precisa ir, entra quem merece entrar. A respeito de quê? Amores, amigos, colegas. Sim... ela está certíssima. 

Ao longo deste anos, quanta gente conheci. Adoro conhecer pessoas novas, é sempre uma oportunidade de compartilhar um mundo inteiro e complexo. Isso pode ser engrandecedor ou não, mas sempre é uma experiência! Somos seres em constante necessidade de experimentação, certo? Pelo menos, eu acho.

Confesso que andei -- e ainda ando! -- bastante cansada de tudo que andei vivendo nos últimos dois, três anos de minha vida. As experiências foram frustrantes, amargas. Tirar lições de tanta dor não foi fácil. Pessoas indecisas, pessoas ingratas, pessoas traidoras, pessoas falsas. Ainda estou meio que no olho desse furacão, quase saindo dele, mas ainda nele... Mas não estou com ódio. Não estou com raiva. Ele apenas indo embora.

Por isso, decidi retomar -- aos poucos -- contato com pessoas que deixaram saudade. E as que apenas estão por estar... essas sairão. E eu não precisarei me esforçar. Este é o movimento agora: conhecer pessoas novas, retomar contato com algumas pouquíssimas que deixaram saudade e deixar o que PRECISA IR, simplesmente ir embora.

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Neste último finde, assisti ao meu novo dvd adquirido: "White Palace" ou "Loucos de Paixão" com a belíssima Susan Sarandon e James Spader. Lembro que esse foi um filme que marcou a minha adolescência. Nunca mais tive a oportunidade de rever o filme. Revi. Meu Deus... estou encantada em grau máximo com a libriana da Susan Sarandon!!!

Não tenho palavras para descrever o que foi ver a sua atuação. Lembrei dos outros filmes que vi dela: Thelma e Louise, Fome de Viver, Anjo de Vidro. Nem 1% de toda a filmografia. Nunca me chamou a atenção. Só sei que, agora, quero poder ver todos os filmes que conseguir assistir. Vou comprar o filme que lhe rendeu o Oscar de melhor atriz "Os últimos passos de um homem".

Susan Sarandon é um libriana (com todo o resto do mapa em capricórnio e escorpião, medo!). Belíssimos olhos grandes. E eu me pego pensando que preciso escrever um post sobre as atrizes do signo de ar. Impressionante como as admiro!

Isabella Taviani e Melissa Etheridge

Uma coisa que esqueci de escrever no post sobre o show de Isabella Taviani foi que a o visual careca mais a energia irradiante me lembraram Melissa Etheridge cantando "Piece of my heart" na cerimônia do Grammy em 2005. Para quem não conhece, essa performance é... uma reencarnação de Janis Joplin sob o olhar de Melissa Etheridge: lindo, intenso, perfeito, perfeito, perfeito!

A careca de Melissa foi porque ela se curava de um câncer de mama. Li várias entrevistas dela contando como foi superar a doença. Ela engordou e ficou careca e adorou o novo look. Vi algumas apresentações desse período e parecia que ela estava com uma felicidade (mais do que ela já demonstra em shows) acima da média. Era a vida pulsante que transbordava dela...

Claro, guardamos as devidas proporções das comparações, porque são contextos totalmente opostos. Mas tem as semelhanças... primeiro que eu conheci -- de verdade -- Melissa Etheridge por causa da Isabella Taviani. Ainda não consegui ouvir toda a gigante discografia da ME, mas é clara a inspiração que IT buscou. Pelas letras tão de amor e de perda tão contundentes. Pelo jeito intenso e passional de cantar...

Então, eis que IT sobe no palco em Rio das Ostras, cantando, pulando, gritando... com aquela mesma vida pulsante transbordando de alegria e energia e eu via porque eu gosto TANTO dessas duas cantoras! E eu via porque escutar as músicas das duas me faz tão bem. E porque eu quero sempre me inspirar nelas para manter -- também -- essa vida pulsante de alegria e paixão dentro de mim!




Retrospectiva 2 - Isabella Taviani

Quem acompanha este blogue, sabe da minha paixão por essa cantora carioca. Dispensa mais comentários, certo?

Este foi um ano especial. Mais do que especial: único. Único para a fã que eu sou e me propus a ser. Como sempre disse por aqui, desde quando a conheci, eu sabia que queria estar próxima, ir a todos os shows, saber todas as músicas de cor, ter as minhas favoritas, prestigiar, divulgar, defender.

Este foi o ano das lágrimas nos shows... lágrimas compartilhadas de alegria, de tristeza, de intensa emoção. De "Pontos Cardeais", de show em Niterói, de show em BSB... ah!

Mas uma coisa que não previ era como essa dinâmica iria ser desenvolvida e como cresceria. Então, fiz apenas o que achei que estava ao meu alcance: tirar fotos, ir aos shows e escrever relatos neste blogue -- que se não é um blogue exclusivo sobre ela -- acabou se tornando um assunto sempre presente! E isso tomou proporções tão boas! Porque é muito bom compartilhar essa energia boa com pessoas que conseguiram reconhecê-la. Eu não faço nada para causar inveja alheia (mesmo sabendo que a inveja é inevitável nesses casos) nem faço para mostrar que sou especial ou exclusiva para a Isabella. Eu faço com o coração e faço porque acho que é o que eu posso fazer.

Às vezes me pego pensando se eu queria ter uma toalha suada de fim de show... rs ou uma mera palheta (tantas fãs delas têm coleções infinitas! rs). Um setlist arrancado do palco. Sei lá... para mim isso é tão importante quanto ser reconhecida por ela lá do palco, o abraço carinhoso no camarim -- que ela sempre atende a cada um dos seus fãs com o mesmo amor e respeito, mesmo em um dia ruim, mesmo sem infraestrutura, mesmo cansada --, os presentes que eu dou para ela, cada um deles com um significado específico, para o momento específico. Isso é importante para mim.

Acho que o mais importante é respeitar o artista e separá-lo -- na medida do possível -- da pessoa particular. Respeitar a sua privacidade, o seu momento pessoal. Compartilhar de sua alegria, quando tiver de ser. Ter as histórias pessoais com o artista e não fazer fofoca ou autopropaganda disso. E isso não é egoísmo, é apenas preservar. E é assim que eu me sinto com essa artista que admiro muito: respeito, amor e preservação. Acho que ela já sabe disso tudo, mas se não souber, fique sabendo agora: que esse "fio imaginário" que une você a cada um de seus fãs e que une você a mim se fortaleça nesse respeito, amor e preservação que eu tenho por você.

Porque mesmo que eu não seja a fã que ficará no batidão e 'no desce ao chão' no fim do show (risadas boas aqui...) eu estarei ali no meu cantinho. Te filmando e escrevendo mais uma página no meu livro (e quem sabe seu, também? rs) livro de memórias. Que venha 2012, "Eu, raio-x" e todas as alegrias desse seu coração que nunca quis viver batendo devagar. Eu (e falo por todas as fãs, também) estarei eternamente com você.

"O amor e a vida" - Isabella Taviani e Mário Lago

Os dias andam rápidos, cansativos... mas cheios de uma emoção única. Alegrias infindáveis ocorrendo em minha vida. Cair a ilusão que eu mesma criei. Terminar o ano encarando -- mais uma vez -- meus próprios defeitos, tentar consertá-los. Ver algumas pessoas como elas realmente são, aceitá-las com o que elas têm para oferecer, simplesmente. Errar... acertar. Viver... sempre!

Esta citação do Mário Lago que achei fazendo outras pesquisas agora é meu lema de vida:
"Fiz o que quis e fiz com paixão. Se a paixão estava errada, paciência. Não fiquei vendo a vida passar, sempre acompanhei o desfile."

Uma frase cheia de impacto que coroa com louvor minha atual fase. Fase de autorreconhecimento de quem sempre fui e sempre serei. Coisas que posso -- e devo mudar. Coisas que NUNCA mudarei. Como disse uma amiga "Crisantemus Volcanus... é você, esqueceu?" Não, não esqueci. Eu tentei mudar o que não posso mudar. Este foi um dos maiores erros cometidos, recentemente. O outro foi viajar na maionese das minhas paixões... mas isso é capítulo para outro dia!

Aí, vem Isabella Taviani compartilhar a parceria dela com Mário Lago, feita especialmente para o show da UERJ (que eu não pude comparecer! grrr...). O poema lido solitariamente tem uma energia. Mas... ao musicá-lo... ah! aaaaah! Fiquei sem respirar. A verdadeira emoção IT foi acoplada ao poema de maneira vigorosa... e rendeu uma música.. que só ouvindo para compreender. Se é que dá para compreender!

Claro, tudo é momento. Acho que, talvez, eu e IT tenhamos um fio mútuo de momento parecido. Para muitas pessoas, a música é apenas outra música de amor. Para mim? A canção já começa dizendo a que veio. Depois, no piano... intimista. Depois, bateria crescente. Entra guitarra, entra as emoções fundidas à letra, à interpretação tão Isabella... e observem o vídeo, ela canta de olhos fechados. Não é uma viagem interna nos sentimentos conturbados, sem explicações?

Eu já vi IT cantando e ter diversas emoções. Já a vi chorar ao vivo, sentir raiva, alívio, alegria... mas, como ela mesma disse, esta foi diferente. E, ao final, quando ela olha pra banda... a gente entende um pouco isso que ela quis dizer.

Fique com a letra e o vídeo. Lindo, não apenas para fãs, tenha certeza.





Mais de um amor numa vida
É muito fácil de ter
A dor de amor é esquecida
Talvez nem chegue a doer
Mesmo se o fim é tristeza
Vazio no coração
No fim só fica a beleza
De uma bonita paixão
E embora o amor destruído
E o tanto que se sofreu
O tempo não foi perdido
A gente é que se perdeu

Melissa Etheridge - Company

De uns tempos (bastante tempo, aliás!), venho pensando nas pessoas que entraram e saíram da minha vida. Tantas pessoas, tantas circunstâncias. Exagerei no poder da palavra, exagerei no conhecimento e uso da Astrologia, exagerei no falso correto julgamento que achei que poderia fazer. Exagerei em muita coisa.

Ao mesmo tempo, tenho saboreado tantos novos sabores e temperos... que me pergunto constantemente qual é o real limite naquela velha frase: "melhor ser ignorante ou saber a resposta de todas as perguntas?".

Vou confessar uma coisa aqui: sabe do que sinto falta? Sinto falta de conhecer uma pessoa e me sentir tão instigada por ela, que eu seria capaz de fazer um revolução ao seu lado. Uma pessoa apaixonante! Não é amor, não é paixão, não é sexo... é uma conexão eletrizante, de pura energia e coincidência conectadas, sabe? Alguma vez na vida, todos nós sentimos isso.

E faz tempo, sabe, faz muito tempo que eu sinto falta dessa conexão que me arrepie e me surpreenda. Mas deve ser período, deve ser carma, deve ser essa nova pessoa que sou agora. Ironicamente, mais aberta e mais compreensível e, na mesma medida, mais sozinha.

As pessoas tornam-se tão previsíveis... tão egoisticamente previsíveis e tão ironicamente rasas... um racionalismo que se traduz assim: paralelas que nunca se cruzam.

Trilha sonora de hoje, Melissa Etheridge.

O sem-parâmetro como parâmetro

Como tinha postado anteriormente, deixei um gancho para falar da ausência de parâmetros como parâmetro. Vou explicar onde tenho visto essa regra imperar e, como consequência, presentear seus afiliados com a mais ampla gama de experiências. Falo de relacionamentos amorosos.

Há quem defenda a liberdade total nessa delicada área da vida de qualquer um. Não deixo de entender os motivos. Veja: se você for um franco atirador, amar é um definitivamente um ato livre! Você pode amar em todos os níveis -- da paixão absoluta ao amor menor (existe isso? Eu acho que sim!), e experimentar as mais diferentes sensações. Conheço -- E MUITA -- gente adepta dessa prática.

Por outro lado, há quem defenda o critério meticuloso como maneira de se relacionar com alguém. Conheço pessoas que decidem que detalhes pequenos servem para decidir a inviabilidade de uma experiência a dois. Também conheço MUITA gente adepta desse estilo. Dificuldades com o português, uma certa higiene aqui e ali, um tic nervoso: tudo isso pode vir a ser motivo para o total descarte de um pretendente. Também entendo esse pensamento porque, durante muitos anos, foi o meu fio-condutor para a minha vida amorosa.

Mas, vejamos a simplicidade da coisa: extremismos não servem nem mais no Oriente Médio, quem dirá na vida amorosa do ser humano? Sou contra a liberdade total -- caiu na rede é peixe; e também sou contra excluir alguém porque a pessoa esqueceu de colocar crase num verbo bitransitivo e troca uns 's' às vezes. Isso tudo parece hilário, mas acontece demais na vida real!

O que me fez pensar no texto desse post foi que, em um período curtíssimo de tempo, presenciei -- em diversos meios de comunicação -- a defesa quase nervosa do sem-parâmetro como parâmetro. É quase neguinho apontando o dedo na sua cara porque você pode ser meio indeciso ou meio seletivo demais. Ou é neguinho dando conselho sem ninguém ter pedido. As pessoas gostam demais de se meter na vida das outras... o que me fez pensar o seguinte: não está fazendo mal, então não pode ser tão ruim assim, né?

Não. Não acho. Não gosto de ninguém apontando dedo na cara de ninguém, principalmente um defensor do sem-parâmetro querendo fazer descer goela abaixo um parâmetro. É quase um silogismo? Não sei, também. Só sei que vou compartilhar o seguinte (numa tênue defesa dos criteriosos em relação ao franco-atiradores): até o momento, não conheço UM EXEMPLO sequer de uma pessoa REALIZADA que pegava ou amava o primeiro que aparecia na frente. Por um tempo, até parece excitante a aventura do sem-limites. Mas, longe de moralismos (quem me conhece, sabe bem disso), o qeu vejo é um coração esburacado pelo tempo.

Esses que amam indiscriminadamente são carentes disfarçados. Porque disfarçam sua carência na ampla abertura de amar quem estiver disponível. Porque disfarçam sua sensibilidade em sua agressividade. E porque, com o tempo, vão espalhando aos quatro ventos que não restam esperanças, depois de uma vida inteira tentando, tentando... e nada conseguindo. Porque, sim, a pessoa mesmo atirando pra todos os lados, continua sozinha e solitária. Com sorte, não estará muito amarga.

Assim, basicamente o que quis dizer com o post de anteontem foi: os sem-parâmetros querendo comprovar seu parâmetro (e ponto de vista) pra mim, é totalmente furada. Desconfio demais e não ouço conselhos mesmo! Por outro lado, como disse antes, sem extremismos. Ou dá tudo ou não dá nada, não dá. E, somente cá entre nós, eu confesso que gosto de certas regras, certos requisitos, ainda mais no campo amoroso. Para uns, o coração é uma estrada livre e perdida. Para você?...

Uma reflexão sobre o amor platônico

"Pior que perder um amor platônico é perder as amizades que esse mesmo amor causou..." 

Já falei algumas vezes aqui sobre amor platônico. Triste assumir, mas confesso que sou versada nesse assunto. No final de 2009, eu escrevi o seguinte post: Amores platônicos: ilusão ou idealismo? Àquela época (e a gente sempre pensa isso...) eu supunha que já tinha visto de tudo no assunto que tange amores platônicos. Nada como viver e ir vivendo e aprender certas coisas...

O que vou contar aqui é um exemplo de algo que vivi e que tenho presenciado ao meu redor. Espero que o relato não ofenda a ninguém (do passado ou do presente). Trata-se, apenas, de análise empírica, sem ofensas pessoais, certo?

O amor platônico que citei no post de cima era mais puro, mais imaginado mesmo. Do tipo que um mínimo de contato físico e presença física eram necessários. O amor platônico pode, a partir desse estágio, partir para uma necessidade maior, visto que como não pode ser realizado (e por isso é platônico...). Nesse caso, o objeto amado (que pode ou não saber desse amor) precisa ser constantemente visto, conversado, tocado (como amigo, claro), abraçado, qualquer coisa que satisfaça o desejo interno que é de coisas mais sérias e "proibidas".

Vivi algumas situações assim com amigas minhas, que obviamente não vou citar nomes, elas sabem! Sim, sabem. Aí fica o conflito moral e ético, que numa conversa com a querida Maria Pia, foi trazido à tona: um amor platônico é idealizado, certo? Certo. Mas a partir do momento em que há convívio diário (ou quase assim) ele continua idealizado? Não. Segunda pergunta: não é óbvio que a outra parte que é amada desconfia minimamente de algo? Ou, pior, ela pode saber! Nesse caso, como fica? Mais complicado é se a outra parte for -- num amor platônico lésbico -- heterossexual e casada. Ainda assim é complicado se a outra parte for lésbica e casada. Porque o amor platônico toma esses "ares proibidos", que podem ser muito interessantes para muita gente...

Eu digo que já vivi essas duas situações. Não é legal. Não é nada bom estar apaixonado por uma mulher heterossexual/lésbica casada. Mas aí Maria Pia me compartilhou um caso de uma  garota que tem seu amor platônico assumido, mas que não deixa de viver outros romances por isso. Muito admirável e corajoso isso! Porque ela joga limpo com a única pessoa com quem ela deve jogar limpo: ela mesma. Aí entramos não num conflito ético, mas num conflito de autoestima.

Quanta autoestima tem uma pessoa que vive uma situação assim? Podemos pensar nos casos de pessoas extremamente tímidas ou talvez as extremamente mal-resolvidas que precisam pisar em ovos bem podres para aprender a viver. Faz parte da vida. E pode surpreeender muito aquela pessoa que, por fora, parece um universo inteiro de audácia, coragem e maturidade... mas na verdade é uma carente emocional, cheia de rupturas, imaturidade e baixa estima.

Todos nós já passamos por essas fases alguma vez na vida. Há quem tenha algum capricho no ego, mas duvido que ninguém nunca tenha vivido isso antes. Assim caímos e aprendemos, saboreamos o amargo para tentar saber como pode ser o doce. Porém -- e ressalto o porém -- o que nos distingue é a nossa capacidade de saber o que fazer diante disso. O eterno livre-arbítrio que, para muitos, é um verdadeiro fardo, enquanto para outros é uma excelente ferramenta de vida.

Levanto uma última questão: o que acontece quando a outra pessoa sabe que você é apaixonada por ela? Por uma coisa é você estar apaixonada por alguém proibido e fazer tudo para estar perto. A outra coisa -- e talvez mais grave -- é essa parte ter ciência disso e, ao invés de cortar, dar corda. Qual é o conflito envolvido nisso? Todos, na minha opinião!!! Teremos duas pessoas com baixa estima, vivendo um jogo perigoso de sedução semi-assumida, simplesmente para ter o ego inflado? Porque -- é verdade -- o objeto desejado ADORA estar num pedestal vendo o outro se matar para fazer qualquer coisa. Entre mulheres, isso me parece ainda mais acentuado.

Tem certo e errado nesta história? Não gosto de colocar as coisas assim. O que eu penso -- como eterna defensora do livre-arbítrio -- que você pode fazer o que quiser com a sua vida. E você pode fazer o que você quiser com aquela pessoa que aceitar o que você tiver para oferecer. O problema é envolver pessoas que não tem nada a ver com a história. Pessoas que sequer sabem da história e sofrerão as consequências das atitudes decididas individualmente.

Eu prefiro não julgar quem brinca com sentimentos alheios, mas quero essas pessoas bem longe de mim. Porque não consigo entender quem mente em público, porque a pior mentira é para si mesmo. Uma pessoa que ama platonicamente assim vai dormir todas as noites sozinha, pensando em fatos que poderiam ser, em uma vida inteira que poderia ser feita, mas que é desperdiçada num tempo verbal e em imaginação. Uma pessoa que alimenta a paixão platônica de alguém, dorme acompanhada, talvez com um mínimo de consciência, mas covarde para tomar as atitudes necessárias de corte da relação, porque preza uma suposta amizade (que apenas em raros casos existe). Na verdade, preza ter uma pessoa a seus pés que louva a sua existência, simplesmente por ela existir. É de fazer bem para o ego de qualquer um, certo?

Na minha vida pessoal, descartei a vida platônica faz muito tempo. Agora, espero, na vida exterior que observo, que estragos mínimos aconteçam, porque estrago já tem. E espero, de coração, que as pessoas apenas aprendam o seguinte: todos nós merecemos o melhor, em todos os campos de nossa vida. Não metade, não 1/24, não o ínfimo. Apenas o melhor. E, nesse caso, o amor platônico não serve para nada. Mas como disse, cada um tem seu livre-arbítrio para escolher o que tiver de escolher. Que assim seja!

Casamento, términos e afins

Começo com este vídeo do mais recente álbum de Melissa Etheridge:


Tenho pensado, faz algum tempo, sobre casamento. Porque eu sempre acho triste quando vejo um casamento terminar. Não aqueles que se fazem e se terminam no calor e no tempo de uma paixão. Esses são como chuva de verão... vem para fazer barulho, fazer calor e ir embora. Mas um casamento de verdade -- aquele que se propõe de verdade a sê-lo -- é um misto tão complexo de emoções quanto a gama de sentimentos humanos é capaz de abarcar... e eu confesso aqui que ainda tento, por necessidade minha, explicar.

Eu acho que ainda carrego a ideia que aprendi dos meus pais (e que nem sempre pode ser boa... dependendo dos pais) de que casamento é para sempre. A ideia humana de tempo perene é, no mínimo, ingênua. Um para sempre pode ser de 15 segundos como o de uma vida inteira. Quem pode ser capaz de medi-lo?

Desde muito cedo eu busco o casamento perfeito. Quando estive quase perto de considerar algum assim, eu via a realidade e mudava de ideia. E nessa sucessão de fatos e constatações eu fui indo, sem saber classificar ou entender esse "contrato" maior que é o casamento (como muita gente define).

Não gosto de pensar no casamento como um negócio, por mais até que possa parecer. Sou canceriana demais para insistir nesse erro. E sou romântica demais para pôr planilhas em tudo e balancetes e fingir que o sentimento de duas pessoas possa ser medido assim, com lucros e dividendos.

Eu defendo que o casamento é, acima de tudo, companheirismo. É o amor de amigo elevado a outra potência, a outra intimidade. É aquela pessoa com quem você pode contar, quando não tiver mais ninguém perto. É o carinho que você quer compartilhar numa noite (ou em sucessões de noites). São as risadas das coisas esdrúxulas. É a certeza de que não importa quantos problemas você tenha, porque o seu companheiro estará lá para te apoiar incondicionalmente.

É, também, liberdade para cada um gostar de coisas diferentes e ambos ganharem ao compartilharem isso. É liberdade para ser independente o que não significa libertinagem. É admiração mútua. É continuar admirando mesmo com o passar do tempo e com as mudanças inexoráveis que cada ser humano tem. É respeitar o mau-humor. É gostar do silêncio que se faz e não vê-lo como um incômodo. É amar o todo e amar os detalhes.

Por isso, todas as vezes que vejo um casamento terminando, eu fico me imaginando onde será que deu errado? As duas pessoas mudaram tanto assim que o tempo não conseguiu suportar ao tempo? Tem pessoas que nascem para casar, outras pessoas nascem apenas para viver algum tempo. Tudo é condicionado com o nascimento? Claro que não, mas para mim, os perfis podem ser definidos genericamente assim.

Será que o casamento não deu certo porque simplesmente não era para dar certo? O que será mais teimoso? A crença ou a própria teimosia em si? Não sei. Eu sei que eu tenho um olho clínico para prever se um namoro/casamento vai dar certo ou não e por quanto tempo vai durar. Errei em poucas vezes... bênção ou maldição, fato é que me surpreendo. E, ultimamente, tenho me surpreendido para a tristeza de saber que casamentos que até achei que durariam a vida inteira... simplesmente terminam. Mesmo sem eu nunca saber qual o motivo... às vezes, nada tem motivo e, em muitas vezes, nem era casamento de verdade para ter motivo.

"I know you're in pain. Your pain is my pain. I have felt it inside. Don't worry don't be like this, everything is gonna be alright."