Há tanto tempo
que eu não escrevo decentemente neste blogue. Há tanto tempo que eu venho me
sentindo sozinha, perdida, sem bússola, sem óculos, sem mapa ou gps... uma
desconfortável sensação de que a vida perdeu todo o sentido.
Quantos de
nós não se sentem assim em algum momento de sua vida?
Os motivos
podem ser diversos... se você se compara com as pessoas ao seu redor, e o seu
parâmetro simplesmente se torna o que os outros estão fazendo com suas vidas,
você simplesmente vende sua alma. Nada exterior ao que está dentro do seu
coração deve ser parâmetro para nenhuma decisão em sua vida.
Mas quem
disse que as coisas funcionam simples assim? Deveriam, né? Porém... A realidade é
bem mais radical.
Hoje, estou
começando a olhar para a minha vida de forma mais ampla e mais amorosa. Algo
que não fazia há muitos anos. Mais de três, diria. Não vou esmiuçar o que eu
fiz. Apenas digo que depois de tantas brumas, estou finalmente vendo a velha
estrada que sempre foi minha e que nunca saiu da minha frente.
É o processo
pessoal de cada um. É o objetivo de cada um. Creio que, no fundo, todos
tenhamos o mesmo objetivo... apenas escolhemos caminhos distintos. Formas
diversas de chegar lá. E aprendemos... de alguma forma, na dor ou no amor,
aprendemos.
Eu precisei
me afastar de muita coisa que me incomodava. Obviamente, o incômodo do exterior
apenas era uma materialização de como eu estava me sentindo por dentro... e não
sabia o que fazer para silenciar. Quer dizer... sabia. Mas não admitia. Eu
precisei levar tudo até os limites e, no atual momento de minha vida, estou
vivendo com as consequências de minhas escolhas radicais. Creio que não me
arrependo de nada... apenas acho que poderia ter feito diferente. Pois, nesse
processo, perdi muito... também ganhei, claro. Mas, como todo mundo tem me
dito: o que vai é porque precisava ir e o que ficou é porque tinha de ficar.
Com tudo
isso, não quer dizer que voltarei a ser o que era antes. Isso é impossível e
uma grande utopia que muitos de nós perseguem sem saber. Não podemos permanecer
estáticos ou mesmo pausados. Isso é um sonho – na verdade um grande pesadelo –
que nunca deveríamos tomar como o melhor caminho. Mas fazemos.
Agora, o que
eu vejo disso tudo é que, de fato, eu não perdi nada. Não perdemos um amigo, um
emprego, nosso idealismo, nossa bondade ou nossa fé – algo que eu vinha
vociferando em alto e bom tom. Nem é teste da vida para saber se você é forte o
suficiente para aguentar o tranco. É a vida... o movimento da vida. Que passa
por sua vida... como ciclos de aprendizado e evolução. Simples assim.
Eu estou me
perdoando, de coração puro, como há anos não me perdoava... e isso tem um
incrível poder terapêutico que vocês não têm ideia!!! Porque se autoperdoar
pressupõe que você aceita todas as merdas que fez na vida. Que você é um ser
humano falível. Que errar porque você teve fé não quer dizer que você perde sua
fé. O amor e a luz que existem no seu coração não se apagam ou diminuem por
isso. As situações na vida não são um jogo de ganhar e perder, de vencedores e
derrotados, de bons e ruins, de exemplos e renegados. Todos alternamos esses
papéis, todos acertamos e todos erramos.
Foi me dado
um precioso tempo para eu fazer o que quiser com ele. E eu espero poder fazer
jus a esse presente corrigindo amorosamente a minha autoexigência (que eu
sempre vi com bons olhos mas que, hoje em dia, vejo como algo que pode ser
melhor modulado) como foco no amor e na ação.
Desculpem se
escrevi demais... mas me emocionei ao longo desse texto, que veio assim: de
supetão mas com uma força e uma pureza incrível! Ele precisa sair de mim. E
saiu.
Obrigada ao
Universo. Obrigada aos meus anjos da guarda.
Obrigada às
pessoas especiais que mesmo no olho do furacão nunca saíram do meu lado.