De tanto pular dentro de mim, ainda agora não sei mais o que é superfície.
Esqueça os livros, as músicas, os filmes e as reflexões. Esqueça os amigos intelectuais ou falso-intelectuais.
Um dia eu desejei ter o conhecimento dos livros, hoje me sinto presa e afundada com a minha caixa de Pandora nas mãos sem saber mais o que fazer. No meu único desespero, apenas empino o nariz pra fora, pressupondo que vai me aliviar. Agora não alivia mais.
Quero a liberdade de não saber o que sei, de não ver o que vejo. Ser ignorante, como a mais pura das bênçãos.
Pobre deste ser humano que vive sua vida pensando que suporta o peso de ser quem é. Ninguém suporta. Apenas nos viciamos em propósitos elevados para enganar ninguém além de nós mesmos.
Puro ácido. E de tanto injetar assim em mim mesma, agora minhas veias são estradas sem túneis, sem asfalto, sem nada.
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Música de hoje: Strangers when we meet.