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Sem título

Estou aqui, diante do monitor, esta tela branca esperando ser preenchida.

Confesso: já tive mais vontade de escrever. Já tive mais sobre o que escrever. Já tive sobre o quê julgar. Poetizar. Reclamar. Agradecer. Compartilhar.

Minha vida é uma mistura de montanha russa com roda gigante. Um gosto agridoce de fundo indecifrável. Intragável. Mas eu sou curiosa.

Eu acho que já quis ser tanta coisa... quem não quer? Quem não tem esses sonhos incríveis, tão perfeitos... apenas esperando serem realizados.

Não sei o que quero ser agora. Estou sendo bem sincera. A estrada está lá. O veículo condutor também está lá. A companhia está lá. Tudo está lá. Mas, que merda, nunca está perfeito.

Amanhã completará um mês que fui dispensada do meu emprego. Pouco mais de dois meses que meu namoro terminou. Um mês sabático. Quando temos mais tempo de sobra... parece que a loucura se sobressai. Não dizem que mente vazia é a oficina do diabo?

Acho que já fui mais filósofa. Acho que já fui mais poeta. Acho que já fui mais eu mesma.

Ultimamente -- que na verdade já chega perto de uns três anos -- eu percebi um movimento na minha vida. Uns dizem que está tudo escrito no mapa astral, outros dizem que são coisas que atraímos. Outros dizem que pode ser carma. Destino? Não sei. Mas sei que há algum tempo que eu vejo uma relação de amor e ódio com pessoas e grupos de pessoas. Preciso delas, porque gosto de fazer parte delas. Mas odeio elas, odeio pessoas e grupos de pessoas por tudo que há de mais intrínseco nelas: o grupo, a competição, a idolatria, a veneração, a subjugação. O poder que se doa e o domínio de um sobre muitos.

Eu também sofri decepções irrecuperáveis em diversas situações que não esperava viver. Tanto tempo depois, a dor principal se foi no entanto... ainda há a ferida. Ainda há o resto, a sombra de um sentimento que nunca se apagará.

O amanhã e o depois de amanhã... o tempo dirá. Talvez seja possível recuperar o irrecuperável. Talvez seja possível tanta coisa. Passar a vida inteira tendo seu idealismo testado a duras provas e, ainda assim, continuar sorrindo e acreditando: tem outra coisa para fazer?