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E num piscar de olhos... 2024 se foi!

Se foi.

Voou.

Repleto de histórias. Reflexões. Pensamentos. E eles — muitos aprendizados!

Cá estava eu olhando as conversas arquivadas no WhatsApp. Olhando aquela lista com fotos de todas as mulheres com quem conversei e que, por algum motivo, a conversa não foi pra frente. E não ficou um tchau, um ponto final, uma última conversa. Não ficou nem o ghosting. Não ficou nada.

O que ficou?

O que fica?

Olhando para os nomes, para as fotos, para as conversas que ficaram paradas em um capítulo não finalizado, fico reflexiva. Dezembro é um mês de reflexão naturalmente para mim. Com a proximidade do Natal e do Ano Novo, eu fecho para balanço e penso no que quero para o meu futuro.

Mas foi inevitável uma sensação sem palavras ao ver tantas fotos. Porque houve um desejo genuíno de construir uma conexão. Eu não converso com as pessoas levianamente, ainda mais quando a gente se propõe a iniciar um contato através de um app. A maioria majoritária das pessoas pode desejar assim mas eu não. Sempre há um investimento de tempo, energia, mente, coração.

Acho que nunca esteve tão difícil fazer novos contatos.

Quando você escolhe determinados caminhos pessoais, quando você conhece alguém que trilha uma outra estrada completamente distinta... ela vai continuar ali. E você vai continuar aonde você está. E, no fim, tudo estará bem, porque tudo está como tem de estar. Não há determinismo. Não há destino. Não há acaso.

É sempre a gente que tenta fazer caber algo que não é para estar ali.

Mas, a despeito disso, para mim fica sempre a sensação de que "poderia ser diferente".  2023/2024 foram anos marcados pela entrada provisória de muita gente nova. Ainda sinto a ânsia de fazer bons contatos ao mesmo tempo que sinto uma imensa preguiça e cansaço para mantê-los. Essa ambiguidade por vezes me cansa... Porque vivo em um limiar ambíguo. E, ao final, afinal, tudo continua a mesma coisa.

Uma hora apagarei esses contatos em definitivo. Mas o fato de não tê-los apagado é porque ainda resta um restinho de sentimento que eu gostaria que tivesse sido um pouco diferente. Há os contatos apagados, deletados, bloqueados e que também continuam em minhas lembranças e, ocasionalmente, eu penso nessas pessoas. 

Uma coisa boa deste ano é que adentrei fundo em meu inconsciente. Era chegada a hora de limpar o porão. E você sempre se surpreende como sempre tem coisa pra jogar fora! Porque sempre tem.

Também estou aprofundando ainda mais meus estudos com a Halu Gamashi.

Acho que o único porém disso tudo... eu gostaria de poder voltar a sonhar. Quer dizer, eu tenho sonhado à noite. Não estou me referindo a isso. Mas aos sonhos-desejos.

Ao longo dos anos, parei de me permitir desejar algo por puro medo de ter minhas expectativas frustradas. A esta altura da minha vida, compreendi sonhar é uma decisão muito arriscada, porque ela (praticamente) nunca se concretiza. Muitas coisas que sequer sonhei se concretizaram. Então, tenho percebido que preciso alinhar essas duas pontas em mim. Talvez elas consigam se encontrar em um futuro não muito distante.

Desejar, sonhar... talvez seja um bom pedido para 2025.

Mas o que mais desejo para 2025 é que eu consiga identificar o momento de agir e o momento de silenciar. Ou como diria a frase...

Então, aos leitores do meu blogue, desejo que o ano de 2025 seja de muita coragem, foco, autoconsciência, autoconhecimento, sabedoria, paciência e amor. Porque será necessário tudo isso e muito mais para conseguir passar pelo Apocalipse com bons aprendizados e o mínimo de dor necessária. Ninguém precisa sentir dor para aprender (mesmo que esse seja um dos caminhos para a nossa redenção pessoal...)

Seguimos juntos!


O que aprendi (e estou aprendendo) com os apps de relacionamentos

Em agosto do ano passado, me foi perguntado se eu sabia como encontrar pessoas legais nos apps de relacionamentos. A Cris daquela época ainda não tinha ideia do que iria viver. Hoje, dez meses depois, já começo a tocar o significado dessa experiência.


E lá vem história...

Primeiro, foi uma mulher quase vinte anos mais velha que eu e que não me deu a oportunidade de me conhecer de verdade e concluiu que eu era uma "garota irresponsável emocionalmente" que "brinca" com os sentimentos alheios.

Depois, veio uma astróloga paulistana, e eu achei que tantas e tantas coisas em comum levariam à construção de algo sólido e duradouro.

E, nessa estrada, uma recém-moradora da capital paulistana da área de TI foi o primeiro exemplo (dos muitos que eu conheceria) sobre qual é o nível da falta de coesão e coerência eu suportaria ao conversar com alguém. 

Até esse momento, eu ainda tinha me colocado aberta a relacionamentos amorosos e amizades. Então, cadastrada em três apps, mudei meus objetivos: apenas amizade.

Conheci então uma terapeuta holística e, mais uma vez, minhas esperanças de conexão maior — para amizade, apenas (da minha parte) — tiveram de aprender algo muito cruel que me parecia inconcebível à época: como uma terapeuta pode ter certas atitudes incompatíveis com a profissão?

Nisso, eu já conversava e tinha me encontrado com uma mulher que, a princípio, queria apenas me conhecer para manter um relacionamento aberto com ela (que é casada). Essa novidade (para mim, porque é extremamente comum em nossa sociedade) me causou um misto de susto com realidade. Amizade apenas. Claro. Até então, ela foi a única pessoa que conheci pessoalmente — algo que ainda quero muito (mas hoje menos).

Também conheci uma moça do RS que estava traumatizada pelo fim de um relacionamento tóxico vivido, o que a tornou uma cética a respeito do caráter das lésbicas.

Claro que nesse ínterim, muitos contatos superficiais que não foram adiante, tornando-se fantasmas na lista de pessoas que não vingam e que a gente dá unmatch ou simplesmente bloqueia.

No último mês do ano passado, conheci mais duas mulheres.

A primeira foi a advogada. Após estar ciente de que eu queria apenas amizade, trocamos muitas mensagens. Nos encontramos. No primeiro encontro tudo parecia caminhar fluidamente e embora eu tenha notado certas red flags (nunca as ignore!), o segundo encontrou mostrou ao que ela tinha vindo fazer em minha vida: me mostrar como é viver o pior date da vida.

Também conheci outra terapeuta holística que apesar de se mostrar espiritualizada e mais coerente, não estava preparada para o mínimo da troca necessária e educada que precisa existir em pessoas que estão se conhecendo.

Ainda nesse ínterim, conheci algumas moças recém-saídas de relacionamento que iam direto pro Instagram e lá ficavam, como um lembrete de que um dia houve uma conexão que se apagou tão rápido quanto acender um fósforo.

A segunda foi uma mulher incomum que conseguiu reconectar neurônios desativados em meu cérebro. Até aquele momento, crente na ciência de que eu saberia conduzir a amizade, fiz tudo que achei que deveria ter feito.

Já em 2024, conheci uma segunda advogada com quem tinha algumas semelhanças. Porém, as red flags balançaram até, umas duas semanas depois, ela finalizar o contato — algo que eu acabaria fazendo.

Também conheci uma estudante de Psicologia que tinha viajado pelo Brasil inteiro (o que agora me parece óbvio que ela estava mentindo!), trabalhava em três empregos e que começou a me dar aulas de Jung quando foi contrariada.

Conheci uma outra astróloga e terapeuta que parecia super empolgada para trocar ideias mas que desapareceu no limbo das mensagens não respondidas dias depois.

O cenário me fez cada vez mais restringir o meu já restrito perfil: descrição longa, filtros específicos. O resultado não foi melhor nem pior. Ele apenas mudou as caras.

Recentemente tive contato com uma mulher também saída de um relacionamento longo. E eis que me vi diante de um novo (mas não tão novo assim...) cenário: o de ser terapeuta apenas.

E, no meio disso tudo, algumas mulheres hetero começaram a me adicionar. Acreditei que seria uma alternativa interessante, afinal, a maior parte das minhas amigas é hetero. 

Resultado?

Aparentemente, uma delas queria apenas sexo casual comigo.

As outras duas se encontram em situação de "ponto de interrogação" em curso.

E não posso esquecer de citar o caso de uma garota hetero muito gentil mas de quem sequer sei o nome completo. Apesar de conversar há longos meses, a sensação de ter falado muito de mim e saber quase nada dela pode ser o retrato de quantas anda os relacionamentos sociais de amizade.

Daria para escrever um livro abordando todas as nuances que gostaria de abordar. Mesmo um post, talvez eu escreva "uma série de posts" rs. Talvez.


O que vou escrever agora é o que aprendi pessoalmente com tudo isso que vivi e ainda estou vivendo.


1) Somos apressados em julgar ou ser julgados.

O nível de desconfiança entre os seres humanos só aumenta. E essa neurose coletiva não permite que as pessoas consigam ter discernimento. Qualquer mínimo detalhe que desagrade já é motivo para excluir e bloquear uma pessoa. Obviamente, o nível de tolerância é muito pessoal e também não dá para usar a própria medida para outra pessoa.

2) Maturidade emocional não tem nada a ver com idade.

Quando eu tinha 20 anos, tinha a crença de que pessoas mais velhas são mais sábias. Isso é uma imposição da sociedade que faz a gente respeitar os idosos pelos motivos errados. Pessoas "de idade" podem ser mais sábias? Claro. Mas essa é uma afirmação que exige muitas exceções. Uma coisa não deveria estar associada a outra. Nessa linha de raciocínio, muitas mulheres "só se relacionam" com outras mulheres mais velhas por causa disso. Maturidade emocional tem a ver com a capacidade pessoal e intrínseca de cada de um de se desnudar, ser humilde, aprender e transformar-se.

3) Profissões consideradas chiques pela sociedade (advogado, psicológo, terapeuta) não são indicativo de que a pessoa é de confiança. Bem como o grau de espiritualidade dela.

4) Compatibilidade astrológica, no caso dos apps, não é indicativo de que um contato será frutífero. Mas sempre pode ser levado em consideração.

5) Trocar Instagram ou número de whatsapp após algumas mensagens não quer dizer nada. Absolutamente nada. Nem se vai dar certo, nem se não vai dar. Essa associação é totalmente equivocada.

6) O grau de ansiedade das pessoas já passou do tolerável. É uma doença generalizada, não tratada e pior: as pessoas nem tem consciência de que estão doentes.

Eu não me excluo desse rol. No entanto, a ansiedade por saber como será o futuro daqui a dois dias impede as pessoas de aproveitarem o presente e construírem o alicerce. Bases sólidas não são conseguidas com atração explosiva na primeira frase. E isso vale para paixões avassaladoras.

7) As mulheres acreditam que uma dor de amor se cura com outro amor.

As pessoas deveriam dedicar um mínimo de tempo sabático após um evento traumático em suas vidas. Seja fazendo terapia, seja entendendo o que é a dor de uma solidão pós-término. Existem inúmeros recursos para isso o que deveria ser menos escolhido é se cadastrar em um app de relacionamentos achando que para curar uma dor de amor, basta outro. Isso é letra de música sertaneja.

8) Tenha consciência do seu nível pessoal de expectativas.

Uma coisa é ter parâmetros, outra é esperar que alguém se encaixe em sua vida como uma luva só porque você gosta da cor da luva. Embora vivamos numa sociedade descartável, as pessoas não são itens descartáveis. Ghosting é o suprassumo da imaturidade emocional. Aprecie quem responde mensagens que mostram algum nível de reflexão. Como você deve desconfiar de quem está 24 horas do dia disponível para responder mensagens e respondendo-as na hora que elas chegam.

9) Coesão e coerência não servem apenas para estudante de Letras.

As pessoas dizem uma coisa e fazem outra e nem se dão conta disso. Trata-se do inconsciente lutando ferozmente para trazer lucidez. Mas quem, do lado de fora, prestar atenção a isso, terá em suas mãos uma poderosa ferramenta. Isso vale para qualquer setor da vida pessoal, e nos mostra não apenas o nível de autoconhecimento como pode até indicar desvios de caráter.

10) Não ignore as red flags. Elas existem por um motivo. 


Eu tenho a resposta de tudo? Não.
Tanto por não ter, que ainda não consegui construir uma relação que considere a ideal para mim. 

No entanto, ao começar a aprofundar amizade com uma moça (temos uma amiga em comum), eu comecei a ter o contraponto necessário para conseguir compreender profundamente os apps, afinal, eu e ela não nos conhecemos por eles.

Eu já afirmei, erroneamente, que a culpa dessas experiências que eu vivi é o app. Na verdade, não há culpados. A escolha desse meio me permitiu viver uma série de situações que ampliaram minha consciência. Depurei ainda mais as sujeiras que estavam incorporadas em minha forma de pensar. Entendi ainda mais o que é o "ser humano" e, por consequência, me autoconheci ainda mais.

Embora para quem leia, a linha do tempo descrevendo a breve história que vivi com as mulheres que eu conheci não seja óbvia, mas para mim está mais do que claro, tão claro quanto água pura: estou aprendendo — muito. Me burilando, me lapidando. Aonde chegarei com isso? Não sei. Mas estou confiando no processo.

E até um próximo post!

E eu aprendi a dizer adeus...

Não. Este post não é uma resposta tardia a uma certa música sertaneja que fez sucesso há umas décadas atrás, quando esse estilo musical ainda sobrevivia produzindo boas músicas.

Esses dias me peguei pensando na quantidade de tchaus que me foram ditos nos últimos meses, seja de forma direta ou indireta. E, na mesma hora, eu lembro desse movimento tão longo que tenho vivido há mais de uma década e que já retratei aqui neste blogue em inúmeros outros posts.

E quem me acompanha sabe o quanto me dói ouvir um adeus. Não que eu não goste de despedidas, por vezes, elas são imprescindíveis. No entanto, poucas vezes eu me despedi definitivamente de alguém. Não gosto. Sempre gosto de dizer que prefiro agregar — como uma boa canceriana que sou. Não para fazer coleção de pessoas ou me gabar da quantidade de pessoas na minha vida. Apenas porque simplesmente eu gosto de manter laços com todos.

Cada pessoa tem um significado único em nossa vida. Cada pessoa, com uma alma única, com sua presença única, com suas lembranças únicas. Eu e essa pessoa temos uma história única construída que não se repetirá com ninguém, justamente por isso, todos nós somos seres únicos construindo mundos e histórias únicas por aí.

E me despedir dessa singularidade me entristece. Não terei mais acesso aos sentimentos que eu e essa pessoa podemos trocar.

Veja, eu entendo. Manter relacionamentos humanos sadios é, talvez, a segunda mais tarefa difícil para qualquer um. E qual a primeira? Estar mentalmente, fisicamente e espiritualmente saudável. Se não estivermos sadios, como conseguiremos manter relacionamentos saudáveis? 

Cometeremos erros. Cometerão erros conosco. Seremos impulsivos e imprudentes. Agiremos e pensaremos depois. 

Gosto de crer que possa existir um mundo em que todos possam coexistir sem sentir sentimentos negativos uns pelos outros. Porque sentiremos respeito. Respeitaremos quem prefere uma estrada e a gente prefira outra. Respeitaremos os momentos pessoais uns dos outros. Respeitaremos que uns precisam passar mais tempo em um mesmo aprendizado enquanto você já estará buscando outros desafios e outras perspectivas.

E não há bom ou ruim. Certo ou errado.

Isso posto, eu admito que sempre sofri com o tchau que me foi dito inúmeras vezes. Ora porque não aceitava e não via motivos. Ora porque sequer motivos me foram dados — a pessoa simplesmente virou as costas e se foi. E esse caso aí foi o que mais aconteceu comigo.

Vivia um eterno luto com direito a muito remoer, revirar, resmungar e ficar presa nesse instante que eu simplesmente não conseguia superar.

Demorou muito tempo até que eu entendesse (como disse no começo deste post) e tantos processos, tantas dores foram vividas... (infelizmente) para que eu entendesse que, na verdade, nós dizemos adeus e sequer nos damos conta de que estamos dizendo até logo. Essa pessoa sempre estará em nós, porque até onde sei, ainda não inventaram uma máquina para apagar lembranças (como no filme Brilho eterno de uma mente sem lembranças). Essa pessoa é parte intrínseca da nossa história pessoal. Se você quiser que seja uma lembrança boa ou ruim, só depende de você e mais ninguém.

Hoje em dia quando me deparo com um iminente adeus, eu sinto meu coração disparar. Aquela velha sensação se aproximando... do tempo que não podemos capturar, dos desejos que não conseguimos realizar. E eu penso em mim mesma. Hoje em dia, eu acredito que a melhor forma de honrar uma pessoa que não quer mais fazer parte da nossa vida é aceitar seu adeus e guardar as boas lembranças. 

Não devemos discutir, muito menos argumentar. Claro, nenhuma decisão é definitiva. E eu não creio em situações imutáveis. No entanto, ao aceitarmos um "tchau" permitimos a nós mesmos que possamos abrir espaço a alguém novo e às novas experiências que essa pessoa trará. Porque, acredite ou não, essa próxima pessoa sempre vem!

Que este post não seja lido como uma ode passiva a quem nos chuta pra fora da vida. rs Nada disso! Certamente, antes dessa decisão chegar, muito já foi discutido, argumentado. Muita energia foi mal utilizada. Muitas brigas aconteceram. Tanto desgaste... e, então, chega o momento do famigerado "adeus" como passo necessário para o instante seguinte. Que assim seja!

E reitero: prefiro agregar a ter de me despedir. Sempre!
Mas a quem quiser se despedir... até breve.

Um dia qualquer na capital paulistana

Ontem, fazendo um curtíssimo trajeto de ônibus até o metrô Liberdade, fui testemunha de uma conversa entre dois professores que tinham acabado de se conhecer. Eu praticamente estava entre os dois.

Ele era professor de Artes, História. 

Ela era professora de Música.

A conversa começou com eles analisando o tempo.

Ela foi muito minuciosa em ficar ali olhando no celular, vendo a previsão para aquela terça-feira, que seria muito mais fresca que o dia anterior com uma temperatura de 32ºC em pleno inverno. Comentou do calor. Comentou que foi difícil dormir. Comentou que a previsão da semana dizia que hoje faria um friozinho.

Ele concordando com ela.

E eu também, óbvio! Eu também tenho um app e fico toda hora ali olhando previsão do tempo. Tirando printscreens e postando no meu whatsapp para ninguém ver, porque quem tá interessado em saber se você prefere calor ou frio (eu prefiro frio, aliás). Foi curioso ver que ela era parecida comigo nesse ponto.

O professor, meio atrapalhado, riu que tinha trazido um guarda-chuva de dez reais (mentira, esses guarda-chuvas xingling agora custam vinte conto se você pesquisar bem) e tava todo cheio de bolsas, como todo bom professor. Ele ainda estava usando bermuda e cachecol e eu achei a combinação bem inusitada porque eu só usaria cachecol com uma temperatura de menos de 15ºC associado a um bom vento gélido.

Ela era mais falante do que ele. E tinha uma voz alta, clara, de timbre extremamente agradável (lembrei de minha amiga comentando áudios no whatsapp). Fiquei imaginando que ela nunca desafinaria a voz, que nunca faria um pitch agudo sem necessidade. E fiquei imaginando como seria assistir a uma aula dela.

O professor continuou dizendo que iria fazer um exame no HC e não sabia andar por ali. Deduzi que ele não seria de SP, mas não podia perguntar. Já a professora deu todas as dicas de como chegar até lá. E que iria com ele até determinado ponto da linha azul, quando eles se separariam na baldeação para a linha verde.

Ela disse que dava aulas para um projeto especial do EJA na PUC.

Ele disse que era contratado (coitado, nada como ter tido um namoro com uma professora para saber o significado exato disso! rs).

Ela comentou sobre provas que fez na FE-USP (onde está o curso de Pedagogia) para tentar dar aulas em algum outro lugar. Eu percebi que ele ficou sem entender exatamente o que era a sigla (e eu sabia porque sou da FFLCH).

Aí voltaram a falar de provas e toda a atribulação intrínseca aos professores.

Ela ainda disse que tinha vários amigos que eram professores de História e Artes (e faz sentido se você pensar que ela é professora de Música).

Essa conversa toda durou uns 10 minutos porque tinha trânsito nesse trajeto que normalmene nunca tem, ainda mais naquela hora da manhã. 

E eu admito que adorei ser testemunha tão próxima dessa conversa inusitada entre dois estranhos com tantas similaridades!

Confesso que meu trajeto era outro mas queria ter acompanhado eles até a linha verde para saber o que mais conversaram. Será que trocaram whatsapp? Instagram? Será que só eu notei um flerte nas palavras dela? O professor era muito bonito. Embora novo (parecia), tinha um cabelo e um barba já grisalhos que dão um ar muito charmoso aos que se sabem se cuidar como era o caso dele.

Quando todos descemos em frente ao metrô, eu ri comigo mesma depois de me desperdir mentalmente deles.

Fanfiquei uma história linda entre os dois e imaginei que de um singelo encontro poderia surgir pelo menos uma bonita amizade entre duas pessoas. Idealista? Pode apostar!

E olha que curioso: naquele momento, meu ipodvelhodeguerra estava sem bateria (algo que nunca acontece) e só por causa disso eu pude ser testemunha visual e auditiva daquela conversa. Em geral, eu detesto ouvir conversas alheias em condução porque as pessoas só sabem ficar reclamando ou falando mal de alguém.

Mas, não.

E eu agradeço por ter sido testemunha de uma crõnica sendo escrita ali, diante dos meus olhos. Um outro dia qualquer na loucura desta capital paulistana que é São Paulo. E que a gente ainda pode encontrar beleza e simplicidade: basta saber prestar atenção.


Feliz ano velho

 E, num bater de asas de uma borboleta, este ano praticamente se foi.

Como sempre faço (não apenas na retrospectiva, mas como hábito que seguirá comigo até o último suspiro de minha vida), estou reflexiva. Pensativa. Pesando prós e contras. Vendo onde valeu a pena. Vendo onde eu errei, de novo. Me lembrando das promessas de começo de ano e o quanto eu consegui cumprir e o quanto eu falhei.

O balanço?

Bem, a gente planeja as coisas como se tudo seguisse um fluxo de raciocínio comum. É impossível prever as surpresas, nem mapa de previsões ou tarô são capazes de fazer isso. Nessas horas, estamos suscetíveis ao acaso, ao destino... ao que você quiser dar nome.

Com o tempo, percebemos que quanto mais nos acostumamos às surpresas da vida, quanto mais aprendemos a ter jogo de cintura, a relevar, a perdoar, a aceitar, a entender e a brigar onde é preciso... podemos dizer que alguém alcançou mais um nível de maturidade.

Pois acredito que maturidade seja isso: ter as rédeas da vida na mão, saber conduzir nossos cavalos, e saber continuar tocando a vida mesmo que não tenhamos mais as rédeas, uma roda se soltou, sua bunda tá cheia de calos pelos buracos da estrada.

Este ano não foi fácil. Não me recordo de um "ano simples" há mais de uma década em minha vida. Tenho bons momentos, mas esta longa estrada da vida (acompanhando meus trânsitos astrológicos) é um constante teste para saber se a minha fé em mim mesma continua firme e indiscutível. E, neste ano, eu tive provas de que sim, acho que cresci e amadureci mais um pouco. Larguei para trás os fardos da culpa e da mágoa.

No entanto, vivi mais um desafio único e inédito. E entendo que tudo que vivi até hoje me preparou para poder vivê-lo. Pois, precisei de foco, coragem, fé, humildade, resiliência e bons amigos.

Essa situação me mostrou algo muito claro: quanto menos resistência você faz com as coisas que você não quer em sua vida, mais rápido elas vão embora e menos você vai sofrer. Mas para aprender uma lição aparentemente "simples" como essa, eu tive de viver por mais de dez anos (citados acima) com dores iguais, mágoas iguais. Caso contrário, certamente, eu teria mais um carma para cumprir nesta vida. 

Não há receita mágica nem secreta para isso além disto: autoconhecer-se.

O autoconhecimento, além de matéria-prima para todos os livros de autoajuda, é uma das verdades mais imutáveis de nossa existência. Quanto mais nos conhecemos, nossas qualidades e nossos defeitos, mais podemos nos lapidar. Outra velha metáfora.

Tenho conversado sobre isso com algumas pessoas próximas a mim. E fico feliz por saber que compartilhamos de um mesmo conceito geral de que, sem se autoconhecer, não há muito para onde ir a não ser o lugar-comum dos erros e reclamações.

Não sei o que me espera em 2023. Mas sei que sem vocês - Denise, Manu, Renata, Aline, Lari, Maria Helena, Claudia, Nilce e Tamires (e outras duas pessoas que se despediram de mim e não irei mencioná-las aqui, já que elas decidiram terminar a amizade comigo) - este ano teria sido muito mais perigoso e difícil. Obrigada a cada uma de vocês pela amizade.

A todos nós, que mesmo na dificuldade, saibamos ouvir, compartilhar e falar. Pedir, se for necessário. E que 2023 traga muita saúde e luz!

Os relacionamentos em 2021

Este post é uma reflexão decorrente de um post que nem cheguei a escrever: os relacionamentos por whatsapp.

Há algum tempo venho pensando muito a respeito dos relacionamentos humanos, com base em meus próprios relacionamentos. Quantas pessoas novas conheci nos últimos cinco anos? Com quantas pessoas aprofundei minha amizade nesses últimos cinco anos? E, nesses cinco anos, o que mudou na forma das pessoas se relacionarem entre si?

Obviamente que um mísero post de blogue não começa sequer a delinear a ideia. Então, a intenção aqui é meramente refletir um momento específico e pessoal da minha vida. Dito isso, posso dizer que nunca foi tão difícil fazer amizades como agora!

E é tão estranho afirmar isso num momento em que mais podemos nos comunicar uns com os outros. Praticamente estamos online e disponíveis 24 horas por dia, 7 dias por semana. Acho que por isso e, justamente por isso!, passar da barreira do virtual para algo sólido e realmente importante além de tarefa hercúlea, eu diria que é quase impossível de ser completada.

Por que?

Estamos sobrecarregados: e vivendo uma pandemia mundial que não tem data ou previsão de terminar. Pessoas estão sendo diagnosticadas com síndrome de burnout que eu facilmente tiraria do espectro profissional e colocaria no espectro pessoal.  As pessoas estão cansadas de serem bombardeadas constantemente por mensagens, áudios, respostas pendentes etc. As pessoas estão simplesmente exaustas e algumas conseguem ter consciência disso enquanto uma parte não liga e uma outra parte sequer dá conta de que isso existe.

Interessante que o bug do whatsapp que aconteceu no dia 06 de outubro deixando todos sem facebook, instagram e whastapp afetou a cada uma de uma forma distinta. Uns ficaram aliviados por não estarem mais sendo bombardeados outros ficaram com abstinência, outros perderam dinheiro por causa de seus negócios. E, alguns, como eu, não tiveram nada maior acontecendo, porque a solidão sem alguma rede social já é mais do que comum.

Várias pessoas disseram "não gosta de ser incomodado, por que tem?" É uma pergunta bastante válida, mas muitas pessoas têm as redes sociais ou um comunicador como o whatsapp para facilitar a vida e, teoricamente, para não ficarem o dia inteiro falando com meio mundo. Seja lá qual for o objetivo pessoal de cada um, fato é a ironia de estarmos tão conectados e tão solitários. Uma solidão diferente daquela de quando apenas estávamos distantes e impossibilitados de nos comunicarmos. Pois, agora, estamos possibilitados de nos comunicar e, por opção, não nos comunicamos - escolhemos friamente (pressupondo que a pessoa tem consciência disso) com quem nos comunicar e colocamos todo o resto na lista de espera.

Eu diria que ter uma amizade verdadeira e ativa em pleno ano de 2021 significa que você não está na lista de espera de ninguém! Porque você pode simplesmente ter uma amizade verdadeira e inativa. Quase uma amizade platônica. rs

Atualmente, eu vivo essa situação: eu olho para as potenciais pessoas com que conversar e até tento conversar... mas não flui. Quando minha mãe morreu, isso fez com que as pessoas "se preocupassem" comigo e me reaproximou de algumas delas. Mas, com o passar dos meses, mesmo eu respondendo a todos, o que me restou foi o silêncio de uma resposta não retornada.

Em outros tempos, em outra época, eu ficaria muito triste e muito -- como já fiquei. Hoje em dia, eu penso e reflito. Tipo, cansei de dar o clássico murro em ponta de faca, embora eu ainda faça algo nesse sentido de vez em quando. Mas, no geral, me cansei. O que é triste! Não deveria me importar, não deveria me cansar -- eu já fui assim! No entanto... ah! Nada como a idade.

Enfim, para terminar esta reflexão de hoje e agora, se este texto chegou a você, se te tocou de alguma forma, enche o saco mesmo ficar vendo notificação do whatsapp (ainda mais se vc participa de trocentos grupos de amigos e família - eis uma coisa que nunca aceitei e participei) e perfeitamente compreensível. Mas não deixe uma facilidade moderna moldar um novo eu sem considerar o que é verdadeiro e real em sua vida.

Minha vida em Plutão na casa 11

Certamente, este não é o melhor título para um livro, mas por ora nenhum outro me define tão bem quanto "Minha vida em Plutão na casa 11". Recentemente, brinquei dizendo que escreveria um livro, bem... um livro talvez eu não consiga, mas dá pra escrever um conto!

O que não é o caso de agora...

Tenho aproveitado insights (em geral, tomando banho) para escrever. Subitamente, sou tomada por um esclarecimento de algo que sempre pareceu tão óbvio e que permaneceu obscuro em minha consciência por tempo demais... É uma sensação estranha de bem-estar misturado com um certo desgosto. Por enquanto, tenho deixado a decepção de lado e me atentado apenas à epifania.

Basicamente, o título do meu suposto livro se refere ao trânsito astrológico de Plutão pela minha casa 11, a casa dos grupos, associações, amigos grupais, conhecidos em geral. Como lidamos com essas pessoas? O que eles significam na nossa vida? Tem outros sentidos derivados, mas me aterei a essa definição agora.

Quando a energia plutoniana ativa esta casa, ela fica por bastante tempo lá: no meu mapa teve início em março de 2011 e terminará em dezembro de 2027. Plutão é o senhor das transformações pessoais, ninguém melhor que ele (se o personificarmos) para dizer o seu potencial de apego, desapego, cura, regeneração ou a total degradação.

Não gosto de pensar em Plutão como "ruim", quem me conhece sabe que desde muito tempo eu tenho que termos maniqueístas são muito superficiais. Mas se o encararmos assim, muitos sucumbirão ao seu poder, porque a coisa com ele não é fraca. Não há meio-termo. Ou você muda ou mudam para você.

Recentemente, reencontrei uma pessoa (virtualmente) com quem não falava há pelo menos dez anos (algo em torno disso). Nunca a tive como amiga efetivamente, mas sempre nos demos bem, conversávamos muito e tínhamos muito assunto. A vida veio com seus desafios e deixamos de nos falar, mesmo com todas as redes sociais ativas (mesmo afeita, mantenho minhas redes sociais) pronta para ser encontrada ou encontrar alguém.

O encontro, o reencontro e o término de amizades e contatos é uma das características mais marcantes do trânsito plutoniano no meu mapa. Então, o ressurgimento dessa pessoa me fez questionar muitas coisas - boas, a princípio. Pensei: vai acrescentar algo. Ou... vai levar algo. Ou não vai acontecer nada.

Acontecer nada é uma expectativa muito ingênua para quem vive este trânsito astrológico.

Então, eis que veio a epifania debaixo do chuveiro: essa pessoa me parece o retrato exato do momento que vivo agora. E do muito que significa Plutão passeando tranquilamente pela casa 11 do mapa natal.

Eu fiquei pensando, muitas vezes, que deveria escrever textão para essa pessoa, questionando-a. Porque desde o "reencontro", eu fiz muitas tentativas de manter uma conversa. Fiz perguntas (que não foram respondidas). Deixei temas para serem discutidos amigavelmente. Falei que sou astróloga e trabalho com Astrologia. Perguntei sobre o trabalho. Ou seja, tudo para criar motivos de conversa.

Mas ficou esse vácuo indigesto e incômodo para mim. E, graças às redes sociais e ao (mal/bem) dito whatsapp, quem se dispõe a falar de si próprio é como deixar a vida aberta para todos acompanharem, certo? E eu acompanho, oras. E eu vi que a despeito de minhas tentativas de reconectar o antigo contato, não aconteceu um aparente interesse. Há outras coisas mais interessantes do que conversar comigo.

Obviamente, a primeira coisa que se passa na nossa cabeça é: o que foi que eu fiz?

Então, sabiamente, eu cito Don Miguel Ruiz que diz em seu livro "Os quatro compromissos":

1- Seja impecável com o que diz.

2- Não leve nada para o lado pessoal.

3- Não faça suposições.

4- Sempre faça o seu melhor.

Entre o esquecer e lembrar, eu me lembrei (ainda bem!) disso. A gente sempre acha que a atitude do outro acontece por causa da gente. Como se tudo na vida acontece baseado no que acontece com a gente. Temos uma forma de pensar narcisística ao ter certeza absoluta que tudo que acontece no mundo (de ruim, preferencialmente) é por causa da gente. Mesmo que a gente apenas respire, a culpa é nossa.

Então, me lembrei de todas as pessoas que se foram e com as quais estou finalizando os fins. Sim... mesmo depois de anos, ainda tenho pessoas em minha vida com as quais mantenho um doentio relacionamento à distância, unilateral e tóxico comigo mesma. Minha frase do momento, para enaltecer a energia plutoniana é:

FINALIZE OS FINS. ACABOU, ACABOU. É SÓ LEMBRANÇA.

Porque, afinal, a gente não esquece. Só não podemos dar importância ao que se foi... e eu tinha a eterna impressão de viver um luto infinito num looping infinito tal qual o inferno de Lúcifer.

O fim dos fins traz alívio... mas o retorno dessa pessoa começou a me causar grande incômodo. A ela? Não tem importância para ela. E isso não importa. Eu estou dando importância a isso.

O que tudo isso quer dizer com trânsito de Plutão na casa 11?

Exatamente isso: não ter apego com o que se foi. Foi, está ido, fim. Voltou? Pode voltar... mas o imenso abismo que reside entre nós me indica que nada será frutífero. E isso é ruim? Mais uma vez, sem maniqueísmos: nada é bom ou ruim. 

As coisas são como têm de ser.

Assim para finalizar este post, a lição do dia, num momento de epifania (como os vários que tenho tido) para ilustrar de forma muito clara, sem me machucar (porque a dor era eu quem causava a mim mesma): finalize os fins. Não tenha apego.

E é isso. Superfácil. Vamos vivendo! 
(Mas nunca menospreze o poder plutoniano em um trânsito astrológico...)

Feeling like monday but someday I'll be saturday night

O que é o tempo, senão a contagem dos dias e o que fazemos para preencher a contínua necessidade de construir algo, significar algo, deixar um legado? O que é o tempo senão continuamente compararmos o sucesso alheio ao nosso, competirmos para sempre sermos os melhores em qualquer área que atuemos ou que queiramos deixar a nossa marca? O que é o tempo senão um preenchimento contínuo de suposta sabedoria, felicidade e contribuição para o mundo? Supostamente falando.

O vácuo entre meu último aniversário e o próximo pode ser traduzido com tanta coisa. Mas me aterei ao que venho passando nos últimos três meses, com ênfase maior para o último mês:

- morte de uma pessoa da família;
- dermatite agressiva no couro cabeludo;
- virose violenta (a primeira que tive em minha vida);
- saindo (temporariamente) de uma profunda crise de depressão;
- início da pré-menopausa.

Mas ainda não tenho um único fio de cabelo branco à vista. Depois de, no fim do ano passado, passar máquina zero na cabeça, repetir a atitude em meados de março, ainda estou olhando meus cabelos sem corte específico. Olho para mim mesma no espelho e não tenho pensamentos.

Bem, entrando em pormenores a respeito dos itens descritos acima:

1) a burocracia brasileira é generalizada. Ou você é muito rico ou prefira ser muito pobre. O meio-termo, onde jaz a burguesia das classes intermediárias, sofre com tanta coisa para pagar. Vivo ou morto, você paga. E, se você não tiver dinheiro, o governo lhe toma tudo ou lhe empresta a juros altos. Nada é de graça, nenhum documento é emitido gratuitamente e qualquer bem que você possua é sinônimo de imposto a ser pago. A menos, é claro, que você seja muito rico, porque nossos governantes sempre são mais condescendentes.

2) venho enfrentando certos tipos de doenças que nunca tive em minha vida toda. A dermatite creio que seja um resquício da depressão e do estresse. Porém, a virose foi um caso maravilhoso. Sempre ouvi falar de pessoas com viroses e confesso que em todas as vezes sempre olhei com desdém, porque me parecia desculpa para conseguir um atestado ou faltar ao trabalho.
Vivenciei todos as etapas e os sintomas da mais clássica das viroses e da mais violenta também. Tudo começou com dor no corpo, mas eu percebi que não era gripe, porque não tinha febre. Muito mal-estar, moleza e vontade de não fazer nada. No dia seguinte, dores horrorosas no terço final do estômago e na barriga. Muita cólica amenizada com analgésicos. Fiquei assim uns dois dias. Até que no terceiro dia, passei seis horas seguidas indo ao banheiro a cada quinze minutos. Nunca c*gu*i tanto em minha vida e meu c* assou completamente que nem hipoglós dava conta.
Não sei o que é pior, mal-estar físico com enjoo, vômito e dor generalizada ou c*g*neira. Os dois são ruins. Uma experiência que não dedico a ninguém. Espero nunca mais passar por isso outra vez!
Ao final do quinto dia comecei a melhorar. Mas ainda hoje, mais de uma semana depois, meu estômago ainda está meio sensível. E aproveitando o frio também, só tenho me alimentado de sopas.

3) há alguns meses venho notando irregularidade em meu ciclo menstrual. Pesquisei e vi que para muitas mulheres a pré-menopausa (que se divide em três partes até a menopausa em si) começa a partir dos 40. No meu caso, está começando perto dos 41. Meio cedo, mas neste mundo corrido e com a alimentação que temos, tudo adianta, atropela e vai indo na velocidade que tem de ir. Há tempos já faço uso de óleo de prímula e, agora, aumentarei a dosagem.

Eu sempre fiz balanços gerais ao fim do ano e em meus aniversários. Desta vez, não tenho vontade de dizer muito. Há tempos, a minha vontade de dizer as coisas vêm diminuindo com a mesma velocidade que experiências ruins com as poucas pessoas que convivo tem aumentado. Aí é continuamente apertar a mesma tecla e até eu me cansei disso.

Por um tempo, acreditei que em carma e que recebia muita coisa de volta de tanto que já fiz por aí. Talvez seja isso, mas atualmente eu apenas penso que esta é a maior de todas as lições que tenho de aprender. Ela envolve um pouco de tudo que sempre questionei e um pouco de tudo que sempre me incomodou. Um pouco de tudo que sempre acreditei e defendi. Um pouco de tudo que sempre entendi como certo e eterno.

No momento, estou cética e pessimista. Não é que não acredito mais nas pessoas, mas me parece que há um precipício entre o que as pessoas são, o que aparentam e o que elas mostram. Aqueles que mantém essas linhas limítrofes menores podem ser consideradas pessoas melhores que outras? Não. Mas, definitivamente, imagino que sejam pessoas um pouco mais fáceis de entender.

O fato é que quando você sofre depressão as pessoas se afastam. É silencioso e quase involuntário mas quem deseja estar perto de alguém assim? Por isso me surpreende sempre ler quando um artista famoso cometeu suicídio "mas ele tinha depressão? Como assim? Sempre sorridente, fazendo o que mais queria fazer, cheio de amigos, não passava por dificuldades financeiras". É mais interessante conviver com um depressivo mascarado do que com um depressivo assumido. Porque até para ter doença mental, as pessoas precisam disfarçar.

Então, é isso aí, a vida segue. Para compartilhar algo novo que descobri e não terminar este post tão triste e melancolicamente, digo: o incenso - in natura - de palo santo é uma descoberta que eu deveria ter feito antes. O aroma é adocicado, amadeirado e lembra uma mistura de cominho, noz-moscada e pimenta. Quem quiser, aceito como presente

Visitando o passado - II

Passado é quase nostalgia. Passado, nostalgia... são quase melancolia.

Essas palavras devem ser incomuns ao dicionário pessoal de muita gente por aí. Perda de tempo, para muitos. Insensato e sem razão, para tantos outros.

A verdade é que desde que me conheço por gente, tenho esses sentimentos dentro de mim. Posso ser intrépida sob o olhar de muitas pessoas -- e sei, também, aonde jaz a minha coragem -- mas não escondo nem nunca quis esconder a importância que dou para o tempo ido.

Nesse lugar, estão os sabores mais doces e também os mais amargos. Estão as lembranças que nunca esquecerei -- tanto as boas como as ruins. Estão os desejos mais ardentes que quis realizar -- e realizei. E estão, também, algumas decepções. 

Como disse no meu post anterior, Visitando o passado - I, quer você queira ou não, somos o resultado de tudo que vivemos até hoje. Somos resultado de nossas escolhas, erradas ou certas -- nem nós mesmos sabemos ao certo julgar, pois, creio, que tudo que se vive é válido sob qualquer ponto de vista. 

Eu gosto de me olhar e ver no que me tornei. As escolhas que fiz, as que não fiz. As pessoas que conheci e todas aquelas que se foram...

Certamente, hoje, eu gostaria de ter agora na minha vida algumas pessoas que se foram para valer. Mas o que eu fui na época era tudo o que eu podia ser. E daí que hoje eu faria diferente? O que importa é o mesmo que disse no meu post anterior: precisamos viver o momento presente com a máxima intensidade possível! Para não pensar no "e, se, talvez..". De tudo que eu jamais me arrependerei é a intensidade com que vivi toda a minha vida. Como sempre digo, peco pelo excesso e nunca pela falta.

O interessante é refletir que "muita falta" também é um tipo de excesso...

Batendo à porta dos 40

(In)felizmente, este blogue sempre abrigou todas as palavras do meu coração: tristes, alegres, reflexivas, finais, decisivas... cada palavra dita e digitada sempre foi (e sempre será) reflexo puro do meu ser humano - espiritual e físico.

Este ano completarei 40 anos de idade. Não estarei mais na casa do trinta e poucos, agora será dos "-enta" em diante. Eu gosto de marcos. Aprecio datas decisivas. Elas têm o sabor de efemérides pessoais, algo que a maioria não leva muito a sério. 

As primeiras reflexões que me vêm à cabeça pensando nesses 40 quase chegando dizem respeito às convicções que sempre tive e que sempre defendi veementemente. Não é clichê afirmar que pouco resta daquilo tudo que sempre acreditei. Precisamos nos pautar e nos orientar sempre a partir de alguma crença, mas como acreditar numa crença mesmo sabendo de sua fragilidade e que ela pode cair a qualquer momento? Você, ainda assim, acreditaria nela?

Eu ainda tenho minhas crenças e convicções, isso não mudou. O que mudou foi a maneira como eu lido com elas. Aprendi deixar ir, quando algo ou alguém precisa ir. Parece fácil, mas não é. Temos nossos apegos, nossas carências e a sensação de vazio e casa sem estrutura quando algo (ou alguém) que sempre pareceu certo em nossa vida, de repente (mas nem tão repentinamente assim) se vai. E foi. Para nunca mais voltar.

Aprendi também a lidar sozinha com minha saudade de tudo que se foi. Pois se foi, não mais voltará. Restam as lembranças boas de um momento único que nunca mais voltará. É aquele momento ido, específico, daquele dia, daquele ano... que não voltarão mais. Você pode desejar ardentemente reconstruir aquele instante, mas ele não existirá mais além de suas lembranças.

Aprendi também a não insistir onde não há fio de resistência. As coisas e as pessoas não são descartáveis mas quando vivemos num mundo onde tudo é descartável, ser acumulador é um risco desnecessário e o preço a ser pago muito ser alto para viver entre a sanidade e a loucura. Então. eu digo, 'live and let live'.

E a gente segue aprendendo a viver a vida sem os parâmetros e clichês da sociedade, em sua maioria, capitalistas e católico-cristão: casar, ter filhos, ter casa, comprar carro, tirar férias uma vez por ano, discutir os detalhes minimalistas de viver a vida da família doriana. Ninguém nos diz que devemos falar menos e agir mais, desenvolver empatia, sermos mais humanizados, diminuir a diferença preconceituosa que existe em cada um de nós, valorizar mais o espiritual e menos o material.

Mas continuamos nosso foco nas aparências: ter uma boa aparência asseada é importante mas... já faz um bom tempo que a casca não me importa mais (exceto uma boa casca crocante de pão fresco). Como não somos cebolas ou pães, chegamos ao último ponto de reflexão: estou aprendendo a conviver com tudo que sempre esteve ao meu redor, fazendo as mudanças necessárias (mais internas do que externas) e compreendendo que o mundo anda sombrio e só cabe a mim mesma as minhas escolhas e as consequências delas.

Até breve!

E cinco mil emails depois...

Há algo extremamente libertador em, finalmente, limpar a sua caixa de emails com mensagens acumuladas ao longo de seis anos! Porém, antes de se maldizer quem costuma guardar coisas velhas (tipo eu, os cancerianos e pessoas afins), não é ruim guardar. Ruim é guardar por tempo além do necessário.

Eu tinha essa meta "de fim de ano" toda vez que olhava os cerca de cinco mil emails na caixa de entrada. Nem sei como tanta coisa foi acumulando ali. Pensava e lembrava naqueles acumuladores compulsivos americanos que guardam tanta coisa e nem lembram mais os motivos. Eu tinha me tornado uma?

Mas entrava ano e os emails continuavam ali. Uma lembrança mórbida de promessas nunca cumpridas. Não somos assim? Nos prometemos tanta coisa e cumprimos tão pouca... E essa era eu, ano após ano, só acumulando mais mensagens nos meus emails. Pior: ficava ali olhando o limite de capacidade do gmail: esses gigas aí são poucos, não são? O que acontece se eu estourar o limite? E quem consegue juntar tanto bytes de informação assim?

Não sei você, mas eu sou daquelas que toma decisões repentinas e as coisas precisam ser feitas nesse ímpeto, antes que se percam... rs Fui lá, comecei: 2014... 2013... E a cada título de email lido dinamicamente trazia um flash de lembrança. Te digo: se você não estiver bem, não vai ser legal ficar remexendo coisa velha. Porque por mais que seja só um "Oi" ou mesmo um email sem assunto, o remetente, a data e a pré-visualização do conteúdo estão lá. Dependendo do conteúdo... 

Então, em meio à pressa de não ter de ficar além do necessário, fui separando tudo em seções, algumas já criadas previamente, outras novas criadas. Assim, criei uma pasta especial onde coloquei alguns emails que ainda passarão por uma olhada final. Em breve, retornarei, lerei e apagarei de vez.

O interessante nesse processo todo, foi verificar quem sempre me escreveu ao longo de todos esses anos. Sempre as mesmas pessoas! Interessante e impressionante. Sempre as mesmas pessoas, perguntando, enviando algum link para eu ler.

Ao mesmo tempo, incontáveis emails não lidos, não respondidos... muitos. Lembrança do arrependimento de não ter respondido na hora e, agora, o tempo já se passou.  Outros incontáveis emails que retratam relacionamentos amorosos, promessas de relacionamentos, relacionamentos que não deram certo. 

E muitas, muitas lembranças de uma pessoa que eu fui e não sou mais. Lembranças dos erros que repetidamente cometi, vários deles com as mesmas pessoas. Lembranças boas, fotos velhas, músicas trocadas. Toda a minha história contada através de meus emails. Não sei se daria para escrever um livro, mas um post dá pra escrever. De repente, até um livro de contos... um roteiro de uma peça de teatro.

Há um motivo para alguém ficar guardando essas coisas velhas em uma caixa de email: para alguns pode ser pura preguiça de deletar. Para outros, e me incluo nesse caso, é o medo de perder essas lembranças, como se você ficasse sem um pedaço da sua própria história. E, sem história, quem somos?

Porém, creio que a nossa memória seja seletiva simplesmente porque não damos conta de ficar carregando pesos desnecessários. Uma pessoa poderia ficar eternamente presa em uma lembrança pelo medo de não se lembrar mais dela, de como se sentiu quando a viveu... Bem, eu poderia divagar muito a respeito do nosso apego ao passado, e este post não é exatamente sobre isso. Fica pra outro post! 

Assim, duas horas e meia depois, cinco mil emails depois, cerca de 95% deles apagados sem dó (se algo "importante" foi junto, paciência), emoções dosadas e algumas revividas... sobrevivi. Sobrevivi e estou me sentindo mais leve. A gente fica mais leve quando decide deixar o passado no passado e aproveita para reorganizar o físico e o mental.

É uma sensação boa sobreviver a uma avalanche de histórias e olhar para si mesma, agora, neste momento presente, e saber os motivos de estar aqui, fazendo o que faço e sendo quem sou. Não melhor nem pior. A única certeza é a eterna mutação que precisamos viver.

O que foi, se foi. O que se manteve, aqui está. E o que vem... seja como for, quero fazer melhor do que um dia fiz. É a mais nova promessa para a minha limpa e organizada caixa de emails! :)

Temporário

Como uma lufada de ar morno em uma tarde de primavera: meus olhos semiabertos querem capturar uma certeza. Qualquer certeza. A gota de chuva que rapidamente evapora sobre o asfalto quente. O toque humano que esfria mais rápido do que deveria. Um sorriso que me faz sentir viva por alguns minutos, enquanto o ocre vampiro da depressão me lembra que nunca estarei sozinha neste mundo.

Temporário é o meu desejo. Desejo carnal por uma realidade despida e sem adornos ou perfumes. Desejo carnal por uma pessoa que já fui e nunca mais serei. Desejo carnal para sentir meu sangue em minhas veias. Desejo do não desejo, Sem desejo.

Eu sorrio e me perco em meu próprio sorriso. Me abraço desejando um abraço que não posso sentir. Busco sem desespero o desespero outra vez e minha insanidade  compactua com minha paz. A esquizofrenia em mim que não posso traduzir em palavras. Talvez minha maior loucura. Talvez minha maior lucidez.

Temporária é a minha vida em meio aos transeuntes. Eu sou eles, eles são eu. Se eu tivesse seu abraço por mais de 30 segundos eu sei que seria mais feliz. Mas por sobre meus ombros está a constante lembrança de que a felicidade é uma ilusão que alimentamos com a ração da vaidade e da falsidade. Cacete, só quero ser feliz.

Eu olho para o espelho e vejo uma pele menos vistosa, linhas que se tornam rugas -- mas pelo menos não tenho cabelo branco. Eu olho e fecho os olhos: se não posso ter felicidade, poderia ao menos sentir paz? É a única pergunta que de tanto ser temporária, está ficando permanente.

Como o meu antigo desejo por sentir a paixão correndo em minha veias, animais selvagens retumbando em meu coração pueril: sou jovem ainda? Quanto de mim ainda é meu e o que nunca mais será? Queria menos perguntas e menos respostas, não queria nada.

A vida pode ser temporária mas as perguntas são sempre eternas. Os desejos também. As histórias continuam sendo as mesmas, mudando apenas os personagens. Eu tenho tanta vontade de conversar com alguém mas não tenho ninguém aqui. Quantas vezes (temporárias) tive? Eu queria tanto conversar com alguém e até o reflexo no espelho tem fugido de mim. 

Eu queria tanto conversar com alguém que parei de sentir saudades das melhores conversas que tive. Minhas mãos firmes e meus pensamentos incertos me conduzem durante o silêncio que me cala em mim mesma. Me abraço sozinha no escuro e durmo, esperando que os sonhos tragam qualquer certeza.

Temporária é a minha vida. Um beijo na boca da depressão e outro no rosto da sobriedade. Dois lados ocultos e abertos de mim mesma. Eu e minhas cicatrizes recentes. Eu e meu otimismo insano mesmo à beira da morte iminente. Eu... e eu.

2014: um ano para (quase) esquecer...

Estou bem temerosa em escrever este post, sentenciando o fim de um ano, sabendo que ainda existem 30 dias para isso acontecer.

Mas creio -- e fé é tudo o que me resta -- que este ano tão ruim em tantos aspectos está para terminar. Lavar tudo que precisava ir. Extirpar. Finalizar. Transmutar. E... recomeçar.

Tudo que poderia ter acontecido comigo, aconteceu. Exceto minha saúde (que graças aos bons Deuses) anda bem, todo o resto foi posto a teste. A um duro e quase cruel teste.

Nunca, em toda a minha vida, fui agredida gratuitamente. A vida te dá uma pancada... você sacode a poeira, ri de si mesmo e volta a caminhar. Aprende o que acredita que precisa ser aprendido. Segue. Aí vem alguém e te dá outra pancada no mesmo lugar. Você é pego totalmente de surpresa, se questiona os motivos (existem motivos para agressão gratuita? Enfim...), se levanta e continua. Aí, passa mais um tempo, você toma outra pancada no mesmo lugar, com muito mais força! Por alguém que sequer sonhava que faria isso.

O que você faz?

É difícil manter a fé -- seja ela qual for -- quando acontece isso. O meu exemplo (que nem disse exatamente o que era ou quem fez) pode ser aplicado a qualquer circunstância na nossa vida. Talvez não seja assim que os psicopatas sejam formados? Ou aqueles que justificam sua maldade para o mundo a partir de todas as maldades que sofreu.

Mas não nasci para ser psicopata, embora tenha o meu estranho fascínio por essas mentes tortuosas (quem me conhece, sabe disso). Então, o que fiz? Me recolhi. Me ressenti. Me calei. E chorei muito.

Pessoas que eu confiava. Parentes. Pessoas com quem não falava muito mas tinha em alta confiança. Pessoas que nem me conhecem mas tem por base que me conhecem. Semiestranhos. Semiconhecidos.

Alguma coisa acontece. Alguma lição precisa ser aprendida. Aí você se pergunta -- num raro lampejo de autoestima diante de tanta brutalidade gratuita: tô pagando meus pecados. Atirei o pau no gato, pedra da cruz. Só pode ser. Só resta fazer piada diante de tanta coisa esdrúxula que acontece.

Aí fui rebobinando a fita da minha mente e relembrando das coisas que nem levei muito em consideração quando aconteceram, mas que me mesmo assim tiveram um sentido que eu negligenciei na época. 

Pessoas que sequer falam comigo e me cobram, me agridem. Eu respondo. Elas somem.

Pessoas que sequer perguntam como você está, mas te criticam em público porque você expôs sua opinião e elas são contrárias a essa opinião. Você argumenta. Em público as cristas se emplumam. Quando você chama para um particular, elas somem.

Pessoas que, do nada, resolvem estourar com você, com argumentos que não se sustentam. Você resolve tentar conversar. Nenhuma resposta.

Pessoas que você tenta se preocupar, porque são seus parentes -- afinal, sangue do sangue --, e você recebe uma silenciosa e ausente resposta. Tipo "não se intrometa, obrigado".

Não sou orgulhosa em pedir ajuda. E mesmo nesse momento mais delicado de se sujeitar a pedir ajuda a alguém, você ainda se ressente porque as pessoas deliberadamente te ironizam e riem da sua cara.

Sério: não sei o que a vida/destino/carma está/estão querendo comigo. Mas espero que eu tenha me entregue de coração a tudo neste ano de 2014 porque em 2015 eu quero tudo diferente!

****

A amizade sempre foi um dos maiores bens para mim. Durante muito tempo, a elevei acima do próprio amor. Uma das coisas que aprendi este ano, é que com o passar dos anos, nossa capacidade de amizade -- que eu sempre julguei mais "fácil" que a nossa capacidade de amor --, está cada vez mais comprometida. 

Os nossos tempos estão cada vez mais insanos. Eu quero paz.

"Bambu que verga mas não quebra"

Outro longo intervalo antes de um novo post... pois é. Acho que é momento de começar minha retrospectiva de fim de ano!

Um turbilhão de coisas têm passado pela minha cabeça. Mudei de cidade, mudei de emprego, fiz novos amigos, tantos outros foram embora. Tantas decepções e tantas surpresas.

Eu nunca fui uma pessoa com mania de perseguição. Não acho que exista uma conspiração secreta de pessoas que estarão lá perdendo (ou investindo) seu tempo para me prejudicar de alguma maneira. Sério: não tenho esse perfil.

Mas devo admitir que quando a mesma coisa ainda acontece com uma certa persistência, há de se pensar, minimamente, que tem... algo acontecendo. Quando essa mesma coisa perdura por um tempo maior que um ano, você começa a procurar motivos. Quando perdura por mais de dois anos, você se dá conta de que algo sério está acontecendo. Serei eu a culpada? Estou com depressão? Bem, eu sei que estive em depressão por pelo menos dois anos.

Aí, estamos em 2014 e você acredita que já expurgou tudo que poderia ter expurgado. Que o ato de revirar o seu poço interno de negatividade acumulada já foi feito e você lavou tudo. Você já se renovou. Você é uma nova pessoa. Nem depressão mais você tem!

Aí, eis que 2014 entra solando na sua vida com os dois pés na sua cara!!!

Já não sei nem dizer qual foi o pior ano da minha vida: 2011? 2012?? 2013??? 2014???

Há uma característica comum a todos esses anos: foram os anos em que mais amigos saíram da minha vida. Alguns de maneira indolor, outros de maneira cirúrgica, outros da maneira mais dolorosa possível.

Na imensa maioria das vezes, fui pega de surpresa. Surpresa bem surpresa.

Em 2014, a coisa foi mais funda ainda (se é que seria possível): pessoas específicas do meu círculo familiar me surpreenderam negativamente (ou mostrando quem realmente são...). E, novamente, fui testada. Gente, mas não tinha acabado?

Que nada. Engano seu.

Este ano, outra vez, fui surpreendida. Chorei e sofri muito. Foram pessoas muito próximas. Isso no primeiro semestre. Quando achei que nada mais me pegaria de surpresa... eis que pessoas distantes resolveram "atirar o pau no gato". O que é mais engraçado nisso tudo (porque precisamos ver graça na desgraça) é que são pessoas que não tinha contato direto há muito tempo. Do nada, assim, DO NADA, vieram me destroçar em público por motivos que nem vou tentar entender. (Nem é porque não vale a pena... mas é porque não vou chegar a lugar nenhum)

Aí fiquei pensando: cara, quieta ou falando, as coisas simplesmente acontecem. Não há explicação lógica para isso. Talvez haja alguma explicação cármica. Talvez haja alguma explicação de lei da atração. Talvez possam ser tantas coisas.

Nesse momento, me agarro à única coisa que posso me agarrar: Astrologia. Com o software, podemos analisar os trânsitos dos planetas voltando ou adiantando o tempo. Astrologicamente, há explicação dessa situação tensa toda que começou no ano de 2011 cujo período mais intenso está terminando... com seus pequenos ápices aqui e ali.

Me entristece profundamente porque já vivo um momento muito recluso. E tenho poucas pessoas ao meu redor. Amizade, para mim, (casa 7 em virgem e casa 11 em capricórnio) é e sempre foi algo sagrado, construído ao longo de muitos e muitos anos. Não gosto de perder (acho que ninguém gosta), gosto de construir e fortalecer. Mas a vida é assim, não é? Talvez os alicerces não tenham sido bem estruturados... ou as bases foram muito ilusórias. Quem poderá dizer?

Eu já julguei muito as pessoas no passado, hoje bem menos. Receber um julgamento determinado de alguém sem direito a réplica e, pior, quando você responde e é simplesmente deixado no vácuo (todos os casos deste ano foram assim, respostas sem retorno) é um sinal claro de que as amizades não eram tão amigas assim, e eu preciso mesmo rever meu conceito de amizade e pensar no que eu quero de verdade para mim para os próximos anos.

O trânsito do planeta Plutão na minha casa 11 está me ensinando isso e eu quero aprender. Mas, devo dizer: dói.

Um novo amanhecer

Há tanto tempo que eu não escrevo decentemente neste blogue. Há tanto tempo que eu venho me sentindo sozinha, perdida, sem bússola, sem óculos, sem mapa ou gps... uma desconfortável sensação de que a vida perdeu todo o sentido.

Quantos de nós não se sentem assim em algum momento de sua vida?

Os motivos podem ser diversos... se você se compara com as pessoas ao seu redor, e o seu parâmetro simplesmente se torna o que os outros estão fazendo com suas vidas, você simplesmente vende sua alma. Nada exterior ao que está dentro do seu coração deve ser parâmetro para nenhuma decisão em sua vida.

Mas quem disse que as coisas funcionam simples assim? Deveriam, né? Porém... A realidade é bem mais radical.

Hoje, estou começando a olhar para a minha vida de forma mais ampla e mais amorosa. Algo que não fazia há muitos anos. Mais de três, diria. Não vou esmiuçar o que eu fiz. Apenas digo que depois de tantas brumas, estou finalmente vendo a velha estrada que sempre foi minha e que nunca saiu da minha frente.

É o processo pessoal de cada um. É o objetivo de cada um. Creio que, no fundo, todos tenhamos o mesmo objetivo... apenas escolhemos caminhos distintos. Formas diversas de chegar lá. E aprendemos... de alguma forma, na dor ou no amor, aprendemos.

Eu precisei me afastar de muita coisa que me incomodava. Obviamente, o incômodo do exterior apenas era uma materialização de como eu estava me sentindo por dentro... e não sabia o que fazer para silenciar. Quer dizer... sabia. Mas não admitia. Eu precisei levar tudo até os limites e, no atual momento de minha vida, estou vivendo com as consequências de minhas escolhas radicais. Creio que não me arrependo de nada... apenas acho que poderia ter feito diferente. Pois, nesse processo, perdi muito... também ganhei, claro. Mas, como todo mundo tem me dito: o que vai é porque precisava ir e o que ficou é porque tinha de ficar.

Com tudo isso, não quer dizer que voltarei a ser o que era antes. Isso é impossível e uma grande utopia que muitos de nós perseguem sem saber. Não podemos permanecer estáticos ou mesmo pausados. Isso é um sonho – na verdade um grande pesadelo – que nunca deveríamos tomar como o melhor caminho. Mas fazemos.

Agora, o que eu vejo disso tudo é que, de fato, eu não perdi nada. Não perdemos um amigo, um emprego, nosso idealismo, nossa bondade ou nossa fé – algo que eu vinha vociferando em alto e bom tom. Nem é teste da vida para saber se você é forte o suficiente para aguentar o tranco. É a vida... o movimento da vida. Que passa por sua vida... como ciclos de aprendizado e evolução. Simples assim.

Eu estou me perdoando, de coração puro, como há anos não me perdoava... e isso tem um incrível poder terapêutico que vocês não têm ideia!!! Porque se autoperdoar pressupõe que você aceita todas as merdas que fez na vida. Que você é um ser humano falível. Que errar porque você teve fé não quer dizer que você perde sua fé. O amor e a luz que existem no seu coração não se apagam ou diminuem por isso. As situações na vida não são um jogo de ganhar e perder, de vencedores e derrotados, de bons e ruins, de exemplos e renegados. Todos alternamos esses papéis, todos acertamos e todos erramos.

Foi me dado um precioso tempo para eu fazer o que quiser com ele. E eu espero poder fazer jus a esse presente corrigindo amorosamente a minha autoexigência (que eu sempre vi com bons olhos mas que, hoje em dia, vejo como algo que pode ser melhor modulado) como foco no amor e na ação.

Desculpem se escrevi demais... mas me emocionei ao longo desse texto, que veio assim: de supetão mas com uma força e uma pureza incrível! Ele precisa sair de mim. E saiu.

Obrigada ao Universo. Obrigada aos meus anjos da guarda.

Obrigada às pessoas especiais que mesmo no olho do furacão nunca saíram do meu lado.

Um dia feliz

Este dia de 02 de julho de 2014 foi um dia muito feliz!

Talvez, porque esteja de férias. Talvez, porque esteja prestes a fazer aniversário e eu veja todas as atenções se voltando para mim. Talvez... tantas coisas. Posso fazer uma lista delas.

Mas, acima de tudo, eu acho que sei dos motivos. Não vou colocá-los todos aqui, porque não cabe. Um deles está diretamente relacionado ao livro que terminei de revisar antes de tirar férias: Love 2.0, que sairá pela editora onde trabalho. Foi uma leitura que mexeu muito comigo, positivamente. Muitas leituras e muitas experiências já mexeram comigo, nesse sentido. Porém, no atual estágio da minha, ver um tipo de livro desses cair no meu colo, é quase um tapa na cara do destino dizendo: "Ei, bora?".

Sempre me considerei uma pessoa muito privilegiada, ao longo da minha vida. Sempre tive amigos, que da melhor maneira que puderam, contribuíram e estiveram ao meu lado. Sempre estive cercada de pessoas que me acalentaram, compreenderam, tiveram paciência e amor. Sim, muito privilegiada!

Nosso conceito de amor, infelizmente, é muito mundano, muito humano, muito raso e muito fraco. O verdadeiro amor universal que deveríamos sentir uns pelos outros está longe de se concretizar na Terra. Mas tenho muita fé de que um dia, uma era, nem que seja daqui a 10 mil anos, a gente possa ser o que sempre e verdadeiramente fomos: puro amor e luz!

Quero retribuir e compartilhar essa alegria pura que estou sentindo hoje. Esta é a minha verdadeira essência. Não dizem que devemos compartilhar as dádivas que ganhamos? Estou aqui doando essas sementinhas que, espero, brotem em seus corações. Pensem luz, amor. Não façam esforço, nem precisa. Apenas pensem... sintam!

Hoje foi um dia feliz. E tenho certeza de que os próximos serão tão felizes quanto!

Hoje, não me importei com os paulistanos apressados, mal-educados, grossos. Deixa eles irem! Eles querem ser os primeiros, deixa eles serem! Querem pegar o metrô antes de mim, que peguem! Querem atravessar a faixa no vermelho e quase serem atropelados, que seja! Eu esperei, eu dei passagem, eu aguardei.

E, inacreditavelmente, eu ouvi pedidos de desculpas. Não é bizarro, isso? Pessoas que esbarraram em mim e pediram desculpas. Foram poucos, mas existiram. Não acreditei.

Nem reparei se me deparei com atendentes antipáticos. As pessoas hoje estavam tão sorridentes. Uma atendente no MAM me sorriu tão deliciosamente, eu fiquei tão feliz. A garçonete do café também brincou comigo e abriu vários sorrisos lindos e piscou. Gamei! Lindas. Porque é isso mesmo, quando você está bem e espalha o bem, somente coisas boas retornam. Mas vejam, não pode ser forçado, precisa ser um movimento natural da vida, como se você agisse sem perceber.

Tava eu lá na fila gigantesca e lenta da Starbucks. Quase pensei em sair. Mas fiquei olhando o menino do caixa que, em nenhum momento tratou mal algum cliente. Fazia tudo num compasso contínuo, mesmo com a fila gigante, mas sempre sorrindo. E escreveu meu nome com um sorriso no copo. Como não agradecê-lo com um sorriso, também?

Também passei por uns momentos bizarros, mas não sentir ódio em situações extremas supostamente é algo muito difícil. E é!!! EU SEI. Mas quando você alcança o nível (que não é constante, mas é nosso objetivo que seja) os efeitos são imediatos. Tente!!!

Hoje também foi um dia feliz porque estive com uma amiga muito especial, a Lari. Já passamos por tantas, deixamos de nos falar, voltamos a nos falar. Ela tem algo que admiro e que eu acho essencial num relacionamento, seja ele qual for (no nosso caso, amizade): mudar e acompanhar mudanças. Esta é a nossa melhor sintonia. Passo horas e horas ao lado dela sem nunca me cansar.

E também me encontrei com minha amiga de mais longa data: Denise Y. Treze anos! Para uma pessoa como eu, sem amigos de infância, esta é uma amizade muito especial. Desde a primeira a vez que eu a vi, sabia que seria para sempre. Ao longo dessa estrada, esburacada e lisa, vivemos nossa história. E eu tenho orgulho dela.

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Pense o amor. Sinta o amor.
Cara... somente coisas boas virão. Vai por mim!

Até breve! 


Um reflexão sobre a amizade

Já escrevi muito sobre a amizade neste blogue. Clica aí no link aqui que você verá as postagens antigas que escrevi sobre esse assunto.

De tempos em tempos, nos últimos quatro anos, vivi experiências bizarras -- para dizer o mínimo. 

Acredito que cada um de nós tem as lições para viver e aprender na vida. Uma lição de uma pessoa não é igual à lição de outra pessoa. Então, comparar experiências é sempre complicado. Acho mais interessante nos inspirarmos na lição de alguém. Julgar é pior ainda.

Eu sinto que estou desenvolvendo um temor muito grande de confiar nas pessoas da mesma maneira que confiava há uns atrás. Obviamente, não sou mais a mesma pessoa e os nossos tons, nossa expressão mudam e se amoldam com o passar dos anos. Mas uma coisa que eu nunca queria perder era a capacidade de confiar plenamente nas pessoas.

Não adianta. Perdi. E perdi MUITO. Muito mais do que imagino. 

Mas este não é um caso perdido! Mas não posso exigir de mim mais do que sei que sou capaz de dar. E confiança nas pessoas é algo que agora vem sempre acompanhado de restrições, muralhas, testes e muita, mas MUITA observação.

Estou aprendendo a me perdoar. Acho que, influenciada pelo livro que terminei de revisar, aliado a todos os cursos de autoconhecimento esotéricos que já fiz, além das aulas de astrologia, percebi que o amor e a compaixão para si próprio é o maior e primeiro amor que precisamos ter. Se não sentirmos o puro amor para nós mesmos, por nossos defeitos e qualidades, simplesmente somos incapazes de amar alguém.

E esse amor compassivo não tem nada a ver com narcisismo ou autoestima. É o amor puro, o amor universal, o amor que todos nós almejamos mas poucos de nós sentem.

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É uma tarde quente de inverno. Estou ouvindo uma música que parece Bon Jovi mas não é. Uma letra e uma melodia tão lindas... me inspirou escrever um post, depois de tanto tempo.

Eu tive umas ideias para o blogue, mas ficou de lado, por enquanto. A questão da amizade, das pessoas do meu convívio, de todas as perdas [que muitos dizem serem ganhos!] retumbam no coração e na mente desta canceriana. 

Cancerianos são trolados o tempo todo por serem assim, sentimentais. Isso não é sentimentalismo tosco e barato. É a capacidade de saber lidar com o universo sem formas, líquido e intenso dos sentimentos. E é isso que diz essa música no repeat one; "We've gotta say to yesterday, / 'cause I can't go on / since we both agreed to go our separate ways".

Estou me perdoando deste sentimento de que falhei comigo mesma por toda a dor que passei por todos os amigos que se foram. Não vou dizer que não foram amigos, porque foram. Foram, sim!!! Eu sinto falta e saudade de todos os momentos que ficarão eternamente nas minhas lembranças. E é lá que essas memórias viverão. Estou me perdoando e perdoando.