Já se sentiu perseguido por uma ideia?
Acho que todos nós temos esses momentos, vários, ao longo do dia, ao longo de uma semana ou ao longo de uma vida inteira.
Minha ideia que me persegue agora, e que vai me inspirar a escrever meu novo texto para o Parada Lésbica, é esta: seres humanos como seres sociais. Eu queria poder ler 100 livros que falassem sobre o assunto, conversar com mais 100 pessoas e ter 100 razões para entender por quê precisamos ser sociais.
Mas, como sempre, toda pergunta tem sempre uma carga de paixão idealista e a minha não é diferente. Porém, devo confessar que essa ideia sempre me perseguiu desde cedo (como algumas outras que vira e mexe eu trato aqui).
Talvez, e eu não quero ficar fazendo autoanálise aqui, tudo se deve ao fato de eu sempre ter tido dificuldades de me encaixar em um grupo desde que eu tenho lembranças. Eu sofri muito com tudo isso, pelo fato de ser extremamente tímida -- um verdadeiro jacu da roça -- que preferia ficar quieta observando a falar sem parar. Eu sofri muito pelo fato de as pessoas me forçarem a ter de interagir quando eu não queria!
Recentemente, comecei a assistir a tal série Dexter... que desgraça. Me identifiquei plenamente com o personagem, em uns 60%. Claro, nunca matei bichinhos, nem seres humanos, embora já tenha tido vontade de matar algumas pessoas chatas por aí (brincadeira). Fato é que as frases e -- principalmente -- os pensamentos do Dexter me incomodam e começaram a me questionar algo que eu tinha meio que enterrado: por que fingimos ser quem não somos, apenas para estarmos inseridos em uma sociedade hipócrita? AARGH!
Eu amo essa pergunta, porque a resposta dela levaria a tantas questões filosóficas que não chegaríamos a lugar algum. Somos seres que precisam de convívio em grupos para não ser como o Victor de Aveyron. Mas e daí?
Acho que os otimistas me diriam que, juntos, os seres humanos cresceram, se desenvolveram e criaram a tecnologia. Os pessimistas diriam que os seres humanos geram competição, guerras e destruição. Eu concordo com os dois. Eu apenas queria poder viver no grupo dos sem grupos sem ser discriminada por isso. É incrível como as pessoas te olham se você diz que não bebe e/ou não fuma, como se isso fosse quase um atestado de sobrevivência necessário.
Para alguns alienados, pode ser. Para outros que gostam da vida na farra eterna, idem. Ou mesmo para aqueles que gostam de fazer por fazer, sem seres necessariamente alienados ou farristas. Para mim, não. E cadê o respeito? Eu não bebo, eu não fumo. Eu gosto de filmes, gosto de silêncio, gosto de educação. Sou nerd, talvez.
O fato é que a necessidade de inclusão social ultimamente anda me afetando de tal modo que em muitos momentos me sinto de muito perdida. Recorri recentemente à Lari/Bolgolinha para me orientar depois de um encontro que tive porque simplesmente eu não consegui compreender o fato de não conseguir nem conversar com determinadas pessoas! Elas não são burras, não são preconceituosas (não muito), no entanto, não dá para conversar com elas, nem fingindo com o master gêmeos/leão que tenho. E olha que sou PhD nisso!
Eu estou numa fase muito "quero conhecer gente nova" e eu adoro poder ter essa oportunidade de compartilhar histórias e experiências de vida. Infelizmente, o pacote não vem sozinho, porque sempre é necessário fazer coisas que não faço para poder passar no ritual de aceitação. Não posso ser simplesmente aceita? Não. Acho que não.
Bem, vamos vendo até onde meu gêmeos/leão/sagitário dá conta. Espero não surtar de vez com o excesso de sem-noção e falta de respeito que sinto às vezes. Eu tenho plena e absoluta certeza de que ninguém fez, faz ou fará por mal, e que estou me sujeitando. Mas... sabe como é. Tem hora que cansa. Por enquanto ainda tô levando bem!
Saudade da minha filha Poliana...