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Olar, 2024!

Então, 2024 começou!

Cheio de uma energia única e especial que nem imaginei que fosse possível. Afinal, meu último post foi bastante triste até. No entanto, como tudo na vida são escolhas, eu fiz uma. E sequer sabia que, ao fazer essa escolha simples, eu estava fazendo uma baita escolha que nortearia minha vida este ano (e que já vinha norteando a minha vida de alguma forma).

Olhando em perspectiva, percebo que eu iniciei esse movimento justamente no dia do meu aniversário, 18 de julho de 2023, quando decidi comemorar em um karaokê com minhas poucas amigas, um sonho que tinha sido protelado por décadas. Acho que ali a sementinha foi plantada.

E essa sementinha rendeu novas atitudes, a primeira dela, entrar em apps de relacionamentos. Que então gerou aprendizados novos quando decidi sair da minha bolha. Pude conhecer outra mulher especial que entrou na prateleira especial que existe em meu coração e é reservada àquelas pessoas... bem... essas! Mesmo sem falar mais com ela, ela sempre estará aqui.

Participei do lançamento da maior tradução que fiz até o momento. Comecei a conher pessoas novas, fisicamente, não apenas virtualmente. Literalmente me abri a todas as possibilidades. E tive a clara certeza de que não quero estar em um relacionamento amoroso neste momento da minha vida. Por que? Porque estou apaixonada por mim mesma! De novo! Como não estava há décadas.

Estar apaixonada por si mesma, em outros tempos, significaria muitas atitudes imaturas e impulsivas, o que, de certa forma, eu acabei cometendo. Mas, como disse recentemente em meu twitter, quando você é uma máquina extremamente bem azeitada (e esse tema rende muitos posts: "o que é ser uma máquina bem azeitada") por mais que uma peça dê problemas, o restante dá conta de segurar enquanto você faz a manutenção ou a troca daquela peça.

Desse modo, o último mês do ano, dezembro, começou reflexivo mas terminou extremamente feliz. Tive o melhor natal e o melhor reveillon em anos. Feliz por simplesmente ser quem eu sou e por estar onde estou. Feliz por ter sobrevivido à intempérie de 2018-2022. Felicidade não tem explicação, assim como todos os bons sentimentos que sentimos, apenas sentimos e cuidamos deles.

O segundo semestre começou um dos movimentos mais belos da minha vida até este momento: o de abertura a tudo que me desafie e me tire da zona de conforto. Eu literalmente me lancei ao desconhecido, com minha sabedoria espiritual aprendida até este momento, com minha eterna fé, esperança e idealismo (que, obrigada mãezinha, eu nunca mais perderei!). Aonde isso vai me levar? NÃO SEI. Mas como diz a frase que já conhecemos: pelo menos eu sei que não caminharei numa estrada dolorosa e amarga que já conheço!

E aqui estamos! 2024.

Não fiz lista de promessas, não fiz lista de desejos. Nada disso.

Apenas reafirmei que quero continuar nessa toada. E precisa de mais do que isso?

Eu estou curtindo demais a jornada da minha vida. E estou aberta a todas as pessoas que queiram compartilhá-la comigo. Todas serão bem-vindas!

E obrigada, Halu Gamashi: sem você, nada disso teria sido possível. Obrigada por eu ter conhecido a família eletromagnética, a verdadeira família que eu busquei a minha vida inteira. Agora eu me sinto em casa.


O perfume das flores de jabuticaba

Hoje eu fui tomada por um sentimento atípico que há muito não sentia. Não assim.

Ao longo do dia, não consegui refletir a respeito do que seria essa sensação...

Mas, agora, à noite, observando a cidade sob um frio tardio de inverno, eu senti o aroma das flores do pé de jabuticaba que minha mãe plantou.

Eu queria ficar em silêncio.

Queria sentir o silêncio.

Queria me alimentar do silêncio.

Estar e continuar só sem me sentir solitária.

E eu me lembrei de, há muitas décadas atrás, olhar para a noite e me sentir assim...

E hoje.

Entender que algumas coisas precisam mudar e morrer.

Enquanto outras mudam e ainda continuam as mesmas.

Ter a sabedoria para discernir essa tênue linha que separa passado, presente e futuro.

Ter a humildade para aceitar e perdoar o eu do passado que ainda continua convivendo em nossas lembranças com o nosso eu de agora.

Abraçar todas as nossas várias pessoas que fizeram coisas de que nos envergonhamos.

Esse único e poderoso encontro que acontece e poucas vezes nos damos conta.

E eu fiquei observando a cidade silenciosa. Imaginando o que as pessoas estariam fazendo em suas casas. Procurando estrelas em uma cidade iluminada que não deixa mais que as vejamos.

Sentindo o vento gélido e o silêncio...

Que retumba em minha alma e reverbera sons múltiplos e suaves em mim.

A vida é feita de certezas...

Mas a melhor certeza que podemos ter é que podemos sempre ser uma nova pessoa, tão pura e tão pueril quanto aquela que fomos um dia, sem deixar de abraçar todos os outros eu que representamos.

E qual é o elo disso tudo?

Amor.

Apenas o amor.

GAP — The series: minha review

Tailândia.

Minhas únicas referências eram culinárias (assim como quase tudo que se refere ao sudeste asiático) e o fato de que se trata de um dos países onde mais se realizam cirurgias para mudança de sexo. Sabia disso porque tinha visto a apresentação que viralizou em 2011, do Thailand's Got Talent, da Bell Nuntita.

Nunca, mas nunca imaginei que viria desse país uma série com temática estritamente lésbica que me encantaria. NuncaA série se chama Gap: The Series e é baseada no livro homônimo escrito por Devil Planoy.

Lembro do burburinho que rondou o twitter no final do ano passado. Mas estava com muitos problemas pessoais para pensar em encarar uma série lésbica, já que a maioria delas não me agrada — seja pelo foco nas adolescentes, seja pelo excesso de drama, ou, ironicamente, pelo excesso de futilidade. Tantas e tantas séries por aí... nunca vi nenhuma. No ano passado, ainda, estava encantada com a fanfic escrita pela Brullf que, na minha humilde opinião, é uma das mais lindas histórias ficcionais já escritas. Já tinha falado por cima dela neste post aqui. Então, queria manter o calor que o texto tinha me deixado em mim. Um calor com cheiro de esperança e muito amor. 

Mas, esta semana, vendo mais uma review de um canal que sigo no YouTube, resolvi dar uma chance, enfim! Gosto muito do que essa moça fala e o título do vídeo nada mais é "a série que elevou o patamar de todas outras séries lésbicas". Essa é uma baita afirmação! Bem, vamos lá. Tá tudo disponível de graça no YT, com legendas em português, o que custa? 

Para mim, o que levo em consideração ao ver uma obra audiovisual, como um filme ou uma série? Coesão e coerência, da mesma forma que vejo ao analisar um texto ou um livro. E eis a primeira coisa que me chamou a atenção: a direção simples, direta e bem segura. As cores determinando os tons das personagens. O tom cômico oriental que não estamos acostumados a ver por aqui, com tiradas e piadas até ingênuas mas engraçadas dentro do contexto da história. A normalidade em aceitar todos como são: lésbicas, gays, butches.

A Tailândia é um país majoritariamente budista. E essa é a justificativa mais plausível para o país ser um dos que mais faz cirurgia para mudança de sexo, mesmo não aceitando o casamento entre homossexuais. Com todo o nosso aparato católico-cristão, acreditamos em bem e mal, deus e o diabo, julgamento e condenação. Nesta série não tem nada disso e o resultado inicial que temos é que estamos diante de um verdadeiro conto de fadas onde as pessoas têm comportamento tão incomuns para nós, ocidentais, que parece falso e ficcional mesmo.

Isso não quer dizer que não haja repressão por lá, mas ela é encarada de outra forma. E essa repressão vem na forma da Grandmother, a avó — principal antagonista da série —, que personifica o velho, o autoritário, o antigo, o conservador. Ela faz tudo que não queremos que ela faça: e chega uma hora que queremos que ela morra mesmo, como uma das personagens diz no último episódio.

(alerta de spoilers, hein!) 

A história central se passa entre as protagonistas Mon e Sam, vividas respectivamente por Becky e Freen (não me peça para tentar escrever o nome em tailandês!). Variando habilmente a inserção de flashbacks para conhecermos a história das personagens, sabemos que elas se conheceram ainda muito pequenas. Sam é a mais velha e Mon a mais jovem que se inspira nela por causa de sua gentileza e, a partir de então, conduz toda a sua vida se espelhando em Sam, uma representante da alta hierarquia social, vinda de família extremamente rica. Mon, por sua vez, é pobre (mesmo que more numa linda e maravilhosa casa) mas segue os passos de sua ídola até poder conseguir trabalhar como estagiária na empresa de Sam.

O que mais se comenta das duas personagens diz respeito da química entre as atrizes. E isso é fato, sabemos que para um casal dar certo diante das câmeras, é necessária química entre as pessoas por trás dos personagens. Inúmeras entrevistas de casais notórios das telas falam disso. Em tantas vezes essa química vai além dos personagens e os atores envolvidos acabam namorando, casando. Essa química é necessária para poder trazer a veracidade para os espectadores.

Porém, no início a química está no polo da repulsa, a extrema repulsa de Sam por qualquer pessoa que lhe pareça alheia, estranha, incompetente. Sam, ao contrário do Mon imaginava, não era mais gentil, mas uma impiedosa sem coração. Não sabemos o que aconteceu na vida de Sam para que ela se tornasse assim. Mon, em contrapartida, encarna quase um personagem infantil, ela se veste apenas de rosa, rosa com unicórnios, seu rosto é angelical, seu olhar é doce — todos dizem a mesma coisa quando a veem pela primeira vez. O outro lado temos Sam que apenas se veste de preto, músculos da face que nunca exibem um sorriso (exceto quando vai demitir alguém) — quase um diabo vestindo Prada.

O desenvolvimento das personagens que, inevitavelmente sentem uma atração impossível de controlar uma pela outra, é outra coisa maravilhosa de se acompanhar. Aliás, todos os personagens, dos principais aos secundários, até a antagonista e os que parecem fazer papel de antagonismo, têm uma história complexa, de transformação e capacidade de amadurecimento emocional como se o encontro de Mon e Sam afetasse a todos positivamente. Como se o encontro delas e o amor que elas descobrem sentir uma pela outra fosse capaz de afetar a todos e, por meio do amor, causar uma transformação positiva. As pessoas declaram sentir ciúmes, mas ninguém age intencionalmente com maldade para prejudicar alguém. E até diferentemente do que prega a cultura e a sociedade tailandesa de não ser direto, rude, ofensivo alguns personagens são bastante enfáticos e diretos como se essa característica fosse uma qualidade necessária para que a transformação se efetivasse em todos.

Desse modo, o grande perigo jaz em julgarmos a série com nossos olhos ocidentais. Mas, diante do sucesso de público, creio que esse perigo não exista em larga escala. Estamos tão acostumados a manifestações efusivas e intempestivas de amor ou de ódio que, ao não vermos isso, achamos estranho. Eu achei quase angustiante o excesso de brincadeiras entre Mon e Sam apenas para elas darem um selinho. Mas, depois entendi que se tratava da construção da história delas já que elas não eram lésbicas antes de se conhecerem. No entanto, mesmo assim, estamos no século 21 e mesmo que você seja totalmente ingênuo no assunto do amor e suas intimidades, quase não cola esse excesso de cuidado entre as duas.

De qualquer maneira, creio que outra coisa que as fãs mais adoram é a forma como elas sempre estão se olhando: Mon com um olhar doce, devocional, amoroso, puro. Sam com seu olhar misterioso, perscrutador, intenso e sempre com uma barreira de 500 m de aço para se defender. Confesso que essa intensidade de troca de olhares é algo muito excitante, afinal, os tímidos sabem que precisam recorrer ao silêncio do olhar para avanços milimétricos no ato de conhecer alguém melhor. Hoje em dia não valorizamos muito o olhar, algo que nunca deveríamos deixar de fazer. 

Bem, justamente por estarem se descobrindo lésbicas ao mesmo tempo, e por estarem amando com tanta intensidade pela primeira vez, ambas erram muito em suas inseguranças. É um constante exercício de reflexão, auxílio dos amigos (que ambas tinham separadamente e depois ficou todo mundo no mesmo grupo) e dos pais de Mon. Foram necessárias muitas lágrimas para o amor sempre ser colocado em primeiro lugar. 

Eu, confesso, chorei muito. Muito!!! Mas o último episódio foi o que mais chorei, quando a avó de Sam sai do antagonismo que ocupou na série toda para o destaque principal. Nossa chorei tanto que tive de pausar para deixar as lágrimas saírem e eu me recompor. Chorei ao longo da série, nas brigas entre as duas, no distanciamento ansiando pela volta. Mas o diálogo da avó com Sam me destruiu. Quantos de nós aqui não queremos apenas isso: aceitação? Queremos ser amados pelo que somos, simplesmente. E "o amor vai encontrar um jeito. Ele transcende gênero e sexualidade" disse o sobrinho rico, que tinha chegado da Suíça, para a avó. 

Minha opinião? Sigo o mesmo que disse a moça do canal do YT que citei mais acima: Mon e Sam são um casal que estão na lista dos Top 5 melhores casais lésbicos ficcionais. Não ganha de Bette e Tina (difícil alguém superar esse casal) mas Mon e Sam nos ensinam tanto com seu amor verdadeiro uma pela outra. Obrigada ao autor que escreveu o livro e criou essas personagens e ao Idol Factory que conseguiu tão habilmente transpor esse maravilhoso casal para a tela — não é fácil fazer isso.

Eu me encantei demais com esse "conto de fadas". Alimenta mais um pouquinho aqui meu coraçãozinho cansado e solitário. Gosto de acreditar que possam existir histórias desse tipo por aí como a desse casal cuja matéria li no Uol. E prefiro acreditar que ainda encontrarei a minha história com final feliz, pois, Gap tem um final (cheio dos clichês que mais queremos e amamos) muito, muito perfeito e muito feliz!


Feliz ano velho

 E, num bater de asas de uma borboleta, este ano praticamente se foi.

Como sempre faço (não apenas na retrospectiva, mas como hábito que seguirá comigo até o último suspiro de minha vida), estou reflexiva. Pensativa. Pesando prós e contras. Vendo onde valeu a pena. Vendo onde eu errei, de novo. Me lembrando das promessas de começo de ano e o quanto eu consegui cumprir e o quanto eu falhei.

O balanço?

Bem, a gente planeja as coisas como se tudo seguisse um fluxo de raciocínio comum. É impossível prever as surpresas, nem mapa de previsões ou tarô são capazes de fazer isso. Nessas horas, estamos suscetíveis ao acaso, ao destino... ao que você quiser dar nome.

Com o tempo, percebemos que quanto mais nos acostumamos às surpresas da vida, quanto mais aprendemos a ter jogo de cintura, a relevar, a perdoar, a aceitar, a entender e a brigar onde é preciso... podemos dizer que alguém alcançou mais um nível de maturidade.

Pois acredito que maturidade seja isso: ter as rédeas da vida na mão, saber conduzir nossos cavalos, e saber continuar tocando a vida mesmo que não tenhamos mais as rédeas, uma roda se soltou, sua bunda tá cheia de calos pelos buracos da estrada.

Este ano não foi fácil. Não me recordo de um "ano simples" há mais de uma década em minha vida. Tenho bons momentos, mas esta longa estrada da vida (acompanhando meus trânsitos astrológicos) é um constante teste para saber se a minha fé em mim mesma continua firme e indiscutível. E, neste ano, eu tive provas de que sim, acho que cresci e amadureci mais um pouco. Larguei para trás os fardos da culpa e da mágoa.

No entanto, vivi mais um desafio único e inédito. E entendo que tudo que vivi até hoje me preparou para poder vivê-lo. Pois, precisei de foco, coragem, fé, humildade, resiliência e bons amigos.

Essa situação me mostrou algo muito claro: quanto menos resistência você faz com as coisas que você não quer em sua vida, mais rápido elas vão embora e menos você vai sofrer. Mas para aprender uma lição aparentemente "simples" como essa, eu tive de viver por mais de dez anos (citados acima) com dores iguais, mágoas iguais. Caso contrário, certamente, eu teria mais um carma para cumprir nesta vida. 

Não há receita mágica nem secreta para isso além disto: autoconhecer-se.

O autoconhecimento, além de matéria-prima para todos os livros de autoajuda, é uma das verdades mais imutáveis de nossa existência. Quanto mais nos conhecemos, nossas qualidades e nossos defeitos, mais podemos nos lapidar. Outra velha metáfora.

Tenho conversado sobre isso com algumas pessoas próximas a mim. E fico feliz por saber que compartilhamos de um mesmo conceito geral de que, sem se autoconhecer, não há muito para onde ir a não ser o lugar-comum dos erros e reclamações.

Não sei o que me espera em 2023. Mas sei que sem vocês - Denise, Manu, Renata, Aline, Lari, Maria Helena, Claudia, Nilce e Tamires (e outras duas pessoas que se despediram de mim e não irei mencioná-las aqui, já que elas decidiram terminar a amizade comigo) - este ano teria sido muito mais perigoso e difícil. Obrigada a cada uma de vocês pela amizade.

A todos nós, que mesmo na dificuldade, saibamos ouvir, compartilhar e falar. Pedir, se for necessário. E que 2023 traga muita saúde e luz!

Para encerrar o ano de 2021

 É um fim de tarde dos primeiros dias de verão. Venta muito, um vento frio. Deve estar uns 22 graus. Uma temperatura perfeita.

Vinha adiando escrever um post, mas eis que chegou o momento. E, em uma tarde tão bonita como esta, me convidando a por meus sentimentos para fora.

A poucos dias de findar este ano, o que eu sinto é que as fichas ainda não caíram. 2021 certamente não foi o ano mais difícil da minha vida, foi o ano mais inesperado. Tantas coisas boas aconteceram! E tantas supresas tristes também.

Meus pais morreram. Oficialmente, estou morando sozinha pela primeira vez. Passarei meu primeiro natal sozinha. Quem nunca quis viver uma noite como o Kevin em Esqueceram de mim? Mas quando este momento chega, você percebe que nada é como nos filmes.

Queria ter conhecido mais pessoas novas. Queria ter aprofundado alguma amizade. O balanço geral disso é praticamente zero. E mais pessoas saíram da minha vida, umas de forma meio esperada, outras despercebida. Outras continuam presentes surpreendentemente.

Confesso que ainda tenho muito receio do futuro e uma ansiedade estranha. Por mais que você tenha todas as ferramentas para lidar com isso -- e eu tenho! -- sinto um frio na barriga aliado a uma certa falsa expectativa de que já sei como tudo isso vai terminar. 

Meus 44 anos de idade me mostram no que me tornei. E entre o oscilar de gostar e desgostar do que vejo, eu ainda gostaria de ter um pouco mais esperança e otimismo inabaláveis que já tive um dia. Talvez, eu ainda os tenha aqui dentro de mim, mas estão tão bem guardados que nem eu mesma consigo ver. Talvez, essa força -- se é que podemos chamar assim -- é tudo o que me deixa seguir em frnete mesmo quando perdi todos os motivos.

Então, com essa "força invisível", com meus 44 anos, minhas expectativas e meus objetivos, eu quero passar uma linha em 2021 e quero fechar ciclos. Estou cansada de dizer que estou cansada.

E, caso você tenha vindo até aqui ler este post, que seu 2022 seja o melhor de todos os anos de sua vida! Que tenhamos mais amor e empatia. Que possamos sorrir sem sentir culpa por isso.

Um sopro renovador

Anuncio, com alegria e fé, que este blogue trará posts novos até o fim do ano. É a proposta do fim de um longo vácuo -- existencial, diga-se de passagem --, para voltar a falar do cotidiano: esse, tão estranho e cada vez mais frio e egoísta.

Não vou negar que o viés será político. Impossível evitar esse assunto. 

E confesso que essa motivação veio depois de (mais uma... fazer o quê) grande decepção familiar. Durante anos (e não foram poucos), tinha em alta conta uma pessoa de minha família sanguínea. Era uma das últimas a quem atribuía admiração, muita, por sinal. 

Porém, como muitas pessoas perceberam, este ano foi esclarecedor e estarrecedor. Verdades foram reveladas. Que ninguém é perfeito, isso todo mundo sabe, mas conhecer o lado negro de cada um é assustador: preconceito, raiva, ódio, intolerância, desejo que as pessoas morram, se elas morrerem é por um bem maior (!!!), uma cegueira por um terrorismo comunista que avança no mundo como um vírus mortal.

Que a humanidade nunca esteve saudável, todo mundo também sabe. Temos em nosso dna um gene que não vive sem brigar, sem odiar, sem desejar o extermínio daquele (ou daquilo) que não concordamos. Milhares de anos, tantas civilizações e culturas e ainda nos baseamos em um Deus julgador, punitivo e assassino que norteia nossas atitudes. Acho que aquela conhecida afirmação poderia ser refeita assim "Deus foi criado à semelhança e imagem do Homem".

Nos falta o AMOR CRÍSTICO. É fácil amar e aceitar aquele que é totalmente diferente de nós? Por que fazemos isso? Por sermos "superiores"? Qual a base de critério? Socioeconômico, tenha certeza absoluta, meu caro leitor.

Enfim... este post é só pra dar um sinal de vida. Em especial, de mim para mim mesma. Este foi o ano mais difícil de toda a minha vida. Tentei desistir da vida em inúmeras formas e meio que desisti mesmo. Não sei quais serão as perspectivas futuras, mas decidi agir diferente. Posso vir a me cansar de tudo outra vez? Possibilidade que existe e não posso negar. 

Observação final: a todos os leitores que encontram um acalento em meus escritos (eu sei de todos vocês, leitores anônimos!), obrigada por trazer um objetivo maior para este blogue. É por vocês, cada um de vocês, que não desisti de escrever. Minhas palavras quando saem de mim não são mais minhas, são de quem ler, de quem se sentir abraçado. Obrigada a cada um de vocês, belos desconhecidos. 

E cinco mil emails depois...

Há algo extremamente libertador em, finalmente, limpar a sua caixa de emails com mensagens acumuladas ao longo de seis anos! Porém, antes de se maldizer quem costuma guardar coisas velhas (tipo eu, os cancerianos e pessoas afins), não é ruim guardar. Ruim é guardar por tempo além do necessário.

Eu tinha essa meta "de fim de ano" toda vez que olhava os cerca de cinco mil emails na caixa de entrada. Nem sei como tanta coisa foi acumulando ali. Pensava e lembrava naqueles acumuladores compulsivos americanos que guardam tanta coisa e nem lembram mais os motivos. Eu tinha me tornado uma?

Mas entrava ano e os emails continuavam ali. Uma lembrança mórbida de promessas nunca cumpridas. Não somos assim? Nos prometemos tanta coisa e cumprimos tão pouca... E essa era eu, ano após ano, só acumulando mais mensagens nos meus emails. Pior: ficava ali olhando o limite de capacidade do gmail: esses gigas aí são poucos, não são? O que acontece se eu estourar o limite? E quem consegue juntar tanto bytes de informação assim?

Não sei você, mas eu sou daquelas que toma decisões repentinas e as coisas precisam ser feitas nesse ímpeto, antes que se percam... rs Fui lá, comecei: 2014... 2013... E a cada título de email lido dinamicamente trazia um flash de lembrança. Te digo: se você não estiver bem, não vai ser legal ficar remexendo coisa velha. Porque por mais que seja só um "Oi" ou mesmo um email sem assunto, o remetente, a data e a pré-visualização do conteúdo estão lá. Dependendo do conteúdo... 

Então, em meio à pressa de não ter de ficar além do necessário, fui separando tudo em seções, algumas já criadas previamente, outras novas criadas. Assim, criei uma pasta especial onde coloquei alguns emails que ainda passarão por uma olhada final. Em breve, retornarei, lerei e apagarei de vez.

O interessante nesse processo todo, foi verificar quem sempre me escreveu ao longo de todos esses anos. Sempre as mesmas pessoas! Interessante e impressionante. Sempre as mesmas pessoas, perguntando, enviando algum link para eu ler.

Ao mesmo tempo, incontáveis emails não lidos, não respondidos... muitos. Lembrança do arrependimento de não ter respondido na hora e, agora, o tempo já se passou.  Outros incontáveis emails que retratam relacionamentos amorosos, promessas de relacionamentos, relacionamentos que não deram certo. 

E muitas, muitas lembranças de uma pessoa que eu fui e não sou mais. Lembranças dos erros que repetidamente cometi, vários deles com as mesmas pessoas. Lembranças boas, fotos velhas, músicas trocadas. Toda a minha história contada através de meus emails. Não sei se daria para escrever um livro, mas um post dá pra escrever. De repente, até um livro de contos... um roteiro de uma peça de teatro.

Há um motivo para alguém ficar guardando essas coisas velhas em uma caixa de email: para alguns pode ser pura preguiça de deletar. Para outros, e me incluo nesse caso, é o medo de perder essas lembranças, como se você ficasse sem um pedaço da sua própria história. E, sem história, quem somos?

Porém, creio que a nossa memória seja seletiva simplesmente porque não damos conta de ficar carregando pesos desnecessários. Uma pessoa poderia ficar eternamente presa em uma lembrança pelo medo de não se lembrar mais dela, de como se sentiu quando a viveu... Bem, eu poderia divagar muito a respeito do nosso apego ao passado, e este post não é exatamente sobre isso. Fica pra outro post! 

Assim, duas horas e meia depois, cinco mil emails depois, cerca de 95% deles apagados sem dó (se algo "importante" foi junto, paciência), emoções dosadas e algumas revividas... sobrevivi. Sobrevivi e estou me sentindo mais leve. A gente fica mais leve quando decide deixar o passado no passado e aproveita para reorganizar o físico e o mental.

É uma sensação boa sobreviver a uma avalanche de histórias e olhar para si mesma, agora, neste momento presente, e saber os motivos de estar aqui, fazendo o que faço e sendo quem sou. Não melhor nem pior. A única certeza é a eterna mutação que precisamos viver.

O que foi, se foi. O que se manteve, aqui está. E o que vem... seja como for, quero fazer melhor do que um dia fiz. É a mais nova promessa para a minha limpa e organizada caixa de emails! :)

s2016e01

E começamos mais um ano: season 2016, episode 01.

Na última semana, tive o privilégio de viver cem milhões de sentimentos em um dia, em dois dias, em três dias. Como aquele game que você tanto joga e você não consegue mais ficar no nível fácil, você precisa ir pro mais difícil, só pra saber se vai conseguir ir até o fim.

A vida é meio assim. Não para todos, mas apenas para aqueles corações corajosos. Não podemos dar reset na vida e começar tudo de novo na hora que quisermos. Não podemos amassar o rascunho e começar uma folha nova. Mas podemos -- e devemos -- aproveitar cada situação: boa ou ruim, se esta é a vida que se apresenta diante de nós, de quê adianta fugir, deixar para depois ou mesmo fingir?

Creio que, pela primeira vez em muitos, muitos, muitos anos, eu me perdoei de verdade. Me perdoei pelas expectativas que criei de mim para mim mesma. Me perdoei pela perfeição que exigi de mim mesma. Me perdoei por errar e errar e continuar errando as mesmas coisas, sem saber os motivos, sem saber se havia objetivo, apenas tocando o barco adiante porque esse é o único movimento que as pessoas esperam, mesmo que estejamos nadando de um poço fundo e escuro.

Creio que, pela primeira vez, em muitos e muitos e muitos anos... eu entendi mais e julguei menos. Eu me deixei machucar sem revidar, eu me machuquei a ponto de quase não querer mais viver, eu joguei a toalha por não ter mais forças para lutar contra o meu próprio demônio -- eu mesma. A espiral para o fundo do poço é tão infinita quanto a espiral para sair dele. Os dois caminhos estão sempre diante de você, à sua disposição para você fazer o que quiser.

Não sei do meu futuro e não estou mais preocupada com aquilo que não posso nem nunca pude controlar. Não me preocupo se terei mais amigos que inimigos. Não me preocupo com que esperam de mim. Nada disso... a vida é um eterno jogo de liga pontos. E eu quero apenas continuar unindo pontinhos aparentemente sem conexão alguma e criar algo. Criação. A vida é criação!

A todos os meus leitores deste blogue, antigos ou novos, apenas desejo um ano de 2016 com mudança, reestruturação e coragem... muita coragem, muita ação, muita paixão em suas atitudes, muita força e objetivos concretos. 

Quero estar mais presente aqui, não importa o que esteja escrevendo. Estarei aqui. Firme, forte, feliz, positiva e cheia de ideias e ideais: o que sempre fui e sempre serei!

beijos a todos. Até breve!

2014: um ano para (quase) esquecer...

Estou bem temerosa em escrever este post, sentenciando o fim de um ano, sabendo que ainda existem 30 dias para isso acontecer.

Mas creio -- e fé é tudo o que me resta -- que este ano tão ruim em tantos aspectos está para terminar. Lavar tudo que precisava ir. Extirpar. Finalizar. Transmutar. E... recomeçar.

Tudo que poderia ter acontecido comigo, aconteceu. Exceto minha saúde (que graças aos bons Deuses) anda bem, todo o resto foi posto a teste. A um duro e quase cruel teste.

Nunca, em toda a minha vida, fui agredida gratuitamente. A vida te dá uma pancada... você sacode a poeira, ri de si mesmo e volta a caminhar. Aprende o que acredita que precisa ser aprendido. Segue. Aí vem alguém e te dá outra pancada no mesmo lugar. Você é pego totalmente de surpresa, se questiona os motivos (existem motivos para agressão gratuita? Enfim...), se levanta e continua. Aí, passa mais um tempo, você toma outra pancada no mesmo lugar, com muito mais força! Por alguém que sequer sonhava que faria isso.

O que você faz?

É difícil manter a fé -- seja ela qual for -- quando acontece isso. O meu exemplo (que nem disse exatamente o que era ou quem fez) pode ser aplicado a qualquer circunstância na nossa vida. Talvez não seja assim que os psicopatas sejam formados? Ou aqueles que justificam sua maldade para o mundo a partir de todas as maldades que sofreu.

Mas não nasci para ser psicopata, embora tenha o meu estranho fascínio por essas mentes tortuosas (quem me conhece, sabe disso). Então, o que fiz? Me recolhi. Me ressenti. Me calei. E chorei muito.

Pessoas que eu confiava. Parentes. Pessoas com quem não falava muito mas tinha em alta confiança. Pessoas que nem me conhecem mas tem por base que me conhecem. Semiestranhos. Semiconhecidos.

Alguma coisa acontece. Alguma lição precisa ser aprendida. Aí você se pergunta -- num raro lampejo de autoestima diante de tanta brutalidade gratuita: tô pagando meus pecados. Atirei o pau no gato, pedra da cruz. Só pode ser. Só resta fazer piada diante de tanta coisa esdrúxula que acontece.

Aí fui rebobinando a fita da minha mente e relembrando das coisas que nem levei muito em consideração quando aconteceram, mas que me mesmo assim tiveram um sentido que eu negligenciei na época. 

Pessoas que sequer falam comigo e me cobram, me agridem. Eu respondo. Elas somem.

Pessoas que sequer perguntam como você está, mas te criticam em público porque você expôs sua opinião e elas são contrárias a essa opinião. Você argumenta. Em público as cristas se emplumam. Quando você chama para um particular, elas somem.

Pessoas que, do nada, resolvem estourar com você, com argumentos que não se sustentam. Você resolve tentar conversar. Nenhuma resposta.

Pessoas que você tenta se preocupar, porque são seus parentes -- afinal, sangue do sangue --, e você recebe uma silenciosa e ausente resposta. Tipo "não se intrometa, obrigado".

Não sou orgulhosa em pedir ajuda. E mesmo nesse momento mais delicado de se sujeitar a pedir ajuda a alguém, você ainda se ressente porque as pessoas deliberadamente te ironizam e riem da sua cara.

Sério: não sei o que a vida/destino/carma está/estão querendo comigo. Mas espero que eu tenha me entregue de coração a tudo neste ano de 2014 porque em 2015 eu quero tudo diferente!

****

A amizade sempre foi um dos maiores bens para mim. Durante muito tempo, a elevei acima do próprio amor. Uma das coisas que aprendi este ano, é que com o passar dos anos, nossa capacidade de amizade -- que eu sempre julguei mais "fácil" que a nossa capacidade de amor --, está cada vez mais comprometida. 

Os nossos tempos estão cada vez mais insanos. Eu quero paz.

Um novo amanhecer

Há tanto tempo que eu não escrevo decentemente neste blogue. Há tanto tempo que eu venho me sentindo sozinha, perdida, sem bússola, sem óculos, sem mapa ou gps... uma desconfortável sensação de que a vida perdeu todo o sentido.

Quantos de nós não se sentem assim em algum momento de sua vida?

Os motivos podem ser diversos... se você se compara com as pessoas ao seu redor, e o seu parâmetro simplesmente se torna o que os outros estão fazendo com suas vidas, você simplesmente vende sua alma. Nada exterior ao que está dentro do seu coração deve ser parâmetro para nenhuma decisão em sua vida.

Mas quem disse que as coisas funcionam simples assim? Deveriam, né? Porém... A realidade é bem mais radical.

Hoje, estou começando a olhar para a minha vida de forma mais ampla e mais amorosa. Algo que não fazia há muitos anos. Mais de três, diria. Não vou esmiuçar o que eu fiz. Apenas digo que depois de tantas brumas, estou finalmente vendo a velha estrada que sempre foi minha e que nunca saiu da minha frente.

É o processo pessoal de cada um. É o objetivo de cada um. Creio que, no fundo, todos tenhamos o mesmo objetivo... apenas escolhemos caminhos distintos. Formas diversas de chegar lá. E aprendemos... de alguma forma, na dor ou no amor, aprendemos.

Eu precisei me afastar de muita coisa que me incomodava. Obviamente, o incômodo do exterior apenas era uma materialização de como eu estava me sentindo por dentro... e não sabia o que fazer para silenciar. Quer dizer... sabia. Mas não admitia. Eu precisei levar tudo até os limites e, no atual momento de minha vida, estou vivendo com as consequências de minhas escolhas radicais. Creio que não me arrependo de nada... apenas acho que poderia ter feito diferente. Pois, nesse processo, perdi muito... também ganhei, claro. Mas, como todo mundo tem me dito: o que vai é porque precisava ir e o que ficou é porque tinha de ficar.

Com tudo isso, não quer dizer que voltarei a ser o que era antes. Isso é impossível e uma grande utopia que muitos de nós perseguem sem saber. Não podemos permanecer estáticos ou mesmo pausados. Isso é um sonho – na verdade um grande pesadelo – que nunca deveríamos tomar como o melhor caminho. Mas fazemos.

Agora, o que eu vejo disso tudo é que, de fato, eu não perdi nada. Não perdemos um amigo, um emprego, nosso idealismo, nossa bondade ou nossa fé – algo que eu vinha vociferando em alto e bom tom. Nem é teste da vida para saber se você é forte o suficiente para aguentar o tranco. É a vida... o movimento da vida. Que passa por sua vida... como ciclos de aprendizado e evolução. Simples assim.

Eu estou me perdoando, de coração puro, como há anos não me perdoava... e isso tem um incrível poder terapêutico que vocês não têm ideia!!! Porque se autoperdoar pressupõe que você aceita todas as merdas que fez na vida. Que você é um ser humano falível. Que errar porque você teve fé não quer dizer que você perde sua fé. O amor e a luz que existem no seu coração não se apagam ou diminuem por isso. As situações na vida não são um jogo de ganhar e perder, de vencedores e derrotados, de bons e ruins, de exemplos e renegados. Todos alternamos esses papéis, todos acertamos e todos erramos.

Foi me dado um precioso tempo para eu fazer o que quiser com ele. E eu espero poder fazer jus a esse presente corrigindo amorosamente a minha autoexigência (que eu sempre vi com bons olhos mas que, hoje em dia, vejo como algo que pode ser melhor modulado) como foco no amor e na ação.

Desculpem se escrevi demais... mas me emocionei ao longo desse texto, que veio assim: de supetão mas com uma força e uma pureza incrível! Ele precisa sair de mim. E saiu.

Obrigada ao Universo. Obrigada aos meus anjos da guarda.

Obrigada às pessoas especiais que mesmo no olho do furacão nunca saíram do meu lado.

Sem título

Estou aqui, diante do monitor, esta tela branca esperando ser preenchida.

Confesso: já tive mais vontade de escrever. Já tive mais sobre o que escrever. Já tive sobre o quê julgar. Poetizar. Reclamar. Agradecer. Compartilhar.

Minha vida é uma mistura de montanha russa com roda gigante. Um gosto agridoce de fundo indecifrável. Intragável. Mas eu sou curiosa.

Eu acho que já quis ser tanta coisa... quem não quer? Quem não tem esses sonhos incríveis, tão perfeitos... apenas esperando serem realizados.

Não sei o que quero ser agora. Estou sendo bem sincera. A estrada está lá. O veículo condutor também está lá. A companhia está lá. Tudo está lá. Mas, que merda, nunca está perfeito.

Amanhã completará um mês que fui dispensada do meu emprego. Pouco mais de dois meses que meu namoro terminou. Um mês sabático. Quando temos mais tempo de sobra... parece que a loucura se sobressai. Não dizem que mente vazia é a oficina do diabo?

Acho que já fui mais filósofa. Acho que já fui mais poeta. Acho que já fui mais eu mesma.

Ultimamente -- que na verdade já chega perto de uns três anos -- eu percebi um movimento na minha vida. Uns dizem que está tudo escrito no mapa astral, outros dizem que são coisas que atraímos. Outros dizem que pode ser carma. Destino? Não sei. Mas sei que há algum tempo que eu vejo uma relação de amor e ódio com pessoas e grupos de pessoas. Preciso delas, porque gosto de fazer parte delas. Mas odeio elas, odeio pessoas e grupos de pessoas por tudo que há de mais intrínseco nelas: o grupo, a competição, a idolatria, a veneração, a subjugação. O poder que se doa e o domínio de um sobre muitos.

Eu também sofri decepções irrecuperáveis em diversas situações que não esperava viver. Tanto tempo depois, a dor principal se foi no entanto... ainda há a ferida. Ainda há o resto, a sombra de um sentimento que nunca se apagará.

O amanhã e o depois de amanhã... o tempo dirá. Talvez seja possível recuperar o irrecuperável. Talvez seja possível tanta coisa. Passar a vida inteira tendo seu idealismo testado a duras provas e, ainda assim, continuar sorrindo e acreditando: tem outra coisa para fazer?

06 de maio de 2014

Nunca mais me esquecerei dessa data! Foi o dia em que fiz meu primeiro mapa astrológico DE VERDADE com um profissional gabaritado.

Até então, tinha feito vários mapas pela internet. Eles não eram ruins, mas não traziam o "elemento humano" que une as pontas, faz leitura corporal e energética.

Para quem nunca fez mapa astrológico, ou mesmo para quem não acredita, digo: faça um teste. Escolha um excelente astrólogo e veja.

Eu estava perdida. Eu estava sem esperanças. Eu estava solitária.

Não vou entrar no mérito de explicar o quê e porquê, mas é fato de que a vida é como o mar... calma uma hora e revolto em outra. Pelos mais variados motivos, singramos no mar, com o nosso barquinho. Temos um objetivo (ou vários) e nunca devemos esquecer dele. 

A minha palavra de ordem tinha sido "perserverar". E à ela acrescento: FOCAR. Minha tônica está no signo de SAGITÁRIO. Por aí, seguirei!

Mais do que nunca, tenho certeza absoluta de que quero ser astróloga atuante para poder auxiliar as pessoas!

E num dia cheio de coisas boas como este, uma das minhas músicas favoritas no momento.

"When the bridge is burning and I'm losing my faith
And I'm trying to find my way towards the truth
Like a wild arrow flying now I'm blindly running
From everything I thought I knew  [...]
No I ain't regretting
Just how lost I'm getting
Or the red lights I've been blowing through
My foot will find the pedal
As I'm counting the lines"


Futuro do pretérito? O futuro é agora!

Finalmente! O primeiro post de 2014!!!

Não. Não abandonei o blogue. 
Não escrevi antes por razões óbvias: não tinha o que escrever. Para não ficar palavreando à toa, resolvi ficar mesmo em silêncio.

E, não, este não é um post de gramática do português. Hoje me peguei pensando nas reflexões antropológicas e culturais que a gramática de cada língua faz a respeito. Não sou nem nunca serei uma erudita dos estudos linguísticos (e, aliás, essas matérias eram as que menos me apeteciam no curso de Letras...) mas me peguei pensando nos nossos tempos verbais. E o que mais me chamou a atenção (aliás, lembrei que sempre me chamou a atenção desde os tempos da adolescência, que eu tinha de decorar os tu, eles, vós) foi o FUTURO DO PRETÉRITO.

Me digam, como pode haver futuro no pretérito? Sem esquecer que ainda temos o futuro do presente. Oi? Coisas da nossa língua portuguesa. Talvez fosse apenas uma coisa de nomenclatura... mas no caso específico do futuro do pretérito, não sei... vejam: uma definição clássica é que ele enuncia algo que pode acontecer depois de um determinado fato passado. Nó na cabeça? É o clássico "seria".

Mudei a direção de pensamento. Fiquei matutando que as pessoas, cada uma na sua própria língua nativa, mantém esse "faria", o futuro do pretérito no presente, e o presente no futuro do presente. E o presente propriamente dito... fica vagando entre o seria e o serei.

Várias filosofias ensinam a "viver o presente". Pois sem querer ficamos com um pé no futuro e outro no passado. E eu me peguei muito pensando nisso de uns tempos para cá. Também andei pensando na minha maior resolução para 2014: fazer tudo o que sempre quis fazer e nunca fiz! Dureza? Um desafio que me impus. E também ando pensando demais numa reflexão antropológica/sociológica/histórica para tentar entender o comportamento coletivo do brasileiro. Não sei aonde vou chegar, nem sei se quero chegar a algum lugar. Quero pensar, refletir, sentir... tentar entender.

Uma coisa eu sei, com certeza: QUERO FAZER NOVAS AMIZADES! Quero conhecer pessoalmente as pessoas que apenas virtualmente. E me peguei pensando, num pensamento final, como — aos quase quarenta anos — fazer novas amizades? 
EU — aquela que sempre disse que era muito difícil fazer novos amigos depois dos 30?
EU — aquela que sofre de idealismo constante e incurável?

Não sei. Mas sou canceriana com ascendente em peixes, casa 10 lá em Sagitário, vênus em Gêmeos. Tristeza, descrença, solidão, frieza... definitivamente não combinam comigo!

Então vamos lá! A todos os leitores que nunca desistem de visitar este blogue, um feliz 2014 com muita coisa maravilhosa. Muita força, coragem, HUMANIDADE, paciência, AMOR, empatia. 


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ps: hoje é aniversário de uma aquariana querida a quem gostaria de prestar homenagem neste blogue: Michelle Lange. Vejo-a como um raio de esperança para o futuro! FELIZ ANIVERSÁRIO, lindinha. Gostaria de ter uma foto nossa para postar aqui... mas gostaria de poder conhecê-la pessoalmente! EM BREVE, né? Até lá, continue assim, sorrindo, acreditando em sua profissão, sendo doce e sempre, sempre, sempre VOCÊ MESMA!

Às vésperas da primavera

O inverno praticamente já se foi. Os ares da primavera, vindos com a chegada do sol em virgem, estão trazendo novas perspectivas.

Estou vivendo dias totalmente inéditos! A sensação -- e a realidade! -- de ter uma nova chance de fazer diferente, de errar diferente, de ser diferente! DE SER EU MESMA cada vez mais!

No entanto... confesso: sou intensa. Sou muito intensa. Intensa no sentido de tudo ser questionado. Intensa de tudo ser analisado. Nada passa despercebido. E, se passou, é para o bem da minha sanidade mental! É uma escolha deliberadíssima!

As pessoas continuam estranhas... muito estranhas. Pro bem ou pro mal, continuo tendo uma relação de amor e ódio com o ser humano. Esses dois sentimentos... graus diferentes do mesmo princípio. Eu continuo tentando entender o ininteligível, continuo tentando captar o invisível, caminho na tangente insana da serenidade. Vou do passado ao futuro em milissegundos. Imagino, verto, cuspo, injeto nas veias outra vez.

Hoje pensei que escreveria um poema. Há anos não tenho versos no cérebro, mas hoje, diante da falta de prosa, a poesia pareceu querer ressurgir. Virá algo? Quem sabe?

Não gosto da mesmice. Não gosto das palavras iguais e, pior, atitudes iguais: sempre o mesmo "ser-e-estar". As pessoas têm medo de ousar!!! Por que? Você saberia me dizer por que? As pessoas preferem ser o insosso-vulgar-arroz-com-feijão. Eu nunca fui a rainha da ousadia mas também não sou a bela estátua de princesinha conservadora mas pousando de moderninha. A moda (de ser e de atitudes) agora está bem chata nesse sentido!!!

Na falta de amigos novos -- porque, por Deus, é uma dureza conseguir fazer amigos novos!!! -- voltarei a algumas amigas que me amam incondicionalmente, que viram o meu pior e o meu melhor e estão ainda, perto ou longe, comigo. Isso é uma dádiva. E fico feliz em saber que não preciso de facebook ou twitter para encontrar, ter e manter amigos!! THANKS GOD.

Minha mente está a mil, meu coração acelerado. Meus desejos, intensos... e minha voz... silente. Não vou dizer que gosto de ficar calada porém tenho uma regra que aprendi a custo de muita dor, lágrimas e sangue: "não tem o que falar? Sorria, abaixe a cabeça e cale a boca!".

E é isso. Sem celular, sem mídias sociais. Cara, isso não faz falta nenhuma na nossa vida!!!

Life comes full circle

Um post pretensioso?

Ontem fiquei sabendo de algo que me arrasou. Mesmo. Uma notícia que, mesmo depois de um ano, achei que não fosse me abalar como me abalou. E abalou, abalou mesmo. Abalou. Por que? Eu tenho uma coisa chamada "ingênua confiança no melhor das pessoas".

Mas ter isso é maravilhoso! Só não é quando a vida passa e as máscaras das pessoas caem como folhas de árvores que precisam ser trocadas. As árvores, aliás, têm propósito. E as máscaras das pessoas? O que você pensa disso?

Eu penso que a vida é ironicamente engraçada! 

Eu fiquei sabendo da tal notícia e ela estragou meu almoço. Estragou parte do meu dia. Fiquei pensando em um monte de coisas, um turbilhão de sentimentos ocupando minha mente no lugar de outras que deveriam estar lá, mas não estavam!

Porém, o grande barato da vida é observar os detalhes! Uns me detestam porque sou detalhista e minuciosa, perscrutadora e observadora. Desculpe aos meus caros que pensam isso de mim, mas sou assim mesmo. E se não fosse os detalhes, provavelmente eu perderia a oportunidade de ver oportunidade onde todos veem desgraça. Eis o meu lado otimista que nunca morrerá!

O post está misterioso porque não darei nomes aos bois, não mesmo! Os mais próximos saberão e mesmo que não saibam, deixa pra lá. O que importa, agora, é dizer que foi bom ter expurgado a raiva, vomitado aquilo que ainda jazia dentro de mim e, provavelmente, extirpado os últimos resquícios de mágoa. Mágoa é uma merda.

O horizonte agora que nasce diante dos meus olhos é de muitas cores, imagens, sabores, texturas e sons! Minha mente está profícua. Meu coração está caloroso. Meu lado social está feliz. Meus desejos estão pareados com meus mais secretos sonhos. Nunca -- em toda a minha vida -- tive uma felicidade tão completa.

E a grandeza disso é que não precisei deixar de ser eu mesma em nenhum segundo! a maravilha de ser você mesmo 100% do tempo, sem -- para isso -- magoar as pessoas, trapacear as pessoas, puxar o tapete das pessoas. O equilíbrio do meu nodo norte em libra.

Dizem que não se deve fazer propaganda da própria felicidade. Será? Penso que as coisas boas precisam ser compartilhadas. O que é seu por direito nunca sairá de suas mãos!

Obrigada a todos os velhos e bons amigos, nomináveis e não nomináveis e às pessoas novas que entraram recentemente em minha vida! 


A sina (ou bênção) das mulheres com voz grave

Primeiro post do mês de agosto!

Esses dias atrás, relembrei de uma história contada pela Isabella Taviani no último show no Sesc Ginástico. Aquele foi um show acústico, intimista, 'na madrugada', maravilhoso como toda show de IT pode ser. Mas, nesse dia, a contação de histórias estava solta. E uma dessas histórias foi quando um telemarketing qualquer ligou cedo para a casa dela. Ela tinha acabado de acordar... e todos nós sabemos como é a voz ao acordar: um horror.

Então a voz naturalmente mais grave (e que nem é tão grave assim...) de IT saiu mais grave ainda. E a pobre moça do telemarketing a chamou de "senhor". "SENHORA" pronta correção de Isabella. Mas a piada ficou. E eu ri muito porque eu sei exatamente o que é ter voz grave e como é sofrer com isso!!!

Aqui é algo engraçado. Mas, da minha parte, tenho de confessar que não é fácil chegar ao equilíbrio da autoestima quando o assunto é voz. Já contei vários tipos de bullying que sofri: do fato de ser japa é o principal deles. Ter voz razoavelmente grave foi mais um "agravador".

Eu me lembro que durante a adolescência não aceitava ter a voz que tinha. Não saberia, hoje em dia, precisar que tipo de tom era, mas sabia que não era "fininha" como a das menininhas.Talvez venha daí também o meu desgosto total por falar ao telefone.

E eu me lembro quando comecei a superar tudo isso. Lembro cada fato -- como se fosse ontem -- no exato momento em que impus a minha voz e vi que, sim, ela era grossa. Mas era minha. Era o meio pelo qual eu me expressaria para o mundo!

A primeira e mais marcante delas foi em algumas noites de karaokê no Japão. Ver minha voz ecoando em caixas acústicas me trouxe uma emoção e uma constatação de que ela era bonita! Ainda no Japão, eu gravava fitas k7 para mandar para a minha família. Ouvir o que tinha gravado era um exercício de percepção do que minha voz deveria significar para mim.

Alguns anos depois, eu gravaria versões caseira e acapella de músicas que gosto. E ouviria e ouviria depois... apenas para ter o prazer de me ouvir cantando. Meus desafinos e acertos. O contínuo exercício de ouvir minha voz, me aceitar e admirar a minha "impressão digital vocal".

A última vez, ainda nos idos de 1999, confirmou que fosse como fosse, a minha voz era minha, grave ou não, era eu. Num evento amador de lançamento de um livro editado e impresso comunitariamente com outras trocentas pessoas, cada fulano teve seus 5 minutinhos de fama no microfone. Era para ser legal, mas ninguém sabe falar em público. Voz maçantes, para dentro, etc etc. Ninguém mais dava bola para o que as pessoas estavam falando.

Quando chegou a minha vez, apenas disse "boa noite" e vi todos os rostos se voltarem para mim. Era isso! Era apenas isso! Não fosse minha voz grave, alta e bem imposta, eu seria apenas mais uma. E quem quer ser "apenas mais uma"?. Ali eu exorcizei quaisquer demônios que restassem em relação ao timbre de minha voz. 

Voltando a história da Isabella. Em um show (não lembro mais qual) ela comentou também já se sentiu insegura com a sua voz "grave". Se ela, que considero a mais bela voz do Brasil, passou por sentimento igual ao meu, pergunto: se houver alguém aí do outro lado da tela com o mesmo questionamento: mande todo mundo se danar!!! Voz fininha é chata de ouvir, dói o ouvido! rsrs Um timbre nunca deveria definir quem é uma pessoa. Todos têm prós e contras. 

Para finalizar este post, compartilho a mais bela canção do último cd de IT. Olha que bela voz "grave"... :)


Feliz aniversário 3.6 e show Isabella Taviani!

Dia 18 de julho está acabando mas ainda não acabou!

Muita coisa aconteceu entre ontem e hoje.

Ontem fui ao Rio de Janeiro, graças a uma folga concedida pela minha chefe. Eu precisava me dar esse presente de ver Isabella Taviani fazer um show meio-dia e meio, em uma plena quarta-feira, no charmoso teatro do Sesc Ginástico. E, obviamente, foi maravilhoso! Foi além de maravilhoso: IT e um violão, apenas, o público acompanhando sem gritaria e sem esperneio! IT fazendo uma versão maravilhosa de Ivete (música do primeiro cd) dez anos depois! IT anunciando gravação de dvd no Imperator! IT me abraçando... ah! E a Myllena e a IT cantando música inédita e mostrando a fina parceria? E a querida master Karla Rosalino que me doou um ingresso no meio da primeira fila. Sério? Tudo isso estava acontecendo???


Passei a tarde com Robertinha e Jeane. Elas me acompanharam até o cabeleireiro e eu pude cortar minha juba. Almoçamos. Depois eu e Jeane conversamos muito, comemos bolinho de aniversário. E eu fui vendo o dia morrer... Uma noite linda se iniciava! A cidade do Rio de Janeiro é meu segundo lar. Eu amo cada centímetro dessa cidade, mesmo os xixizentos!!! rsrs Amo a pressa calma do carioca. Até o calor! (tem ar-condicionado) Me sinto em casa no Rio de Janeiro. Quero muito voltar a morar nessa cidade, um dia.

Eis que o dia de hoje reservava a surpresa agradável dos meus companheiros de trabalho. Tenho o imenso privilégio de poder compartilhar a maior parte do meu dia com pessoas tão queridas. Ganhei bolinho, presentes... tudinho! Muitos e muitos parabéns por todos os meios de comunicação possíveis. Tanta energia boa confluindo... Um segundo e todas as atenções estão voltadas para mim. Confesso: eu gosto!!! rs

Uma antiga amiga me escreveu. Fiquei tão feliz!! Algumas pessoas que não imaginava que fossem se lembrar do meu aniversário (porque estão totalmente fora de facebook) me escreveram. Tudo isso apenas me faz pensar que a vida é eternamente cíclica. Um dia, estamos cá cheios de certeza supostamente finalizadas. Outro dia, a vida nos pega em cheio na surpresa inesperada, nos tirando de nosso eixo e nos mostrando, sim, ninguém tem razão. Apenas o amor tem razão!

Obrigada a todos que se conectaram a mim por um pequeno momento, neste dia tão importante para mim. Obrigada a todos e agradeço sinceramente, de coração, a todos os desejos. Um novo ciclo começa. E eu espero poder fazer diferente do que já fiz. Errar erros novos. Aprender novas lições!

E, obrigada, Isabella Taviani (mais uma vez!!!) por ser essa artista que é. Já falei isso aqui mil vezes e falarei outras mil, porque você representa muita coisa para mim. A sua voz, especialmente, é o meu maior bálsamo. Amo suas interpretações e a sua voz é a mais bela de todas, para mim. O show de quarta foi o melhor presente! 

Obrigada a todos e vamos seguir em frente com fé, força e amor!

Novos dias

O tempo é outro. É novo. É diferente. É cheio de vida.

Ainda estou refletindo muito sobre tudo o que está acontecendo agora comigo. E, invariavelmente, voltar a alguns pedaços do passado é algo inevitável. Mas essa não tem sido uma tarefa dolorosa, ao contrário. SIM! Nem eu acredito que estou dizendo isso. Pois é.

O novo trajeto ao trabalho tem me levado a caminhos que fazia para dois trabalhos anteriores. Coincidência? Da mesma maneira, tenho me deparado com pessoas, situações e pequenos detalhes que me trazem aquela bruta memória de um passado nem tão longínquo assim.

Como nunca, estou percebendo que aprendi o ato de NÃO JULGAR. Não totalmente, ainda, mas uma fatia bem gorda que nunca imaginei que conseguiria colocar em prática ainda em vida. É uma sensação estranha: você olhar para tudo e apenas sentir uma leveza indescritível em palavras.

Não há ódio, não há rancor, não há pesar. Há um olhar que perpassa tudo e apenas pensa: "e depois de tudo isso... cheguei aqui!". Onde eu deveria estar, onde eu apenas preciso estar.

Não me sinto mais poderosa ou prepotente por isso. Sinto que a vida tem mesmo seus "caminhos misteriosos" que nos levam a meandros obscuros -- muitas vezes por nossa própria opção. Mas, com sabedoria, aprendemos a lição na pior das dores e vislumbramos que o horizonte esperançoso lá ao fundo é apenas uma questão de tempo, e não um sonho utópico.

Encontrei com a Priscila Mota na última sexta. Acho que ela nunca visitou meu blogue... então posso falar à vontade dela! rs Fazia uns 5 anos que não nos víamos para conversar, nós duas apenas. Foi algo também sem palavras. Ela lembrou uma das minhas célebres frases "Você ainda é muito jovem..." Eu sempre falava isso tirando sarro, meio dona da verdade. Fato é que o tempo, se você souber tirar proveito dele, te devolve tesouros infinitos se você souber plantar, regar, cuidar e colher. Não tem segredo. Basta ser honesto consigo mesmo, ser justo e agir com coração e alma.

Estou cheia de sonhos como há muito não sonhava! Quero colocar vários projetos em prática: um deles é retomar contato com amizades que se foram e que não precisavam ter ido. Uma amizade verdadeira sobrevive ao tempo, mesmo que as duas partes tenham mudado muito. Acredito firmemente nisso.

Aos meus queridos leitores deste blogue: compartilho com vocês a felicidade de tempos vindouros. Todos merecemos e todos nós teremos aquilo que nos cabe. E vai por mim: É MUITO!

Mais uma página

Há umas duas semanas, venho fazendo uma verdadeira "limpa" na minha vida. Como algumas coisas costumam ser, não foi um movimento voluntário. Fui impelida e simplesmente segui com o curso.

Primeiro, foi sair do emprego em que estava. Não sou de mágoas -- e nem queria usar essa palavra aqui --, mas quando certas coisas acontecem na sua vida, ou você toma consciência real, reflete sobre o fato, age, levante, sacode a poeira e vai; ou você sucumbe. Eu quase sucumbi num momento muito específico. E com ajuda de pessoas muito especiais na minha vida, que respeitam meu silêncio e minha amizade ausente, tirei o véu dos olhos e voltei a enxergar com mais clareza.

Sair de um emprego parece um fato corriqueiro. Aqui, não quero enfatizar o drama, MUITO MENOS minimizar a importância do que senti -- que isso fique bem claro. Ainda estou me limpando do passado até onde posso conseguir, pois certas lembranças e experiências vividas eu nunca poderei esquecer. Posso e devo, sim, aprender com elas.

Segundo, foi arrumar umas tralhas aqui em casa, ainda tem mais. Separar papéis, papéis e mais papéis... e aí, meus queridos, você encontra o que não quer encontrar, o que não espera encontrar e o que nem sonhava encontrar.

Confesso, foi o teste mais real para saber a quantas anda meu relacionamento com as pessoas que amei no passado, com os erros que cometi, com a Cristiane que um dia existiu em mim, e, principalmente, com as ilusões e sonhos que tinha e que, percebi, não tenho mais. Essa parte final foi a mais... não diria difícil mas estranha.

Queria saber qual foi o ponto em que deixei de fazer certas coisas que me alegravam tanto. Fiquei muito tempo refletindo sobre isso. O que acontece conosco que deixamos de fazer coisas simples? O que acontece conosco que deixamos de dar crédito às pessoas? O que acontece que essa tal ingenuidade se vai?

Assim, muita coisa foi jogada fora, muito papel ainda precisa ser queimado, muitas cartas e muitas fotos foram rasgadas... e algumas coisas foram mantidas. Melhor ainda, outras foram resgatadas dentro de mim mesma.

Mesmo sendo canceriana com ascendente em peixes, aquele perfil que gosta de guardar um pouco de tudo por mais tempo que deveria, já sabia e ratifiquei ali, que posso e devo virar todas as páginas. Cortar sem dó nem piedade!!! :)

Agora é começar tudo de novo.

Reflexões iniciais para um novo tempo

Faz um tempinho desde a minha última postagem. Não sei de meus leitores fiéis ou dos ocasionais, mas sei que tem pessoas ansiosas para este post. Ei-lo.

O voto de silêncio foi um momento para reflexão. Passada a primeira fase de conscientização dos fatos, pequenas coisas obscuras vieram à luz. Aí, as coisas pequenas misteriosamente se ligaram a outras e meu cérebro foi fazendo uma confusão. Mas, creio que tudo está começando a clarear como a velha metáfora da poeira.

Algumas coisas estão ficando claríssimas para mim. A mais clara de todas e o preço pago por alguém decidir ser quem é verdadeiramente e não uma sombra de alguém. Pensando em todas as coisas que vivi na minha vida ao longo desses trinta e cinco anos, posso separar uns itens:

- Você sempre vai ter de escolher entre se autorrespeitar ou sucumbir a uma necessidade de ordem maior, fora de seu controle.
- Todos são amigos de todos e todos não são seus amigos. Quanto mais cedo aprender isso, menos vai sofrer na vida.
- A vida em sociedade é um jogo doentio para as pessoas mostrarem suas vidas pasteurizadas e perfeitas de comercial de Doriana. Se você não se enquadra nisso, você tem algum problema.
- O julgamento e condenação alheias são ferramentas inevitáveis para sobreviver entre seres humanos. Se você não toma partido, se você não polariza, se você não condena, simplesmente você não é nada.

Mesmo assim, ainda me surpreendo com as pessoas! Claro, o erro é meu, pois se houve surpresa, houve expectativa. Não devemos criar expectativas, portanto? NÃO! Acho que essa a lição-mor que preciso aprender: ter a esperança otimista eterna no ser humano, me compadecendo com ele, mesmo sabendo que ele vai errar, mas acreditando que ele vai acertar quando chegar a hora certa.

Na real... é um duro exercício para pessoas comuns como eu e você.

Mas, acredito que um exercício tão difícil para os dias de hoje está sendo o de compreender como é ser "um vírus". Acerca de todo o moralismo o qual não quero discutir, não importa o que é bom ou ruim, o que importa é que o "vírus" seja extirpado sempre. Não vou dizer que eu lá goste de me sentir um dos seres mais temidos do mundo, pois, como tudo, tem suas vantagens e desvantagens. Gosto de pensar apenas na ideia de constante mobilidade, mutação, adaptação e força para sobreviver. Se ser vírus também é ser assim, então eu sou assim!

E que os tempos vindouros sejam bem-vindos!!!