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Sobre "You" (Você, série da Netflix) em minha vida

Este aqui não é um post para fazer análise crítica!

Eu sempre tive uma atração muito grande sobre psicopatas, psicopatia e seus assuntos correlatos. Li alguns livros, vi muitos documentários, assisti a alguns filmes. Infelizmente, não pude ter o privilégio de conversar a respeito - muito provavelmente pelos razões óbvias: ou as pessoas não se interessam ou as pessoas são ignorantes mesmo (no sentido de não conhecer).

Certamente, meu primeiro e eterno "amor" será sempre Hannibal Lecter. Personagem esse que foi forjado juntando tantos outros psicopatas, um gentleman eternizado pelo ator Anthony Hopkins. Mads Mikkelsen fez um excelente trabalho ao interpretar esse personagem, mas compará-lo com Hopkins é covardia, então nem tentemos.

[ Em muitas vezes, penso que minha verdadeira vocação jaz na Psicopatologia forense, na Psicologia criminal ou na Psicologia forense. Ou Perito criminal. Eu, verdadeiramente, amo esses assuntos: o mundo da mente doente e perversa e dos quebra-cabeças resolvidos pela coleta de provas e evidências. ]

O cinema fez bons filmes e retratou bem serial killers famosos. Mas criar um personagem NOVO, fresco, atual, vivo e tão real é tarefa para poucas produções. You (Você) série da Netflix de 2018 merecia um post meu desde a sua estreia, mas somente agora posso comentar.

Eu sempre me senti um pouco como Joe Goldberg: apaixonar-se por um alvo específico. Seu lado stalker, obsessivo, perfeccionista, dedicado, intenso... Lembro das minhas primeiras reações, parecia que eu me via retratada na tela. Era incômodo e ao mesmo tempo bom: e essas duas sensações não deveriam andar juntas!

Não tenho vergonha em admitir que já fui, em graus incomparavelmente menores, como ele. E ainda posso ser, se quiser. Teria testemunhas que poderiam corroborar o que digo, mas elas se foram... (rs, não, não matei ninguém!!! Não possuo esse nível doentio de psicopatia). Se foram. Algumas precisei matar dentro de mim, porque elas poderiam continuar vivendo como as lembranças que Joe tem das mulheres que ele amou e ainda o assombram.

Hoje, abril de 2021, resolvi baixar para rever tudo. Primeiro porque foi nesta série que descobri Elizabeth Lail e me encantei pela atriz. Como queria revê-la (ela não tem muitos trabalhos além de Once upon a time e o filme Countdown), nada como rever a série. Revi tudo em um dia, como uma forma de descansar minha mente - objetivo que alcancei -, no entanto, ruminei essa sensação de ter sido tão Joe Goldberg para algumas pessoas em minha vida... (Uma vez, lá nos idos de 2002, eu descobri a senha de uma pessoa que, depois e por causa disso, descobri ser uma mentirosa patológica).

Interessante que, há algum tempo, estou vendo uns documentários feitos por um canal do YouTube chamado Operação Policial que traz imagens reais de investigações e opiniões de profissionais como Rosangela Monteiro, Guido Palomba em casos midiáticos como o Maníaco do Parque, Susane Von Richtofen, entre vários outros. Não me recordo agora em qual caso específico foi, mas a descrição dada a assassinos, em especial os passionais, também me causou um reconhecimento e um desconforto.

Claro que eu já tinha notado, analisado e refletido sobre esta minha característica tortuosa que é a forma como me relaciono amorosamente com as pessoas mais íntimas de minha vida. Não é legal. Certamente, se eu tivesse tido uma outra infância, uma outra família, outras experiências, haveria lá aquela possibilidade de eu fazer algo de que pudesse me arrepender depois.

Recentemente li um livro escrito por um psicanalista, que foi um dos trabalhos mais prazerosos que já pude fazer. Assim que o livro sair para venda, divulgo. Por enquanto, apenas afirmo que ler o livro me fez enxergar ainda mais sobre eu mesma. Sobre CARÊNCIA esse monstro que habita tantos seres humanos por aí... A carência que atormenta as pessoas e atormenta algumas tanto a ponto de fazê-las cometerem atrocidades. Mas, não se engane, não é preciso tirar a vida de alguém para que seja uma atrocidade, traumatizá-la e deixá-la com vida pode ser bem pior...

Enfim, escrevi este post porque li uma pessoa me mandar uma mensagem com a frase "Estou com saudade de vc" e isso acionou múltiplos gatilhos em mim. Me vi tendo conversas ao estilo de Joe Goldberg, ainda mais porque eu ainda tenho um pequeno cartaz colado em minha parede me dizendo que "essa pessoa morreu e está no passado".

O que vai acontecer agora? Bem... como não sou o Joe, não farei o que ele faria. Farei o que é necessário fazer: seguir em frente. Sempre em frente.