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Sobre "You" (Você, série da Netflix) em minha vida

Este aqui não é um post para fazer análise crítica!

Eu sempre tive uma atração muito grande sobre psicopatas, psicopatia e seus assuntos correlatos. Li alguns livros, vi muitos documentários, assisti a alguns filmes. Infelizmente, não pude ter o privilégio de conversar a respeito - muito provavelmente pelos razões óbvias: ou as pessoas não se interessam ou as pessoas são ignorantes mesmo (no sentido de não conhecer).

Certamente, meu primeiro e eterno "amor" será sempre Hannibal Lecter. Personagem esse que foi forjado juntando tantos outros psicopatas, um gentleman eternizado pelo ator Anthony Hopkins. Mads Mikkelsen fez um excelente trabalho ao interpretar esse personagem, mas compará-lo com Hopkins é covardia, então nem tentemos.

[ Em muitas vezes, penso que minha verdadeira vocação jaz na Psicopatologia forense, na Psicologia criminal ou na Psicologia forense. Ou Perito criminal. Eu, verdadeiramente, amo esses assuntos: o mundo da mente doente e perversa e dos quebra-cabeças resolvidos pela coleta de provas e evidências. ]

O cinema fez bons filmes e retratou bem serial killers famosos. Mas criar um personagem NOVO, fresco, atual, vivo e tão real é tarefa para poucas produções. You (Você) série da Netflix de 2018 merecia um post meu desde a sua estreia, mas somente agora posso comentar.

Eu sempre me senti um pouco como Joe Goldberg: apaixonar-se por um alvo específico. Seu lado stalker, obsessivo, perfeccionista, dedicado, intenso... Lembro das minhas primeiras reações, parecia que eu me via retratada na tela. Era incômodo e ao mesmo tempo bom: e essas duas sensações não deveriam andar juntas!

Não tenho vergonha em admitir que já fui, em graus incomparavelmente menores, como ele. E ainda posso ser, se quiser. Teria testemunhas que poderiam corroborar o que digo, mas elas se foram... (rs, não, não matei ninguém!!! Não possuo esse nível doentio de psicopatia). Se foram. Algumas precisei matar dentro de mim, porque elas poderiam continuar vivendo como as lembranças que Joe tem das mulheres que ele amou e ainda o assombram.

Hoje, abril de 2021, resolvi baixar para rever tudo. Primeiro porque foi nesta série que descobri Elizabeth Lail e me encantei pela atriz. Como queria revê-la (ela não tem muitos trabalhos além de Once upon a time e o filme Countdown), nada como rever a série. Revi tudo em um dia, como uma forma de descansar minha mente - objetivo que alcancei -, no entanto, ruminei essa sensação de ter sido tão Joe Goldberg para algumas pessoas em minha vida... (Uma vez, lá nos idos de 2002, eu descobri a senha de uma pessoa que, depois e por causa disso, descobri ser uma mentirosa patológica).

Interessante que, há algum tempo, estou vendo uns documentários feitos por um canal do YouTube chamado Operação Policial que traz imagens reais de investigações e opiniões de profissionais como Rosangela Monteiro, Guido Palomba em casos midiáticos como o Maníaco do Parque, Susane Von Richtofen, entre vários outros. Não me recordo agora em qual caso específico foi, mas a descrição dada a assassinos, em especial os passionais, também me causou um reconhecimento e um desconforto.

Claro que eu já tinha notado, analisado e refletido sobre esta minha característica tortuosa que é a forma como me relaciono amorosamente com as pessoas mais íntimas de minha vida. Não é legal. Certamente, se eu tivesse tido uma outra infância, uma outra família, outras experiências, haveria lá aquela possibilidade de eu fazer algo de que pudesse me arrepender depois.

Recentemente li um livro escrito por um psicanalista, que foi um dos trabalhos mais prazerosos que já pude fazer. Assim que o livro sair para venda, divulgo. Por enquanto, apenas afirmo que ler o livro me fez enxergar ainda mais sobre eu mesma. Sobre CARÊNCIA esse monstro que habita tantos seres humanos por aí... A carência que atormenta as pessoas e atormenta algumas tanto a ponto de fazê-las cometerem atrocidades. Mas, não se engane, não é preciso tirar a vida de alguém para que seja uma atrocidade, traumatizá-la e deixá-la com vida pode ser bem pior...

Enfim, escrevi este post porque li uma pessoa me mandar uma mensagem com a frase "Estou com saudade de vc" e isso acionou múltiplos gatilhos em mim. Me vi tendo conversas ao estilo de Joe Goldberg, ainda mais porque eu ainda tenho um pequeno cartaz colado em minha parede me dizendo que "essa pessoa morreu e está no passado".

O que vai acontecer agora? Bem... como não sou o Joe, não farei o que ele faria. Farei o que é necessário fazer: seguir em frente. Sempre em frente.

Meus filmes favoritos de todos os tempos

Escrevi um post elencando meu filmes favoritos uns anos atrás. Achei que era hora de repostar, incluindo as novidades. 36 filmes porque tenho 36 anos. Um dia cai por terra essa minha regra só minha e posto uns 200 filmes. Ou não.

01. Cidade dos sonhos
02. Réquiem para um sonho 
03. Persona
04. As horas 
05. Brilho eterno de uma mente sem lembranças 
06. Closer – perto demais 
07. Tomates verdes fritos 
08. Matrix – trilogia 
09. 2001 – uma odisséia no espaço 
10. Ponto de mutação
11. O silêncio dos inocentes
12. Anticristo
13. Cisne negro
14. Monster – desejo asssassino
15. Psicopata americano
16. O exorcista
17. O iluminado
18. O céu que nos protege
19. Meninos não choram
20. Alien – quadrilogia
21. A viagem de Chihiro
22. Thelma e Louise
23. O segredo de Brokeback Mountain
24. Em algum lugar do passado
25. O segredo do abismo
26. Veludo azul
27. Má educação
28. Paris, Texas
29. Bagdad café
30. Almas gêmeas
31. Taxi driver
32. Animatrix
33. Jogo subterrâneo
34. Las acacias
35. A origem
36. Gravidade

La vie d'Adèle -- o azul é a cor mais quente: minhas notas

Esperei uns dias para poder escrever este post que, certamente, não será o melhor, não será o mais completo e não será o mais curtido. É apenas a minha opinião.

Fiz uma boa pesquisa pelo google e li várias críticas, gringas e brasileiras. Das brasileiras, gostei especialmente do blogue Blogueiras Feministas. Contém spoiler mas o considerei o texto mais completo e mais justo. Para quem se interessar, vale a leitura.

Também li Omelete e Rolling Stone que cito como sugestão de leitura. Ademais, digita o nome do filme em francês e vá procurar o que puder encontrar. Além do trailer, claro.

Bom, este post também tem spoiler. Então, se você preferir, veja o filme antes de ler meu post! ;)

***
Eu saí extasiada da sala de cinema, ao fim das três horas de filme (que nem pareceram três horas, afinal). A primeira impressão que ficou foi a de "wow, o 'cinema lésbico' precisava de um filme assim!". Não há peripécias nem tramas complexas no filme. E isso me chamou a atenção, pois tudo é retratado sem a pretensão de se autoexplicar. Por outro lado, é quase um documentário, os primeiros planos, a narrativa quase em primeira pessoa (mas sem narrador), todos os detalhes que captamos na personagem principal, Adèle, que narram os "dois capítulos" da vida dela.

Indubitavelmente, as famigeradas cenas de sexo são fortes. São explícitas. São cruas. Não tem trilha sonora ao fundo. Você ouve os sons. Você vê vários ângulos. Algumas críticas foram justamente sobre a verossimilhança. Bom, pense. Pode fazer sentido. Em uns momentos, parece que a cartilha do kama-sutra para lésbicas está sendo encenado. Mas, me diga, também, onde há regras no sexo? Cada um faz como acha melhor, como gosta mais. E aí quem poderia dizer se o que é mostrado é a realidade? Pode não ser a sua, mas pode ser a de alguém.

Outro ponto levantado é a questão do uso do corpo. Uma das atrizes (a dos cabelos azuis) disse que se sentiu uma prostituta. A outra (Adèle) também chegou a afirmar o mesmo mas depois parece ter voltado atrás. Elas afirmaram que foram dez dias apenas gravando cenas de sexo. Bem... não sou cineasta, não entendo desse mundo, nem poderia me atrever a querer assumir que poderia estar falando a verdade. Pode ter havido exagero? Pode. Pode ser marketing pessoal? Pode. Pode ter sido abusivo? Pode. Tudo pode.

Mas, creio eu que uma atriz ao afirmar que se sentiu uma "prostituta" parece ser meio contraditório em algum momento da interpretação, estou errada? Sei lá, se parece ter havido exagero, e o diretor estava se deleitando com duas mulheres encenando sexo, ao invés de filmar seu longa, é meio esquisito. Eu acho. Uma coisa não exclui a outra, porque acredito que um ator ao fazer uma cena sexual deva sentir algum tipo de prazer. 

Aí a pergunta que faço é: esses movimentos feministas estão errados nas suas críticas? Acho simplesmente que é complicado você querer criticar um filme por causa de cenas isoladas. Acho injusto. Em algum lugar, li uma lista de filmes com cenas de sexo (quase) explícito e de forte apelo visual. Cinema é uma arte. Você cria algo com um propósito que pode ser, também, causar esse incômodo. Tirar as pessoas de seu conforto.

O filme narra dois capítulos da vida de Adèle, conforme diz o próprio título. É uma adolescente se descobrindo sexualmente. "Me falta alguma coisa que eu não sei o que é". E ela parece se sentir completa quando se apaixona pela menina de cabelos azuis. É paixão à primeira vista, fulminante. Alguém se lembra da primeira paixão fulminante que teve? O que você fez? O que as pessoas costumam ser/fazer quando se apaixonam fulminantemente?

A proposta do diretor é mostrar um retrato real de uma menina que se apaixonou, viveu sua paixão, errou e ainda não sabe o que fazer com o sentimento que carrega dentro de si. Nesse ponto, compartilho a crítica que li e mais gostei, a do Inácio Araújo (FSP). Um trecho de seu texto diz: "A relação do cinema com a realidade, desde os anos 80 do século passado, tornou-se progressivamente mais tênue. Parece que cada vez menos os cineastas conseguem captar o óbvio: o corpo humano, seus sorrisos, sua batalha para descobrir sua própria medida, sua estatura. O que há de fascinante neste Azul-Kechiche é a veemência com que o autor, mais uma vez, afirma sua modéstia diante de suas personagens, como lhes permite, e ao mundo que habitam, se manifestarem na tela e irradiarem no espírito dos espectadores."

Altamente indicado. Para ser visto e revisto e revisto. E a atriz principal, a sagitariana Adèle Exarchopoulos, além de ser linda, tem o olhar mais pisciano que já consegui ver em um ator. Afirmo categoricamente que a personagem que ela interpreta é uma pisciana... meio irresponsável, ingênua e livre. Livre para testar, descobrir, aprender, se perder e se reencontrar.

Talvez, o que seja mais desconcertante para a maioria dos espectadores, é ver muito de nós na personagem de Adèle, mas não termos consciência o suficiente para admitir e compreender. Okay, observação minha! Mas... vá ver o filme. Só não faça como o funcionário do Espaço Itaú (Augusta) que entrou na sala só para ver a cena de sexo. Shame on you! É uma ofensa para o filme e para dos deuses do cinema. ;D

Flores Raras - o filme

Farei breves comentários sobre o filme Flores Raras de Bruno Barreto inspirado no livro Flores Raras e Banalíssimas -- livro que ainda não li e filme que vi no último fim de semana. Como todos sabem, o livro e o filme falam sobre o relacionamento intenso vivido entre Lota de Macedo Soares e Elizabeth Bishop.

Adorei o roteiro, fiquei encantada com a atuação de Gloria Pires e Miranda Otto. A adaptação para o Rio de Janeiro nos anos 1950 e 1960 foi fantástica. O filme não carrega no tom dramático -- mesmo sendo um drama. Para mim, o único pecado foi a edição de algumas cenas. Especialmente quando o take era sobre Elizabeth Bishop. Dez segundos a mais seriam o suficiente antes de um corte brusco. Não vou me recordar as cenas exatas, mas me recordo do teor intenso e profundo de um take com Elizabeth Bishop sozinha. Um fala num curtíssimo monólogo. Mais dez segundos de câmera filmando seriam perfeitos. Porém, há o corte brusco. Cinco minutos depois, eu ainda refletia sobre a cena enquanto a história seguia.

O filme é bem contado, não se perde em si mesmo, tem cortes equilibrados. Eu diria que essas duas, três cenas foram pequenas falhas de comunicação entre diretor e edição. Não haveria exagero na carga dramática com mais tempo antes do corte. Mas o corte brusco -- a menos que seja proposital -- causa estranheza. As cenas seguintes passam despercebidas enquanto o eco da cena anterior ainda retumba. Pelo menos para mim.

Confesso que nunca me interessei pela história de Bishop e Lota. Confesso, mais ainda, que fujo de filmes cujo tema seja romance dramático entre duas mulheres. A produção cinematográfica sobre lésbicas (salvo exceções) costuma girar em torno da dicotomia amor x dor. E eu não acho que a apenas isso devesse ser filmado. Precisamos de mais histórias leves e comuns -- como toda forma de amor é. Mas, deixemos isso para um outro post.

Confesso que eu também andava fugindo dos dramas. Há anos evitava os filmes dramáticos -- com um motivo bem simples: minha vida estava bastante dramática. Talvez, por isso, tenha demorado a ver Flores Raras. Mas me rendi e fui.

E chorei... o pouco que vi sobre Elizabeth Bishop me remeteu a todas as dores que eu já senti como poeta. E, nisso, apenas os poetas entenderão. A intensidade nos versos, na forma de sentir e viver a vida, na maneira de amar... isso entrou como seringa quente nas minhas veias. Minha verve poética que considerei estar enterrada, ressurgiu tão forte. Eu me vi nua na tela do cinema. Num roteiro adaptado de um livro que eu não li e de uma história que eu desconhecia, eu me vi. Foi catártico.

Assim que eu tiver acesso ao filme, eu posto a fala exata que arrancou meu coração de mim. Enquanto isso, a quem não assistiu ao filme ainda e queira se emocionar com uma história de amor... vá ao cinema. Privilegia o cinema brasileiro! É um amor lésbico? É. Mas, no amor e na dor, na vida e na morte: não há gênero -- somos todos iguais.


Dica de filme - DREAMSCAPE (Morte nos sonhos)

Preciso escrever mais por aqui, né? Como estou no hiato da crítica aos seres humanos... vou fazer crítica de alguns filmes que gosto. Para começar, este clássico dos anos 80 -- "Morte nos sonhos".

A maioria dos leitores deste blogue talvez nunca tenha ouvido falar ou mesmo visto este filme. Em uma comparação bem tosca, ele lembra "A Origem". A ideia é a mesma, exceto o tempo que separa ambos os filmes (quase trinta anos). Então, parta do pressuposto que é um filme com roteiro simples, ingênuo em vários momentos, com efeitos especiais que na época arrasaram mas hoje em dia não tem graça nenhuma. E tem o galã (sempre na minha lista) Dennis Quaid e a linha senhora Spielberg: Kate Capshaw.

Eu vinha atrás desse filme faz muito tempo. Mas nunca encontrei. Sequer em VHS. Consegui rever recentemente no youtube, em partes, sem legenda. Eis que googleando, achei o bendito à venda! Não pensei duas vezes e comprei.

Não é a master indicação, mas é um filme que marcou minha adolescência. Lembro que achei fantástica a ideia de poder estar consciente nos sonhos e poder manipulá-los. Uma diversão leve e agradável para os cinéfilos de plantão! ^^

Você quer recordar o que podia ter sido ou viver o que pode ser vivido?

80 dias é um filme que passou na Mostra Internacional de Cinema, em São Paulo, no ano passado. E está passando novamente na Mostra Mix deste ano. Achei correndo, sem querer, na programação, li a sinopse e me encantei na hora. Vai passar mais algumas vezes ainda (a Mostra Mix vai até o dia 20/11) e quem quiser, vale muito a pena conferir.

Achei este site português cujo título da resenha dá título a este post: 80 dias é uma oportunidade para recordar o que podia ter sido. Entrou como faca quente no meu coração. E do que fala o filme? Trata de duas mulheres de 70 anos, que se reencontram depois de 50 anos, e percebem que mesmo depois de todo o tempo... há ainda algo entre elas.

Confesso que esperava um algo mais do roteiro, da direção... não sei bem dizer. O filme é cativante, mas ele meio que quaaase escorrega para uma narração pedante, sem brilho. Talvez falte uma certa objetividade no olhar do diretor. A câmera parece tremer bem como a história que é contada. Mas, apesar disso tudo, a beleza da história de Axun e Maite é linda.

Eu fui preparada para me emocionar e para chorar. E me emocionei e chorei. Estamos falando de duas mulheres de outro tempo, outra cultura, outra sociedade. A personagem de Axun traz aquela similaridade de muitas mulheres que têm o desejo pulsando mas o reprimem como se nada estivesse acontecendo. Apenas ao final, ela chora compulsivamente, em silêncio, sem dizer nada. E aquelas lágrimas são da despedida. Porque mesmo aos 70 anos, ela ainda precisa se despedir da promessa de viver um amor lésbico pleno.

Gostei muito de ver a terceira idade lésbica retratada, algo tão raro no cinema. Porque cansa sempre os mesmos rostinhos certinhos, plastificados, bonitinhos, forçando intimidade, sendo posers. Faz parte, mas confesso que me cansa. Ou então, os filmes lésbicos são sempre dramáticos, com fim trágico. Ou semi-eróticos muito mais para marmanjo se acabar do que para ser uma obra da sétima arte. O encanto de 80 dias está em esmiuçar o tempo que se passa por uma medida totalmente distante da que estamos acostumados.

E como todo bom filme precisa fazer, ficou a questão pairando: às vezes (como com Axun) você precisa esperar mais de 50 anos para ser quem você sempre soube que era. "Eu sei quem sou quando estou ao seu lado... (diz ela para Maite)". Mas, agora, não precisamos viver romances internéticos meteóricos que começam com uma teclada e terminam com um skype.  Tudo está mais descartável? Sim!!! Porém, a tentativa sempre será válida... para os puros e corajosos de coração. E volto ao título do blogue!


Filme vistos, filme comprado e comentário sobre o Oscar

Dias corridos!!!

Tenho feito algumas coisas boas no âmbito pessoal. Aqui, portanto, vou enumerar e ser breve.

1-) Filmes vistos:
Vi Enrolados (nova versão para o clássico Rapunzel). E vi A Bela e a Fera restaurado e em versão estendida. Duas coisas me chamaram a atenção nesses dois filmes, principalmente após ler este excelente texto da Regina Navarro intitulado A função perversa dos contos de fada e de lembrar das longas conversas que sempre tive com minha filha Poliana em que ela reiterava o quanto odiava a passividade das "princesas" do contos de fada. Sempre passivas, sempre submissas, sempre tristonhas esperando o príncipe encantado que vai salvá-las da mesmice da vida, da falta de perspectiva, da bruxa má. Ela tinha ficava muito brava com a Bela Adormecida, em especial -- a mais passiva de todas, na opinião dela.

Por isso que ao ver Enrolados e A Bela e a Fera vejo que nem tudo é uma grande merda, afinal. Em Enrolados, embora ela precise do ragazzo subir a torre para dar forças a ela para tomar a decisão de sair das garras da mãe má, ela é muito corajosa, destemida. O rapaz é um mero ladrão com quem faz um acordo de troca que, ao final, apenas os une. É uma bonita história de amor e coragem. Em A Bela e a Fera, quem precisa do beijo salvador é a Fera. Bela é uma menina intelectual, que gosta de ler livros e cujo pai é um cientista maluco. Acho que por isso, esse filme sempre foi um dos meus favoritos. O amor que vai além da beleza superficial.

2-) Depois de quase DEZ ANOS eu achei o dvd do filme Ponto de Mutação para vender. Obrigada à Versatil, empresa que faz algum tempo, anda digitalizando filmes clássicos e antigos. A primeira vez que eu vi esse filme foi em algum lugar entre 2002 e 2003, não lembro. Muito antes de começar a ver filmes de verdade, muito antes de ser cinéfila, muito antes de tudo. Eu lembro que fiquei fascinada. Lembro que ganhei o livro do Fritjof Capra, livro no qual o filme se baseia. Lembro que Capra parecia, finalmente, alguém com quem tinha correlação de pensamentos!

Nesse tempo todo, nunca mais vi o filme. Não achei para baixar. Não achei em sebos, em nada. Na época, vi emprestado do VHS de uma amiga, que tinha ganho em uma promoção. Só. Quando achei o dvd na Saraiva do Barra Shooping, não acreditei. Confesso que meus olhos se encheram de lágrimas. Eu estava lá, procurando qualquer coisa, ou talvez Paris, Texas. E achei muito mais! Mais uma pérola na minha coleção! No mesmo dia (noite) vi o filme, me deliciei com a trilha sonora de Philip Glass e a conversa dos três. Uma conversa em que todos ouvem e todos falam, sem ego, sem pavonismo, sem nada. Um tipo de conversa que tive umas 2 vezes na vida.

Há uma pequena alteração no meu top33 divulgado semana passada, porque tinha esquecido desse filme, simplesmente! Sai O Silêncio dos Inocentes do top10 e entra Ponto de Mutação. Da lista geral, fica de fora Amor Além da Vida.

3-) Comentário único sobre o Oscar 2011: eu vi O Discurso do Rei. Filme bom, bem contado. Mas não se compara com Cisne Negro. Este, sim, merecia todos os prêmios. Mas, a Academia é muito quadrada e tradicional para premiar um filme assim. Ao menos, a performance fabulosa, espetacular, estupenda de Natalie Portman foi premiada com a estatueta (depois do Globo de Ouro). Seu discurso, cheio de lágrimas, também me emocionou. Ela merece porque fazia tempo que não via uma atuação assim.

Bruna Surfistinha - o filme

Não nego: estava muito curiosa. Assim como imaginam que muitos devam estar. Não sei se você se encaixa no perfil do espectador que leu o livro. Se sim, melhor. Se não, ainda assim conseguirá assistir à história da garota de programa mais famosa do Brasil.

O filme (e o livro) não são apologias ao fato de ser "sobre uma garota de programa". Mas desde que somos humanos, sexo é sexo e sexo sempre chama a atenção, a nossa curiosidade, o nosso desejo de saber mais e de fazê-lo. Quem nega? Pessoas enrustidas, talvez. Pessoas que não se conheçam o suficiente, talvez. Pessoas essas que ficaram, por exemplo, no cinema, rindo sem parar o filme inteiro. O filme era comédia? Não, pode apostar que não era.

Mas assim são as pessoas. Elas riem daquilo que as incomoda ou daquilo que elas não compreendem. Em certos casos, elas podem partir para a agressão (comparação infeliz, o ataque aos homossexuais na Avenida Paulista, em São Paulo). Em outros, elas tiram sarro. Assim como tiraram sarro de mim durante a minha adolescência inteira pelo simples fato de eu ser japonesa. Não acreditam nisso? Para mim, a comparação é fundamentada e válida: as pessoas tiram sarro e riem daquilo que elas desconhecem e não compreendem, mesmo com um mínimo esforço.

Eu poderia resumir dessa forma a sessão de sexta-feira para ver Bruna Surfistinha. Contudo, seria reduzir demais um filme a isso apenas, mesmo tendo experimentado um cinema lotado numa sessão das 15h (público mais variado impossível, desde senhores, senhoras, mulheres, homens, adolescentes), uma mulher ao meu lado com suor cheirando a cebola, o fundão cheio das pessoas rindo o tempo todo. Não vou reduzir a isso, porque o filme merece muito mais.

Na época do lançamento, lembro que fui uma das primeiras a comprar o livro, numa vaquinha com minha amiga de trabalho. Devoramos o livro. Emprestamos para um monte de gente. E eu o reli, depois. Um filme nunca é como o livro e este caso não é diferente. Porém -- e crucial -- na minha modesta opinião, foram as alterações feitas no roteiro. Alterações essa que deixaram o texto humano, quase como uma interpretação da vida de Bruna Surfistinha, sob os olhos de Raquel Pacheco. Pequenas alterações foram feitas... alterações que deram um sentido ao filme -- que não apenas o diário de uma garota de programa.

Você pode gostar do filme, como pode odiá-lo. Gosto é gosto e conheço gente que consegue odiar o filme Cisne Negro, por que não odiariam este filme? Fora esta comparação tosca (que me veio à cabeça enquanto escrevo este texto) queria apenas dizer que o filme me tirou lágrimas. Sim. E querem saber por quê? Pela humanização dada a um personagem que aos olhos de todo mundo é um mero objeto sexual. Para nós, espectadores e juízes da vida humana alheia, podemos apontar o dedo para Bruna Surfistinha e dizer tudo o que pode ser dito a uma menina que escolhe ser garota de programa. Estamos no direito, não estamos?

O filme mostra (e entende isso quem quer) que somos seres humanos, fazendo escolhas constantes, assumindo consequências, errando, aprendendo, errando, acertando. E mostra que, ao fim (como foi na vida real), podemos escolher uma vida diferente, talvez pior, talvez melhor. Mas: diferente. É uma excelente parábola, da qual, a maiora parece apenas querer rir, porque é facil rir daqueles que se assumem como são, seja o que isso for. E podemos, depois, ir para casa, zombando da "prostituta que ganhou dinheiro e fez filme", porque é mais fácil concluir assim. 

Veja você o filme e me diga o que acha. Só espero apenas que não tenha um mero olhar raso de crítico enciclopédico de cinema e de espectador zombador da vida alheia. Que tal tentar o diferente, também, ao ver este filme?

Em tempo: o filme foi muito bem conduzido, na minha modesta opinião. Destaco sempre a Fabíula Nascimento (personagem feminino central do filme Estômago). Ela é fantástica, simplesmente. E o desfecho do filme com Fake Plastic Trees (que me fez entender porque o Radiohead viu a premiere gringa) tirou lágrimas dos meus olhos.

Top 33 - filmes

Recentemente, fiz um top33 com as minhas músicas favoritas do Bon Jovi. Aproveitando este "dia livre" de hoje, vou me dar o prazer de fazer algumas coisas que há tanto tempo não faço. Uma listinha com meus filmes favoritos (que achei que já tinha colocado aqui, olha a falha) pode ser o início. E, ainda por cima, estou aproveitando o gancho de uma conversa que tive com a Cláudia Bertrani ontem sobre nossos filmes favoritos. Nem preciso dizer, querida, que Cisne Negro entrou para esta lista, certo?

Em relação aos filmes, alguns critérios precisam ser esclarecidos: a escolha é puramente pessoal. Segundo, eu coleciono DVDs e até poderia me considerar cinéfila, mas meu universo de filmes não abarca todas as produções, de modo que pode ter muita coisa que eu não vi e que mereceria estar aqui... mas que não está porque eu não vi o filme ainda. Terceiro: tenho certeza de que me esqueci de algum e talvez volte pra editar. Talvez.

Segue a lista:

01.    Cidade dos sonhos
02.    Réquiem para um sonho
03.    Persona
04.    As horas
05.    Brilho eterno de uma mente sem lembranças
06.    Closer – perto demais
07.    Tomates verdes fritos 
08.    Matrix – trilogia
09.    2001 – uma odisséia no espaço
10.    Ponto de Mutação
11.    O silêncio dos inocentes
12.    Anticristo
13.    Cisne negro
14.    Monster – dsejo asssassino
15.    Psicopata americano
16.    O exorcista
17.    O iluminado
18.    O céu que nos protege
19.    Meninos não choram
20.    Alien – quadrilogia
21.    A viagem de Chihiro
22.    Thelma e Louise
23.    O segredo de Brokeback Mountain
24.    Em algum lugar do passado
25.    O segredo do abismo
26.    Veludo azul
27.    Má educação
28.    Paris, Texas
29.    Bagdad café
30.    Almas gêmeas
31.    Taxi driver
32.    Animatrix
33.    Jogo subterrâneo

Além da vida - o filme

Sábado fui assistir a Hereafter ou Além da vida, novo longa de Clint Eastwood. Já sabia do que se tratava, já sabia que havia umas críticas azedas e já sabia que era estreia. Fui ao cinema ciente de que tudo seria possível. E, de certa forma, foi.

A tecnologia em massa tem prós e contras. Para mim, como uma razoável cinéfila que me considero, as pessoas quando vão ao cinema querem A EXPERIÊNCIA exterior. Querem  altas descobertas, querem uma epifania, querem fogos de artifício. E, muitas vezes, se esquecem que muitas coisas simples são as melhores coisas que podemos ter. Algo que este novo filme do Clint Eastwood traz.
Claro que, para mim, a cena inicial do tsunami me fez ter tremedeira e sair umas lágrimas. Tenho pavor de água em excesso e sempre arrisco dizer que morri afogada feio em uma vida anterior. Mais que altura, água em excesso me aterroriza mesmo. E essa cena do filme foi antológica, daquelas para ver e rever, tamanha a precisão de detalhes e realismo.

Eu andei lendo, depois de ver o filme, umas críticas. Mas todas elas pareciam extensões das pessoas que estavam comigo no cinema que apenas disseram: "Demorou pra acabar, ein?" Neguinho gasta vintão pra ir ao cinema e apenas dizer isso??? Não parece preguiça de pensar?

A crítica mais honesta que eu li é esta do Correio Braziliense por Felipe Seffrin. Me pareceu à altura diante do honesto filme feito por Eastwood. Porque, convenhamos, seria muito fácil -- fácil demais -- cair em clichês, tanto para fazer um filme, quanto para criticá-lo. Um homem de 80 anos de idade não precisa provar mais nada para ninguém, certo? 

Eu confesso que esperei uma visão pessoal de Clint Eastwood no filme. E me surpreendi que ele sequer acredita em vida após a morte! Então, com isso, o filme é ainda mais uma história sensivelmente bem contada sobre um tema simples: VIVER. Você pode acreditar ou não, isso não importa, o que importa é o que você vai fazer com sua vida diante disso. E esse argumento irrefutável é o que Eastwood mostra com maestria.

Indico o filme para quem tiver curiosidade além daquela de criticar a ausência de um blockbuster. Se você não quiser sensibilidade na medida certa, não gaste seu precioso dinheiro. Saiba que estará perdendo um belo filme, que não quer provar nada para ninguém, não quer fazer maniqueísmos e não quer ser um dramalhão. Quer apenas deixar o recado de que a vida deve ser vivida.

O capitalismo vencendo a Arte


Acabei de ler esta notícia de que o cinema Belas Artes vai fechar em São Paulo no mês que vem. E eu nem poderei ir fazer minha despedida devida deste cinema que marcou muito meu período alto cinéfilo!

Assim como aconteceu com o Top Cine (alguém se lembra desse cinema?!) na Avenida Paulista que também tinha longa e fechou. Virou "mais uma" loja de grifes dentro de um shopping griffento. Eu lembro do Top Cine porque era uma cinema bom de se visitar, sempre com aqueles filmes que não passavam em lugar nenhum (quase um irmão gêmeo do Gemini, ops trocadilho proposital?). Lembro que o último filme que vi lá foi o polêmico Brown Bunny. Eu e mais uma meia dúzia de gatos pingados na noite e no meio de uma semana qualquer.

No Gemini eu vi Um Beijo Roubado com meu amor, meu último filme visto lá. Aliás, aquele cinema não deveria sequer ser reformado, porque é uma verdadeira viagem no tempo. Adoro o banheiro a la Kubrick e as poltronas a la David Lynch. Alguém teria coragem de destruir isso em troca de um blockbuster? Vá ao blockbuster e não mexa aqui!

Alguém se lembra que o Cine Bombril um dia foi um cinema chamado Astor??? A maior sala de SP com quase 1.000 lugares? Ainda bem que este não parece que vai ser fechado. Pois assisti várias pré-estreias que me fizeram dormir na madrugada com a minha irmã -- como Dogma e Colateral. Acredito que o patrocínio vai bem e, ao que parece, nenhuma notícia ruim paira sobre o antigo Astor.

Agora... o Belas Artes vai fechar. O cinema que abrigou tantas lembranças minhas e antes das minhas e a de todos os que DE VERDADE gostam de cinema. Infelizmente, não lembro qual foi o últime filme que vi lá. Mas sei que foi sozinha. Mas lembro do único Noitão que fui (ao lado da querida Sharleu... noite memorável e inesquecivel aquela!) nos idos de 2004. Lembro dos filmes únicos que vi por lá. Lembro dos passeios noturnos pós-cinema. E tenho certeza que essas lembranças devem se misturar com as de muitas outras pessoas. 

Agora não mais. O capitalismo venceu mais uma luta, mas não vencerá NUNCA a luta contra a Arte. Mesmo que ele se transvista de falso intelectual (o que acontece), ele nunca vencerá.

Cisne Negro - o filme

Ontem assisti a Black Swan. Sim, consegui ter acesso a uma cópia ilegal, porque não pude resistir à ansiedade de vê-lo. Sim, eu sabia que teria acesso a uma obra-prima e, sim, eu não me arrependi e ainda estou em êxtase. (Cuidado se você não quiser saber detalhes do filme antes de vê-lo: aviso que aqui falarei tudo, porque não tinha como não falar. Então se não quiser maiores detalhes, deixe para ler este post depois que vir o filme!)

Quantos espelhos têm o filme! Adoro filmes com espelhos, porque é a dica mais valiosa do diretor que indica uma veia perigosa, na minha opinião: a dos reflexos que refletem entre si. Você já sabe qual é o resultado disso: é como se uma imagem literalmente pulasse dentro da outra e se perdesse dentro de outra imagem, infinitamente.

O filme me parece um álbum de fotografias em movimento. Filmar a belíssima Natalie Portman é um exercício incansável de enquadrá-la num cenário e deixar todos os elementos conversando entre si. É realmente impressionante como ela está no auge de seu talento e, principalmente, de sua beleza. E é impressionante mais ainda como ela é uma excelente atriz! Raras vezes uma atriz consegue me trazer essa surpresa... mas Natalie Portman consegue. E caiu como uma perfeita luva na direção correta de Aronofsky.

Também foi uma surpresa maravilhosa ver Vincent Cassel, Barbara Hershey e Wynona Rider. E Darren Aronofsky acertou a mão novamente. Esqueçamos Fonte da Vida., pra mim, uma ideia linda filmada numa hora errada e de maneira errada. O diretor foi perfeito em O Lutador e agora neste filme. Nessas horas eu gosto de ver quando um diretor sabe contar bem uma história e sabe jogar elementos mágicos nela que apenas poucos olhos conseguem captar!

Eu queria muito discuti-lo com minha filha sumida, porque me parece a matéria-prima ideal para as nossas dissecações. Mas sem ela aqui, sinto que este texto também está pela metade. Vou pincelar sobre a vertente psicológica -- fascinante e perigosa -- que orienta todo o filme. Para quê serviriam tantos espelhos, se não fosse para isso? E a problemática relação dela com a mãe -- opressora, que jogou toda a responsabilidade de realização de seus sonhos nas costas da filha? E a pressão de ser uma bailarina? E o fato de ela ter 28 anos -- a idade do retorno de Saturno? Isso sem querer , mas já mencionando a palavra "esquizofrenia".

O filme parece todo um reflexo do que outras pessoas desejram para ela. E o único momento de libertação maior é quando ela libera todos os lados existentes dentro dela. Catarse máxima de uma quase múltipla personalidade. Não é um filme fácil de ver... mas quem disse que os filmes do Aronofsky são água com açúcar? Eu ficarei com este na minha mente por muito tempo...


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Cubo - o filme

Ultimamente só andava falando de sentimentos pra cá, sentimentos pra lá... muito mimimi. A inspiração criativa precisa se diversificar, então vamos lá.

Finalmente!!! Com muitos pontos de exclamação, porque isso demorou, eu vi o filme Cubo. Este é um daqueles filme que muita gente ficava me enchendo ao dizer "Você viu?", "Como assim, você nunca viu?". Antes eu ficava chateada quando alguém me dizia isso. Depois, eu mandava todo mundo à merda, porque ninguém tem obrigação de ser enciclopédia, só porque alguns gostam de ser! hahaha

O filme é de 1997, então você imagina que muito antes de Matrix, Clube da Luta, Jogos Mortais e O Albergue existiu esse filme. O filme que provavelmente inspirou um pouco a todos e -- principalmente -- Jogos Mortais. O filme que, na época marcou a geração, mal comparando, como Réquiem para um sonho fez.

O que eu já tinha procurado para comprar esse filme não cabe contar aqui. Foram muitas e inúmeras tentativas... nada em sebos, em loja, pra alguém emprestar. Achava estranho todo mundo falar de um filme que tinha simplesmente desaparecido do planeta Brasil.

Eis que num belo sábado na Americanas do Barra Shopping eu vejo muitos, muitos, muitos exemplares do Cubo por R$12,99. Parecia brincadeira e eu fui conferir até se tratava do mesmo filme. Era sim. Eu não acreditava que finalmente!!!! veria o filme.

No mesmo dia eu e meu amor fomos lá. Jana quaaase odiou o filme. Eu adorei. Achei um roteiro enxuto, cheio de coisas inexplicadas, mas que nem por isso perdem o sentido. Eu já sabia tanto do filme que algumas partes pareciam óbvias. Mas a sensação final é a de que -- de fato -- é um excelente filme para os fãs do gênero e que merece, sim, ser visto! Pena, talvez, para o filme, que eu tenha visto Cubo Zero antes de Cubo. Não faça isso.

Minhas mães e meu pai - teaser

Graças à minha querida Fabi, consegui ter acesso ao trecho que tinha comentado no post anterior, quando me referia ao diálogo heartbreaking do filme que me levou às lágrimas. Mas, escute: se você não quiser ouvir, depois não reclame que eu dei parte do filme para você ver. Ou seja, apenas aperte o play abaixo se você não se importa de ver um "quase" final antes de tudo.

Obrigada por isso, Fabi!...

Minhas mães e meu pai - o filme

Sexta-feira fui conferir o The kids are all right -- que em português ficou como Minhas mães e meu pai. Filme que anda concorrendo a tantos prêmios, vem sendo tão elogiado pela crítica... aí eu fico reticente e achando que tem alguma coisa esquisita por trás disso tudo. Porém, nos últimos tempos andei perdendo tantos filmes com temática lésbica, que não podia perder esse!

Trago, mais uma vez, o Mestre David Lynch para dizer: "Um filme não precisa ser explicado. Ele é o que você quiser. Cada um o interpreta como preferir e conseguir." Sempre penso nessa lição grandiosa do mestre quando vou ver um filme qualquer. Percebi que, para este filme, de fato não há barreiras entre classificá-la como filme lésbico ou hetero. Eis a primeira conclusão que tirei, ao sair do cinema.

Vi entrevistas das atrizes Annette Benning e Julianne Moore que afirmam que é um filme sobre família, sobre detalhes particulares, sobre o amor. E quer tema mais universal do que falar sobre família? Família é meio aquela música velha do Titãs. Família é tudo igual e tudo diferente ao mesmo tempo.

Gostei muito da crítica da Veja Rio, de Isabela Boscov. Considerando o alcance que essa revista tem no público (e não necessariamente a sua idoneidade...) ela foi bastante feliz ao dizer: "O saldo é um filme que fala com muito conhecimento de causa de um casamento gay -- e, com compreensão e afeição inesgotáveis, de um casamento qualquer, e ponto." Acho que essa frase resumiria bem o filme. Porém, se ficou curioso além disso, precisa mesmo é ir vê-lo.

O elenco está soberbo, mesmo, como andei lendo. Gosto da plasticidade e da pluralidade de personagens que Mark Ruffalo e Julianne Moore conseguem fazer. Annette Benning é clássica. Os filhos tão especiais quanto. Mais que isso seria interessante fazer um único aparte: a relação entre o casal lésbico. Se tiver dúvidas de verossimilhança, acompanhe o desenvolvimento da história.

O filme tem um roteiro tão coeso que assusta. E é simples. Uma mágica que poucos roteiristas conseguem alcançar. O monólogo impactante, quase ao final do filme, interpretado pela Jules, vivida por Julianne Moore, me levou às lágrimas. Porque eu nunca vi uma definição mais perfeita de casamento do que aquilo que ela disse.

Infelizmente, eu queria reproduzir o trecho, mas não achei a versão final do roteiro na internet. Achei uma versão anterior, que pelo que li, não é a versão que foi filmada. Uma pena. Caso você, meu querido leitor, fica curioso, sacie-a indo ao cinema ver esse filme. Vale, viu? Porque em tempos de tantos filmes de ação, com foco em violência, 3D e mirabolantes histórias, a maior graça da vida está mesmo em detalhes... e em filmes como este.

Senna - o documentário

Ontem, além de ter visto a Isabella Taviani (sem querer...), fui ao cinema ver Senna. Claro que foi sem querer, também, porque cheguei no shopping e peguei o que dava para pegar. Achei uma boa coincidência ter podido ver esse documentário, que tinha ouvido por cima, e não os outros 500 blockbusters em cartaz. Aliás, nada contra blockbusters, só não tava a fim de ver.

A primeira pergunta que fiz foi por que o filme não foi dirigido por um brasileiro? Talvez por ele ser um ídolo mundial, como é tantas vezes repetido? Acho que esse trabalho poderia ter sido por um brasileiro. Exagero? Talvez...

O documentário não traz nenhuma novidade estonteante, a menos que você não conheça quase nada sobre Ayrton Senna. Achei um pouco exagerado -- como sempre acho! -- a trilha sonora que te obriga às lágrimas. Desnecessário. As cenas são emocionantes por si próprias e a ênfase da trilha sonora eu sempre dispenso. Na sala vi marmanjos, mulheres, senhores e senhoras chorando. E eu também não pude evitar minhas lágrimas quando revi sua primeira gloriosa vitória no GP do Brasil.

Eu gosto de Fórmula 1 por causa do meu pai e por causa de Ayrton Senna. Concordo com os depoimentos de que ele era a única alegria no Brasil, numa época de década de 1990. Lembra? Brasil tinha perdido a Copa, vivíamos recessão e inflação altíssimas. Eu ainda estudava Educação Moral e Cívica na escola. Um pouco depois, tivemos o impeachment do Collor. Tempos duros aqueles... Senna era um alento a um povo sofrido. Foi para mim também. Porque era um motivo de orgulho, ver o hino nacional sendo tocado e ouvido por milhões de pessoas ao redor do mundo.

O documentário também mantém sua linha narrativa em torno da eterna briga Prost-Senna. Mas também ressalta a humildade do piloto e sua preocupação com as crianças carentes no Brasil. Um resumão bem contado de 1988 a 1994. Quase poderia passar num Discovery da vida... mas vamos dar um desconto: a figura de Senna está onde merece estar. E vale a pena assistir e relembrar do melhor piloto que representou o Brasil lá fora.

Bellini e o demônio

Tava eu lá ontem, no centro do Rio de Janeiro, precisando arranjar algo para dar um tempo até esperar meu amor sair do trabalho. Quem conhece bem o centro velho do Rio sabe que lá não é o melhor lugar para passear... embora a arquitetura seja algo a perder muitas horas... e a praia esteja logo ali na frente. Mas não queria nem um, nem outro. Fui ao Cine Odeon, prédio lindo (quero voltar para comer lá) pegar o que estivesse em cartaz. E eis que me deparo com "Bellini e o Demônio".

Meu amor olhou pra minha cara, eu levantando bem as sobrancelhas e pensando "que porra é esta?". Vi que era um filme nacional e juro que achei que fosse um dos filmes do Mojica (olha o meu preconceito, justo uma cinéfila como eu).

Mas eu me dou o argumento de pensar assim, já que inteira de um cinema agora é muito caro e pagar R$20 por um filme que não agrada, melhor comprar um DVD, eu acho!

Porém a inteira era R$10 e estava começando uma sessão. Não li nada, sinopse, mal sabia que era nacional. Entrei.

Os que leem este blogue sabe que indico muitas vezes ver um filme sem saber do que se trata, pois é um verdadeiro exercício de desprendimento artístico, na minha humilde opinião. Exceto em Mostras Internacionais, onde tudo precisa ser pré-selecionado, em muitas vezes, é bom fazer isso.

Entrei e dei de cara com a carona barbuda do Fábio Assunção em cena. Cinema escuríssimo aliado a um filme escuro, sentei nas escadas para não perder o filme. 

Com o passar dos minutos, olhos acostumados à escuridão, arranjei um lugar pra sentar e pra degustar o que diante de mim se prostrava. Tratava-se de um filme surpreendente! Um suspense que ecoava apenas na minha cabeça: David Lynch, David Lynch! Muito escuro, certos cortes, ângulo, câmeras cortadas em focos específicos nos diálogos dos personagens...

Entrei em êxtase! Filme ambientado em São Paulo, além de me dar uma saudade da terrinha, me lembrou como adoro filmes ambientados em SP. Acho -- ao contrário de alguns amigos meus-- que filmes ambientados em SP têm uma atmosfera única tanto como se estivesse sendo rodado em Nova Iorque. Brasileiro metido a cu doce tem mania de achar que nossas cidades não podem ser cenários. Não só podem como devem!!! Me lembro uma vez de ter visto (na Mostra Internacional de Cinema) um filme sobre lésbicas rodado no Rio Grande do Sul. Lembro que amei.

Não vou falar muito mais do filme para não estragar, mas ouçam esta alma que vos fala: VALE MUITO A PENA! Fiquei curiosa com o livro do Toni Belloto, quem sabe o leio? (o filme é baseado no livro do Toni) E VAMOS VALORIZAR O CINEMA NACIONAL!

Finalizando: agora pela manhã, fui acessar links do filme, para me informar mais... e qual não foi minha surpresa ao ver que o diretor se inspirou em David Lynch para fazer o filme? Rá!

PS: Fábio Assunção está inacreditável. Talvez seu drama pessoal tenha se misturado ao drama do personagem, talvez a desconstrução de um e a construção do outro tenham achado uma estrada em comum. Fato é que ele mostrou ser um excelente ator. Eu tinha lá minhas birrinhas com ele. Superadas, viu?

Clique aqui para ver o site oficial do filme.

A excêntrica família de Antonia

Meu amor vivia me dizendo para ver esse filme faz tempo... infelizmente, está fora do mercado para venda há muito tempo. E duvido que tragam de volta, o que é uma pena. Mas acho que dá para alugar nas 2001 da vida.

Esse filme foi vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 1996, batendo o Quatrilho (segundo informações de meu amor, não fui pesquisar pra confirmar... então se houver erros... não é minha culpa! haha)

Acompanhar a saga de Antonia é uma viagem interessante... uma história de plena aceitação, de união, de coragem diante das dificuldades e do modo de combatê-las. Antonia é uma corajosa que não tem um propósito de vida, um objetivo louvável a ser seguido por todos... ela é apenas ela mesma. E isso é bonito no filme. Captar esses propósitos sem ter havido um em específico.

Se alguém achar o filme por aí, vale a pena ver ou comprar. Minha cópia piratation veio com dublagem em espanhol (o filme é holandês) e legendas pessimamente traduzidas. Ok... isso não corrompe a beleza do filme. Veja o trailer aqui.


Lost Highway - David Lynch

Caros leitores, caras leitoras deste blogue... há muito tempo venho desejando ansiosamente falar sobre o meu cineasta favorito de todos os tempos: mr. David Lynch (a quem tive o prazer único de ver ao vivo, em sua passagem pelo Brasil, em 2008).

Eu fico pensando que seus filmes -- como tem de ser nas obras dos grandes artistas -- são atemporais. Eu tenho tudo que dele consegui ter. Faltava, há algum tempo, ter Lost Highway (ou a Estrada perdida, em português). Mas quem disse que esse dvd está à venda? Recorri ao mercado negro. E acabei de ver mais essa pérola.

Se diziam que Lost highway é um entremeio entre Blue Velvet e Mulholland dr... pode ser. Pitadas de Wild at Heart. O cume será sempre Inland Empire, que preciso rever em um dia muito específico. Se vc não tem ideia de nenhum desses filmes que tô falando aqui, vai googlear, vale a pena aprender com o mestre.

Lost Highway tem os elementos clássicos -- podemos assim dizer -- de David Lynch. Mas como o mestre diria, olhe o mais simples e entenderá o todo. O mais simples é uma história de amor e traição. Tão banal... mas dependendo do olhar a que é submetido, vira pérola, vira clássico.

Gosto das luzes -- ou da ausência delas. Gosto da postura dos personagens -- sempre tão blasés -- parece que mais nos observando, do que nós a eles. Gosto do cenário e do figuro -- os veludos, os sofás e o telefone. Abajures em posições específicas. Os carros. A cidade sempre tão aparentemente estática.

Não gosto do Bill Pullman. Ele tem uma capacidade de irritar sem abrir a boca. Mas me surpreendeu a sua atuação -- coisa que só os mestres também fazem. Outra coisa que David Lynch sempre faz: criar personagens que marcam visualmente. Neste filme, não é diferente...

Nota 10 -- eu, uma humilde fã de seu cinema, atribuo. E indico a quem quiser, mas preferencialmente, veja os filmes na ordem cronológica... você verá o trabalho do artista e mestre único que é David Lynch.