Clique

Mostrando postagens com marcador consciência. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador consciência. Mostrar todas as postagens

Bem-vindo, ano novo

Dias e mais dias se passaram. Tornaram-se semanas... dois meses. 

O primeiro post do ano vem em março, no meio de um calor danado em pleno verão.

Reparei, entre as coisas do dia a dia, uma frase, uma ideia recorrente. Nada novo, por sinal. Mas que, não sei por que, veio pintado de novo, com uma sensação nova. Tudo começou com uma refrão de música "mas os momentos felizes não estão escondidos nem no passado e nem no futuro". 

Passaram-se alguns dias até eu lembrar "qual é a música?". Ao mesmo tempo, pipocando na minha retina, frases aleatórias do twitter, trechos de livros que estou revisando, estudos astrológicos que estou fazendo... "do you burn for the future or yearn for the past?".

Então, subitamente, aquela rara e gostosa sensação de paz. Rara, mesmo. Porque, para senti-la, preciso ter uma penca de fatores acontecendo concomitantemente. Mas, para minha surpresa, ao contrário. 

E eu acho que eu sei de onde vem isso. A princípio, do cansaço absurdo que eu tava de um monte de coisa acontecendo na minha vida e eu totalmente fora do controle, sem nenhuma rédea na mão, apenas contando com intuição, proteção divina e acessórios esotéricos. Mas, a gente sabe que tocar uma vida vai bem mais além desses apetrechos todos. É O CONJUNTO DA OBRA.

Acho que este livro que estou revisando agora meio que serviu pra fazer um puta de um liga-ponto gigante na minha cabeça. Um livro de um assunto que eu nunca escolheria para ler (bom, normalmente, eu não leio livros, pasmem! Só a trabalho mesmo) e que tem feito cair tantas fichas quanto um jackpot no Belagio.

É isso: o cansaço absurdo que eu tava sentindo de tudo ao meu redor virou uma reflexão inesperada sobre como cheguei até aqui, mesmo com todas as merdas que eu vivi - seja por escolha própria ou não. Eu sempre fui orgulhosa em admitir que gostava da minha vida do jeito que ela era, mas isso era uma falácia. Precisei dar mais uma bela volta no fundo do poço de merda para entender. E, hoje, eu sinto algo distinto.

Passei por tanta coisa nos últimos três, quatro, cinco anos... tanta coisa que viraria fácil fácil um livro de 300 páginas. Mas escrever esse livro seria recontar a merda e taí outra coisa que eu tô cansada de fazer. Eu sou uma pessoa sintética (a despeito dos meus áudios-podcasts que raríssimos amigos têm o prazer de ouvir hehe). Na minha cabeça se passa muita coisa até que eu resuma tudo em uma frase ou uma palavra. 

E as ordens que eu me dou neste momento são: síntese, amor próprio, aceitação humilde, ação. Muita ação.

É isso. Queria deixar registrado este momento único. Não vou prometer escrever com mais frequência aqui, mas tentarei. Ideias não faltam, mas às vezes elas simplesmente não querem se transformar em palavras digitadas.

Feliz 2022. Mais amor e menos guerra.

A arte de não julgar

Tô devendo post, eu sei. Mas os novos dias estão me deixando tão ocupada (e aérea) com tantas coisas, que não sobra tempo para escrever um post do jeito que eu gostaria.

Já parei para escrever este post várias vezes. Desisti. Amassei e joguei fora o papel virtual. Recomecei. Será que agora vai?

Estes dias, ouvi "o avanço da idade precisa trazer algo de bom". Já pensava isso mesmo quando eu tinha menos idade, muita palavra e ainda muita coisa para viver. E ainda tenho muita coisa para viver. No entanto, no auge destes 35 anos de idade bem vividos, devo dizer que tem alguma diferente nos meus olhos, na minha forma de encarar o mundo. A minha alma e mesmo esta carcaça terrestre estão -- definitivamente -- diferentes.

Não é prepotência, mas eu não consigo mais ver as coisas como são. Dizem que alguém fala mal de outro para você, essa pessoa falará mal de você para outrem. Dizem que se você olha, julga e condena; você será analisado e julgado da mesma forma. Dizem que cada um planta o que colhe. Dizem que em boca fechada não entra mosquito. Jesus disse para amar os outros como a si mesmo.

Eu tenho sido espectadora da vida, do cotidiano, das pessoas. Vejo pedaços de mim mesma em cada uma delas, todas as pessoas complexas que já fui. Vejo o irascível, o sincero, o explosivo, o espontâneo, o palhaço, o ambíguo, o julgador e aquele que se acha dono da verdade. Já me achei muito dona da verdade. Mas a grande verdade é que não somos donos de nada. O máximo que podemos é ser donos do nosso livre arbítrio -- e olhe lá.  Bom, mas aí é tema para outro post.

Fato agora é que não me importo mais tanto em dar a minha opinião. Os conceitos de certo e errado nunca tiveram barreiras tão tênues para mim, como agora.  Não me interessa saber os erros do passado de qualquer pessoa que eu conheça ou desconheça. Não sei se este é o ápice de sentimento misericordioso (no significado mais real da etimologia da palavra), mas certamente é o mais ausente de julgamentos que já tive na minha vida. Acreditem: é mais agradável viver assim, porque você não precisa ficar escolhendo lados e justificando constantemente suas escolhas. Não precisa ficar buscando retóricas complexas para dizer porque alguém é mau por natureza ou porque alguém nunca aprende uma lição. Isso lhe interessa?

Se te interessar, deve ser apenas como exemplo e lição de vida, nada mais. E assim a estrada segue. Acho que perdemos muito tempo analisando os outros. Que tal gastarmos mais tempo analisando nossa própria consciência? ;)

Eterna angústia (ou a pergunta que não quer calar)

Me ponho para ouvir três trilhas sonoras que há muito tempo não ouvia: Requiem for a dream, The hours e Mulholland dr. Se vocês já viram algum desses filmes e já tiveram a oportunidade de escutar algumas dessas canções saberão que, elas reunidas juntas, formam um belo panteão da dor e da angústia.

Eu sempre tive uma característica: introspecção. E acho que a tinha guardado demais para satisfazer a demanda dos extremos otimistas que não compreendem o que é sentir angústia! Eu comecei a fugir dos filmes dramáticos – mesmo depois de tê-los vistos todos – achando, ingenuamente, que conseguiria apagar a marca indelével deixada em mim.

Sinto que desde que assisti a Into the wild, essa centelha voltou a coçar dentro da minha mente. Algo começou a ser criado e eu nem sabia exatamente o que era. Maldito Christopher McCandless…

Comecei a ler o livro (que deu origem ao filme) e muito embora ainda acredite que ela seja o relato de um psicopata, eu me reconheci em muitos de seus questionamentos. Esses, que faço todos os dias, sem saber porquê, mas faço.

Acho que cada um de nós vive seus momentos de dor e angústia, isso não é privilégio de alguns poucos azarados. A questão é: o modo como cada de um de nós vive essa onda de intensidade que nos atinge, nos deixando sem apoio, sem rumo, em total desamparo.

Uns muitos se refugiam em vícios, que vão desde um cigarro, a uma bebida, a uma mania. Ao excesso de amor ou ao excesso de trabalho. Ao excesso de esporte ou ao excesso de controle. Tudo que é excessivo e, consequentemente, cancerígeno. Da mente, do corpo ou da alma.

A minha fase angustiosa voltou. Na verdade, depois que você abre os olhos, é ingênuo achar que poderá voltar a fechá-los. Mais ingênuo ainda é pensar que será fácil conviver com essa “suposta sabedoria” em uma sociedade como a nossa. Não é!

O que resta, então, para uma pessoa, marionete de mim, sobre mim e em mim mesma? Não bebo nem fumo. Não tenho mais vícios. Não sou covarde pra distribuir minhas dores aos meus amigos que tanto e tanto já me ajudaram. Eles estão sofrendo também. Escrever? Praguejar? Recorrer a uma religião?

Eu acho que, por ora, não tenho resposta. O que me serve de companhia são essas trilhas sonoras. É lembrar que um dia seus sonhos morrem, e por mais que você construa outros sonhos, a lembrança doída da sua primeira frustração nunca se apagará. Talvez eu esteja sendo a maior de todas as egoístas… mas se eu não puder compreender isso em mim, como vou viver para o mundo? Fica então a questão: conseguirei compreender isso um dia?

Se esta escolha que eu já fiz um dia, tiver de ser refeita, farei. Mesmo sem a certeza de outrora. Mesmo com a dor e a angústia de agora. O céu azul ou a noite que fizer lá fora, ainda será o bálsamo. A Natureza.

Às vésperas de um fim de semana

Mais um fim de semana aponta trazendo aquela velha chama de esperança que tanto anima e reanima cada uma das pessoas que passa seus cinco (ou mais) dias da semana batalhando arduamente em seus trabalhos por mais de 8 horas por dia, ou seja lá qual for a rotina de vida.

Com a premissa de esperança e renovação, acordamos tarde no sábado. Alguns podem enrolar, outros madrugam para "aproveitar bem o dia". Saem, fazem compras, passeiam, encontram amigos, enchem a cara, vão pra balada. Domingo é dia de comer na casa da mãe ou de um frango assado da padoca. Pode ser dia de feira e pastel. Pode ser dia de passeios lights para refrescar a mente, um café na Paulista + cinema + Livraria Cultura ou Benedito Calixto.

Vai chegando o fim do finde e o fantasma da segunda-feira chega tomando ares de bode. Na televisão, futebol das 16h00. Faustão. Fantástico. De volta pra minha terra. De volta ao mundo real.

E a vida segue. Tão ordinária quanto ridícula.

Às vezes eu penso: o que eu tenho de ver agora, que estes olhos já não viram. Como disse por aí, a violência sutil não é menos violenta que a explícita. Ambas são formas de violência -- que em nenhum grau -- deveriam existir.

Mas meus olhos laranja mecânica continuam abertos. O sol não vai cegá-los. Saber ou não a realidade não nos torna mais sábios, isso é ilusório. Ao contrário, faz com que nos sintamos o sapo, que dentro de uma panela, não sente quando a água começa a ferver, mesmo com o fogo ligado e com as pequenas bolhas surgindo.

Como diria minha filha Poliana, a Arte ainda é a melhor forma de alienação que o ser humano já inventou. Usada com parcimônia e sabedoria, claro. Tudo bem que nem sempre concordo com ela, no entanto, diante das circunstâncias... não posso reclamar.

A vaidade e a competição

Faz algum tempo que ando pensando nessas duas palavrinhas acima, que dão título a este post.

E as primeiras coisas que me vêm à cabeça são: por que somos treinados, desde pequenos, a sermos competitivos? Será a tal da Seleção Natural de Darwin? Ou isso teria raízes esótericas? Carma? Lei da Ação e Reação? Testosterona? Mundo corporativo?

Pessoalmente, sempre fui de querer ser melhor que as outras. E assumo isso sem papas na língua. Passei muito tempo subestimada pela minha baixa auto-estima, aliada à timidez extrema (isso faz muito tempo atrás). Mas, qual ser humano não passa por esses momentos de crise, mesmo o mais forte e o mais seguro de si?

Queremos ser melhores -- e devo dizer que as mulheres são campeãs, mestras e especialistas em inveja da outra, seja por qual motivo for -- e para isso não nos importamos de jogar uma fofoquinha no ar ou de jogar umas pedrinhas na escada do outro enquanto ele está lá, subindo lentamente. Nessas horas, afirmo sem medo que todos nós temos um lado cruel que usamos. Não consciente, na maior parte das vezes, mas usamos.

Aí, eu me lembrei da tal "imagem poderosa" que guia a nossa vida. Pra qualquer um. Pode ser a imagem do pai, a imagem da mãe, a imagem de um ídolo, mas em geral, eu associaria essa "imagem" a uma fonte de poder (poderia até receber o nome de Deus ou Jesus) com um certo grau punitivo a quem você deve respeito e constantes explicações.

Acho que a Psicologia e a Psicanálise já devem ter falado muito sobre isso, mas o que a grande massa de nós não sabe é: precisamos desse guia na nossa mente. Não prestar contas a ele é como viver à deriva. Parece que perdemos nosso propósito.

Eu sempre fui muito observadora do Ser Humano e devo dizer que tenho uma relação estranha de amor e ódio às vezes. Ultimamente, tem me cansado ver as pessoas se rastejando por migalhas para ter a bênção do chefe. Entenda: isso não é feito de modo consciente.

Para os que fazem de modo consciente, chamamos de puxa-sacos/puxa-tapetes. Para os que não fazem de modo consciente, chamamos de alienados dependentes. No fim, a única pessoa pra quem devemos prestar contas -- hoje, amanhã e sempre -- é nossa alma.

Ironias do caos urbano

Ontem foi o verdadeiro caos urbano na cidade de São Paulo. Marginais, avenidas, trens e ruas alagados, parados, interditados. A selva de pedra onde vivemos não comporta as consequências do aquecimento global. Ontem foi bem uma amostra de como será o fim do mundo: nada de bolas de fogo caindo do céu. Eu imagino algo como o que vivemos no dia 08 de setembro de 2009.

Ironicamente, depois do caos pessoal que vivi na semana passada, ontem -- que deveria ter sido a cereja do meu bolo pessoal -- foi um dos dias mais tranquilos! Pra começar, não tomei uma única gota de chuva, sequer abri e molhei meu guarda-chuva! Acompanhei o fim do mundo se desenrolando pela janela e com as notícias na internet. Na hora de ir embora, pressupus que não deveria ter trens nem ônibus circulando. E milagrosamente consegui a melhor maneira de voltar pra casa, mesmo tendo levado 2h30 (o que não podemos considerar como muito, visto que muitas vezes eu levo esse tempo para voltar para casa).

Ontem, enquanto caminhava descendo a Pio XI, via as pessoas paradas em seus carros. Outras pessoas correndo, com pressa de voltar para casa. Meus passos estavam lentos. Meu tempo era outro. Na verdade, tudo o que aconteceu ontem deve ter me afetado em 0,001%. As diretrizes foram tomadas. Agora, falta a feitura. One day at a time.

Bem, hoje o céu continua cinzento. Embora eu ame dias cinzentos, espero que o homem seja um pouco menos castigado por seus atos hoje, com um pouco menos de chuva e um pouco menos de caos. É o máximo que consigo desejar para uma forma de vida tão imbecil que tratou a Natureza como tratou.

***

BTW, hoje é aniversário da queridíssima Ana Carolina! Vida longa à mais bela voz de trovão que surgiu na MPB!!!

Almost a year later...

Será que eu sucumbi? Será que quase um ano depois de tantas mudanças radicais na minha vida, eu estou sentindo aquele velho vazio de novo? E se eu alimentar o vazio, e ele voltar para me engolir, feito um vício-precípio: negro, imenso e infinito?

Estou com muitas perguntas e sem nenhuma resposta. Exceto a angústia de saber que tem algo errado, algo errado com o mundo, algo errado com a minha rotina, algo errado com deveres e obrigações. Algo totalmente errado em vivermos esta vida que vivemos e que nos obrigam a vivê-la. Quem nos obriga? A conta para pagar ou a nossa alma?

Estou olhando ao redor e meu olhar está apático. Nunca desesperançoso nem covarde. Mas estou apática. Eu sinto isso no meu caminhar. Eu sinto isso na minha ausência de vontade de conversar com as mesmas pessoas os mesmos assuntos, reclamar das mesmas coisas e não fazer nada para mudar. Não fazer porque não quero, mas muitas vezes, porque não posso.

Isabella Taviani disse isso em seu twitter:
Odeio imagem de mulher submissa. Meu exemplo de mulher na vida é forte, guerreira sem perder a doçura.

E eu me peguei pensando na guerreira de mim que, agora, está cansada. Minha frase voltou a ser "Estou cansada" e eu não gosto quando começo demais a repetir isso. Sabe o que sinto? Que estou nadando contra a maré. Que estou me afogando -- temporariamente -- entre tantos que convivem com seus sonhos arregaçados, seus desejos frustrados e sua personalidade sucumbida. Meu Deus! Não quero ser uma dessas pessoas que vivem a sua vida no piloto automático. Não posso!

Mas estou vivendo. E nesses dias, sinto apenas que sou um robô que olha displicente para as pessoas que se empanturram em conversas fúteis, em fofocas alheias, em maldade gratuita, em ignorância desmedida, em egoísmo egocêntrico.

Mas, estou vivendo... se ninguém me fez uma mandinga, tô com o corpo pesado. E isto não é uma crônica, isto é um desabafo. Conversei agora com minha filha Poliana que sempre me ajuda a me encontrar meu eixo. Sinto uma vontade de estar num casebre no meio do sítio, ouvindo pássaros, sapos e grilos. Estou exaurida.

E aqui toca o telefone. Ainda bem que é sexta... mas a vida continua. Mesmo no nosso desengano de achar que um fim de semana cura o câncer de uma vida rotineira e sem sentido, eu acredito que semana que vem estarei melhor. Eu perco todas as lutas contra egoístas e ignorantes, todas, mas a minha luta comigo mesma -- e por mim mesma -- eu nunca vou perder.

Reflexões matinais

Hoje, a caminho do trabalho, pensei no quanto me animalizei, desde que mudei de emprego e tive de começar a me submeter ao caos diário do transporte público.

Isso não quer dizer que eu nunca tenha me estressado pegando trem, metrô ou busão. A questão é que no outro emprego eu tinha algo que eu não tenho aqui: flexibilidade de horário. Meu horário é fixo das 08h15 às 18h00. No meu antigo emprego, em geral fazia o horário das 10h00 às 19h00.

Aí, no meio dessa rotina que nem mais desgastante é, pensei: isto é a Matrix!

Matrix, filme único, que vi mais de quarenta vezes. O filme que há dez anos atrás revolucionou o cinema com efeitos especiais. Sei o roteiro praticamente de cor. Pesquisei tudo o que podia sobre o assunto. Roteiro com frases inesquecíveis...

I’d like to share a revelation I had, during my time here. It came to me when I tried to classify your species. I realized that you’re not actually mammals. Every mammal on this planet instinctively develops a natural equilibrium with the surrounding environment but you humans do not. You move to an area and you multiply until every natural resource is consumed. The only way you can survive is to spread to another area. There is another organism on this planet that follows the same pattern. Do you know what it is? A virus. Humans beings are a disease, a cancer of this planet and we are the cure.

Com certeza, as máquinas não são a cura, mas tirando isso, o resto é inevitável não pensar no quanto, infelizmente, é verdadeiro.

Não tô afim de me aprofundar muito no assunto, porque a DDA aqui ainda reina. Mas quando olho ao meu redor, não consigo não ver isso. This is so sad for each of us.

O que é póstumo e, ainda assim, eterno

Já estou vivendo com meus 32 anos.

Me lembro que desde os 18 eu queria ter 32 anos. Havia algo de mágico nessa idade, não sei. Eu sempre admirei as mulheres nessa faixa etária (a pior, porque é onde a mulher tem sua primeira crise brava!) e, inclusive, minhas três namoradas tinham 32 anos quando as conheci. Nada deve ser por acaso, mesmo.

Ainda estou de ressaca do finde passado. Quarta-feira fui ver a Nilce, sexta-feira fui ver a Bella, sábado fui estar com meus amigos. Domingo foi o dia mais tranquilo em que aproveitei para almoçarmos, eu e Jana, com Poliana e Rafael, meus amigos, no Nandemoyá, na Liberdade.

Aliás -- e ainda -- estou refletindo o finde. As pessoas que estiveram presentes, as que não estiveram. Fatos engraçados que ocorreram, como umas meninas de um grupo atrás da minha mesa apostarem quem era a minha namorada, já que estava com vários casais heteros, mas aparentemente sozinha.

Ultimamente, eu tenho acompanhado vários blogues lésbicos e alguns não-lésbicos. No finde que se foi, estive em ambientes lésbicos. Confesso que fiquei -- e ainda estou -- um pouco saturada.

Não, não vou dar uma de preconceituosa contra a minha própria espécie, mas existe algo entre as meninas lés que é irritante e limitado. Claro, a regra não é geral, e graças a Deus existem exceções. Porém, é nítido que, cada uma em seu contexto pessoal de vida, se encaixa em um determinado nível de aprendizado, de maturidade e de existência. Mas, porra... não foi sempre assim? Sim, foi sempre assim. A única -- e A diferença -- é que sempre fiz isso com o universo hétero e hey baby, welcome to the real world, as lés também são assim.

Acho que tem muitas coisas desse mundo L que preciso conhecer, para conhecer o ser humano. Conviver acho que já é demais, já que sempre me intitulei como a pertencente dos "sem-grupo". Nunca precisei estar num grupo para me sentir inserida na sociedade. Claro, muito pretensiosamente, sei que faço parte de vários grupos, mas sempre fico me esguiando e esquivando aqui e ali porque odeio rótulos.

Enfim, ainda vou escrever muita coisa para refletir o turbilhão que anda na minha cabeça. Só sei que o vento está soprando... e eu sinto que meus olhos andam vendo muito mais do que sempre viram. Meio assustador, mas delicioso.

O quanto sou egoísta?

Não, a pergunta não se refere a mim. Mas a cada um dos visitantes que, por ventura, caírem aqui.

Hoje vim pensando nisso.

Um exemplo simples. Eu pego trem todos os dias para chegar até o trabalho. Que opção rápida e penosa e impossível de trocar! Quem depende deste meio de transporte, sabe o que quero dizer.

Me ocorreu que tanto homens como mulheres -- compreendendo o grau de cansaço de cada um, a quantidade de horas dormidas, rotina do dia a dia etc. -- adoram se apoiar. Se me ocorrer de querer transportar essa metáfora para outros limites, vou lembrar daquele jargão usado com frequência: "Que o mundo acabe em barranco para eu morrer encostado".

Mas, o que eu realmente quero dizer com "adoram se encostar". Quero dizer que as pessoas não podem ver um canto que estão encostadas. Isso, dentro de um meio de transporte megalotado como o trem, é algo impraticável. Porém, as pessoas, em seus egoístas pontos de vista, adoram privatizar balaústres como se fossem o sofá de sua casa.

Ok. Quem chegou primeiro "tem esse direito". Desculpa ridícula, mas até engolível. O que não é engolível de forma nenhuma é quando o trem lota e as pessoas, na ausência de um balaústre, encostam-se umas nas outras. Mais especificamente: em mim.

Assim, o que eu vejo: homens -- que se esfregam em mulheres -- assim, têm onde se encostar E ainda aproveitam a oportunidade de covardemente sarrar numa mulher. Mulheres -- que se esfregam em postes, num contido desejo de ser dançarina de boate, -- que se encostam em outras mulheres, porque é "permitido", já que encostar em homens seria parecer "dada" demais.

Pífio.

As pessoas deveriam respeitar o espaço alheio mínimo. Numa condução hiperlotada, é compreensível que todo mundo se grude. Mas, quando há espaço, não vejo outra interpretação além de que as pessoas são egoístas, folgadas e taradas.

Nesses momentos (como foi hoje, por exemplo), eu respiro fundo e me imagino em um campo verde, com pássaros e céu azul. Utopia para o dia a dia. Recôndito necessário para a mínima sobrevivência.

O sentido da oração

Não.

Isto não é um post sobre Gramática.
(mesmo porque eu nunca senti afinidade com esse tipo de estudo)

Me deu um insight agora e eu pensei "por que temos de decorar rezas de tudo quanto é religião para dizermos que estamos rezando?" Parece que se não usarmos os mesmos textos com sofreguidão, a coisa não funciona!

Não gosto dessas coisas?!

Eis que me ocorreu algo que escrevi em um antigo poema (vou achar e postá-lo aqui). REPETIÇÃO. Uma reza decorada é como uma repetição.

O ser humano somente aprende com repetição. É incrível, mas nós que nos achamos seres inteligentes e evoluídos quase nunca aprendemos de primeira. Precisamos repetir e repetir e repetir... quase como um mantra (numa leitura de subtexto) para que ele entre e se fixe na nossa mente.

E a nossa vida diária é repetição. A gente repete as mesmas vontades. A gente repete os mesmos erros. A gente repete as mesmas escolhas!!! (as ruins, claro) A rotina é repetição. Se for uma rotina boa, ok. Mas sabemos muito bem que a rotina de cada um de nós NÃO é boa.

Credo.

E no meio de tanta repetição -- algo deveria valer. O APRENDIZADO. Mas... quem diz que a gente aprende?! O ser humano tem prazer masoquistamente obsoleto de ser repetitivo por simplesmente ser.

Fiquei com naúseas.

Por isso gosto da ousadia e da coragem!

Consciência holística - 1



Neste fim de semana, assisti a um filme chamado The eleventh hour. Mais incisivo e espiritualista, trabalha com o outro apelo, no extremo oposto de An inconvenient truth. Ambos apenas objetivam uma coisa: se não cuidarmos de nosso planeta Terra, o ser humano pode se auto-extinguir.

Isso não é ridículo???

Temos todas as ferramentas para não deixar isso acontecer. Mas a grande questão, como é dito no A última hora (como ficou no Brasil) é: nossa cultura está alcançando o auge de sua degradação. O auge da banalização, da ignorância, do egoísmo. Tudo começa com a atitude do nosso dia a dia. Com a postura que temos em casa, no trabalho, na rua. E isso se expande para os bairros, cidades, governantes e países. E imprensa que deveria noticiar outra coisa que não apenas espalhar a desgraça humana. Vamos morrer de uma maneira muito pior (como o sapo fervendo dentro de uma panela que não sabe que está fervendo - isso aparece no Uma verdade inconveniente [como ficou no Brasil]) e preferimos acompanhar a desgraça dos outros, como se ela nunca fosse nos atingir. Estamos no meio do olho do furacão e não queremos ver isso!!!

Muito mais do que blá-blá-blá natureba do qual eu poderia ser acusada, está a básica observação: o mundo ao nosso redor está caótico. Cada vez mais e de todas as formas possíveis. Enchentes, catástrofes naturais, violência, desrespeito, comida envenenada, televisão cada vez mais geradora de zumbis apáticos. Estamos à beira do caos. E é mais do que chegada a hora de escolher.

Sites selecionados para quem quiser saber mais sobre o assunto. Dói. Mas é a verdade que, se não assumirmos, será nossa algoz.

http://wip.warnerbros.com/11thhour/
http://www.climatecrisis.net/

***

E, por coincidência (mesmo sabendo que não há coincidências nesta vida), abri o site da Folha e encontrei esta notícia sobre o excelente autor de A viagem de Chihiro e O castelo animado: Hayao Miyazaki. Vou comprar este livro. E indico, mesmo antes de lê-lo.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u542619.shtml