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O que somos: as máscaras reais e as máscaras virtuais

É mais do que óbvio e claro que temos vivido tempos caóticos. Nos falta saúde, falta silêncio, falta conforto e bem-estar. Por outro lado, nos sobra estresse, raiva, impaciência. Somos verdadeiras bombas quase automáticas prestes a estourar...

Uns sentem mais, outros sentem menos. Os que conseguem captar a fina percepção de que basta um clique para mudarmos nosso modo de agir. Esperamos grandes ações, esperamos grandes atitudes... mas é no silêncio solitário de estar dentro de si e consigo mesmo que alcançamos nosso ápice e nossas respostas.

Outros gritam aos quatro ventos! Todos gritam e eu mesma já gritei muito aqui. E reparem: por que precisamos de estardalhaço para ver o tênue? Não precisamos de dor. Não precisamos de dor! Não precisamos de dor!!!

Não precisamos de dor para perceber o que não dói. Não precisamos de dor para voltar a viver. Não precisamos de dor para saber o que é bom. Não precisamos de dor para valorizarmos um sorriso. Não precisamos de dor para saborear a felicidade. Não precisamos de dor para nada.

Mas somos seres humanos criados com uma distorção tão gigante de tudo que não conseguimos raciocinar nas coisas mais simples. E uma das coisas mais simples é isso: não precisamos de dor para justificar nossa alegria. Não precisamos de dor para nada!

Deveríamos aprender a andar entre os extremos, como uma dança em que cada passo do vai e vem é um aprendizado que não necessita da dor para justificar sua beleza. Outra distorção muito comum é a de que apenas sorrindo quase como bobos alegres também evitamos qualquer sofrimento. Isso para mim não me parece a fórmula mais adequada. Porque se sorrimos o tempo todo, de fato devemos esconder um verdadeiro buraco negro. Não é?

Para mim, a simplicidade de se sentir é o grande segredo. Se estamos em um momento mais triste, nos recolhemos, nos interiorizamos. Recorremos a ajuda exterior, se for o caso. Não é necessário vestir as máscaras da felicidade eterna. Não é necessário, também, vestir as máscaras do rancor estourado aos quatro ventos.

Na verdade, para mim, o que mais precisamos agora é praticar o silêncio. Falamos muito para agradar aos outros, para preencher nosso vazio interno... mas não falamos para realizar o básico da fala: comunicar.

Se você, querido leitor, chegou até aqui, pense apenas: busque o silêncio interior para saber quem você é, não aquilo que os outros esperam e não aquilo que você julga melhor mostrar.