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(Vã) filosofia de uma alma (cansada)

Já faz um bom tempo que não escrevo — e não é apenas aqui.

Minha vida percorreu várias existências em segundos. 

Minha mente navegou várias lembranças em minutos.

Meu corpo existiu e deixou de existir em um piscar de olhos.

Estamos, aqui, no meio do segundo semestre de 2024. O planeta Terra sendo massivamente destruído. Os seres humanos ensandecidos destruindo a si mesmos e aos seus semelhantes. É difícil manter-se são e focado. Todos estamos sobrevivendo com o mínimo necessário. E outros tantos por aí já desistiram de viver há tempos.

A minha vida se tornou tudo o que eu quis. A minha vida perdeu o sentido. E entre as vitórias e as derrotas, eu jazo nua ao final de um túnel, buscando a luz — a única coisa que me restou fazer antes que eu destruísse a mim mesma em meio a todo esse caos apocalíptico.

Porque a gente nunca escolhe quando vai trocar de roupa, mas não pode perder a oportunidade quando ela surge. E não importa quando isso vai acontecer.

Eu já tive tantos desejos. Já tive tantos sonhos. Já construí tantos cenários futuros. E os desejos, e os sonhos e os cenários nunca foram reais, nunca foram meus. Eles eram outra construção. Coletiva, talvez. Um empréstimo que fiz, uma apropriação indevida. E quando achei que seria feliz, eu tive que devolver esse pacote que nunca foi meu e nunca me pertenceu.

Hoje eu não sei aonde está essa felicidade. E por mais que eu me pergunte, o eco não me responde. Não há som no vácuo onde eu grito. Não há existência onde não há gravidade. Eu desconheço o que é o tempo. Eu não sinto mais as nuances do toque de alguém. Desaprendi a sentir calor e frio. 

O que é felicidade?

O que é a felicidade que buscamos nesta existência?

O que é a infelicidade?

O que é o sonho?

O que é o desejo?

O que é a existência?

E tantos que já responderam.

E tantas respostas que existem.

Eu, aos 47 anos, dispenso todas elas. 

Meus quereres perderam sentido.

Minhas afirmações se dissiparam no ar.

Meu olhar vago busca a certeza que nunca existiu e nunca existirá.

Estamos sós mesmo sem estar.

Talvez... 

A única certeza possa ser o amor — essa outra entidade tão estranha e tão pura. Essa coisa que eu acho que toco mas na verdade parece outra ilusão me fazendo perguntas impossíveis de responder. Me espreita e ameaça me abraçar para então sumir em um vento deixando apenas o rastro de um perfume. Retorna como uma leve garoa num fim de tarde para então secar e eu me perguntar se eu vivi ou apenas imaginei. O amor parece tão real e tão irreal que não sei mais diferenciar. O ter sem ter. O existir sem nunca ser. O amor não pode existir em planeta Terra. O amor, aqui, é apenas isso: um projeto que nunca se concretizará porque não fazemos ideia de como ele seja.

O que aprendi (e estou aprendendo) com os apps de relacionamentos

Em agosto do ano passado, me foi perguntado se eu sabia como encontrar pessoas legais nos apps de relacionamentos. A Cris daquela época ainda não tinha ideia do que iria viver. Hoje, dez meses depois, já começo a tocar o significado dessa experiência.


E lá vem história...

Primeiro, foi uma mulher quase vinte anos mais velha que eu e que não me deu a oportunidade de me conhecer de verdade e concluiu que eu era uma "garota irresponsável emocionalmente" que "brinca" com os sentimentos alheios.

Depois, veio uma astróloga paulistana, e eu achei que tantas e tantas coisas em comum levariam à construção de algo sólido e duradouro.

E, nessa estrada, uma recém-moradora da capital paulistana da área de TI foi o primeiro exemplo (dos muitos que eu conheceria) sobre qual é o nível da falta de coesão e coerência eu suportaria ao conversar com alguém. 

Até esse momento, eu ainda tinha me colocado aberta a relacionamentos amorosos e amizades. Então, cadastrada em três apps, mudei meus objetivos: apenas amizade.

Conheci então uma terapeuta holística e, mais uma vez, minhas esperanças de conexão maior — para amizade, apenas (da minha parte) — tiveram de aprender algo muito cruel que me parecia inconcebível à época: como uma terapeuta pode ter certas atitudes incompatíveis com a profissão?

Nisso, eu já conversava e tinha me encontrado com uma mulher que, a princípio, queria apenas me conhecer para manter um relacionamento aberto com ela (que é casada). Essa novidade (para mim, porque é extremamente comum em nossa sociedade) me causou um misto de susto com realidade. Amizade apenas. Claro. Até então, ela foi a única pessoa que conheci pessoalmente — algo que ainda quero muito (mas hoje menos).

Também conheci uma moça do RS que estava traumatizada pelo fim de um relacionamento tóxico vivido, o que a tornou uma cética a respeito do caráter das lésbicas.

Claro que nesse ínterim, muitos contatos superficiais que não foram adiante, tornando-se fantasmas na lista de pessoas que não vingam e que a gente dá unmatch ou simplesmente bloqueia.

No último mês do ano passado, conheci mais duas mulheres.

A primeira foi a advogada. Após estar ciente de que eu queria apenas amizade, trocamos muitas mensagens. Nos encontramos. No primeiro encontro tudo parecia caminhar fluidamente e embora eu tenha notado certas red flags (nunca as ignore!), o segundo encontrou mostrou ao que ela tinha vindo fazer em minha vida: me mostrar como é viver o pior date da vida.

Também conheci outra terapeuta holística que apesar de se mostrar espiritualizada e mais coerente, não estava preparada para o mínimo da troca necessária e educada que precisa existir em pessoas que estão se conhecendo.

Ainda nesse ínterim, conheci algumas moças recém-saídas de relacionamento que iam direto pro Instagram e lá ficavam, como um lembrete de que um dia houve uma conexão que se apagou tão rápido quanto acender um fósforo.

A segunda foi uma mulher incomum que conseguiu reconectar neurônios desativados em meu cérebro. Até aquele momento, crente na ciência de que eu saberia conduzir a amizade, fiz tudo que achei que deveria ter feito.

Já em 2024, conheci uma segunda advogada com quem tinha algumas semelhanças. Porém, as red flags balançaram até, umas duas semanas depois, ela finalizar o contato — algo que eu acabaria fazendo.

Também conheci uma estudante de Psicologia que tinha viajado pelo Brasil inteiro (o que agora me parece óbvio que ela estava mentindo!), trabalhava em três empregos e que começou a me dar aulas de Jung quando foi contrariada.

Conheci uma outra astróloga e terapeuta que parecia super empolgada para trocar ideias mas que desapareceu no limbo das mensagens não respondidas dias depois.

O cenário me fez cada vez mais restringir o meu já restrito perfil: descrição longa, filtros específicos. O resultado não foi melhor nem pior. Ele apenas mudou as caras.

Recentemente tive contato com uma mulher também saída de um relacionamento longo. E eis que me vi diante de um novo (mas não tão novo assim...) cenário: o de ser terapeuta apenas.

E, no meio disso tudo, algumas mulheres hetero começaram a me adicionar. Acreditei que seria uma alternativa interessante, afinal, a maior parte das minhas amigas é hetero. 

Resultado?

Aparentemente, uma delas queria apenas sexo casual comigo.

As outras duas se encontram em situação de "ponto de interrogação" em curso.

E não posso esquecer de citar o caso de uma garota hetero muito gentil mas de quem sequer sei o nome completo. Apesar de conversar há longos meses, a sensação de ter falado muito de mim e saber quase nada dela pode ser o retrato de quantas anda os relacionamentos sociais de amizade.

Daria para escrever um livro abordando todas as nuances que gostaria de abordar. Mesmo um post, talvez eu escreva "uma série de posts" rs. Talvez.


O que vou escrever agora é o que aprendi pessoalmente com tudo isso que vivi e ainda estou vivendo.


1) Somos apressados em julgar ou ser julgados.

O nível de desconfiança entre os seres humanos só aumenta. E essa neurose coletiva não permite que as pessoas consigam ter discernimento. Qualquer mínimo detalhe que desagrade já é motivo para excluir e bloquear uma pessoa. Obviamente, o nível de tolerância é muito pessoal e também não dá para usar a própria medida para outra pessoa.

2) Maturidade emocional não tem nada a ver com idade.

Quando eu tinha 20 anos, tinha a crença de que pessoas mais velhas são mais sábias. Isso é uma imposição da sociedade que faz a gente respeitar os idosos pelos motivos errados. Pessoas "de idade" podem ser mais sábias? Claro. Mas essa é uma afirmação que exige muitas exceções. Uma coisa não deveria estar associada a outra. Nessa linha de raciocínio, muitas mulheres "só se relacionam" com outras mulheres mais velhas por causa disso. Maturidade emocional tem a ver com a capacidade pessoal e intrínseca de cada de um de se desnudar, ser humilde, aprender e transformar-se.

3) Profissões consideradas chiques pela sociedade (advogado, psicológo, terapeuta) não são indicativo de que a pessoa é de confiança. Bem como o grau de espiritualidade dela.

4) Compatibilidade astrológica, no caso dos apps, não é indicativo de que um contato será frutífero. Mas sempre pode ser levado em consideração.

5) Trocar Instagram ou número de whatsapp após algumas mensagens não quer dizer nada. Absolutamente nada. Nem se vai dar certo, nem se não vai dar. Essa associação é totalmente equivocada.

6) O grau de ansiedade das pessoas já passou do tolerável. É uma doença generalizada, não tratada e pior: as pessoas nem tem consciência de que estão doentes.

Eu não me excluo desse rol. No entanto, a ansiedade por saber como será o futuro daqui a dois dias impede as pessoas de aproveitarem o presente e construírem o alicerce. Bases sólidas não são conseguidas com atração explosiva na primeira frase. E isso vale para paixões avassaladoras.

7) As mulheres acreditam que uma dor de amor se cura com outro amor.

As pessoas deveriam dedicar um mínimo de tempo sabático após um evento traumático em suas vidas. Seja fazendo terapia, seja entendendo o que é a dor de uma solidão pós-término. Existem inúmeros recursos para isso o que deveria ser menos escolhido é se cadastrar em um app de relacionamentos achando que para curar uma dor de amor, basta outro. Isso é letra de música sertaneja.

8) Tenha consciência do seu nível pessoal de expectativas.

Uma coisa é ter parâmetros, outra é esperar que alguém se encaixe em sua vida como uma luva só porque você gosta da cor da luva. Embora vivamos numa sociedade descartável, as pessoas não são itens descartáveis. Ghosting é o suprassumo da imaturidade emocional. Aprecie quem responde mensagens que mostram algum nível de reflexão. Como você deve desconfiar de quem está 24 horas do dia disponível para responder mensagens e respondendo-as na hora que elas chegam.

9) Coesão e coerência não servem apenas para estudante de Letras.

As pessoas dizem uma coisa e fazem outra e nem se dão conta disso. Trata-se do inconsciente lutando ferozmente para trazer lucidez. Mas quem, do lado de fora, prestar atenção a isso, terá em suas mãos uma poderosa ferramenta. Isso vale para qualquer setor da vida pessoal, e nos mostra não apenas o nível de autoconhecimento como pode até indicar desvios de caráter.

10) Não ignore as red flags. Elas existem por um motivo. 


Eu tenho a resposta de tudo? Não.
Tanto por não ter, que ainda não consegui construir uma relação que considere a ideal para mim. 

No entanto, ao começar a aprofundar amizade com uma moça (temos uma amiga em comum), eu comecei a ter o contraponto necessário para conseguir compreender profundamente os apps, afinal, eu e ela não nos conhecemos por eles.

Eu já afirmei, erroneamente, que a culpa dessas experiências que eu vivi é o app. Na verdade, não há culpados. A escolha desse meio me permitiu viver uma série de situações que ampliaram minha consciência. Depurei ainda mais as sujeiras que estavam incorporadas em minha forma de pensar. Entendi ainda mais o que é o "ser humano" e, por consequência, me autoconheci ainda mais.

Embora para quem leia, a linha do tempo descrevendo a breve história que vivi com as mulheres que eu conheci não seja óbvia, mas para mim está mais do que claro, tão claro quanto água pura: estou aprendendo — muito. Me burilando, me lapidando. Aonde chegarei com isso? Não sei. Mas estou confiando no processo.

E até um próximo post!

O ser humano (versão 2024) em pleno Apocalipse

 Queridos leitores deste blogue: sumi, eu sei.

Janeiro, fevereiro, março... foram meses intensos. Vivi mais uma vida inteira em três meses. Purguei o passado e coisas velhas e tão antigas. Um constante novo eu surge a cada dia, eis a beleza inenarrável de minha vida.

Comecei a escrever um tuíte e durante a criação do quarto fio do novelo me dei conta de que o tema deveria ser devidamente registrado aqui, no meu blogue. Então, cá estou para compartilhar esse pensamento que me surgiu.

Essas reflexões costumam ser construídas depois que tenho conversas boas. Fazia tempo que não tinha uma conversa que atingisse esses níveis profundos da minha mente. Afinal, a cada dia que passa, é mais difícil encontrar alguém que se disponha a ter esse tipo de conversa, a maioria prefere ficar na superfície — e eu não julgo! Pois a superfície está bastante complexa e difícil. Mas me parece muito desperdício gastarmos nossos neurônios só para sobreviver apenas com a cara para fora, lutando apenas para não morrer afogado.

Eu sempre tive um fascínio enorme em conhecer pessoas novas. Apesar de ter um lado antissocial muito acentuado que associado à minha timidez me impele a ficar quieta na minha ao invés de interagir com as pessoas, por vezes, me sinto disposta e com desejo de conhecer pessoas. Ao longo dos anos de minha vida, fui aprendendo a moldar meu desejo de espaço e solidão que existe quase que na mesma medida com minha vontade de conhecer pessoas novas.

E o que mais me fascina ao conhecer alguém novo é ouvir as histórias que elas têm pra contar. Podem ser histórias engraçadas, tristes, de seuperação, de aprendizados. Nada supera uma história bem contada.

Mas o ato de contar uma história não é apenas uma repetição lamuriosa. Ela envolve reflexão, tempo de maturação, acrescentar coisas novas, excluir outras, o dom do lúdico e o de prender a atenção de quem ouve, usando entonação, escolha de palavras, construção com início meio e fim. Sacou, né? Contar uma história é como voltar às tradições antigas quando livro era algo raro e só tínhamos a voz e a memória para repassar algo adiante (guardadas as devidas proporções atualizadas para 2024).

E eu confesso aqui para vocês: que hora decidi conhecer novas pessoas — em pleno Apocalipse!

As pessoas estão completamente saturadas sob o caos.

As que já não tinham condições de sobrevivência estão loucas. 

As que sobreviviam com alguma decência estão cedendo à loucura. 

E tem aquelas que parecem alheias a tudo e odeiam ouvir falar de desgraça: vivem no mundo de Alice.

Sobreviver, desde a pandemia, é uma habilidade que, definitivamente, já fez sua seleção natural.

Hoje não temos mais histórias sendo contadas. Hoje as pessoas ou são verborrágicas ou são monossilábicas. O que narram são o caos em que vivem, sem perspectiva de saída. E no silêncio doloroso de todos seus traumas não resolvidos, de dores que sequer ainda foram identificadas, elas acabam também se tornando portadores e transmissoras do caos. No fim, é tudo uma legião sem rostos identificados de pessoas agindo instintivamente e irracionalmente. Buscando ser felizes porque é um objetivo que foi implantado em seu cérebro. E a felicidade essa que perdeu todo seu significado original, sendo relegada a um puro materialismo, consumismo, status e poder.

O apocalipse é vivermos nesse caos de extremos com sanidade e equilíbrio.

(gargalhada) 

Mas aqui e ali eu ainda consigo ouvir uma boa história. Eu ainda vejo luz. A sabedoria da vida é que ela é cíclica e por mais que nem consigamos ver o quadro maior, a volta inteira de uma volta, nada dura para sempre.

Mas aqui e ali eu ainda conheço alguém incrível que parece ativar todos os neurônios que eu nem sabia que existiam meu cérebro. Ou outra pessoa que ilumina os cantos mais escuros de minha consciência que imploravam por luz. Já confundi isso com paixão e já aprendi essa lição também. Há um amor maior, muito maior que tudo que nem sonhamos existir, que eu aprendi a prestar atenção. O verdadeiro amor.

E cá também estou escrevendo e registrando minhas histórias. Comecei a compor um livro desde o final do ano passado. Enquanto novos estímulos ainda não surgem para eu retomar a faísca da escrita criativa, vivo.

Até o próximo post!

O último post de 2023

Eu sobrevivi ao ano de 2023 — eu deveria fazer uma camiseta para usar no ano que vem.

O mundo está doente. 

Você sabia disso. Eu sabia disso. Todos nós sabíamos disso. (mesmo?)


Mas foi apenas a partir do momento em que eu saí da minha bolha é que pude vivenciar isso na prática! E como isso aconteceu? Quando os apps de relacionamento aconteceram em minha vida.

Quem acompanhou meus posts por aqui a partir de agosto viram as minhas reações iniciais. Em seguida, as experiências — algumas inicialmente boas, outras maravilhosas — até estarmos aqui, hoje, 08 de dezembro de 2023, com essa sensação que mistura derrota com desilusão e realidade brutal.

Eu realmente não fazia ideia de que as atuais lésbicas (não importa a idade) estivessem tão mentalmente doentes. E, com isso, não quero chamar ninguém de louca, psicopata, stalker, intensa ou qualquer outro adjetivo. Nada disso. Longe disso!

Essas classificações seriam muito superficiais, muito clichês e muito preconceituosas.

Eu venho de um tempo (olha a frase cringe) em que as pessoas (mulheres lésbicas incluídas) pareciam estar conscientes de si próprias. Porque todos nós temos algum tipo de doença mental em algum nível (eu não me excluo disso). Mas a forma como lidamos com isso é que me assusta. Não há mais discernimento algum. Autoconhecimento? Aprofundamento de si próprio?

Muitas estão aí dizendo que "estão com a terapia em dia" e eu afirmei, categoricamente, que essa era uma frase clichê usada como muleta. Desculpe por ter dito isso! Hoje em dia eu sei que essas mulheres se destacam por estarem tentando. Se estão fazendo isso corretamente ou não são outros questionamentos, mas, ao menos, há a tentativa. Esse é o primeiro passo, como de uma criança aprendendo a andar, a ter mais autoconsciência de si própria.

Autoconhecimento é um ato de extrema coragem.

Mas a maioria de nós (nisso, eu não estou incluída) tem medo de conhecer as próprias sombras. Passam um verniz ou empurram deliberadamente para baixo do tapete porque, afinal, se não está na minha vista, não preciso me preocupar. Admita: quem aqui nunca fez isso na vida?

Nos apps, eu não conheci tantas mulheres assim, mas uma característica me chamou a atenção em todas elas, sem exceção: falha de comunicação. E, nisso, eu também estou incluída, infelizmente.

A falha de comunicação gera falta de clareza e falta de propósitos.

Comunicação, como dizem todos os terapeutas por aí, é crucial para o estabelecimento de qualquer tipo de relacionamento. Ainda mais quando conhecemos alguém por um meio virtual. Afinal, não temos a presença, não temos parâmetros, não temos conhecidos em comum que nos apresentariam outros pontos de vista. Contamos, única e exclusivamente, com o que nos é dito pela pessoa.

Então, se a comunicação é falha, isso se chama: receita para o desastre.

Eu sempre me considerei uma pessoa que sabia se comunicar.

E esta foi a maior lição, a mais dura de todas, que eu tive de aprender neste ano: saber me comunicar com clareza.

Comunicar-se com clareza é o ato maior de amor que você pode ter por você mesma.

Não deixar indicativos, não deixar subentendido, não esperar que a pessoa compreenda por si própria. Nada disso.

FALAR COM O MÁXIMO DE CLAREZA POSSÍVEL.

Eu tive de errar bastante para chegar à essa conclusão. Talvez, para algum leitor aqui, isso já seja óbvio. Parabéns para você! Que você continue nessa jornada, que é uma estrada de eterno aprendizado.

O outro poderá reclamar de sua suposta falta de tato com uma fala direta, mas nunca questionará suas intenções. Então, desde que você seja uma pessoa que tenha muito autoconhecimento de si mesmo, falar com clareza além de um ato de amor por si próprio também é um ato de amor com o outro — a despeito de ele não conseguir compreender isso no começo.

E, aí, fechamos o círculo e voltamos ao tal do clichê chamado "autoconhecimento". Imagine uma pessoa que não tenha consciência de si própria e que, obviamente, não saberá comunicar com clareza o que nem ela mesma sabe. 

Imagine os estragos que os encontros dessas mulheres estão causando por aí?

Imaginou?

Isso não é exclusividade de lésbicas, não. Isso é endêmico no ser humano da atualidade.

Mas, pense. O que é um app de relacionamento? É um local onde as pessoas se reúnem para vender o próprio peixe. E como se faz isso? Maquiando o peixe da melhor forma possível.

Gostos? Arte, urbanismo, café, viagens e animais.

Fotos? Uma prévia do Instagram (local onde mais encontramos a exposição da riqueza construída em detrimento da pobreza interior).

O melhor peixe exposto ganha mais curtidas, visualizações, seguidores e fãs. Que tristeza viver nestes atuais tempos.

Então, os apps não mostram, como já disse, uma foto do cérebro e, melhor, uma foto da alma. Nao temos acesso a esse raio x. Não há outra forma de saber além de observar, prestar atenção e notar como se dá a passagem do tempo — sempre, o tão sábio tempo. Além da nossa intuição.

Hoje em dia, que obviamente não é mais como há vinte anos atrás, as pessoas estão muito mais perdidas, confusas e... sequer têm noção disso. E, se têm, escondem isso dentro de um cofre de titânio sem chave de acesso. Como podemos conviver bem uns com os outros sendo e estando assim?

Não sei: esta é a minha mais sincera resposta.

E eu que, ingenuamente, achei que os maiores desafios deste ano seriam em torno do cuidado com a minha saúde, com a minha espiritualidade (obrigada, Halu Gamashi, por estar em minha vida, eu não teria conseguido sem os seus ensinamentos!) ou com a parte material da minha vida. Nada disso.

Tudo na minha vida sempre aponta para a mesma direção: os relacionamentos humanos.

Então, quero finalizar este ano refletindo e aprendendo tudo que puder aprender e continuamente seguir aprendendo. E que 2024 me traga bons ventos (mais frescos, de preferência).

Desejo o mesmo a cada leitor que me acompanhou por aqui em 2023. Sigamos juntos e fortes. Fiquem com Deus.

E eu aprendi a dizer adeus...

Não. Este post não é uma resposta tardia a uma certa música sertaneja que fez sucesso há umas décadas atrás, quando esse estilo musical ainda sobrevivia produzindo boas músicas.

Esses dias me peguei pensando na quantidade de tchaus que me foram ditos nos últimos meses, seja de forma direta ou indireta. E, na mesma hora, eu lembro desse movimento tão longo que tenho vivido há mais de uma década e que já retratei aqui neste blogue em inúmeros outros posts.

E quem me acompanha sabe o quanto me dói ouvir um adeus. Não que eu não goste de despedidas, por vezes, elas são imprescindíveis. No entanto, poucas vezes eu me despedi definitivamente de alguém. Não gosto. Sempre gosto de dizer que prefiro agregar — como uma boa canceriana que sou. Não para fazer coleção de pessoas ou me gabar da quantidade de pessoas na minha vida. Apenas porque simplesmente eu gosto de manter laços com todos.

Cada pessoa tem um significado único em nossa vida. Cada pessoa, com uma alma única, com sua presença única, com suas lembranças únicas. Eu e essa pessoa temos uma história única construída que não se repetirá com ninguém, justamente por isso, todos nós somos seres únicos construindo mundos e histórias únicas por aí.

E me despedir dessa singularidade me entristece. Não terei mais acesso aos sentimentos que eu e essa pessoa podemos trocar.

Veja, eu entendo. Manter relacionamentos humanos sadios é, talvez, a segunda mais tarefa difícil para qualquer um. E qual a primeira? Estar mentalmente, fisicamente e espiritualmente saudável. Se não estivermos sadios, como conseguiremos manter relacionamentos saudáveis? 

Cometeremos erros. Cometerão erros conosco. Seremos impulsivos e imprudentes. Agiremos e pensaremos depois. 

Gosto de crer que possa existir um mundo em que todos possam coexistir sem sentir sentimentos negativos uns pelos outros. Porque sentiremos respeito. Respeitaremos quem prefere uma estrada e a gente prefira outra. Respeitaremos os momentos pessoais uns dos outros. Respeitaremos que uns precisam passar mais tempo em um mesmo aprendizado enquanto você já estará buscando outros desafios e outras perspectivas.

E não há bom ou ruim. Certo ou errado.

Isso posto, eu admito que sempre sofri com o tchau que me foi dito inúmeras vezes. Ora porque não aceitava e não via motivos. Ora porque sequer motivos me foram dados — a pessoa simplesmente virou as costas e se foi. E esse caso aí foi o que mais aconteceu comigo.

Vivia um eterno luto com direito a muito remoer, revirar, resmungar e ficar presa nesse instante que eu simplesmente não conseguia superar.

Demorou muito tempo até que eu entendesse (como disse no começo deste post) e tantos processos, tantas dores foram vividas... (infelizmente) para que eu entendesse que, na verdade, nós dizemos adeus e sequer nos damos conta de que estamos dizendo até logo. Essa pessoa sempre estará em nós, porque até onde sei, ainda não inventaram uma máquina para apagar lembranças (como no filme Brilho eterno de uma mente sem lembranças). Essa pessoa é parte intrínseca da nossa história pessoal. Se você quiser que seja uma lembrança boa ou ruim, só depende de você e mais ninguém.

Hoje em dia quando me deparo com um iminente adeus, eu sinto meu coração disparar. Aquela velha sensação se aproximando... do tempo que não podemos capturar, dos desejos que não conseguimos realizar. E eu penso em mim mesma. Hoje em dia, eu acredito que a melhor forma de honrar uma pessoa que não quer mais fazer parte da nossa vida é aceitar seu adeus e guardar as boas lembranças. 

Não devemos discutir, muito menos argumentar. Claro, nenhuma decisão é definitiva. E eu não creio em situações imutáveis. No entanto, ao aceitarmos um "tchau" permitimos a nós mesmos que possamos abrir espaço a alguém novo e às novas experiências que essa pessoa trará. Porque, acredite ou não, essa próxima pessoa sempre vem!

Que este post não seja lido como uma ode passiva a quem nos chuta pra fora da vida. rs Nada disso! Certamente, antes dessa decisão chegar, muito já foi discutido, argumentado. Muita energia foi mal utilizada. Muitas brigas aconteceram. Tanto desgaste... e, então, chega o momento do famigerado "adeus" como passo necessário para o instante seguinte. Que assim seja!

E reitero: prefiro agregar a ter de me despedir. Sempre!
Mas a quem quiser se despedir... até breve.

Sobre a paixão (por alguém)

Recentemente, me peguei pensando de novo nesse tema que nunca se esgota! Impressionante. À medida que as primaveras passam, é possível trazer novos entendimentos em um mesmo assunto. E por se tratar de um tema caro para mim — os relacionamentos humanos — eu também sempre busco aprofundar, aprender algo, ampliar o meu conhecimento. Eu já discorri sobre esse tema anteriormente como você pode ler clicando aquiAssim, não vou retomar o que disse em alguns posts antigos. Vou tentar delinear brevemente o que eu entendo agora sobre a paixão que uma pessoa sente por outra.

Etimologicamente, a origem da palavra está ligada aos termos "sofrimento" e "doença". E é curioso constatar que, mesmo sem ter feito essa pequena pesquisa, eu sempre afirmei que a "paixão é uma forma de loucura".

E por que eu digo isso? Não precisamos refletir muito para chegarmos às mesmas conclusões. A paixão é um ato não programado de súbita conexão com alguém que suscita em nós sentimentos mistos de alegria, furor, prazer, ansiedade, posse e muita, mas MUITA intensidade.

É como se destravássemos uma chave no cérebro. Quem não quer estar apaixonado? Quem não quer se apaixonar? E se for correspondido?

O ato de estar apaixonado diminui a nossa capacidade crítica praticamente a levando a zero. O ato de estar apaixonado aciona nosso modo instintivo, involuntário e irracional. 

Defeitos do outro? Não existem! 
Incompatibilidades? O amor (a paixão) vence tudo! 
Um único (talvez dois ou três) ponto em comum constrói castelos gigantes de possibilidades, obviamente embasadas em um terreno frágil que passou longe de conseguir analisar prós e contras.
Não existem contras quando a gente está apaixonado!
"Juntos vamos vencer o mundo" dizem os apaixonados e eles se esquecem de pensar que mal conseguirão vencer a si mesmos nessa empreitada.

Apaixonar-se é sair do lugar comum. A sociedade nos enfia goela abaixo a ideia do amor romântico que começa numa paixão e termina em final feliz com os dois velhos sentados juntos compartilhando sonhos e boas lembranças. 

Quando a gente se apaixona, a gente quer se apaixonar. A gente quer estar apaixonado. A gente quer viver esse sentimento com alguém. É um desejo visceral que não tem paciência alguma e quer ser saciado com urgência. Nisso, as pessoas se conhecem, se encontram, fazem juras eternas no dia seguinte, se casam no mês seguinte (ou fazem união estável...) como se uma assinatura num papel fosse o suficiente para confirmar que o sentimento ali é sólido. Usar aliança. Fotos de casal em todos os perfis virtuais. A dissolução do um em dois, pois não há mais individualidades e sim "o casal".

Eu já vi essa história tantas e tantas vezes... e em todas as vezes o final foi o mesmo. 

Estudos dizem que uma paixão dura cerca de seis meses. Se o casal se estabelece, dura cerca de dois a três anos. Quantos casais que ficaram juntos por dois anos você não conhece por aí?

A gente bem que gostaria, mas o calor da paixão — (in)felizmente — tem prazo de validade. E quando as pessoas voltam a si, se dão conta de que quando não há mais tesão sexual, o relacionamento começa a escancarar todos os defeitos que, na verdade, sempre estiveram ali. Porque, afinal, desejar sexualmente a mesma pessoa ano após ano é um detalhe que as novelas românticas nem os comerciais de dia dos namorados ensinam.

Então, me vem a pergunta: por que a gente se apaixona?

Eu acredito que, basicamente, a gente se apaixona porque a gente não está apaixonado por si mesmo.

E de onde eu tiro essa ideia?

A resposta pode tomar alguns direcionamentos, mas em suma me parece simples: quem não pratica autoconhecimento e autocuidado de verdade (sem usar a terapia como muleta) sabe o preço que é curar um coração partido — seja essa dor causada por uma decepção amorosa ou outra qualquer (mas, em especial, a amorosa). 

O ato de se autocurar exige muitas atitudes. E a gente sempre acaba pulando uma ou várias delas. Por impaciência, por incapacidade, por ingenuidade... é apenas nas experiências dolorosas que nos lapidamos — ou, pelo menos, é isso que deveria acontecer.

Creio que a autoestima é uma das etapas da autocura onde mais precisamos do outro como elemento externo para nos validar. E isso é extremamente ardiloso, ambíguo e tênue. porque ao nos abrirmos à opinião alheia, saberemos como filtrar o que é importante ouvir e o que deve ser descartado?

Porque sabemos que não será de qualquer pessoa que virá aquela palavra que acionará a faísca em uma brasa quase se extinguindo dentro de nós.

E quando, inesperadamente ou não, surge o tal alguém que acende essa brasa sem que pedíssemos, nos permitindo voltar a ver um mundo com cores (que sempre estiveram ali mas que você era incapaz de ver), fazendo a gente voltar a acreditar naquelas qualidades que você até sabe que tinha mas nem se lembrava mais. Você volta a respirar. Você sente seu coração bater com força.

E eu acho que deveria parar aí! 
Porque se a pessoa que te causou isso for alguém por quem você facilmente se sentiria atraído fisicamente, mentalmente (ou nada disso), você cairá, sem perceber, na armadilha de ser picado pela doença da paixão.

Aí surgem os "encontros fatais" e as paixões fulminantes. Ou, na mesma medida, quando um apenas se apaixona e o outro usa esse pedestal em que se encontra para se aproveitar do apaixonado tirando todo tipo de vantagem pessoal — a pior delas, alimentar o próprio ego com a devoção cega de alguém. Ou quando simplesmente o que não está apaixonado diz "vamos ser amigos?".

Acredito que no dia em que conseguirmos entender só um pouquinho mais do mecanismo que diferencia radicalmente amor e paixão, poderemos ser mais felizes em nossos relacionamentos amorosos e em nosso relacionamentos, de modo geral. Porque, sim, a imensa e esmagadora maioria confunde amor e paixão.

Não estou negando que elas possam começar juntas!
Acho que todo mundo aqui conhece ao menos uma história de duas pessoas que trocaram um olhar, algumas palavras, se apaixonaram, se casaram e, mais de trinta anos depois, continuam juntas até hoje.

Porém, essa NÃO É a regra!

E como faz?

Aí volto ao começo deste post sobre autocura e autoestima.

Quem não consegue se amar, como conseguirá amar alguém?
Quem não está encantado por si próprio como saberá se encantar por alguém sem estar sob os efeitos da loucura?
Quem não se autoconhece bem saberá reconhecer o outro além da superficialidade cada vez mais leviana estimulada hoje em dia?
Quem não tiver o controle do tempo nas mãos saberá usar esse mesmo tempo para construir um descobrir, um despertar que caminhe para a criação do conjunto de duas pessoas que estão se conhecendo?

Amar alguém não é tapar o buraco de uma ausência com a presença de uma pessoa nova ali.

Amar é estar constantemente encantado (não apaixonado).

Amar não é estar imune a oscilações e desequilíbrios e, sim, saber, junto com o outro, a comunicar os sentimentos e juntos buscarem uma solução que seja boa para ambos.

Amar é saber comunicar com empatia, sinceridade e acolhimento.


Então, apenas me responda: uma paixão que está praticamente sendo guiada e alimentada pelos instintos e pelo irracional é capaz de agir dessa forma? Ilusoriamente até que sim. Até passar... o véu cair. E a realidade assustadora queimar os olhos das pessoas sem possibilidade de desqueimar.

Bem-vinda ao mundo dos apps de relacionamento!

Vou compartilhar uma história com vocês.

Desde 2008 que eu não me cadastrava em nenhum aplicativo de relacionamento.

Sim! São quatorze anos de defasagem. Ainda estou fazendo um intensivão em redes sociais e em páginas específicas para atualizar o meu software sapatônico. Claro, como boa alma curiosa que sempre fui, não podia deixar de fazer isso. Não (que seja dito) que eu vá usar os termos ou me comportar como uma garota de 20 anos. O objetivo é puramente saber como sente, pensa e fala as sapatoninhas que nasceram quando eu já estava lá vivendo minhas experiências.

Há diferença? MUITA. 

No entanto, o que é mais assustador (ou desolador) é que certas coisas parecem que nunca mudam. Ou até mudam, mas para uma variação tristemente pior.

Bem, lá fui eu baixar, me cadastrar e fazer uma assinatura básica em três apps. Escreve um texto de bio com caracteres e vocabulário específico o suficiente para filtrar e espantar a maioria das mulheres. Antigamente dizer que era astróloga era uma red flag gigante que tanto afugentava como encantava. Hoje? É indiferente. Perdi meu charme.

E essa foi uma das primeiras coisas que me deixou muito curiosa. O que teria acontecido com a Astrologia que hoje não chama mais a atenção nem que seja para sair correndo? Seguirei refletindo nisso.

Começa a criar um filtro de busca. Põe o filtro de busca em ação. 
Zero resultado.
Diminui o grau de exigência do filtro.
Aguarda uns corações e, com sorte, umas mensagens especiais que somente assinantes enviam.
O negócio anda devagar quase parando.
Mas eu me fiz uma promessa antes de baixar esses apps: eu vou me divertir no processo, não importa o que aconteça. Afinal, estou em busca do amor da minha vida? Certamente que não. Se eu der sorte de conseguir manter uma conversa minimamente agradável para mim, me sentirei ganhadora da mega. Uma coisa não exclui a outra, se estou lá me expondo, sei de todos os riscos que corro, sei de todas as possibilidades e, simultaneamente, me abro para tudo que possa acontecer.

Há uma diferença radical do perfil de mulheres cadastradas de acordo com cada app. E isso começa a me chamar a atenção. Fico lá olhando para uma foto, em geral selfie, e penso "a pessoa escolheu essa foto porque ela considera a melhor foto dela. Qual será a pior?" Aí vemos fotos com frases de autoajuda retiradas do FB, recortes de fotos do IG que a pessoa não limpou direito. Fotos desfocadas ou de baixa resolução. Além dos clássicos airbags que talvez atraiam as fetichentas por peitos XG.
Como você gosta de se divertir? Trabalhando.
Como você descreve suas noites? Fasendo amor. (sim, com S).
Não gosto de mulheres masculinas, só femininas. (eu concordo que poucas ficam bem com boné. Eu sou daquelas que NÃO ficam bem fora que eu tenho calor na cabeça)

E o fato de que 80% das pessoas ali estão em um relacionamento aberto? Em geral, com homens. (me chame de antiquada, mas nunca entenderei o conceito disso)
E as mulheres que só me escrevem porque sou japa? (oi? Não sou otaku nem sei o que é isso)
Ou aquelas mulheres que associam tudo a álcool: "Quero uma companhia para beber uma taça de vinho na praia e à luz de velas". "Bora tomar uma brejinha" (em geral skol quente).
Ou aquela que dizia o seguinte: " Quero uma mulher ativa fisicamente, porque quero alguém que consiga me acompanhar nas coisas que faremos juntas, viajar muito e malhar muito".

Confesso que não esperava que me depararia com isso. Há um misto de piada interna entre conversas com amigas íntimas e um senso de que nem estou defasada neste mundo — eu quase não sirvo mais para viver nele!

O que há de comum em todos esses perfis?
A falta de uma foto do cérebro.

Recentemente li um post que dizia que ninguém tem obrigação de adivinhar os pensamentos do outro. Concordo! Mas falta também um pouco mais de aprofundamento mental. Ninguém precisa ir lá escrever uma bíblia sobre si, megalomaniacamente, ou dizer que já leu todos os livros considerados clássicos. A bem dizer, essas pessoas não estão em apps. Onde elas estão? Solteiras? Presas em nichos longe do açougue virtual? Mas as pessoas podiam se esforçar um pouquinho em dizer algo mais além de vinho, academia, cerveja, bonés e peitos.

Então, sem opções, comecei a fazer outras coisas.
A primeira delas é ficar olhando para a foto e para o perfil e tentando adivinhar qual seria o signo daquele ser. Bingo! 90% das vezes eu acerto. 
E a quantidade surreal de leoninas, arianas e sagitarianas? Vou começar a fazer um quantitativo para saber quais signos eu mais vi por aí. Uma coisa é certa: os signos de terra são os que eu menos vejo (touro, virgem e capricórnio) seguido da galera de água (menos escorpião, claro). Vi poucas librianas também. Há uma quantidade gigantesca de geminianas! Halp!
A segunda é ficar caçando perfis fakes que ficam me mandando superlikes/superhearts. Já peguei duas. Se essa galera do outro lado da tela soubesse do meu poder especial escorpiônico para olhar através de todas as obviedades...rs

Recentemente, fiz uma nova amiga astróloga (bem-vinda!). Preciso agradecer a ela por (re)instigar meu lado astrológo observador que andava meio adormecido. É extremamente prazeroso (na falta de um adjetivo melhor) constatar que a astrologia continua sendo uma maneira perfeita de conhecer as pessoas sem que elas se deem conta disso.

E, conversando com uma amiga que usa esses apps há muito mais tempo que eu, aprendi uns macetes com ela para separar o joio do trigo. Se bem que, no meu caso, usar uma pinça para capturar a agulha no palheiro seria uma imagem mais acurada. Vamos rir, Aline!

Não. Não sou a última bolacha do pacote nem quero ganhar biscoito gratuitamente. Eu já estava ciente de tudo isso como disse no começo deste post. Ao mesmo tempo, não tinha como não notar (ainda bem!) que existem mulheres lésbicas inteligentes, cultas, que se destacam. Eu me encanto e fico fascinada que essas mulheres existam e estão por aí, vivendo suas vidas, encarando seus aprendizados, seus medos e deixando uma trilha única e especial por onde passam. Construindo uma história (que, obviamente não está atrelada à sua sexualidade apenas mas que, claro, faz parte intrínseca dela), sendo exemplo, ajudando outras pessoas. E me alegro muito por ter conhecido algumas delas! E espero conhecer mais!

Em um post futuro, quero retomar este post de hoje com boas novidades, sejam elas quais forem. Até lá.

Um domingo qualquer...

Houve um tempo em que acordava em manhãs de domingo, como esta, ligava o rádio numa estação qualquer, e aquela música que eu mais amava estava tocando! Tudo fazia sentido: a vida era pura alegria, nada parecia fora do lugar, eu respirava um sentimento de plenitude e perfeição.

Hoje em dia, acordo, nem o rádio eu ligo mais. Ainda existe uma estação que toque aquelas músicas lindas que agora são consideradas velhas mas que para mim ainda continuam sendo meus eternos e atuais clássicos? Acho que não...

O tempo muda a cor, os tons, os gostos. O tempo muda tudo. Mais rápido ou mais lentamente, poucas coisas se mantém. Mudar é necessário? Mudar é intrínseco! Observe a natureza e você verá que as paisagens até podem permanecer semelhantes, mas quatro estações se passaram!

Esses dias estive pensando no melhor conselho que meu professor de Astrologia me deu ao ler meu mapa: sua vida é a estrada, você está dirigindo e tem um destino, um lugar que precisa chegar. É uma viagem longa. Nesse tempo, pode chover, pode estar um dia lindo, pode baixar uma neblina, pode ter buracos na estrada. Os obstáculos podem ser rápidos ou podem demorar a passar.

Você tem um objetivo, que é o destino da sua viagem. E você sabe que precisa chegar a esse destino. Diante de um impedimento durante a viagem, o que você faz? Desiste da viagem? Fica à deriva esperando? Não!

Você muda a rota. Você desacelera e dirige com mais cautela. Você usa o gps. Se de uma forma não está boa, VOCÊ MUDA A FORMA. Se de um jeito nunca deu certo, VOCÊ ABANDONA E ESCOLHE OUTRO JEITO.

Parece simples, né? Mas a vida é simples!

Só que quando estamos no meio da neblina, sozinhos, à noite, a vida parece mesmo uma estrada sem saída. Aí, você precisa pensar naquilo que é mais importante acima de tudo: SER VOCÊ MESMO.

A sua natureza intrinseca, a sua alma, a chama mais interna dentro de você sabe o que fazer. Mas nem sempre sabemos mais como acessarmos a nós mesmos.

E, num dia como hoje, um domingo frio, cinza... eu aqui ouvindo essas músicas velhas tão bregas e tão boas, me peguei pensando nisso tudo. Um pensamento em voz alta. Quase um poema narrativo. Um pouco de mim.

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* em breve farei o sorteio dos brindes. Galera não se empolgou muito (aparentemente) mas os que se apresentaram merecem!

** em breve, também, começarei a escrever posts astrológicos em parceria com meus amigos do curso de Astrologia. Serão tópicos simples para todos entenderem o real funcionamento dos planetas por si mesmos e na nossa vida. Astrologia de facebook e de jornal? Só se for de astrólogo de verdade. MUITO CUIDADO com essas páginas genéricas, porque elas são muito tendenciosas quando não falam barbáries!!!

Onde estão as lésbicas cultas deste país?

Ao contrário do que costumo fazer, escreverei um post temático. Não gosto dos rótulos nem da classificação grupal, mas este post é necessário, mesmo porque muitas meninas vem aqui ler este blogue. Talvez minhas reflexões sejam desagradáveis à maioria que o ler, talvez ajudem, talvez... nada.

O título é polêmico, eu sei. Eu tenho fugido dos temas polêmicos, porque as opiniões sempre se polarizam, radicalizam e extremismo não é a minha praia. Pode ser que eu erre ao tratar do assunto, mas preciso fazer esse questionamento e, quem sabe, alguma alma caia aqui, se compadeça e deseje também compartilhar seus pensamentos comigo.

Vamos lá.

Quero relembrar algo que S. sempre me dizia: "São Paulo é uma cidade com milhões de pessoas. Se você encontrar dez pessoas bacanas, será sortuda" -- acho que era assim, espero não ter errado! :P A questão é "onde estão as lésbicas inteligentes?". E inteligência nem é a quantidade de titulações acadêmicas que ela possui -- porque a garota pode ser uma verdadeira chata pedante, que por mais humilde que seja, não conseguirá deixar de te dizer entrelinhas o que é certo e o que é errado.

A inteligência também não é idade avançada, tipo mais de 40. Sim, num mundo de inclusão digital, mais de 40 podem ser consideradas tias. Sapatões-tias. Termo mais obtuso impossível, no entanto, muito real. A inteligência deveria estar ligada ao amadurecimento da mulher porém isso é relativo. Escrevi recentemente sobre imaturidade emocional e continuo afirmando que mulheres amplamente vividas não significa que elas sejam sábias. A fórmula da sabedoria me parece bem diferente.

A inteligência também não está atrelada ao grau maior ou menos de humanidade que ela possui. Como disse, e por experiência própria, esse é o rótulo mais perigoso e no qual você mais se engana! Porque as pessoas espiritualizadas possuem uma proposta que, se você desconfia, você é abertamente criticado! Como assim, desconfiar de uma pessoa assim?! Pois, desconfie. Desconfie de tudo, sempre.

Bem, se vocês repararem, a matéria humana é tão ampla, que nem parece que estou falando de lésbicas. Pois, então, estou falando de seres humanos. Em matéria de amor e relacionamentos somos todos iguais. Muda-se o gênero, o sexo... mas muita coisa mantém-se a mesma.

Recentemente, decidi me associar a alguns grupos lésbicos no facebook na (ingênua) tentativa de conhecer garotas novas para amizade. Primeiro que aos olhos da imensa maioria, conhecer alguém para amizade é algo inconcebível e sempre visto como "desculpa para ir pra cama com alguém". NOPE. No meu caso (e de repente alguns outros raríssimos -- mais BEM raríssimos mesmo) eu realmente quero trocar ideias. Conhecer pessoalmente, café, conversas, afinidades mentais. Qual o problema disso?

Entrei nos grupos, comecei a ler as postagens e... meus deuses do Universo: é assustador!!!! ASSUSTADOR!!! Estes tempos estão assustadores!!! E, olha, nem tô falando de gente escrevendo errado num português de doer o mais íntimo de todos os meus ossos. Isso é um detalhe. Eu me vi numa balada virtual, com flerte para todos os lados, meninas e mulheres carentes num nível de 10 anos sem sexo e se achando as piores e mais feias criaturas da face da Terra!!! Lembrei, com muito amargor, da minha péssima experiência de uns anos atrás, no antigo Espaço Unibanco. Com muita tristeza, percebi que as coisas não mudam, acho que elas sempre foram assim...

Admiro demais o trabalho da Del Torres, uma das fundadores do Parada Lésbica. Um grupo correto e honesto. Conheço a Del faz tempo e desde então até agora, não tenho negativo para dizer. Ela continua fazendo um belo trabalho, organizado e com caráter. Algo raro não só em São Paulo mas no Brasil. A Del está dando espaço para que todas as meninas possam ter um local correto onde possam encontrar pessoas com mesmas angústias, mesmos desejos, mesmos objetivos, seja algo sério ou apenas pegação. Há os encontros reais, o site de perfil para relacionamentos, enfim.

Acho que o que falta agora é um local virtual para reunir as sapinhas num outro nível. Será que só eu quero isso? Me parece tão demais que os gays, nesse sentido, estão anos-luz à nossa frente. Porque não existe essa de meninas apenas nesse estágio, porque eu sei que há o estágio seguinte. E é a esse estágio que estou me referindo.

Fiquei pensando que as lésbicas mais cultas (uso essa palavra num sentido mais amplo, que engloba inteligência acadêmica, inteligência espiritual e inteligência para cultura geral e/ou específica) que eu já pude conhecer foram em qualquer lugar menos em nichos lésbicos. Será uma tendência ou uma regra? 

Claro, conheci garotas fantásticas pela internet, fiz amizades incríveis e namoros duradouros. Mas o que me parece hoje é que a internet tornou-se a inclusão digital para essas meninas que estão longe de tudo e de todos e as outras garotas sumiram da internet. Será?

Meu período de participação no grupo está com os dias contados. Porque em pouco mais de uma semana, vi o suficiente para perceber que eu não pertenço lá. Veja-se pelo número de pessoas que me adicionaram. E veja-se pelo número de pessoas que "ousaram conversar comigo"! Isso porque sou muito aberta, receptiva e simpática (olha, momento raro da minha vida! rsrsrs *brincadeira*). Adicionei umas 20 meninas e exclui mais de 80%. Ao fim, restará bem menos que isso.

Assim, termino o post com o mesmo questionamento que comecei: onde estão as lésbicas cultas do Brasil? Ninguém quer conversar sobre filmes, tendências, comportamento humano? E eu direi algo muito triste: minhas melhores conversas são com mulheres heterossexuais. Tenho várias amigas de longa e média data com quem tenho conversas profundas e épicas. Com lésbicas? Algumas. Com Janaína, sempre. Com S. E outras.

Sinto que ainda vou pensar e refletir mais. Até lá, quem se aventurou a ler até aqui e queira compartilhar seus pensamentos comigo, mesmo que de maneira anônima, adorarei ler sua opinião!

Paz e até!

O que é maturidade emocional num relacionamento amoroso?

Pensei em muitas formas de escrever este post. Nenhuma delas deu certo. Talvez falte liga, ou talvez falte até “mais experiências”. Não dá para esperar o ‘momento certo’ de escrever. Talvez alguma coisa esteja me bloqueando e impedindo a fluidez dos pensamentos. Nessas horas... eu penso na poesia. Somente a poesia com suas imagens, semitons e rimas consegue dar forma ao abstrato sem palavras.

Mas não vou escrever um poema, nem conseguiria... Ao contrário disso, vamos dizer que vou compartilhar um pensamento em voz alta.

Lembrei do post (que recentemente foi muito visualizado e muito comentado) As pessoas são estranhas. Na ocasião, me foi perguntado de como é difícil se sentir assim. Não diria que é difícil. Acho que esse é apenas um dos modos como eu vejo e — especialmente — sinto as coisas. Como sempre afirmo: não é mais ou menos certo. É o meu jeito.

Recentemente, me vi diante de um cenário com repertório conhecido. Aquelas mesmas dicas que te apontam para aquelas conclusões que você não quer ter, mas sabe que elas chegarão em breve.

Acredito que todos temos aquele segundo de pensamento quando está diante de uma situação já vivida várias vezes. Você pode escolher seguir, mesmo sabendo como será o final; ou você pode tentar um caminho diferente e crer que, sim, é possível que o final mude.

Mas o final não muda...

Qual é a maturidade emocional das pessoas? Como definir algo tão amplo dentro dos caminhos obscuros da psique humana? E diante de um relacionamento amoroso: como as pessoas se comportam? O que falta? O que sobra?

Já fiz muitas classificações. Conseguia razoavelmente criar listas que indicava mais aqui menos ali. Falando especificamente de casais, eu conseguia prever quanto tempo um casal ficaria junto apenas analisando o comportamento deles. Quanto mais paixão, mais efêmero. Claro, não é uma regra... mas funciona bastante.

Conversando com algumas pessoas e lendo alguns textos, dizem por aí que quanto mais vivemos, mais deveríamos ter autoconhecimento de si mesmo, autoconsciência e empatia pelo outro. Acho que, nesse caso, a regra real nem é o que acabei de dizer mas o contrário.

Conheci pessoas incríveis, altamente humanizadas, cultas, inteligentes... mas quando se trata de relacionamentos amorosos são um verdadeiro fiasco. Lembrei do Walter Riso, autor fantástico que preciso reler. E não são um fiasco porque querem sê-lo! Muito pelo contrário. A pessoa não tem consciência porque acha que está agindo como deveria agir.

Bem, a pessoa de fato está agindo da melhor forma como deve agir. Não devemos julgá-la por isso. No entanto, a partir do momento em que o espaço pessoal for invadido, você tem o direito — ao menos — de decidir se quer continuar com aquela experiência ou educadamente decliná-la. No meu caso, tive de declinar.

Enfim... esta matéria ainda será de muita reflexão para mim, não porque quero chegar a algum lugar, porque sei que não chegarei a lugar nenhum, mas porque penso que é possível dar pistas para um caminho mais claro e mais leve. Acredito que todas as pessoas que te procuram — em qualquer nível que seja — elas precisam de algo de você e, você, delas. Então, se algum caro leitor do blogue quiser comentar algo...

E, para finalizar por ora, o que vocês acham daquelas pessoas que dizem que "gostam de ouvir a verdade"?




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POST EDITADO
Me lembrei de algo que norteou meu pensamentos ao escrever o post acima e que acabei nem comentando. Só fui lembrar graças à frase postada pela Claudia Bertrani: "Amor sem verdade é mera paixão e verdade sem amor é crueldade. (Bion)"

Acho que o nível "maturidade emocional" pode ser claramente medido pelo fogo que vc tem no meio das suas pernas. Isso mesmo, fogo sexual. Acredito que, enquanto isso for a prioridade número 1 para começar um novo relacionamento, vc — de fato — quer estar constantemente apaixonado. Quer sexo a toda prova, quer brigar e reconciliar na cama, quer sexo em todos os lugares e a qualquer hora do dia. Há algo de errado nisso? NÃO! NUNCA!

Mas vc, honestamente, não deve esperar mais do que "9 and half weeks". Maybe less, maybe more. Um relacionamento baseado em paixão dura cerca de 2 a 3 anos no máximo. Eu diria 2. E tem as pesquisas que falam sobre o "hormônio do amor", do quanto somos dependentes dele e de quanto tempo somos capazes de produzi-lo continuamente.

Temos parâmetros muito tortuosos em relação ao amor, hoje em dia, na minha modesta opinião. E aí, não importa vivência, experiência, espiritualidade ou educação. Queremos tudo para ontem, no máximo hoje;  queremos um amor de televisão ou de filme, com tudo perfeito; queremos que o outro seja o que nós sonhamos no nosso mais profundo id maluco. Queremos uma ficção esquizoide em forma de amor romântico cheio de sexo como nos filmes pornôs. E o que somos? E o que temos para oferecer?

Acho que achei o norte deste tema espinhoso. As minhas experiências relatadas foram apenas para mostrar que não sou melhor nem pior. Sou um alguém como vc, em constante mutação e aprendizado. Já vivi a paixão e a irracionalidade. Muito. Demais. Meu conceito de amor nunca vinha dissociado de dor. E, olha, não faz tanto tempo assim, viu?...

Provavelmente escreverei mais. Num próximo post.


Retrospectiva 2013

É!
Mais um ano está acabando.
Mermão-mano-brown: quantas coisas aconteceram.

Eu escrevi e reescrevi trocentos posts. Refleti e re-refleti muitas vezes. E cheguei à simples conclusão de que o mais fácil seria isso que direi agora.

É um imenso desafio, nesta vida no planeta Terra, sermos nós mesmos de verdade!!! Não podemos ser.
Porque nós PENSAMOS que somos quem devemos ser. Mas, na verdade, somos uma fração mixuruca de um imensa ilusão que vivemos e que não temos um milésimo de consciência.

Somos todos um grande panelão de sopa insípida vivendo como sapos sendo cozidos lentamente em banho-maria!

***

Primeiro desabafo... ah! :)

Outra coisa, este foi um ano de imensas decepções. Pessoas me decepcionaram em diversos níveis. Ouvi coisas que não esperava ouvir e vivenciei coisas que não esperava vivenciar. Como assim?

O mais engraçado foi viver tudo isso em um período no qual decidi ser mais receptiva, mais aberta, menos exigente, menos intransigente, menos chata, e com MUITO-MUITO menos expectativa.

E, como brincadeira, parece que as coisas se revertem de maneira misteriosa. Pois a partir do momento que decidi aceitar, digamos que as coisas aconteceram da pior forma oposta. Talvez seja um resgate cármico? Talvez seja uma lei da atração. Sei lá.

"SEI LÁ" é uma expressão que tenho usado com frequência.

Porque as pessoas não dizem isso explicitamente, porque é mal-educado e politicamente incorreto, mas ninguém tá nem aí pra vc. Uns mais, outros menos, mas eis uma realidade chocante. Por isso — e talvez por isso — seja mais fácil viver em negação. Viver apenas sob efeito de álcool, fumo e outras drogas ilusórias. Dãã... é bem mais fácil sobreviver assim, né?

Eu não fumo, não bebo, não me drogo e sou viciada em chocolate. É muito difícil viver cordialmente num mundo como o nosso. Bem, seria difícil viver em qualquer época sendo como eu sou.

E eis que me veio uma claridade, assim, repentina. Eu preciso voltar a ser quem eu sou. Porque o nosso mundo atual demanda altas e específicas regras para viver em sociedade. O "senso comum" varia muito de acordo com o seu contexto social, mas em geral, as regras costumam ser as mesmas.

Então, estou reassumindo ser eu mesma outra vez. Não era antes? Sempre fui, na realidade. Mas a gente se adapta para ser aceito, né? A gente faz pequenas escolhas achando que, no final, a conta será amena. Não é verdade. A CONTA CHEGA.

***
Estou me sentindo imensamente sozinha!
Eu achava que tinha amigos.
Na verdade, acho que os tenho. Mas eles estão ocupados demais com suas próprias vidas. 
Aí, como disse a Ana, precisamos pagar alguém para nos ouvir e, se possível, nos ajudar com um ouvido, uma orientação, até um conselho. Ana, que merda, isso. Estamos cercadas de tecnologia mas estão todos conversando SUPERFICIALMENTE entre si através de um smartphone. Fingindo alegria postando cards de autoajuda no facebook e no instagram, mas podres e vazios por dentro. Desesperados por um abraço. Ou, como eu, apenas querendo conhecer pessoas novas e trocar ideias. As pessoas não querem trocar ideias, Ana. As pessoas querem subir nos palanques e iludir seus seguidores.

Algumas pessoas resistem à agrura dos tempos modernos, cheios de velocidade. Jana, sempre a minha melhor amiga. Denise Y., minha amiga há mais de dez anos. Maria Helena. Cláudia B. Ana P. Enes, que só vi uma vez este ano, mas com quem divido um cumplicidade única.

(post editado) -- esqueci de incluir a minha "filha" Poliana e a querida Ju Simionato! Como pude?!

***

Abandonei muita coisa e muitas atitudes viciosas este ano. C*r*lho, como fez bem!!!

***

Acho que vem mais desabafos. OU NÃO.
Seja o que tiver de ser. Por enquanto, é isso.

Happy Valentine's Day!

Sempre gostei de analisar as coisas. É meio que um "vício" inerente a minha pessoa. Bem, uma coisa é analisar, outra é julgar, outra é dar um veredito. Acredito que, com o tempo, consegui achar um equilíbrio saudável nisso tudo. Gosto de observar faz parte da natureza humana e faz parte especial da minha natureza. 

Por causa disso tudo e pensando no dia de hoje, Dia dos Namorados, eu queria escrever um post especial. Um post que tentasse descrever em palavras tudo aquilo que acredito e sinto. Espero ser feliz em minha empreitada!

Eu sempre via casais felizes e bem-sucedidos e tentava entender aonde estava o segredo do sucesso, aonde estava a chave que mantinha o motor ligado, aonde estava a amálgama que dava liga. Sei que me aproximei bem de uma resposta, mas nunca a obtive por completo. Eu precisaria viver para poder saber.

Eis que, hoje, fecho mais um ciclo. São cinco anos! Propositadamente escolhido no dia dos namorados! Cinco anos! :)

Amor não tem fórmula. Hoje eu sei disso. Mas o amor tem colunas importantíssimas. E sem elas numa relação, acredito que dificilmente a coisa vai pra frente. 

- respeito à liberdade do outro: liberdade de expressão, de escolha, de gosto. Deixar o outro livre não quer dizer falta de moral ou caráter (como liberdade para trair, por exemplo. Isso não existe. A menos que os dois gostem de um relacionamento aberto)

- mudar e respeitar as mudanças do outro: as pessoas, teoricamente, estão em constante mutação. Acompanhar a mudança do outro, mudar e alinhar duas pessoas mudando sem parar é um grande desafio! 

- gostar do outro como ele é e não como você queria que ele fosse.

- fazer coisas novas que estimulem um ao outro. Ter a rotina do relacionamento, mas não cair no tédio da pura rotina.

- sinceridade e honestidade em níveis altíssimos. Respeitar o outro, mas nunca deixar de SE respeitar.

- nada de grude. Grude é praticamente sinônimo de dependência que por sua vez é quase sinônimo de falta de autoestima. Os limiares são tênues e perigosos. Mas grude em excesso ninguém gosta.

Por isso, meu amor que há cinco anos me acompanha nesta jornada, é um amor perfeito. Perfeito nas imperfeições. Completo nas incompletudes. Estamos errando e corrigindo os erros. Acertando e valorizando os acertos. Sempre em frente. Sempre seguindo a alma e a nossa intuição. Por isso nosso namoro tinha de ser geminiano que é o signo que mais corrobora quem somos, nos vícios e nas qualidades!

Passamos por tantos perrengues. Passamos por situações impensáveis. Mas tudo isso não nos separou (quer dizer, separou, por 5 meses). Tudo isso apenas fez com que amadurecêssemos e soubéssemos -- sem sombras de dúvidas -- o que queríamos da vida e o que queríamos de um relacionamento.

Ela é minha melhor amiga. Um privilégio raro nos dias de hoje. Alguém que posso contar, sem sentir receio de ser julgada ou condenada. É minha companheira de jornada espiritual -- e nós nos fortalecemos a cada dia. É minha companheira de improvisação em todas as histórias e personagens que criamos. É alguém que aprendeu a me aceitar como sou -- com meus defeitos e virtudes (e isso não é pouco!!!). É alguém com quem quero continuar dividindo meus sonhos e meus desejos mais secretos. É alguém pra tornar a realidade mais doce e menos solitária e cruel.

Obrigada, meu amor, por estar assim ao meu lado! Este post é para você. Em nossa homenagem. 




O sem-parâmetro como parâmetro

Como tinha postado anteriormente, deixei um gancho para falar da ausência de parâmetros como parâmetro. Vou explicar onde tenho visto essa regra imperar e, como consequência, presentear seus afiliados com a mais ampla gama de experiências. Falo de relacionamentos amorosos.

Há quem defenda a liberdade total nessa delicada área da vida de qualquer um. Não deixo de entender os motivos. Veja: se você for um franco atirador, amar é um definitivamente um ato livre! Você pode amar em todos os níveis -- da paixão absoluta ao amor menor (existe isso? Eu acho que sim!), e experimentar as mais diferentes sensações. Conheço -- E MUITA -- gente adepta dessa prática.

Por outro lado, há quem defenda o critério meticuloso como maneira de se relacionar com alguém. Conheço pessoas que decidem que detalhes pequenos servem para decidir a inviabilidade de uma experiência a dois. Também conheço MUITA gente adepta desse estilo. Dificuldades com o português, uma certa higiene aqui e ali, um tic nervoso: tudo isso pode vir a ser motivo para o total descarte de um pretendente. Também entendo esse pensamento porque, durante muitos anos, foi o meu fio-condutor para a minha vida amorosa.

Mas, vejamos a simplicidade da coisa: extremismos não servem nem mais no Oriente Médio, quem dirá na vida amorosa do ser humano? Sou contra a liberdade total -- caiu na rede é peixe; e também sou contra excluir alguém porque a pessoa esqueceu de colocar crase num verbo bitransitivo e troca uns 's' às vezes. Isso tudo parece hilário, mas acontece demais na vida real!

O que me fez pensar no texto desse post foi que, em um período curtíssimo de tempo, presenciei -- em diversos meios de comunicação -- a defesa quase nervosa do sem-parâmetro como parâmetro. É quase neguinho apontando o dedo na sua cara porque você pode ser meio indeciso ou meio seletivo demais. Ou é neguinho dando conselho sem ninguém ter pedido. As pessoas gostam demais de se meter na vida das outras... o que me fez pensar o seguinte: não está fazendo mal, então não pode ser tão ruim assim, né?

Não. Não acho. Não gosto de ninguém apontando dedo na cara de ninguém, principalmente um defensor do sem-parâmetro querendo fazer descer goela abaixo um parâmetro. É quase um silogismo? Não sei, também. Só sei que vou compartilhar o seguinte (numa tênue defesa dos criteriosos em relação ao franco-atiradores): até o momento, não conheço UM EXEMPLO sequer de uma pessoa REALIZADA que pegava ou amava o primeiro que aparecia na frente. Por um tempo, até parece excitante a aventura do sem-limites. Mas, longe de moralismos (quem me conhece, sabe bem disso), o qeu vejo é um coração esburacado pelo tempo.

Esses que amam indiscriminadamente são carentes disfarçados. Porque disfarçam sua carência na ampla abertura de amar quem estiver disponível. Porque disfarçam sua sensibilidade em sua agressividade. E porque, com o tempo, vão espalhando aos quatro ventos que não restam esperanças, depois de uma vida inteira tentando, tentando... e nada conseguindo. Porque, sim, a pessoa mesmo atirando pra todos os lados, continua sozinha e solitária. Com sorte, não estará muito amarga.

Assim, basicamente o que quis dizer com o post de anteontem foi: os sem-parâmetros querendo comprovar seu parâmetro (e ponto de vista) pra mim, é totalmente furada. Desconfio demais e não ouço conselhos mesmo! Por outro lado, como disse antes, sem extremismos. Ou dá tudo ou não dá nada, não dá. E, somente cá entre nós, eu confesso que gosto de certas regras, certos requisitos, ainda mais no campo amoroso. Para uns, o coração é uma estrada livre e perdida. Para você?...