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O último post de 2023

Eu sobrevivi ao ano de 2023 — eu deveria fazer uma camiseta para usar no ano que vem.

O mundo está doente. 

Você sabia disso. Eu sabia disso. Todos nós sabíamos disso. (mesmo?)


Mas foi apenas a partir do momento em que eu saí da minha bolha é que pude vivenciar isso na prática! E como isso aconteceu? Quando os apps de relacionamento aconteceram em minha vida.

Quem acompanhou meus posts por aqui a partir de agosto viram as minhas reações iniciais. Em seguida, as experiências — algumas inicialmente boas, outras maravilhosas — até estarmos aqui, hoje, 08 de dezembro de 2023, com essa sensação que mistura derrota com desilusão e realidade brutal.

Eu realmente não fazia ideia de que as atuais lésbicas (não importa a idade) estivessem tão mentalmente doentes. E, com isso, não quero chamar ninguém de louca, psicopata, stalker, intensa ou qualquer outro adjetivo. Nada disso. Longe disso!

Essas classificações seriam muito superficiais, muito clichês e muito preconceituosas.

Eu venho de um tempo (olha a frase cringe) em que as pessoas (mulheres lésbicas incluídas) pareciam estar conscientes de si próprias. Porque todos nós temos algum tipo de doença mental em algum nível (eu não me excluo disso). Mas a forma como lidamos com isso é que me assusta. Não há mais discernimento algum. Autoconhecimento? Aprofundamento de si próprio?

Muitas estão aí dizendo que "estão com a terapia em dia" e eu afirmei, categoricamente, que essa era uma frase clichê usada como muleta. Desculpe por ter dito isso! Hoje em dia eu sei que essas mulheres se destacam por estarem tentando. Se estão fazendo isso corretamente ou não são outros questionamentos, mas, ao menos, há a tentativa. Esse é o primeiro passo, como de uma criança aprendendo a andar, a ter mais autoconsciência de si própria.

Autoconhecimento é um ato de extrema coragem.

Mas a maioria de nós (nisso, eu não estou incluída) tem medo de conhecer as próprias sombras. Passam um verniz ou empurram deliberadamente para baixo do tapete porque, afinal, se não está na minha vista, não preciso me preocupar. Admita: quem aqui nunca fez isso na vida?

Nos apps, eu não conheci tantas mulheres assim, mas uma característica me chamou a atenção em todas elas, sem exceção: falha de comunicação. E, nisso, eu também estou incluída, infelizmente.

A falha de comunicação gera falta de clareza e falta de propósitos.

Comunicação, como dizem todos os terapeutas por aí, é crucial para o estabelecimento de qualquer tipo de relacionamento. Ainda mais quando conhecemos alguém por um meio virtual. Afinal, não temos a presença, não temos parâmetros, não temos conhecidos em comum que nos apresentariam outros pontos de vista. Contamos, única e exclusivamente, com o que nos é dito pela pessoa.

Então, se a comunicação é falha, isso se chama: receita para o desastre.

Eu sempre me considerei uma pessoa que sabia se comunicar.

E esta foi a maior lição, a mais dura de todas, que eu tive de aprender neste ano: saber me comunicar com clareza.

Comunicar-se com clareza é o ato maior de amor que você pode ter por você mesma.

Não deixar indicativos, não deixar subentendido, não esperar que a pessoa compreenda por si própria. Nada disso.

FALAR COM O MÁXIMO DE CLAREZA POSSÍVEL.

Eu tive de errar bastante para chegar à essa conclusão. Talvez, para algum leitor aqui, isso já seja óbvio. Parabéns para você! Que você continue nessa jornada, que é uma estrada de eterno aprendizado.

O outro poderá reclamar de sua suposta falta de tato com uma fala direta, mas nunca questionará suas intenções. Então, desde que você seja uma pessoa que tenha muito autoconhecimento de si mesmo, falar com clareza além de um ato de amor por si próprio também é um ato de amor com o outro — a despeito de ele não conseguir compreender isso no começo.

E, aí, fechamos o círculo e voltamos ao tal do clichê chamado "autoconhecimento". Imagine uma pessoa que não tenha consciência de si própria e que, obviamente, não saberá comunicar com clareza o que nem ela mesma sabe. 

Imagine os estragos que os encontros dessas mulheres estão causando por aí?

Imaginou?

Isso não é exclusividade de lésbicas, não. Isso é endêmico no ser humano da atualidade.

Mas, pense. O que é um app de relacionamento? É um local onde as pessoas se reúnem para vender o próprio peixe. E como se faz isso? Maquiando o peixe da melhor forma possível.

Gostos? Arte, urbanismo, café, viagens e animais.

Fotos? Uma prévia do Instagram (local onde mais encontramos a exposição da riqueza construída em detrimento da pobreza interior).

O melhor peixe exposto ganha mais curtidas, visualizações, seguidores e fãs. Que tristeza viver nestes atuais tempos.

Então, os apps não mostram, como já disse, uma foto do cérebro e, melhor, uma foto da alma. Nao temos acesso a esse raio x. Não há outra forma de saber além de observar, prestar atenção e notar como se dá a passagem do tempo — sempre, o tão sábio tempo. Além da nossa intuição.

Hoje em dia, que obviamente não é mais como há vinte anos atrás, as pessoas estão muito mais perdidas, confusas e... sequer têm noção disso. E, se têm, escondem isso dentro de um cofre de titânio sem chave de acesso. Como podemos conviver bem uns com os outros sendo e estando assim?

Não sei: esta é a minha mais sincera resposta.

E eu que, ingenuamente, achei que os maiores desafios deste ano seriam em torno do cuidado com a minha saúde, com a minha espiritualidade (obrigada, Halu Gamashi, por estar em minha vida, eu não teria conseguido sem os seus ensinamentos!) ou com a parte material da minha vida. Nada disso.

Tudo na minha vida sempre aponta para a mesma direção: os relacionamentos humanos.

Então, quero finalizar este ano refletindo e aprendendo tudo que puder aprender e continuamente seguir aprendendo. E que 2024 me traga bons ventos (mais frescos, de preferência).

Desejo o mesmo a cada leitor que me acompanhou por aqui em 2023. Sigamos juntos e fortes. Fiquem com Deus.

E eu aprendi a dizer adeus...

Não. Este post não é uma resposta tardia a uma certa música sertaneja que fez sucesso há umas décadas atrás, quando esse estilo musical ainda sobrevivia produzindo boas músicas.

Esses dias me peguei pensando na quantidade de tchaus que me foram ditos nos últimos meses, seja de forma direta ou indireta. E, na mesma hora, eu lembro desse movimento tão longo que tenho vivido há mais de uma década e que já retratei aqui neste blogue em inúmeros outros posts.

E quem me acompanha sabe o quanto me dói ouvir um adeus. Não que eu não goste de despedidas, por vezes, elas são imprescindíveis. No entanto, poucas vezes eu me despedi definitivamente de alguém. Não gosto. Sempre gosto de dizer que prefiro agregar — como uma boa canceriana que sou. Não para fazer coleção de pessoas ou me gabar da quantidade de pessoas na minha vida. Apenas porque simplesmente eu gosto de manter laços com todos.

Cada pessoa tem um significado único em nossa vida. Cada pessoa, com uma alma única, com sua presença única, com suas lembranças únicas. Eu e essa pessoa temos uma história única construída que não se repetirá com ninguém, justamente por isso, todos nós somos seres únicos construindo mundos e histórias únicas por aí.

E me despedir dessa singularidade me entristece. Não terei mais acesso aos sentimentos que eu e essa pessoa podemos trocar.

Veja, eu entendo. Manter relacionamentos humanos sadios é, talvez, a segunda mais tarefa difícil para qualquer um. E qual a primeira? Estar mentalmente, fisicamente e espiritualmente saudável. Se não estivermos sadios, como conseguiremos manter relacionamentos saudáveis? 

Cometeremos erros. Cometerão erros conosco. Seremos impulsivos e imprudentes. Agiremos e pensaremos depois. 

Gosto de crer que possa existir um mundo em que todos possam coexistir sem sentir sentimentos negativos uns pelos outros. Porque sentiremos respeito. Respeitaremos quem prefere uma estrada e a gente prefira outra. Respeitaremos os momentos pessoais uns dos outros. Respeitaremos que uns precisam passar mais tempo em um mesmo aprendizado enquanto você já estará buscando outros desafios e outras perspectivas.

E não há bom ou ruim. Certo ou errado.

Isso posto, eu admito que sempre sofri com o tchau que me foi dito inúmeras vezes. Ora porque não aceitava e não via motivos. Ora porque sequer motivos me foram dados — a pessoa simplesmente virou as costas e se foi. E esse caso aí foi o que mais aconteceu comigo.

Vivia um eterno luto com direito a muito remoer, revirar, resmungar e ficar presa nesse instante que eu simplesmente não conseguia superar.

Demorou muito tempo até que eu entendesse (como disse no começo deste post) e tantos processos, tantas dores foram vividas... (infelizmente) para que eu entendesse que, na verdade, nós dizemos adeus e sequer nos damos conta de que estamos dizendo até logo. Essa pessoa sempre estará em nós, porque até onde sei, ainda não inventaram uma máquina para apagar lembranças (como no filme Brilho eterno de uma mente sem lembranças). Essa pessoa é parte intrínseca da nossa história pessoal. Se você quiser que seja uma lembrança boa ou ruim, só depende de você e mais ninguém.

Hoje em dia quando me deparo com um iminente adeus, eu sinto meu coração disparar. Aquela velha sensação se aproximando... do tempo que não podemos capturar, dos desejos que não conseguimos realizar. E eu penso em mim mesma. Hoje em dia, eu acredito que a melhor forma de honrar uma pessoa que não quer mais fazer parte da nossa vida é aceitar seu adeus e guardar as boas lembranças. 

Não devemos discutir, muito menos argumentar. Claro, nenhuma decisão é definitiva. E eu não creio em situações imutáveis. No entanto, ao aceitarmos um "tchau" permitimos a nós mesmos que possamos abrir espaço a alguém novo e às novas experiências que essa pessoa trará. Porque, acredite ou não, essa próxima pessoa sempre vem!

Que este post não seja lido como uma ode passiva a quem nos chuta pra fora da vida. rs Nada disso! Certamente, antes dessa decisão chegar, muito já foi discutido, argumentado. Muita energia foi mal utilizada. Muitas brigas aconteceram. Tanto desgaste... e, então, chega o momento do famigerado "adeus" como passo necessário para o instante seguinte. Que assim seja!

E reitero: prefiro agregar a ter de me despedir. Sempre!
Mas a quem quiser se despedir... até breve.

Sobre a paixão (por alguém)

Recentemente, me peguei pensando de novo nesse tema que nunca se esgota! Impressionante. À medida que as primaveras passam, é possível trazer novos entendimentos em um mesmo assunto. E por se tratar de um tema caro para mim — os relacionamentos humanos — eu também sempre busco aprofundar, aprender algo, ampliar o meu conhecimento. Eu já discorri sobre esse tema anteriormente como você pode ler clicando aquiAssim, não vou retomar o que disse em alguns posts antigos. Vou tentar delinear brevemente o que eu entendo agora sobre a paixão que uma pessoa sente por outra.

Etimologicamente, a origem da palavra está ligada aos termos "sofrimento" e "doença". E é curioso constatar que, mesmo sem ter feito essa pequena pesquisa, eu sempre afirmei que a "paixão é uma forma de loucura".

E por que eu digo isso? Não precisamos refletir muito para chegarmos às mesmas conclusões. A paixão é um ato não programado de súbita conexão com alguém que suscita em nós sentimentos mistos de alegria, furor, prazer, ansiedade, posse e muita, mas MUITA intensidade.

É como se destravássemos uma chave no cérebro. Quem não quer estar apaixonado? Quem não quer se apaixonar? E se for correspondido?

O ato de estar apaixonado diminui a nossa capacidade crítica praticamente a levando a zero. O ato de estar apaixonado aciona nosso modo instintivo, involuntário e irracional. 

Defeitos do outro? Não existem! 
Incompatibilidades? O amor (a paixão) vence tudo! 
Um único (talvez dois ou três) ponto em comum constrói castelos gigantes de possibilidades, obviamente embasadas em um terreno frágil que passou longe de conseguir analisar prós e contras.
Não existem contras quando a gente está apaixonado!
"Juntos vamos vencer o mundo" dizem os apaixonados e eles se esquecem de pensar que mal conseguirão vencer a si mesmos nessa empreitada.

Apaixonar-se é sair do lugar comum. A sociedade nos enfia goela abaixo a ideia do amor romântico que começa numa paixão e termina em final feliz com os dois velhos sentados juntos compartilhando sonhos e boas lembranças. 

Quando a gente se apaixona, a gente quer se apaixonar. A gente quer estar apaixonado. A gente quer viver esse sentimento com alguém. É um desejo visceral que não tem paciência alguma e quer ser saciado com urgência. Nisso, as pessoas se conhecem, se encontram, fazem juras eternas no dia seguinte, se casam no mês seguinte (ou fazem união estável...) como se uma assinatura num papel fosse o suficiente para confirmar que o sentimento ali é sólido. Usar aliança. Fotos de casal em todos os perfis virtuais. A dissolução do um em dois, pois não há mais individualidades e sim "o casal".

Eu já vi essa história tantas e tantas vezes... e em todas as vezes o final foi o mesmo. 

Estudos dizem que uma paixão dura cerca de seis meses. Se o casal se estabelece, dura cerca de dois a três anos. Quantos casais que ficaram juntos por dois anos você não conhece por aí?

A gente bem que gostaria, mas o calor da paixão — (in)felizmente — tem prazo de validade. E quando as pessoas voltam a si, se dão conta de que quando não há mais tesão sexual, o relacionamento começa a escancarar todos os defeitos que, na verdade, sempre estiveram ali. Porque, afinal, desejar sexualmente a mesma pessoa ano após ano é um detalhe que as novelas românticas nem os comerciais de dia dos namorados ensinam.

Então, me vem a pergunta: por que a gente se apaixona?

Eu acredito que, basicamente, a gente se apaixona porque a gente não está apaixonado por si mesmo.

E de onde eu tiro essa ideia?

A resposta pode tomar alguns direcionamentos, mas em suma me parece simples: quem não pratica autoconhecimento e autocuidado de verdade (sem usar a terapia como muleta) sabe o preço que é curar um coração partido — seja essa dor causada por uma decepção amorosa ou outra qualquer (mas, em especial, a amorosa). 

O ato de se autocurar exige muitas atitudes. E a gente sempre acaba pulando uma ou várias delas. Por impaciência, por incapacidade, por ingenuidade... é apenas nas experiências dolorosas que nos lapidamos — ou, pelo menos, é isso que deveria acontecer.

Creio que a autoestima é uma das etapas da autocura onde mais precisamos do outro como elemento externo para nos validar. E isso é extremamente ardiloso, ambíguo e tênue. porque ao nos abrirmos à opinião alheia, saberemos como filtrar o que é importante ouvir e o que deve ser descartado?

Porque sabemos que não será de qualquer pessoa que virá aquela palavra que acionará a faísca em uma brasa quase se extinguindo dentro de nós.

E quando, inesperadamente ou não, surge o tal alguém que acende essa brasa sem que pedíssemos, nos permitindo voltar a ver um mundo com cores (que sempre estiveram ali mas que você era incapaz de ver), fazendo a gente voltar a acreditar naquelas qualidades que você até sabe que tinha mas nem se lembrava mais. Você volta a respirar. Você sente seu coração bater com força.

E eu acho que deveria parar aí! 
Porque se a pessoa que te causou isso for alguém por quem você facilmente se sentiria atraído fisicamente, mentalmente (ou nada disso), você cairá, sem perceber, na armadilha de ser picado pela doença da paixão.

Aí surgem os "encontros fatais" e as paixões fulminantes. Ou, na mesma medida, quando um apenas se apaixona e o outro usa esse pedestal em que se encontra para se aproveitar do apaixonado tirando todo tipo de vantagem pessoal — a pior delas, alimentar o próprio ego com a devoção cega de alguém. Ou quando simplesmente o que não está apaixonado diz "vamos ser amigos?".

Acredito que no dia em que conseguirmos entender só um pouquinho mais do mecanismo que diferencia radicalmente amor e paixão, poderemos ser mais felizes em nossos relacionamentos amorosos e em nosso relacionamentos, de modo geral. Porque, sim, a imensa e esmagadora maioria confunde amor e paixão.

Não estou negando que elas possam começar juntas!
Acho que todo mundo aqui conhece ao menos uma história de duas pessoas que trocaram um olhar, algumas palavras, se apaixonaram, se casaram e, mais de trinta anos depois, continuam juntas até hoje.

Porém, essa NÃO É a regra!

E como faz?

Aí volto ao começo deste post sobre autocura e autoestima.

Quem não consegue se amar, como conseguirá amar alguém?
Quem não está encantado por si próprio como saberá se encantar por alguém sem estar sob os efeitos da loucura?
Quem não se autoconhece bem saberá reconhecer o outro além da superficialidade cada vez mais leviana estimulada hoje em dia?
Quem não tiver o controle do tempo nas mãos saberá usar esse mesmo tempo para construir um descobrir, um despertar que caminhe para a criação do conjunto de duas pessoas que estão se conhecendo?

Amar alguém não é tapar o buraco de uma ausência com a presença de uma pessoa nova ali.

Amar é estar constantemente encantado (não apaixonado).

Amar não é estar imune a oscilações e desequilíbrios e, sim, saber, junto com o outro, a comunicar os sentimentos e juntos buscarem uma solução que seja boa para ambos.

Amar é saber comunicar com empatia, sinceridade e acolhimento.


Então, apenas me responda: uma paixão que está praticamente sendo guiada e alimentada pelos instintos e pelo irracional é capaz de agir dessa forma? Ilusoriamente até que sim. Até passar... o véu cair. E a realidade assustadora queimar os olhos das pessoas sem possibilidade de desqueimar.

Bem-vinda ao mundo dos apps de relacionamento!

Vou compartilhar uma história com vocês.

Desde 2008 que eu não me cadastrava em nenhum aplicativo de relacionamento.

Sim! São quatorze anos de defasagem. Ainda estou fazendo um intensivão em redes sociais e em páginas específicas para atualizar o meu software sapatônico. Claro, como boa alma curiosa que sempre fui, não podia deixar de fazer isso. Não (que seja dito) que eu vá usar os termos ou me comportar como uma garota de 20 anos. O objetivo é puramente saber como sente, pensa e fala as sapatoninhas que nasceram quando eu já estava lá vivendo minhas experiências.

Há diferença? MUITA. 

No entanto, o que é mais assustador (ou desolador) é que certas coisas parecem que nunca mudam. Ou até mudam, mas para uma variação tristemente pior.

Bem, lá fui eu baixar, me cadastrar e fazer uma assinatura básica em três apps. Escreve um texto de bio com caracteres e vocabulário específico o suficiente para filtrar e espantar a maioria das mulheres. Antigamente dizer que era astróloga era uma red flag gigante que tanto afugentava como encantava. Hoje? É indiferente. Perdi meu charme.

E essa foi uma das primeiras coisas que me deixou muito curiosa. O que teria acontecido com a Astrologia que hoje não chama mais a atenção nem que seja para sair correndo? Seguirei refletindo nisso.

Começa a criar um filtro de busca. Põe o filtro de busca em ação. 
Zero resultado.
Diminui o grau de exigência do filtro.
Aguarda uns corações e, com sorte, umas mensagens especiais que somente assinantes enviam.
O negócio anda devagar quase parando.
Mas eu me fiz uma promessa antes de baixar esses apps: eu vou me divertir no processo, não importa o que aconteça. Afinal, estou em busca do amor da minha vida? Certamente que não. Se eu der sorte de conseguir manter uma conversa minimamente agradável para mim, me sentirei ganhadora da mega. Uma coisa não exclui a outra, se estou lá me expondo, sei de todos os riscos que corro, sei de todas as possibilidades e, simultaneamente, me abro para tudo que possa acontecer.

Há uma diferença radical do perfil de mulheres cadastradas de acordo com cada app. E isso começa a me chamar a atenção. Fico lá olhando para uma foto, em geral selfie, e penso "a pessoa escolheu essa foto porque ela considera a melhor foto dela. Qual será a pior?" Aí vemos fotos com frases de autoajuda retiradas do FB, recortes de fotos do IG que a pessoa não limpou direito. Fotos desfocadas ou de baixa resolução. Além dos clássicos airbags que talvez atraiam as fetichentas por peitos XG.
Como você gosta de se divertir? Trabalhando.
Como você descreve suas noites? Fasendo amor. (sim, com S).
Não gosto de mulheres masculinas, só femininas. (eu concordo que poucas ficam bem com boné. Eu sou daquelas que NÃO ficam bem fora que eu tenho calor na cabeça)

E o fato de que 80% das pessoas ali estão em um relacionamento aberto? Em geral, com homens. (me chame de antiquada, mas nunca entenderei o conceito disso)
E as mulheres que só me escrevem porque sou japa? (oi? Não sou otaku nem sei o que é isso)
Ou aquelas mulheres que associam tudo a álcool: "Quero uma companhia para beber uma taça de vinho na praia e à luz de velas". "Bora tomar uma brejinha" (em geral skol quente).
Ou aquela que dizia o seguinte: " Quero uma mulher ativa fisicamente, porque quero alguém que consiga me acompanhar nas coisas que faremos juntas, viajar muito e malhar muito".

Confesso que não esperava que me depararia com isso. Há um misto de piada interna entre conversas com amigas íntimas e um senso de que nem estou defasada neste mundo — eu quase não sirvo mais para viver nele!

O que há de comum em todos esses perfis?
A falta de uma foto do cérebro.

Recentemente li um post que dizia que ninguém tem obrigação de adivinhar os pensamentos do outro. Concordo! Mas falta também um pouco mais de aprofundamento mental. Ninguém precisa ir lá escrever uma bíblia sobre si, megalomaniacamente, ou dizer que já leu todos os livros considerados clássicos. A bem dizer, essas pessoas não estão em apps. Onde elas estão? Solteiras? Presas em nichos longe do açougue virtual? Mas as pessoas podiam se esforçar um pouquinho em dizer algo mais além de vinho, academia, cerveja, bonés e peitos.

Então, sem opções, comecei a fazer outras coisas.
A primeira delas é ficar olhando para a foto e para o perfil e tentando adivinhar qual seria o signo daquele ser. Bingo! 90% das vezes eu acerto. 
E a quantidade surreal de leoninas, arianas e sagitarianas? Vou começar a fazer um quantitativo para saber quais signos eu mais vi por aí. Uma coisa é certa: os signos de terra são os que eu menos vejo (touro, virgem e capricórnio) seguido da galera de água (menos escorpião, claro). Vi poucas librianas também. Há uma quantidade gigantesca de geminianas! Halp!
A segunda é ficar caçando perfis fakes que ficam me mandando superlikes/superhearts. Já peguei duas. Se essa galera do outro lado da tela soubesse do meu poder especial escorpiônico para olhar através de todas as obviedades...rs

Recentemente, fiz uma nova amiga astróloga (bem-vinda!). Preciso agradecer a ela por (re)instigar meu lado astrológo observador que andava meio adormecido. É extremamente prazeroso (na falta de um adjetivo melhor) constatar que a astrologia continua sendo uma maneira perfeita de conhecer as pessoas sem que elas se deem conta disso.

E, conversando com uma amiga que usa esses apps há muito mais tempo que eu, aprendi uns macetes com ela para separar o joio do trigo. Se bem que, no meu caso, usar uma pinça para capturar a agulha no palheiro seria uma imagem mais acurada. Vamos rir, Aline!

Não. Não sou a última bolacha do pacote nem quero ganhar biscoito gratuitamente. Eu já estava ciente de tudo isso como disse no começo deste post. Ao mesmo tempo, não tinha como não notar (ainda bem!) que existem mulheres lésbicas inteligentes, cultas, que se destacam. Eu me encanto e fico fascinada que essas mulheres existam e estão por aí, vivendo suas vidas, encarando seus aprendizados, seus medos e deixando uma trilha única e especial por onde passam. Construindo uma história (que, obviamente não está atrelada à sua sexualidade apenas mas que, claro, faz parte intrínseca dela), sendo exemplo, ajudando outras pessoas. E me alegro muito por ter conhecido algumas delas! E espero conhecer mais!

Em um post futuro, quero retomar este post de hoje com boas novidades, sejam elas quais forem. Até lá.

Um domingo qualquer...

Houve um tempo em que acordava em manhãs de domingo, como esta, ligava o rádio numa estação qualquer, e aquela música que eu mais amava estava tocando! Tudo fazia sentido: a vida era pura alegria, nada parecia fora do lugar, eu respirava um sentimento de plenitude e perfeição.

Hoje em dia, acordo, nem o rádio eu ligo mais. Ainda existe uma estação que toque aquelas músicas lindas que agora são consideradas velhas mas que para mim ainda continuam sendo meus eternos e atuais clássicos? Acho que não...

O tempo muda a cor, os tons, os gostos. O tempo muda tudo. Mais rápido ou mais lentamente, poucas coisas se mantém. Mudar é necessário? Mudar é intrínseco! Observe a natureza e você verá que as paisagens até podem permanecer semelhantes, mas quatro estações se passaram!

Esses dias estive pensando no melhor conselho que meu professor de Astrologia me deu ao ler meu mapa: sua vida é a estrada, você está dirigindo e tem um destino, um lugar que precisa chegar. É uma viagem longa. Nesse tempo, pode chover, pode estar um dia lindo, pode baixar uma neblina, pode ter buracos na estrada. Os obstáculos podem ser rápidos ou podem demorar a passar.

Você tem um objetivo, que é o destino da sua viagem. E você sabe que precisa chegar a esse destino. Diante de um impedimento durante a viagem, o que você faz? Desiste da viagem? Fica à deriva esperando? Não!

Você muda a rota. Você desacelera e dirige com mais cautela. Você usa o gps. Se de uma forma não está boa, VOCÊ MUDA A FORMA. Se de um jeito nunca deu certo, VOCÊ ABANDONA E ESCOLHE OUTRO JEITO.

Parece simples, né? Mas a vida é simples!

Só que quando estamos no meio da neblina, sozinhos, à noite, a vida parece mesmo uma estrada sem saída. Aí, você precisa pensar naquilo que é mais importante acima de tudo: SER VOCÊ MESMO.

A sua natureza intrinseca, a sua alma, a chama mais interna dentro de você sabe o que fazer. Mas nem sempre sabemos mais como acessarmos a nós mesmos.

E, num dia como hoje, um domingo frio, cinza... eu aqui ouvindo essas músicas velhas tão bregas e tão boas, me peguei pensando nisso tudo. Um pensamento em voz alta. Quase um poema narrativo. Um pouco de mim.

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* em breve farei o sorteio dos brindes. Galera não se empolgou muito (aparentemente) mas os que se apresentaram merecem!

** em breve, também, começarei a escrever posts astrológicos em parceria com meus amigos do curso de Astrologia. Serão tópicos simples para todos entenderem o real funcionamento dos planetas por si mesmos e na nossa vida. Astrologia de facebook e de jornal? Só se for de astrólogo de verdade. MUITO CUIDADO com essas páginas genéricas, porque elas são muito tendenciosas quando não falam barbáries!!!

Onde estão as lésbicas cultas deste país?

Ao contrário do que costumo fazer, escreverei um post temático. Não gosto dos rótulos nem da classificação grupal, mas este post é necessário, mesmo porque muitas meninas vem aqui ler este blogue. Talvez minhas reflexões sejam desagradáveis à maioria que o ler, talvez ajudem, talvez... nada.

O título é polêmico, eu sei. Eu tenho fugido dos temas polêmicos, porque as opiniões sempre se polarizam, radicalizam e extremismo não é a minha praia. Pode ser que eu erre ao tratar do assunto, mas preciso fazer esse questionamento e, quem sabe, alguma alma caia aqui, se compadeça e deseje também compartilhar seus pensamentos comigo.

Vamos lá.

Quero relembrar algo que S. sempre me dizia: "São Paulo é uma cidade com milhões de pessoas. Se você encontrar dez pessoas bacanas, será sortuda" -- acho que era assim, espero não ter errado! :P A questão é "onde estão as lésbicas inteligentes?". E inteligência nem é a quantidade de titulações acadêmicas que ela possui -- porque a garota pode ser uma verdadeira chata pedante, que por mais humilde que seja, não conseguirá deixar de te dizer entrelinhas o que é certo e o que é errado.

A inteligência também não é idade avançada, tipo mais de 40. Sim, num mundo de inclusão digital, mais de 40 podem ser consideradas tias. Sapatões-tias. Termo mais obtuso impossível, no entanto, muito real. A inteligência deveria estar ligada ao amadurecimento da mulher porém isso é relativo. Escrevi recentemente sobre imaturidade emocional e continuo afirmando que mulheres amplamente vividas não significa que elas sejam sábias. A fórmula da sabedoria me parece bem diferente.

A inteligência também não está atrelada ao grau maior ou menos de humanidade que ela possui. Como disse, e por experiência própria, esse é o rótulo mais perigoso e no qual você mais se engana! Porque as pessoas espiritualizadas possuem uma proposta que, se você desconfia, você é abertamente criticado! Como assim, desconfiar de uma pessoa assim?! Pois, desconfie. Desconfie de tudo, sempre.

Bem, se vocês repararem, a matéria humana é tão ampla, que nem parece que estou falando de lésbicas. Pois, então, estou falando de seres humanos. Em matéria de amor e relacionamentos somos todos iguais. Muda-se o gênero, o sexo... mas muita coisa mantém-se a mesma.

Recentemente, decidi me associar a alguns grupos lésbicos no facebook na (ingênua) tentativa de conhecer garotas novas para amizade. Primeiro que aos olhos da imensa maioria, conhecer alguém para amizade é algo inconcebível e sempre visto como "desculpa para ir pra cama com alguém". NOPE. No meu caso (e de repente alguns outros raríssimos -- mais BEM raríssimos mesmo) eu realmente quero trocar ideias. Conhecer pessoalmente, café, conversas, afinidades mentais. Qual o problema disso?

Entrei nos grupos, comecei a ler as postagens e... meus deuses do Universo: é assustador!!!! ASSUSTADOR!!! Estes tempos estão assustadores!!! E, olha, nem tô falando de gente escrevendo errado num português de doer o mais íntimo de todos os meus ossos. Isso é um detalhe. Eu me vi numa balada virtual, com flerte para todos os lados, meninas e mulheres carentes num nível de 10 anos sem sexo e se achando as piores e mais feias criaturas da face da Terra!!! Lembrei, com muito amargor, da minha péssima experiência de uns anos atrás, no antigo Espaço Unibanco. Com muita tristeza, percebi que as coisas não mudam, acho que elas sempre foram assim...

Admiro demais o trabalho da Del Torres, uma das fundadores do Parada Lésbica. Um grupo correto e honesto. Conheço a Del faz tempo e desde então até agora, não tenho negativo para dizer. Ela continua fazendo um belo trabalho, organizado e com caráter. Algo raro não só em São Paulo mas no Brasil. A Del está dando espaço para que todas as meninas possam ter um local correto onde possam encontrar pessoas com mesmas angústias, mesmos desejos, mesmos objetivos, seja algo sério ou apenas pegação. Há os encontros reais, o site de perfil para relacionamentos, enfim.

Acho que o que falta agora é um local virtual para reunir as sapinhas num outro nível. Será que só eu quero isso? Me parece tão demais que os gays, nesse sentido, estão anos-luz à nossa frente. Porque não existe essa de meninas apenas nesse estágio, porque eu sei que há o estágio seguinte. E é a esse estágio que estou me referindo.

Fiquei pensando que as lésbicas mais cultas (uso essa palavra num sentido mais amplo, que engloba inteligência acadêmica, inteligência espiritual e inteligência para cultura geral e/ou específica) que eu já pude conhecer foram em qualquer lugar menos em nichos lésbicos. Será uma tendência ou uma regra? 

Claro, conheci garotas fantásticas pela internet, fiz amizades incríveis e namoros duradouros. Mas o que me parece hoje é que a internet tornou-se a inclusão digital para essas meninas que estão longe de tudo e de todos e as outras garotas sumiram da internet. Será?

Meu período de participação no grupo está com os dias contados. Porque em pouco mais de uma semana, vi o suficiente para perceber que eu não pertenço lá. Veja-se pelo número de pessoas que me adicionaram. E veja-se pelo número de pessoas que "ousaram conversar comigo"! Isso porque sou muito aberta, receptiva e simpática (olha, momento raro da minha vida! rsrsrs *brincadeira*). Adicionei umas 20 meninas e exclui mais de 80%. Ao fim, restará bem menos que isso.

Assim, termino o post com o mesmo questionamento que comecei: onde estão as lésbicas cultas do Brasil? Ninguém quer conversar sobre filmes, tendências, comportamento humano? E eu direi algo muito triste: minhas melhores conversas são com mulheres heterossexuais. Tenho várias amigas de longa e média data com quem tenho conversas profundas e épicas. Com lésbicas? Algumas. Com Janaína, sempre. Com S. E outras.

Sinto que ainda vou pensar e refletir mais. Até lá, quem se aventurou a ler até aqui e queira compartilhar seus pensamentos comigo, mesmo que de maneira anônima, adorarei ler sua opinião!

Paz e até!

O que é maturidade emocional num relacionamento amoroso?

Pensei em muitas formas de escrever este post. Nenhuma delas deu certo. Talvez falte liga, ou talvez falte até “mais experiências”. Não dá para esperar o ‘momento certo’ de escrever. Talvez alguma coisa esteja me bloqueando e impedindo a fluidez dos pensamentos. Nessas horas... eu penso na poesia. Somente a poesia com suas imagens, semitons e rimas consegue dar forma ao abstrato sem palavras.

Mas não vou escrever um poema, nem conseguiria... Ao contrário disso, vamos dizer que vou compartilhar um pensamento em voz alta.

Lembrei do post (que recentemente foi muito visualizado e muito comentado) As pessoas são estranhas. Na ocasião, me foi perguntado de como é difícil se sentir assim. Não diria que é difícil. Acho que esse é apenas um dos modos como eu vejo e — especialmente — sinto as coisas. Como sempre afirmo: não é mais ou menos certo. É o meu jeito.

Recentemente, me vi diante de um cenário com repertório conhecido. Aquelas mesmas dicas que te apontam para aquelas conclusões que você não quer ter, mas sabe que elas chegarão em breve.

Acredito que todos temos aquele segundo de pensamento quando está diante de uma situação já vivida várias vezes. Você pode escolher seguir, mesmo sabendo como será o final; ou você pode tentar um caminho diferente e crer que, sim, é possível que o final mude.

Mas o final não muda...

Qual é a maturidade emocional das pessoas? Como definir algo tão amplo dentro dos caminhos obscuros da psique humana? E diante de um relacionamento amoroso: como as pessoas se comportam? O que falta? O que sobra?

Já fiz muitas classificações. Conseguia razoavelmente criar listas que indicava mais aqui menos ali. Falando especificamente de casais, eu conseguia prever quanto tempo um casal ficaria junto apenas analisando o comportamento deles. Quanto mais paixão, mais efêmero. Claro, não é uma regra... mas funciona bastante.

Conversando com algumas pessoas e lendo alguns textos, dizem por aí que quanto mais vivemos, mais deveríamos ter autoconhecimento de si mesmo, autoconsciência e empatia pelo outro. Acho que, nesse caso, a regra real nem é o que acabei de dizer mas o contrário.

Conheci pessoas incríveis, altamente humanizadas, cultas, inteligentes... mas quando se trata de relacionamentos amorosos são um verdadeiro fiasco. Lembrei do Walter Riso, autor fantástico que preciso reler. E não são um fiasco porque querem sê-lo! Muito pelo contrário. A pessoa não tem consciência porque acha que está agindo como deveria agir.

Bem, a pessoa de fato está agindo da melhor forma como deve agir. Não devemos julgá-la por isso. No entanto, a partir do momento em que o espaço pessoal for invadido, você tem o direito — ao menos — de decidir se quer continuar com aquela experiência ou educadamente decliná-la. No meu caso, tive de declinar.

Enfim... esta matéria ainda será de muita reflexão para mim, não porque quero chegar a algum lugar, porque sei que não chegarei a lugar nenhum, mas porque penso que é possível dar pistas para um caminho mais claro e mais leve. Acredito que todas as pessoas que te procuram — em qualquer nível que seja — elas precisam de algo de você e, você, delas. Então, se algum caro leitor do blogue quiser comentar algo...

E, para finalizar por ora, o que vocês acham daquelas pessoas que dizem que "gostam de ouvir a verdade"?




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POST EDITADO
Me lembrei de algo que norteou meu pensamentos ao escrever o post acima e que acabei nem comentando. Só fui lembrar graças à frase postada pela Claudia Bertrani: "Amor sem verdade é mera paixão e verdade sem amor é crueldade. (Bion)"

Acho que o nível "maturidade emocional" pode ser claramente medido pelo fogo que vc tem no meio das suas pernas. Isso mesmo, fogo sexual. Acredito que, enquanto isso for a prioridade número 1 para começar um novo relacionamento, vc — de fato — quer estar constantemente apaixonado. Quer sexo a toda prova, quer brigar e reconciliar na cama, quer sexo em todos os lugares e a qualquer hora do dia. Há algo de errado nisso? NÃO! NUNCA!

Mas vc, honestamente, não deve esperar mais do que "9 and half weeks". Maybe less, maybe more. Um relacionamento baseado em paixão dura cerca de 2 a 3 anos no máximo. Eu diria 2. E tem as pesquisas que falam sobre o "hormônio do amor", do quanto somos dependentes dele e de quanto tempo somos capazes de produzi-lo continuamente.

Temos parâmetros muito tortuosos em relação ao amor, hoje em dia, na minha modesta opinião. E aí, não importa vivência, experiência, espiritualidade ou educação. Queremos tudo para ontem, no máximo hoje;  queremos um amor de televisão ou de filme, com tudo perfeito; queremos que o outro seja o que nós sonhamos no nosso mais profundo id maluco. Queremos uma ficção esquizoide em forma de amor romântico cheio de sexo como nos filmes pornôs. E o que somos? E o que temos para oferecer?

Acho que achei o norte deste tema espinhoso. As minhas experiências relatadas foram apenas para mostrar que não sou melhor nem pior. Sou um alguém como vc, em constante mutação e aprendizado. Já vivi a paixão e a irracionalidade. Muito. Demais. Meu conceito de amor nunca vinha dissociado de dor. E, olha, não faz tanto tempo assim, viu?...

Provavelmente escreverei mais. Num próximo post.


Retrospectiva 2013

É!
Mais um ano está acabando.
Mermão-mano-brown: quantas coisas aconteceram.

Eu escrevi e reescrevi trocentos posts. Refleti e re-refleti muitas vezes. E cheguei à simples conclusão de que o mais fácil seria isso que direi agora.

É um imenso desafio, nesta vida no planeta Terra, sermos nós mesmos de verdade!!! Não podemos ser.
Porque nós PENSAMOS que somos quem devemos ser. Mas, na verdade, somos uma fração mixuruca de um imensa ilusão que vivemos e que não temos um milésimo de consciência.

Somos todos um grande panelão de sopa insípida vivendo como sapos sendo cozidos lentamente em banho-maria!

***

Primeiro desabafo... ah! :)

Outra coisa, este foi um ano de imensas decepções. Pessoas me decepcionaram em diversos níveis. Ouvi coisas que não esperava ouvir e vivenciei coisas que não esperava vivenciar. Como assim?

O mais engraçado foi viver tudo isso em um período no qual decidi ser mais receptiva, mais aberta, menos exigente, menos intransigente, menos chata, e com MUITO-MUITO menos expectativa.

E, como brincadeira, parece que as coisas se revertem de maneira misteriosa. Pois a partir do momento que decidi aceitar, digamos que as coisas aconteceram da pior forma oposta. Talvez seja um resgate cármico? Talvez seja uma lei da atração. Sei lá.

"SEI LÁ" é uma expressão que tenho usado com frequência.

Porque as pessoas não dizem isso explicitamente, porque é mal-educado e politicamente incorreto, mas ninguém tá nem aí pra vc. Uns mais, outros menos, mas eis uma realidade chocante. Por isso — e talvez por isso — seja mais fácil viver em negação. Viver apenas sob efeito de álcool, fumo e outras drogas ilusórias. Dãã... é bem mais fácil sobreviver assim, né?

Eu não fumo, não bebo, não me drogo e sou viciada em chocolate. É muito difícil viver cordialmente num mundo como o nosso. Bem, seria difícil viver em qualquer época sendo como eu sou.

E eis que me veio uma claridade, assim, repentina. Eu preciso voltar a ser quem eu sou. Porque o nosso mundo atual demanda altas e específicas regras para viver em sociedade. O "senso comum" varia muito de acordo com o seu contexto social, mas em geral, as regras costumam ser as mesmas.

Então, estou reassumindo ser eu mesma outra vez. Não era antes? Sempre fui, na realidade. Mas a gente se adapta para ser aceito, né? A gente faz pequenas escolhas achando que, no final, a conta será amena. Não é verdade. A CONTA CHEGA.

***
Estou me sentindo imensamente sozinha!
Eu achava que tinha amigos.
Na verdade, acho que os tenho. Mas eles estão ocupados demais com suas próprias vidas. 
Aí, como disse a Ana, precisamos pagar alguém para nos ouvir e, se possível, nos ajudar com um ouvido, uma orientação, até um conselho. Ana, que merda, isso. Estamos cercadas de tecnologia mas estão todos conversando SUPERFICIALMENTE entre si através de um smartphone. Fingindo alegria postando cards de autoajuda no facebook e no instagram, mas podres e vazios por dentro. Desesperados por um abraço. Ou, como eu, apenas querendo conhecer pessoas novas e trocar ideias. As pessoas não querem trocar ideias, Ana. As pessoas querem subir nos palanques e iludir seus seguidores.

Algumas pessoas resistem à agrura dos tempos modernos, cheios de velocidade. Jana, sempre a minha melhor amiga. Denise Y., minha amiga há mais de dez anos. Maria Helena. Cláudia B. Ana P. Enes, que só vi uma vez este ano, mas com quem divido um cumplicidade única.

(post editado) -- esqueci de incluir a minha "filha" Poliana e a querida Ju Simionato! Como pude?!

***

Abandonei muita coisa e muitas atitudes viciosas este ano. C*r*lho, como fez bem!!!

***

Acho que vem mais desabafos. OU NÃO.
Seja o que tiver de ser. Por enquanto, é isso.

Happy Valentine's Day!

Sempre gostei de analisar as coisas. É meio que um "vício" inerente a minha pessoa. Bem, uma coisa é analisar, outra é julgar, outra é dar um veredito. Acredito que, com o tempo, consegui achar um equilíbrio saudável nisso tudo. Gosto de observar faz parte da natureza humana e faz parte especial da minha natureza. 

Por causa disso tudo e pensando no dia de hoje, Dia dos Namorados, eu queria escrever um post especial. Um post que tentasse descrever em palavras tudo aquilo que acredito e sinto. Espero ser feliz em minha empreitada!

Eu sempre via casais felizes e bem-sucedidos e tentava entender aonde estava o segredo do sucesso, aonde estava a chave que mantinha o motor ligado, aonde estava a amálgama que dava liga. Sei que me aproximei bem de uma resposta, mas nunca a obtive por completo. Eu precisaria viver para poder saber.

Eis que, hoje, fecho mais um ciclo. São cinco anos! Propositadamente escolhido no dia dos namorados! Cinco anos! :)

Amor não tem fórmula. Hoje eu sei disso. Mas o amor tem colunas importantíssimas. E sem elas numa relação, acredito que dificilmente a coisa vai pra frente. 

- respeito à liberdade do outro: liberdade de expressão, de escolha, de gosto. Deixar o outro livre não quer dizer falta de moral ou caráter (como liberdade para trair, por exemplo. Isso não existe. A menos que os dois gostem de um relacionamento aberto)

- mudar e respeitar as mudanças do outro: as pessoas, teoricamente, estão em constante mutação. Acompanhar a mudança do outro, mudar e alinhar duas pessoas mudando sem parar é um grande desafio! 

- gostar do outro como ele é e não como você queria que ele fosse.

- fazer coisas novas que estimulem um ao outro. Ter a rotina do relacionamento, mas não cair no tédio da pura rotina.

- sinceridade e honestidade em níveis altíssimos. Respeitar o outro, mas nunca deixar de SE respeitar.

- nada de grude. Grude é praticamente sinônimo de dependência que por sua vez é quase sinônimo de falta de autoestima. Os limiares são tênues e perigosos. Mas grude em excesso ninguém gosta.

Por isso, meu amor que há cinco anos me acompanha nesta jornada, é um amor perfeito. Perfeito nas imperfeições. Completo nas incompletudes. Estamos errando e corrigindo os erros. Acertando e valorizando os acertos. Sempre em frente. Sempre seguindo a alma e a nossa intuição. Por isso nosso namoro tinha de ser geminiano que é o signo que mais corrobora quem somos, nos vícios e nas qualidades!

Passamos por tantos perrengues. Passamos por situações impensáveis. Mas tudo isso não nos separou (quer dizer, separou, por 5 meses). Tudo isso apenas fez com que amadurecêssemos e soubéssemos -- sem sombras de dúvidas -- o que queríamos da vida e o que queríamos de um relacionamento.

Ela é minha melhor amiga. Um privilégio raro nos dias de hoje. Alguém que posso contar, sem sentir receio de ser julgada ou condenada. É minha companheira de jornada espiritual -- e nós nos fortalecemos a cada dia. É minha companheira de improvisação em todas as histórias e personagens que criamos. É alguém que aprendeu a me aceitar como sou -- com meus defeitos e virtudes (e isso não é pouco!!!). É alguém com quem quero continuar dividindo meus sonhos e meus desejos mais secretos. É alguém pra tornar a realidade mais doce e menos solitária e cruel.

Obrigada, meu amor, por estar assim ao meu lado! Este post é para você. Em nossa homenagem. 




O sem-parâmetro como parâmetro

Como tinha postado anteriormente, deixei um gancho para falar da ausência de parâmetros como parâmetro. Vou explicar onde tenho visto essa regra imperar e, como consequência, presentear seus afiliados com a mais ampla gama de experiências. Falo de relacionamentos amorosos.

Há quem defenda a liberdade total nessa delicada área da vida de qualquer um. Não deixo de entender os motivos. Veja: se você for um franco atirador, amar é um definitivamente um ato livre! Você pode amar em todos os níveis -- da paixão absoluta ao amor menor (existe isso? Eu acho que sim!), e experimentar as mais diferentes sensações. Conheço -- E MUITA -- gente adepta dessa prática.

Por outro lado, há quem defenda o critério meticuloso como maneira de se relacionar com alguém. Conheço pessoas que decidem que detalhes pequenos servem para decidir a inviabilidade de uma experiência a dois. Também conheço MUITA gente adepta desse estilo. Dificuldades com o português, uma certa higiene aqui e ali, um tic nervoso: tudo isso pode vir a ser motivo para o total descarte de um pretendente. Também entendo esse pensamento porque, durante muitos anos, foi o meu fio-condutor para a minha vida amorosa.

Mas, vejamos a simplicidade da coisa: extremismos não servem nem mais no Oriente Médio, quem dirá na vida amorosa do ser humano? Sou contra a liberdade total -- caiu na rede é peixe; e também sou contra excluir alguém porque a pessoa esqueceu de colocar crase num verbo bitransitivo e troca uns 's' às vezes. Isso tudo parece hilário, mas acontece demais na vida real!

O que me fez pensar no texto desse post foi que, em um período curtíssimo de tempo, presenciei -- em diversos meios de comunicação -- a defesa quase nervosa do sem-parâmetro como parâmetro. É quase neguinho apontando o dedo na sua cara porque você pode ser meio indeciso ou meio seletivo demais. Ou é neguinho dando conselho sem ninguém ter pedido. As pessoas gostam demais de se meter na vida das outras... o que me fez pensar o seguinte: não está fazendo mal, então não pode ser tão ruim assim, né?

Não. Não acho. Não gosto de ninguém apontando dedo na cara de ninguém, principalmente um defensor do sem-parâmetro querendo fazer descer goela abaixo um parâmetro. É quase um silogismo? Não sei, também. Só sei que vou compartilhar o seguinte (numa tênue defesa dos criteriosos em relação ao franco-atiradores): até o momento, não conheço UM EXEMPLO sequer de uma pessoa REALIZADA que pegava ou amava o primeiro que aparecia na frente. Por um tempo, até parece excitante a aventura do sem-limites. Mas, longe de moralismos (quem me conhece, sabe bem disso), o qeu vejo é um coração esburacado pelo tempo.

Esses que amam indiscriminadamente são carentes disfarçados. Porque disfarçam sua carência na ampla abertura de amar quem estiver disponível. Porque disfarçam sua sensibilidade em sua agressividade. E porque, com o tempo, vão espalhando aos quatro ventos que não restam esperanças, depois de uma vida inteira tentando, tentando... e nada conseguindo. Porque, sim, a pessoa mesmo atirando pra todos os lados, continua sozinha e solitária. Com sorte, não estará muito amarga.

Assim, basicamente o que quis dizer com o post de anteontem foi: os sem-parâmetros querendo comprovar seu parâmetro (e ponto de vista) pra mim, é totalmente furada. Desconfio demais e não ouço conselhos mesmo! Por outro lado, como disse antes, sem extremismos. Ou dá tudo ou não dá nada, não dá. E, somente cá entre nós, eu confesso que gosto de certas regras, certos requisitos, ainda mais no campo amoroso. Para uns, o coração é uma estrada livre e perdida. Para você?...

Uma reflexão sobre o amor platônico

"Pior que perder um amor platônico é perder as amizades que esse mesmo amor causou..." 

Já falei algumas vezes aqui sobre amor platônico. Triste assumir, mas confesso que sou versada nesse assunto. No final de 2009, eu escrevi o seguinte post: Amores platônicos: ilusão ou idealismo? Àquela época (e a gente sempre pensa isso...) eu supunha que já tinha visto de tudo no assunto que tange amores platônicos. Nada como viver e ir vivendo e aprender certas coisas...

O que vou contar aqui é um exemplo de algo que vivi e que tenho presenciado ao meu redor. Espero que o relato não ofenda a ninguém (do passado ou do presente). Trata-se, apenas, de análise empírica, sem ofensas pessoais, certo?

O amor platônico que citei no post de cima era mais puro, mais imaginado mesmo. Do tipo que um mínimo de contato físico e presença física eram necessários. O amor platônico pode, a partir desse estágio, partir para uma necessidade maior, visto que como não pode ser realizado (e por isso é platônico...). Nesse caso, o objeto amado (que pode ou não saber desse amor) precisa ser constantemente visto, conversado, tocado (como amigo, claro), abraçado, qualquer coisa que satisfaça o desejo interno que é de coisas mais sérias e "proibidas".

Vivi algumas situações assim com amigas minhas, que obviamente não vou citar nomes, elas sabem! Sim, sabem. Aí fica o conflito moral e ético, que numa conversa com a querida Maria Pia, foi trazido à tona: um amor platônico é idealizado, certo? Certo. Mas a partir do momento em que há convívio diário (ou quase assim) ele continua idealizado? Não. Segunda pergunta: não é óbvio que a outra parte que é amada desconfia minimamente de algo? Ou, pior, ela pode saber! Nesse caso, como fica? Mais complicado é se a outra parte for -- num amor platônico lésbico -- heterossexual e casada. Ainda assim é complicado se a outra parte for lésbica e casada. Porque o amor platônico toma esses "ares proibidos", que podem ser muito interessantes para muita gente...

Eu digo que já vivi essas duas situações. Não é legal. Não é nada bom estar apaixonado por uma mulher heterossexual/lésbica casada. Mas aí Maria Pia me compartilhou um caso de uma  garota que tem seu amor platônico assumido, mas que não deixa de viver outros romances por isso. Muito admirável e corajoso isso! Porque ela joga limpo com a única pessoa com quem ela deve jogar limpo: ela mesma. Aí entramos não num conflito ético, mas num conflito de autoestima.

Quanta autoestima tem uma pessoa que vive uma situação assim? Podemos pensar nos casos de pessoas extremamente tímidas ou talvez as extremamente mal-resolvidas que precisam pisar em ovos bem podres para aprender a viver. Faz parte da vida. E pode surpreeender muito aquela pessoa que, por fora, parece um universo inteiro de audácia, coragem e maturidade... mas na verdade é uma carente emocional, cheia de rupturas, imaturidade e baixa estima.

Todos nós já passamos por essas fases alguma vez na vida. Há quem tenha algum capricho no ego, mas duvido que ninguém nunca tenha vivido isso antes. Assim caímos e aprendemos, saboreamos o amargo para tentar saber como pode ser o doce. Porém -- e ressalto o porém -- o que nos distingue é a nossa capacidade de saber o que fazer diante disso. O eterno livre-arbítrio que, para muitos, é um verdadeiro fardo, enquanto para outros é uma excelente ferramenta de vida.

Levanto uma última questão: o que acontece quando a outra pessoa sabe que você é apaixonada por ela? Por uma coisa é você estar apaixonada por alguém proibido e fazer tudo para estar perto. A outra coisa -- e talvez mais grave -- é essa parte ter ciência disso e, ao invés de cortar, dar corda. Qual é o conflito envolvido nisso? Todos, na minha opinião!!! Teremos duas pessoas com baixa estima, vivendo um jogo perigoso de sedução semi-assumida, simplesmente para ter o ego inflado? Porque -- é verdade -- o objeto desejado ADORA estar num pedestal vendo o outro se matar para fazer qualquer coisa. Entre mulheres, isso me parece ainda mais acentuado.

Tem certo e errado nesta história? Não gosto de colocar as coisas assim. O que eu penso -- como eterna defensora do livre-arbítrio -- que você pode fazer o que quiser com a sua vida. E você pode fazer o que você quiser com aquela pessoa que aceitar o que você tiver para oferecer. O problema é envolver pessoas que não tem nada a ver com a história. Pessoas que sequer sabem da história e sofrerão as consequências das atitudes decididas individualmente.

Eu prefiro não julgar quem brinca com sentimentos alheios, mas quero essas pessoas bem longe de mim. Porque não consigo entender quem mente em público, porque a pior mentira é para si mesmo. Uma pessoa que ama platonicamente assim vai dormir todas as noites sozinha, pensando em fatos que poderiam ser, em uma vida inteira que poderia ser feita, mas que é desperdiçada num tempo verbal e em imaginação. Uma pessoa que alimenta a paixão platônica de alguém, dorme acompanhada, talvez com um mínimo de consciência, mas covarde para tomar as atitudes necessárias de corte da relação, porque preza uma suposta amizade (que apenas em raros casos existe). Na verdade, preza ter uma pessoa a seus pés que louva a sua existência, simplesmente por ela existir. É de fazer bem para o ego de qualquer um, certo?

Na minha vida pessoal, descartei a vida platônica faz muito tempo. Agora, espero, na vida exterior que observo, que estragos mínimos aconteçam, porque estrago já tem. E espero, de coração, que as pessoas apenas aprendam o seguinte: todos nós merecemos o melhor, em todos os campos de nossa vida. Não metade, não 1/24, não o ínfimo. Apenas o melhor. E, nesse caso, o amor platônico não serve para nada. Mas como disse, cada um tem seu livre-arbítrio para escolher o que tiver de escolher. Que assim seja!

Casamento, términos e afins

Começo com este vídeo do mais recente álbum de Melissa Etheridge:


Tenho pensado, faz algum tempo, sobre casamento. Porque eu sempre acho triste quando vejo um casamento terminar. Não aqueles que se fazem e se terminam no calor e no tempo de uma paixão. Esses são como chuva de verão... vem para fazer barulho, fazer calor e ir embora. Mas um casamento de verdade -- aquele que se propõe de verdade a sê-lo -- é um misto tão complexo de emoções quanto a gama de sentimentos humanos é capaz de abarcar... e eu confesso aqui que ainda tento, por necessidade minha, explicar.

Eu acho que ainda carrego a ideia que aprendi dos meus pais (e que nem sempre pode ser boa... dependendo dos pais) de que casamento é para sempre. A ideia humana de tempo perene é, no mínimo, ingênua. Um para sempre pode ser de 15 segundos como o de uma vida inteira. Quem pode ser capaz de medi-lo?

Desde muito cedo eu busco o casamento perfeito. Quando estive quase perto de considerar algum assim, eu via a realidade e mudava de ideia. E nessa sucessão de fatos e constatações eu fui indo, sem saber classificar ou entender esse "contrato" maior que é o casamento (como muita gente define).

Não gosto de pensar no casamento como um negócio, por mais até que possa parecer. Sou canceriana demais para insistir nesse erro. E sou romântica demais para pôr planilhas em tudo e balancetes e fingir que o sentimento de duas pessoas possa ser medido assim, com lucros e dividendos.

Eu defendo que o casamento é, acima de tudo, companheirismo. É o amor de amigo elevado a outra potência, a outra intimidade. É aquela pessoa com quem você pode contar, quando não tiver mais ninguém perto. É o carinho que você quer compartilhar numa noite (ou em sucessões de noites). São as risadas das coisas esdrúxulas. É a certeza de que não importa quantos problemas você tenha, porque o seu companheiro estará lá para te apoiar incondicionalmente.

É, também, liberdade para cada um gostar de coisas diferentes e ambos ganharem ao compartilharem isso. É liberdade para ser independente o que não significa libertinagem. É admiração mútua. É continuar admirando mesmo com o passar do tempo e com as mudanças inexoráveis que cada ser humano tem. É respeitar o mau-humor. É gostar do silêncio que se faz e não vê-lo como um incômodo. É amar o todo e amar os detalhes.

Por isso, todas as vezes que vejo um casamento terminando, eu fico me imaginando onde será que deu errado? As duas pessoas mudaram tanto assim que o tempo não conseguiu suportar ao tempo? Tem pessoas que nascem para casar, outras pessoas nascem apenas para viver algum tempo. Tudo é condicionado com o nascimento? Claro que não, mas para mim, os perfis podem ser definidos genericamente assim.

Será que o casamento não deu certo porque simplesmente não era para dar certo? O que será mais teimoso? A crença ou a própria teimosia em si? Não sei. Eu sei que eu tenho um olho clínico para prever se um namoro/casamento vai dar certo ou não e por quanto tempo vai durar. Errei em poucas vezes... bênção ou maldição, fato é que me surpreendo. E, ultimamente, tenho me surpreendido para a tristeza de saber que casamentos que até achei que durariam a vida inteira... simplesmente terminam. Mesmo sem eu nunca saber qual o motivo... às vezes, nada tem motivo e, em muitas vezes, nem era casamento de verdade para ter motivo.

"I know you're in pain. Your pain is my pain. I have felt it inside. Don't worry don't be like this, everything is gonna be alright."

Label search: relacionamentos

Sensação retrospectiva 2010. Sorteio aleatório para leitura de tags do blogue: relacionamentos. Veja se perdeu algum capítulo no blogue, pois este ano foi muito profícuo em relação a esse tema!

Eu e os signos de fogo: atração e repulsa

Tava cá eu aqui a matutar alguns dias sobre Astrologia, um assunto tão recorrente em minha vida. Ganhei alguns mapas novos para interpretar e, como de praxe, voltei para olhar o meu círculo. Aquela coisa aparentemente indecifrável... mas que diz tudo sobre mim.

Já falei aqui inúmeras vezes em como a Astrologia tem sido a minha guia desde 2004. E eu comecei com as mesmas perguntas. E eu lembro quando fizeram meu mapa para mim, pela primeira vez, me dizendo que eu era câncer com ascendente em peixes, eu apenas perguntei, ingênua: "O que quer dizer isso?" A mais básica de todas as perguntas.

De 2004 pra cá muita coisa aconteceu, usei e abusei do autoconhecimento e ainda aguardo o sagrado momento de fazer meu mapa astral com A ASTRÓLOGA. Acho que em muito breve isso ocorrerá! Quando acontecer, venho aqui contar para vocês.

Nesse período todo, a gente vai descobrindo as coisas e tirando várias conclusões. Eu não consigo mesmo conviver com signos de fogo. Desculpa então aos meus amigos e conhecidos de Áries, Leão e Sagitário. Eu juro que me esforço, mas percebo que os relacionamentos não são resultados de esforços, não desse tipo. Uma amizade é natural ou não é. Certo? Comigo e os signos de fogo há uma coisa de atração e repulsa muito forte.

Busquei todos os indícios no meu mapa que me sinalizassem isso. Não há segredo. Falei ali em cima que sou canceriana com ascendente em peixes. E, por mais que eu tenha trocentas coisas em gêmeos no mapa (como tenho), chega uma hora que a aguinha câncer-peixes quer refúgio. Quer mais Astrologia na prática do que isso?

Por outro lado, existe um clique mágico entre mim e os signos de água, principalmente câncer. É impossível eu não me dar bem com um canceriano -- conhecidos como tímidos e extremamente retraídos no início. É como se a gente se soubesse, mesmo saber nada de Astrologia, e coisa flui maravilhosamente.

Agora... signos de fogo? Há quem goste demais dessa impulsividade sem medidas, de falar tudo na lata, sem pensar, de dizer, de fazer, de assumir consequências, tudo assim, num piscar de olhos. Fogo faz, queima, vira as costas e te pergunta por que você ainda está no mesmo lugar?

Claro, existem signos de fogo muito adoráveis, e eu conheci vários exemplos. Mas nenhum deles ficou na minha vida pra AQUELA amizade, sabe? Mesmo eu insistindo. Pra eles é perfeitamente normal ir e vir, o passado é uma lembrança e fica lá. Eles gostam do momento, do que é atual e presente. E costumam viver isso com uma alegria incomparável.

Mas quando irritados, signos de fogo conseguem ser mais grossos que todos os signos de terra juntos. Aí, não tem ninguém que o suporte, mesmo um aquariano mente aberta. E é nessas que eu (ou os signos de água) se ferram, porque pra gente cuidado com as palavras é algo essencial, porque a mágoa dura muito tempo, mesmo se você não tiver usado uma frase em intenção. Você deveria ter pensado, antes de falar.

Agora pergunta para um signo de fogo se ele entende esse mecanismo? Pra ele, isso é tão bizarro quanto perguntar por que chove às 18h00 e não às 19h00. Nada a ver. Na cabeça dele, você estará sendo sentimental e perdendo tempo com besteiras. Não que ele até não te acalente depois, mas sem entender absolutamente nada.

Assim, resumo minha relação com os signos de fogo. Eu gosto da calma lenta e confiante dos signos de água e terra. Até me dou bem com o ar fugidio (quando me esforço). Mas fogo... o fogo é só para quem sabe brincar com ele. Eu, nesse caso, não estou na lista.

O que vale realmente a pena?

Todas as vezes que me afasto bruscamente da internet, eu sinto que sou mais um ser humano. Seria este um sintoma tão contrário à velocidade destes tempos, no qual vivemos a nossa vida literalmente num teclar?

Pois sempre será bom o contato virtual. Eu seria a pessoa mais ingrata se ousasse dizer qualquer coisa em contrário. Mesmo já fazendo parte da geração internet aos 20 anos de idade (o que pode ser considerado velhice, já que hoje em dia as crianças parecem nascer tuitando e uma criança ter um celular aos 5 anos de idade é a coisa mais normal do mundo, como "antigamente" era ter um carro aos 21), eu nunca poderia dispensar nenhum dos benefícios que a "Word WIde World" me oferece.

Mas quando eu paro e sento e reflito e observo -- de verdade, longe de celulares, notebooks e pcs -- eu me lembro de quem sempre fui de verdade. Quando eu estava lá, com a minha amiga Fabiana, just sipping a cup of coffee, eu me lembro que adoro poder ver a pessoa diante de mim. Como eu adoro poder ver seus olhos, conversar vendo reações, trocando os emoticons por sorrisos e ações de verdade. O abraço real que não seja um símbolo teclado.

Uns dias atrás, andei revendo uns posts antigos, pensando em como meus temas sempre giram batendo e rebatendo entre si. É aquela velha sensação do compositor que sabe que não disse tudo que poderia ter sido dito e fica ali... tentando, tentando, tentando... numa criativa, insistente e solitária tentativa de extrair uma néctar de sabedoria de algo aparentemente encerrado.

Aí eu penso quão tolo é aquele que pensa que encerra sua vida numa teimosia, num orgulho. Pergunte para um idoso (geralmente) ele vai te dizer isso. E, nós, os jovens transformadores do mundo, sempre esquecemos a lição mais simples. Teimar é como escolher por boa e própria vontade bater com a cabeça no muro, porque esta é uma opção pessoal que não deve ser questionada! 

Mas todos -- nós todos -- somos meio assim, né? Esquecemos que aprender é um exercício contínuo e que a humildade é uma das melhores ferramentas. Vamos distribuindo umas culpas aqui e ali pra supostamente aliviar a consciência. Vamos criando máscaras e máscaras e tantas máscaras para mostrar às pessoas que não somos que eu já conheci gente que nem se reconhece mais.

Eu lembro que tive uma grande amiga que se perdeu dentro de si mesma. Uns acham isso até poético, eu acho triste. Porque você pensa que se conhece -- ou até na verdade, se conhece -- mas vai colando uma história aqui, outra ali, mais outra ali... disfarçando a verdade (e querendo se provar que isso é bonito. Você lança frases virtuais de forte impacto pressupondo que este é o seu pensamento -- que pode até ser, mas não é! Desculpe se hoje você, meu leitor, queria um afago. Mas em tempos como o nosso, afago é sinônimo de antiamizade, porque não queremos um acalento, queremos que alguém concorde com nossos absurdos. 

E olha que tem muita gente que concorda!

Mas eu nunca concordei. Sempre me pareceu patético demais evitar a solidão abraçando a mediocridade. Eu nunca me esqueço que a solidão é a minha melhor companhia, porque é nela que eu calo a minha mente e escuto o meu coração. Porque é nela -- e somente nela -- que eu me dispo de todas máscaras e consigo me ver, nua diante de meu próprio espelho -- sem julgamentos.

Pois já basta a vida de julgamentos externos e a vida internética é o que mais faz. Ela realmente te disseca, te interpreta, te julga te condena/absolve como se a vida de todos fosse mesmo um livro aberto. Quem disse que é?

De Sagitário à Virgem - minha curta viagem astrológica

Entra ano e passa ano eu vou tentando fazer o mínimo que compete a um ser humano, na minha humilde opinião: aprender e crescer. Porém, com mais humildade, venho aqui falar que os signos de terra são sempre os que mais me encantam, porque são aqueles que -- de fato -- me entendem, com o mínimo de esforço. Porque compreensão real não é apenas afago na cabeça, é a atitude certa na hora certa, a palavra certa na hora certa.

Os signos de fogo sempre serão os primeiros a se prontificar para qualquer tarefa. Sempre! Solícitos, gostam de pessoas com atitude, e sempre apoiam quem está disposto a fazer em vez de esperar. Você pode estar sem falar com qualquer signo de fogo por décadas. Quando voltar a falar com ele, será como se a despedida tivesse sido ontem. Ele será sintético ao contar as façanhas feitas, as atuais, a serem conquistadas. E te dá a mão com uma boa vontade de encher o coração!

Neste fim de ano, tive de recorrer ao signo de Sagitário, na mais irônica das ironias, para dar uma alegria à minha vida. Astrologicamente, meu MC (meio do céu) é em Sagitário e eu resolvi com todas as minhas forças jogar minhas energias e meu ímpeto nele. Claro que tal atitude teria consequências. Considerando minhas inter-relações com gêmeos e toda a água que me transborda (atualmente sou câncer com ascendente em peixes duplo e lua em escorpião) eu mesma criei meu molotov pra beber. E, como é de meu feitio, bebi com muito gosto!!!

Nas duas últimas semanas, especialmente esta semana, tive uma crise de loucura virtual. Os contatos que sabem! A "torrente de sentimentos" agora parece um retrato em sépia na parede das minhas memórias, onde jazem tantas outras lembranças. Ainda não chega a ser totalmente engraçado, porque é muito recente. Mas não vai demorar muito pra eu rir. Como a vida exige! A vida não quer que a gente fica patinando no mesmo lugar, num ritual sádico que supostamente nos deixa feliz. Quer dizer, pode até deixar algumas pessoas felizes. Porém -- e apenas depois disso -- quando o tempo passar é que ela vai saber.

Aonde o signo de Virgem -- o mais insuportável de todos -- entra nessa história? A presença virginiana (ou a sua ausência) é o que mais me guia. Não posso me esquecer que estou literalmente cercada de terra -- o signo da presença constante, do apoio leal e inquestionável, da razão e do pensamento cuidadoso. Então fica a dica pra certos perfis: os melhores amigos para aqueles que precisam de certezas, unicamente, é terra (capricórnio, touro, virgem). Cada um à sua maneira costuma honrar muito bem o desafio de ser constante sem ser pedante, a eficácia com quase perfeito equilíbrio, a confiança quase que inabalável.

O capítulo de amanhã é totalmente desconhecido... mas eu sei bem por onde ir, dependendo que precisar. Menos autoajuda e mais ação. Menos drama e mais coragem.