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Eu e os signos de fogo: atração e repulsa

Tava cá eu aqui a matutar alguns dias sobre Astrologia, um assunto tão recorrente em minha vida. Ganhei alguns mapas novos para interpretar e, como de praxe, voltei para olhar o meu círculo. Aquela coisa aparentemente indecifrável... mas que diz tudo sobre mim.

Já falei aqui inúmeras vezes em como a Astrologia tem sido a minha guia desde 2004. E eu comecei com as mesmas perguntas. E eu lembro quando fizeram meu mapa para mim, pela primeira vez, me dizendo que eu era câncer com ascendente em peixes, eu apenas perguntei, ingênua: "O que quer dizer isso?" A mais básica de todas as perguntas.

De 2004 pra cá muita coisa aconteceu, usei e abusei do autoconhecimento e ainda aguardo o sagrado momento de fazer meu mapa astral com A ASTRÓLOGA. Acho que em muito breve isso ocorrerá! Quando acontecer, venho aqui contar para vocês.

Nesse período todo, a gente vai descobrindo as coisas e tirando várias conclusões. Eu não consigo mesmo conviver com signos de fogo. Desculpa então aos meus amigos e conhecidos de Áries, Leão e Sagitário. Eu juro que me esforço, mas percebo que os relacionamentos não são resultados de esforços, não desse tipo. Uma amizade é natural ou não é. Certo? Comigo e os signos de fogo há uma coisa de atração e repulsa muito forte.

Busquei todos os indícios no meu mapa que me sinalizassem isso. Não há segredo. Falei ali em cima que sou canceriana com ascendente em peixes. E, por mais que eu tenha trocentas coisas em gêmeos no mapa (como tenho), chega uma hora que a aguinha câncer-peixes quer refúgio. Quer mais Astrologia na prática do que isso?

Por outro lado, existe um clique mágico entre mim e os signos de água, principalmente câncer. É impossível eu não me dar bem com um canceriano -- conhecidos como tímidos e extremamente retraídos no início. É como se a gente se soubesse, mesmo saber nada de Astrologia, e coisa flui maravilhosamente.

Agora... signos de fogo? Há quem goste demais dessa impulsividade sem medidas, de falar tudo na lata, sem pensar, de dizer, de fazer, de assumir consequências, tudo assim, num piscar de olhos. Fogo faz, queima, vira as costas e te pergunta por que você ainda está no mesmo lugar?

Claro, existem signos de fogo muito adoráveis, e eu conheci vários exemplos. Mas nenhum deles ficou na minha vida pra AQUELA amizade, sabe? Mesmo eu insistindo. Pra eles é perfeitamente normal ir e vir, o passado é uma lembrança e fica lá. Eles gostam do momento, do que é atual e presente. E costumam viver isso com uma alegria incomparável.

Mas quando irritados, signos de fogo conseguem ser mais grossos que todos os signos de terra juntos. Aí, não tem ninguém que o suporte, mesmo um aquariano mente aberta. E é nessas que eu (ou os signos de água) se ferram, porque pra gente cuidado com as palavras é algo essencial, porque a mágoa dura muito tempo, mesmo se você não tiver usado uma frase em intenção. Você deveria ter pensado, antes de falar.

Agora pergunta para um signo de fogo se ele entende esse mecanismo? Pra ele, isso é tão bizarro quanto perguntar por que chove às 18h00 e não às 19h00. Nada a ver. Na cabeça dele, você estará sendo sentimental e perdendo tempo com besteiras. Não que ele até não te acalente depois, mas sem entender absolutamente nada.

Assim, resumo minha relação com os signos de fogo. Eu gosto da calma lenta e confiante dos signos de água e terra. Até me dou bem com o ar fugidio (quando me esforço). Mas fogo... o fogo é só para quem sabe brincar com ele. Eu, nesse caso, não estou na lista.

Qual o preço?

Abro um enorme parênteses antes de começar a digitar qualquer coisa, porque peço perdão, licença e desculpas aos adoradores de Natal e de fim de ano (na verdade, eu nem deveria, mas acho mais justo...): mas me enoja (na falta de uma palavra melhor) essa força que invade a todos descomunalmente, sempre nessa época do ano.

Okay, posso ter acordado um pouco mais agressiva do que a minha melancolia leve de ontem. Eu deveria esperar de todos a revolução cultural que nem eu consigo fazer? Ou, de repente, eu deveria desejar uma epifania repentina que faria todos verem a vida como ela é? Pensando assim, eu contrario todo o conhecimento a que tive acesso até hoje.

Eu sempre apreciei ser uma observadora da vida. Para enxergar os detalhes que passam tão despercebidos por nós. Mesmo agora, alguns pares de anos depois, não consigo evitar não olhar a vida sendo desenhada na minha frente. E conviver tão de perto com certas pessoas me faz ainda mais pensar o que estou fazendo neste mundo.

Definitivamente, eu preciso aprender. Assim como aprendemos desde que nascemos e -- supostamente -- continuamos aprendemos, preciso continuar aprender a ter paciência. Não é mais um mantra, mas é uma necessidade vital.

Pois hoje em dia eu vejo claramente duas opções na vida de um ser humano: ter coragem ou sentir medo. Eu quase que vivo sempre no medo, estou lutando comigo mesma para me ensinar que o medo é a nossa reação instintiva a tudo aquilo que desconhecemos. Tá careca de saber disso? Coloque na prática e verá.

Pois em todas as vezes que vejo o supérfluo me abraçando com tanta veemência, eu vejo que o pior medo não é o de não ter coragem, mas é o de ser engolido pela maré, sem uma única chance de reação. Isso não é triste demais? Simplesmente ser um número qualquer, em qualquer situação? Simplesmente estar no meio de algo, apenas para não estar solitário? Existe pior solidão que esta?

Ainda estou desenvolvendo a minha paciência... tentando ter mais coragem que medo. Porque o preço que se paga por ficar estático, sem nada questionar, é muito maior e muito mais infinito do que tentar e errar. É o preço de se desintegrar, integrando-se à multidão, todos ungidos em uma única gosma e, ainda assim, você se sentir só.