Você acorda. Na obrigação do sem pique. Se lava, se olha no espelho. Se der tempo, come alguma coisa. Cata as coisas, vai pegar o ônibus.
Vai pegar o trem. Vai pegar o metrô. Vai pegar outro ônibus. Olha as pessoas ao redor. Seus olhares estão perdidos, sem direção, sem brilho. Outros olhares estão dormindo.
Muitas estão, como sempre, apressadas. Correndo. Te empurram. Enfiam o bico da bolsa de camelô nas suas costas. Futucam achando que empurrando chegam mais rápido. Pedem licença e não querem passar, querem tomar o seu lugar.
Você continua olhando ao redor. Tudo sempre. As pessoas sem objetivos, sobrevivendo em suas próprias vidas. Com um gosto amargo que nem disfarçam na falta do sorriso, nas atitudes egoístas.
Por que você a vida que está vivendo? Por que trabalha no lugar que está trabalhando? Por que exibe a teoria que está longe de ser prática? Por que lustra sua máscara social que cai podre pelos lados e só você não quer ver?
Os otimistas devem ser uma raça dos bobo-alegres. Como eu queria ser um deles. Eu acho até que alcanço o mais alto patamar em muitas vezes. Mas caio -- como este anjo caído que agora jaz entre minhas mãos -- para não conseguir fingir não ver o que vejo. Estar onde estou. E precisar aonde irei.