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Retrospectiva 1 - Um pouco de paz

Não vou escrever nenhuma frase clichê. Não agora, não neste momento.

Finalmente, sinto que estou perto de sentir uma paz que busquei este ANO INTEIRO. Busquei essa paz em tantos lugares... em tantos relacionamentos. E ela sempre esteve aqui dentro, ó, o tempo todo!

Terminei um relacionamento de mais de três anos e nunca comentei isso aqui. Mas doeu cada milímetro do meu corpo. Todo processo de término é um expurgo. E, atualmente, ela é minha melhor amiga. Afirmo isso sem titubear. Somos amigas de alma e já conhecemos todos os nossos podres e os aceitamos.

Várias amizades se foram. E durante muito tempo eu me martirizei pensando nos motivos de longas amizades (duas delas com quase 7 anos) terem se esgotado. De quem seria a culpa, se é que existem culpados? E eu percebi que a vida é assim, de uma sabedoria única que mesmo depois de muito tempo passado, você ainda vai se pegar compreendendo coisas que nunca pensou que compreenderia. Descobri que ainda tenho umas feridas dessas duas amizades para curar -- feridas que pensei já cicatrizadas, não! -- e eu tô aqui, pacientemente cuidando disso.

Paguei um alto preço por algumas outras escolhas. E com todo o meu orgulho subjugado, fiquei de joelhos para mim mesma para tentar enxergar tantas coisas. Você pensa que aprendeu tantas lições. Mas é apenas passando pelo mesmo teste incontáveis vezes é que terá absoluta certeza disso.

Aí, quando menos esperava, me vi diante de alguém que considerei tão sublime... e me coloquei debaixo do tapete, esquecendo de prestar atenção em mim mesma: outra vez. Nunca tive dificuldade em amar, em permitir as emoções preencherem o meu corpo: sou assim, sou intensa e passional, nunca neguei. Reneguei os sinais gritantes, pedindo para eu mudar a rota da estrada. Não dei atenção a nenhum deles. Eu nunca ouvi muitos conselhos, sempre preferi fazer aquilo que achava que devia fazer. Isso também tem seu preço.

Já me disseram que eu vivo as coisas sozinha: por mim e pelo outro. Já me disseram que eu só ouço o que eu quero ouvir. Já me disseram que sou apressada. Já me deixaram esperando... sem uma única resposta. E já me deixaram sangrando, sem uma única ajuda ou um band-aidezinho sequer. Já viraram as costas e me trocaram por qualquer coisa insignificante, apenas para eu ter o gosto de me sentir desprezada.

E tem mais coisinhas... mas agora apenas prefiro pensar no seguinte, com muito amor e paz no coração: obrigada por cada uma das lições -- mais ou menos duras -- a que submetida. Para aprender um pouco mais sobre mim mesma. Para eu ter certeza absoluta do que quero a seguir. Para visualizar a mulher que queira o mesmo que eu. Para sentir esta paz que agora sinto, mesmo depois de todo este ano turbulento que tive. É assim!!!

Não tenho orgulho de exibir essas feridas e cicatrizes ainda frescas. Mas fico feliz e em paz por saber que, ao menos, estou continuamente lutando para não fugir de mim mesma, para não me deixar escondida embaixo do tapete, para aprender mais um pouco, para me tornar cada vez mais aquela que sou e que nasci para ser!

:)