Certamente, este não é o melhor título para um livro, mas por ora nenhum outro me define tão bem quanto "Minha vida em Plutão na casa 11". Recentemente, brinquei dizendo que escreveria um livro, bem... um livro talvez eu não consiga, mas dá pra escrever um conto!
O que não é o caso de agora...
Tenho aproveitado insights (em geral, tomando banho) para escrever. Subitamente, sou tomada por um esclarecimento de algo que sempre pareceu tão óbvio e que permaneceu obscuro em minha consciência por tempo demais... É uma sensação estranha de bem-estar misturado com um certo desgosto. Por enquanto, tenho deixado a decepção de lado e me atentado apenas à epifania.
Basicamente, o título do meu suposto livro se refere ao trânsito astrológico de Plutão pela minha casa 11, a casa dos grupos, associações, amigos grupais, conhecidos em geral. Como lidamos com essas pessoas? O que eles significam na nossa vida? Tem outros sentidos derivados, mas me aterei a essa definição agora.
Quando a energia plutoniana ativa esta casa, ela fica por bastante tempo lá: no meu mapa teve início em março de 2011 e terminará em dezembro de 2027. Plutão é o senhor das transformações pessoais, ninguém melhor que ele (se o personificarmos) para dizer o seu potencial de apego, desapego, cura, regeneração ou a total degradação.
Não gosto de pensar em Plutão como "ruim", quem me conhece sabe que desde muito tempo eu tenho que termos maniqueístas são muito superficiais. Mas se o encararmos assim, muitos sucumbirão ao seu poder, porque a coisa com ele não é fraca. Não há meio-termo. Ou você muda ou mudam para você.
Recentemente, reencontrei uma pessoa (virtualmente) com quem não falava há pelo menos dez anos (algo em torno disso). Nunca a tive como amiga efetivamente, mas sempre nos demos bem, conversávamos muito e tínhamos muito assunto. A vida veio com seus desafios e deixamos de nos falar, mesmo com todas as redes sociais ativas (mesmo afeita, mantenho minhas redes sociais) pronta para ser encontrada ou encontrar alguém.
O encontro, o reencontro e o término de amizades e contatos é uma das características mais marcantes do trânsito plutoniano no meu mapa. Então, o ressurgimento dessa pessoa me fez questionar muitas coisas - boas, a princípio. Pensei: vai acrescentar algo. Ou... vai levar algo. Ou não vai acontecer nada.
Acontecer nada é uma expectativa muito ingênua para quem vive este trânsito astrológico.
Então, eis que veio a epifania debaixo do chuveiro: essa pessoa me parece o retrato exato do momento que vivo agora. E do muito que significa Plutão passeando tranquilamente pela casa 11 do mapa natal.
Eu fiquei pensando, muitas vezes, que deveria escrever textão para essa pessoa, questionando-a. Porque desde o "reencontro", eu fiz muitas tentativas de manter uma conversa. Fiz perguntas (que não foram respondidas). Deixei temas para serem discutidos amigavelmente. Falei que sou astróloga e trabalho com Astrologia. Perguntei sobre o trabalho. Ou seja, tudo para criar motivos de conversa.
Mas ficou esse vácuo indigesto e incômodo para mim. E, graças às redes sociais e ao (mal/bem) dito whatsapp, quem se dispõe a falar de si próprio é como deixar a vida aberta para todos acompanharem, certo? E eu acompanho, oras. E eu vi que a despeito de minhas tentativas de reconectar o antigo contato, não aconteceu um aparente interesse. Há outras coisas mais interessantes do que conversar comigo.
Obviamente, a primeira coisa que se passa na nossa cabeça é: o que foi que eu fiz?
Então, sabiamente, eu cito Don Miguel Ruiz que diz em seu livro "Os quatro compromissos":
1- Seja impecável com o que diz.
2- Não leve nada para o lado pessoal.
3- Não faça suposições.
4- Sempre faça o seu melhor.
Entre o esquecer e lembrar, eu me lembrei (ainda bem!) disso. A gente sempre acha que a atitude do outro acontece por causa da gente. Como se tudo na vida acontece baseado no que acontece com a gente. Temos uma forma de pensar narcisística ao ter certeza absoluta que tudo que acontece no mundo (de ruim, preferencialmente) é por causa da gente. Mesmo que a gente apenas respire, a culpa é nossa.
Então, me lembrei de todas as pessoas que se foram e com as quais estou finalizando os fins. Sim... mesmo depois de anos, ainda tenho pessoas em minha vida com as quais mantenho um doentio relacionamento à distância, unilateral e tóxico comigo mesma. Minha frase do momento, para enaltecer a energia plutoniana é:
FINALIZE OS FINS. ACABOU, ACABOU. É SÓ LEMBRANÇA.
Porque, afinal, a gente não esquece. Só não podemos dar importância ao que se foi... e eu tinha a eterna impressão de viver um luto infinito num looping infinito tal qual o inferno de Lúcifer.
O fim dos fins traz alívio... mas o retorno dessa pessoa começou a me causar grande incômodo. A ela? Não tem importância para ela. E isso não importa. Eu estou dando importância a isso.
O que tudo isso quer dizer com trânsito de Plutão na casa 11?
Exatamente isso: não ter apego com o que se foi. Foi, está ido, fim. Voltou? Pode voltar... mas o imenso abismo que reside entre nós me indica que nada será frutífero. E isso é ruim? Mais uma vez, sem maniqueísmos: nada é bom ou ruim.
As coisas são como têm de ser.
Assim para finalizar este post, a lição do dia, num momento de epifania (como os vários que tenho tido) para ilustrar de forma muito clara, sem me machucar (porque a dor era eu quem causava a mim mesma): finalize os fins. Não tenha apego.
E é isso. Superfácil. Vamos vivendo!
(Mas nunca menospreze o poder plutoniano em um trânsito astrológico...)
Um comentário:
Nossa, esse post.
Acho que meu amigo Michel me ajudou a entender essa questão das pessoas na nossa vida e a lidar muito melhor com isso. Antes eu me chateava quando alguém de quem eu gostava muito de ter como amigo ou amiga se afastava, mas o que a gente pode fazer? A gente não tem controle sobre as outras pessoas, sobre o que pensam, sentem. E se elas se afastam é porque talvez o ciclo tenha terminado, e não é culpa de ninguém. O que tinha que ser vivido e aprendido talvez já tenha se cumprido. Ou a pessoa não quer mais, a nossa amizade já não faz sentido e... tudo bem. Ao mesmo tempo, fiquei pensando que EU também me afastei de várias pessoas de forma consciente ou não. E na maioria das vezes não era porque "ah, não gosto mais dessa pessoa", era porque as conversas já não tinham mais nada a ver, tudo ficava na superfície e isso pra mim não era suficiente ou não era estimulante, às vezes dava uma sensação de perda de tempo, sei lá. Ou porque eu já não queria me abrir tanto pra tais e tais pessoas também, então o distanciamento acontecia de forma natural.
Concluí que algumas pessoas foram e sempre vão ser importantes, mas não significa que vou manter contato com elas pra sempre. Vai ficar na minha vida quem quiser ficar (e quem eu quiser que fique) e se as pessoas que eu adoro se afastarem, não vou ficar me perguntando se fiz algo de errado (quando claramente não fiz) e nem se a pessoa me odeia. Os afastamento acontecem. "Tem sempre alguém atravessando a ponte ao nosso lado, mas não é sempre a mesma pessoa." De qualquer forma, que bom que houve esse encontro com as pessoas e pudemos compartilhar um trecho do caminho, mesmo que depois essa relação não faça mais sentido.
Não estou falando que é sempre fácil se desapegar de alguém que foi muito importante, mas entender que os afastamentos são naturais e que não temos controle traz mais leveza.
E também tem a coisa do retorno... pode ser que num determinado momento a pessoa tinha outras prioridades e estava lidando com problemas que a gente nem imagina (e não queria falar com quase ninguém - eu fiquei meio assim ano passado, não era nada pessoal com ninguém, eu só não tinha vontade de falar com a maioria das pessoas) e depois ela volte a fazer parte da nossa vida. Em geral, sempre fico feliz quando retomo contato com alguém com quem eu gostava de compartilhar coisas da vida, conversar e tal. E, se for pra acontecer, vai acontecer uma hora ou outra. Então eu meio que "entrego ao universo" mesmo.
Outra coisa que aprendi há pouco tempo é que não vou mais insistir em ter contato com pessoas que não estão a fim... isso era tão cansativo e eu nem percebia. O fato de gostar de alguém não significa que eu precise ficar sempre correndo atrás, forçando a barra, me preocupando. A pessoa tem a vida dela, vai falar comigo se e quando quiser. Se não quiser falar, vou entender e respeitar a vontade dela, assim como gostaria que me respeitassem se eu desse sinais claros de que não quero mais falar com alguém.
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