Bem, quem for velho conhecido meu, saberá que eu e o ar-condicionado temos uma relação muito próxima. Eu sempre fui defensora daquela que considero uma das grandes invenções da humanidade: o ar-condicionado.
Na antiga empresa que trabalhei, eu era conhecida como o Cérbero dono do controle do ar. Tem noção do que isso representa em uma empresa com mais de cem funcionários? Todos tinham medo de mim e me pediam permissão para ligar o ar. No começo eu gostava, mas com o tempo fui me enchendo e simplesmente abdiquei da coroa que, obviamente, ficou solitária, porque ninguém se atrevia a pegar tal batata-quente.
Nessa mesma empresa, eu presenciei o calor de quando não tínhamos nada e o frescor depois que o ar foi instalado. Há certos tipos de trabalho que não têm seu rendimento menor por causa do calor. Porém, há outros tipos de trabalhos -- principalmente intelectuais -- que requerem um mínimo de temperatura agradável para o bom funcionamento cerebral.
Só sei que Glória Kalil escreveu um livro muito interessante em que ela fala sobre algumas regras de etiquetas. Diz lá:
Quem acha que o ar condicionado do escritório está muito frio ou quente deve perguntar primeiro aos outros se também estão achando, antes de sair pedindo para desligar ou aumentar a temperatura. No escritório, o ar condicionado tem de ser regulado de acordo com a necessidade dos que sentam no fundão e que estão passando calor. Contra o frio a gente tem recursos. Mas contra o calor não há salvação. Os friorentos defendam-se levando um casaquinho, um xale, e até mesmo uma meia para deixar na gaveta da mesa. Se o ar dá direto na cabeça de vocês, desloquem a mesa e não reclamem: o bem-estar comum prevalece sobre o individual.
Fato é: continuarei sendo defensora do ar-condicionado. O problema é que somos seres humanos egoístas. MUITO EGOÍSTAS. Enquanto uns correm para o bem dos outros, outros só querem vento na bunda.
Para quem não estiver concordando comigo (e eu sei que toparei com esses tipos eternamente), veja o seguinte: o que dizer de alguém que fala assim:
"Puxa, hoje tá calor, vamos ligar o ar?"
(sendo que o ar JÁ deveria estar ligado)
"Vamos!"
Depois do ar ligado e do ambiente frio...
"Ah... tá frio, vamos aumentar o ar?"
Aumenta o ar. Tempos depois com o ar morno...
"Mas, tá quente... quem aumentou o ar?"
Pode ser incrível, mas esse diálogo ilógico, irracional, imbecil e egoísta é o que mais escuto. Ou assim:
O dia amanhece lindo, um calor quente.
"Tá calor demais! Que saudade do frio."
O dia seguinte amanhece com frente fria (como costuma ser em SP).
"Tá frio demais! Que saudade do calor! Cadê o calor! Eu adoro calor!"
Eu pego essas pessoas na curva e falo o seguinte quando alguém que gosta de calor tem a pachorra de me reclamar que está com calor:
"Ué, mas vc não gosta de calor???"
A pessoa na cara de pau me diz com cara meiga:
"Eu só gosto de calor na praia..."
Sem mais. Desculpem, leitores, mas tô sangue no zóio.