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Do silêncio

Eu gosto do silêncio. Em geral, quando as pessoas sempre pensam em preenchê-lo de alguma forma, seja com uma conversa (que pode ser produtiva ou não), ou com uma televisão ligada, ou com uma música (nem sempre das mais agradáveis) – eu gosto do silêncio.

Eu gosto da sensação que ele produz. Parece que no silêncio, quando você pode ser até capaz de ouvir seu próprio coração batendo, o tempo perde a noção de tempo. Perde a pressa, perde o passado. Parece um vácuo manipulável, que pode ser preenchido da melhor maneira que lhe aprouver.

Me admiram as pessoas incapazes de viverem alguns minutos em silêncio. Já presenciei um comichão subindo, uma necessidade de olhar ao redor e procurar alguém pra importunar. Já presenciei um silêncio delicioso ser preenchido por vozes destoantes e desafinadas gralharem sem parar.

Nunca deixo de pensar qual é o limite do reflexo desta sociedade que vivemos atualmente. Vivemos submersos em um mundo de estímulos exteriores, desde muito pequenos. Quer dizer, eu venho de uma época “careta e brega” a dos anos 80. Minha mãe me educou muito diferente de quase todas as crianças que ouvi falar. E embora à época eu apenas concluísse repressão, hoje em dia tenho mais do que certeza absoluta de que minha mãe fez as melhores escolhas para mim!

Somos bombardeados como música de baixa qualidade, com programas televisivos de qualidade ausente! Nossa comida é ruim, comemos muito mais fast e junk food. Vivemos numa sociedade consumista que apenas prega as marcas das grandes griffes e exibirmos sempre que temos produtos novos, sejam de quais espécies forem.

O que somos, afinal? Somos o reflexo do que temos ao nosso redor. Temos, sim, nosso livre-arbítrio... mas é preciso muita coragem para poder se excluir da grande massa. Em todos os lugares que vamos, precisamos ter coragem para não fazer o que se espera que nós façamos e dizer aquilo que não seja o senso comum que espera que seja dito por nós.

Então... o apreciar o silêncio é um desses itens raros que poucas pessoas apresentam hoje em dia. Porque uma pessoa mais silenciosa pode ser simplesmente... traiçoeira! Ou uma pessoa que prefira se abster de uma conversa enfadonha pode ser simplesmente... antissocial! As classificações existem aos montes e sempre que uma coisa está fora do classificável, as blasfemações igualmente vêm aos montes.

Apenas digo que um momento de silêncio por dia faz a gente ouvir a própria voz. Se isto parece frase de livro de auto-ajuda, faça o teste. Procure o canto vazio, longe de pessoas eufóricas, longe de estímulos insanos e apenas esteja você com você mesmo. Será um encontro que pode até causar estranhamento, mas vai te trazer uma paz momentânea. O que, para pessoas que vivem no caos diário como vivemos, é uma bênção.

Em homenagem a este post, leia-o ouvindo as seguintes músicas, pérolas perfeitas, na minha humilde opinião.


Retratos de outono

O outono deste ano tem trazido cores muito lindas... mesmo não morando regiões temperadas, como a Europa, por exemplo, tenho presenciado cores muito vívidas e contrastantes não apenas na vegetação, como no nascer e no por do sol! Um espetáculo lindo... que me faz pensar muito que ainda devemos ter -- sim -- muita esperança e muito vontade no amanhã.

As fotos a seguir foram tiradas da janela e da laje da minha casa. Se "laje" parecer brega... o espetáculo vale todos os vilipêndios direcionados à mim por causa dessa palavra!!!



















































ps: as fotos foram colocadas em alta resolução! Sinta-se à vontade para baixar e colocar em seu papel de parede!

Why don't you get a job?

Já que estamos na fase vídeos do Youtube, resgatei esta pérola do Offspring. Saudade dessa época (e nem faz tanto tempo assim...) em que eram esses vídeos que passavam na MTV (não que isso seja parâmetro). Mas emo e as babosices de hoje em dia... blerg.

E convenhamos, este vídeo não vem a calhar com minha fase atual? (piada interna)

Pela causa

Saiu ontem (sexta-feira) na Folha de S.Paulo. Se o presidente da ABGLT está otimista, também estarei.

Maioria é contra adoção por casal gay
Datafolha ouviu 2.660 pessoas no país e 51% reprovaram esse direito; mulheres e mais jovens são mais favoráveis
"O fato de quase 40% da população apoiar a adoção gay é uma ótima notícia", diz Toni Reis, presidente da ABGLT
Rafael Andrade/Folhapress

A partir da esq., o casal André e Carlos Alberto com as filhas que adotaram juntos, no Rio

CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

Quase dois meses após o STJ (Superior Tribunal de Justiça) reconhecer que casais homossexuais têm o direito de adotar, 51% dos brasileiros dizem ser contra essa prática. Outros 39% são favoráveis à adoção por gays.
É o que revela pesquisa Datafolha realizada entre os dias 20 e 21 de maio com 2.660 entrevistados em todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
As mulheres são mais tolerantes à adoção por homossexuais que os homens: 44% contra 33%. Da mesma forma que os jovens em relação aos mais velhos: na faixa etária entre 16 e 24 anos, a prática é apoiada por 58%, enquanto que entre os que têm 60 anos ou mais, por apenas 19%.
"Já é um grande avanço. Na Idade Média, éramos queimados. Depois, tidos como criminosos e doentes. O fato de quase 40% da população apoiar a adoção gay é uma ótima notícia", diz Toni Reis, presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais).
Ele reconhece, porém, que o preconceito é ainda grande. "Serão necessárias muitas paradas e marchas para convencer a população de que somos cidadãos que merecemos o direito da paternidade e da maternidade."
A taxa de pessoas favoráveis à adoção por homossexuais cresce com a renda (49% entre os que recebem mais de dez salários mínimos contra 35% entre os que ganham até dois mínimos) e a escolaridade (50% entre os com nível superior e 28%, com ensino fundamental).
Para a advogada Maria Berenice Dias, desembargadora do Tribunal de Justiça do RS, a tendência é que a decisão do STJ sirva de jurisprudência em futuras ações e que isso, aos poucos, motive mais pessoas a aprovarem a adoção por homossexuais.
"A maioria da população brasileira ainda é conservadora, mas já foi pior."
Entre as religiões, os católicos são os mais "progressistas": 41% se declaram a favor da adoção por homossexuais e 47%, contrários. Entre os evangélicos pentecostais, a desaprovação alcança o maior índice: 71%, contra somente 22% favoráveis.
O padre Luiz Antônio Bento, assessor da comissão para vida e família da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), afirma que a adoção por homossexuais fere o direito de a criança crescer em um ambiente familiar, formado por pai e mãe, e isso pode trazer "problemas psicológicos à criança".
A psicóloga Ana Bahia Bock, professora da PUC de São Paulo, discorda. "A questão é cultural. Se a criança convive com pessoas que encaram com naturalidade [a sexualidade dos pais], ela atribui um significado positivo à experiência."

As melhores risadas

Debra Winger (minha eterna musa), Christiane Torloni (outra eterna musa) e Isabella Taviani (minha mais recente musa). Adoro risadas e o que essas três mulheres têm em comum, além da risada deliciosa, são o timbre grave da voz, uma elegância de berço e a risada... solta, pra fora, gargalhada: como tem de ser! Pena não ter vídeos agora para vocês verem...