Clique

Filme vistos, filme comprado e comentário sobre o Oscar

Dias corridos!!!

Tenho feito algumas coisas boas no âmbito pessoal. Aqui, portanto, vou enumerar e ser breve.

1-) Filmes vistos:
Vi Enrolados (nova versão para o clássico Rapunzel). E vi A Bela e a Fera restaurado e em versão estendida. Duas coisas me chamaram a atenção nesses dois filmes, principalmente após ler este excelente texto da Regina Navarro intitulado A função perversa dos contos de fada e de lembrar das longas conversas que sempre tive com minha filha Poliana em que ela reiterava o quanto odiava a passividade das "princesas" do contos de fada. Sempre passivas, sempre submissas, sempre tristonhas esperando o príncipe encantado que vai salvá-las da mesmice da vida, da falta de perspectiva, da bruxa má. Ela tinha ficava muito brava com a Bela Adormecida, em especial -- a mais passiva de todas, na opinião dela.

Por isso que ao ver Enrolados e A Bela e a Fera vejo que nem tudo é uma grande merda, afinal. Em Enrolados, embora ela precise do ragazzo subir a torre para dar forças a ela para tomar a decisão de sair das garras da mãe má, ela é muito corajosa, destemida. O rapaz é um mero ladrão com quem faz um acordo de troca que, ao final, apenas os une. É uma bonita história de amor e coragem. Em A Bela e a Fera, quem precisa do beijo salvador é a Fera. Bela é uma menina intelectual, que gosta de ler livros e cujo pai é um cientista maluco. Acho que por isso, esse filme sempre foi um dos meus favoritos. O amor que vai além da beleza superficial.

2-) Depois de quase DEZ ANOS eu achei o dvd do filme Ponto de Mutação para vender. Obrigada à Versatil, empresa que faz algum tempo, anda digitalizando filmes clássicos e antigos. A primeira vez que eu vi esse filme foi em algum lugar entre 2002 e 2003, não lembro. Muito antes de começar a ver filmes de verdade, muito antes de ser cinéfila, muito antes de tudo. Eu lembro que fiquei fascinada. Lembro que ganhei o livro do Fritjof Capra, livro no qual o filme se baseia. Lembro que Capra parecia, finalmente, alguém com quem tinha correlação de pensamentos!

Nesse tempo todo, nunca mais vi o filme. Não achei para baixar. Não achei em sebos, em nada. Na época, vi emprestado do VHS de uma amiga, que tinha ganho em uma promoção. Só. Quando achei o dvd na Saraiva do Barra Shooping, não acreditei. Confesso que meus olhos se encheram de lágrimas. Eu estava lá, procurando qualquer coisa, ou talvez Paris, Texas. E achei muito mais! Mais uma pérola na minha coleção! No mesmo dia (noite) vi o filme, me deliciei com a trilha sonora de Philip Glass e a conversa dos três. Uma conversa em que todos ouvem e todos falam, sem ego, sem pavonismo, sem nada. Um tipo de conversa que tive umas 2 vezes na vida.

Há uma pequena alteração no meu top33 divulgado semana passada, porque tinha esquecido desse filme, simplesmente! Sai O Silêncio dos Inocentes do top10 e entra Ponto de Mutação. Da lista geral, fica de fora Amor Além da Vida.

3-) Comentário único sobre o Oscar 2011: eu vi O Discurso do Rei. Filme bom, bem contado. Mas não se compara com Cisne Negro. Este, sim, merecia todos os prêmios. Mas, a Academia é muito quadrada e tradicional para premiar um filme assim. Ao menos, a performance fabulosa, espetacular, estupenda de Natalie Portman foi premiada com a estatueta (depois do Globo de Ouro). Seu discurso, cheio de lágrimas, também me emocionou. Ela merece porque fazia tempo que não via uma atuação assim.

Bruna Surfistinha - o filme

Não nego: estava muito curiosa. Assim como imaginam que muitos devam estar. Não sei se você se encaixa no perfil do espectador que leu o livro. Se sim, melhor. Se não, ainda assim conseguirá assistir à história da garota de programa mais famosa do Brasil.

O filme (e o livro) não são apologias ao fato de ser "sobre uma garota de programa". Mas desde que somos humanos, sexo é sexo e sexo sempre chama a atenção, a nossa curiosidade, o nosso desejo de saber mais e de fazê-lo. Quem nega? Pessoas enrustidas, talvez. Pessoas que não se conheçam o suficiente, talvez. Pessoas essas que ficaram, por exemplo, no cinema, rindo sem parar o filme inteiro. O filme era comédia? Não, pode apostar que não era.

Mas assim são as pessoas. Elas riem daquilo que as incomoda ou daquilo que elas não compreendem. Em certos casos, elas podem partir para a agressão (comparação infeliz, o ataque aos homossexuais na Avenida Paulista, em São Paulo). Em outros, elas tiram sarro. Assim como tiraram sarro de mim durante a minha adolescência inteira pelo simples fato de eu ser japonesa. Não acreditam nisso? Para mim, a comparação é fundamentada e válida: as pessoas tiram sarro e riem daquilo que elas desconhecem e não compreendem, mesmo com um mínimo esforço.

Eu poderia resumir dessa forma a sessão de sexta-feira para ver Bruna Surfistinha. Contudo, seria reduzir demais um filme a isso apenas, mesmo tendo experimentado um cinema lotado numa sessão das 15h (público mais variado impossível, desde senhores, senhoras, mulheres, homens, adolescentes), uma mulher ao meu lado com suor cheirando a cebola, o fundão cheio das pessoas rindo o tempo todo. Não vou reduzir a isso, porque o filme merece muito mais.

Na época do lançamento, lembro que fui uma das primeiras a comprar o livro, numa vaquinha com minha amiga de trabalho. Devoramos o livro. Emprestamos para um monte de gente. E eu o reli, depois. Um filme nunca é como o livro e este caso não é diferente. Porém -- e crucial -- na minha modesta opinião, foram as alterações feitas no roteiro. Alterações essa que deixaram o texto humano, quase como uma interpretação da vida de Bruna Surfistinha, sob os olhos de Raquel Pacheco. Pequenas alterações foram feitas... alterações que deram um sentido ao filme -- que não apenas o diário de uma garota de programa.

Você pode gostar do filme, como pode odiá-lo. Gosto é gosto e conheço gente que consegue odiar o filme Cisne Negro, por que não odiariam este filme? Fora esta comparação tosca (que me veio à cabeça enquanto escrevo este texto) queria apenas dizer que o filme me tirou lágrimas. Sim. E querem saber por quê? Pela humanização dada a um personagem que aos olhos de todo mundo é um mero objeto sexual. Para nós, espectadores e juízes da vida humana alheia, podemos apontar o dedo para Bruna Surfistinha e dizer tudo o que pode ser dito a uma menina que escolhe ser garota de programa. Estamos no direito, não estamos?

O filme mostra (e entende isso quem quer) que somos seres humanos, fazendo escolhas constantes, assumindo consequências, errando, aprendendo, errando, acertando. E mostra que, ao fim (como foi na vida real), podemos escolher uma vida diferente, talvez pior, talvez melhor. Mas: diferente. É uma excelente parábola, da qual, a maiora parece apenas querer rir, porque é facil rir daqueles que se assumem como são, seja o que isso for. E podemos, depois, ir para casa, zombando da "prostituta que ganhou dinheiro e fez filme", porque é mais fácil concluir assim. 

Veja você o filme e me diga o que acha. Só espero apenas que não tenha um mero olhar raso de crítico enciclopédico de cinema e de espectador zombador da vida alheia. Que tal tentar o diferente, também, ao ver este filme?

Em tempo: o filme foi muito bem conduzido, na minha modesta opinião. Destaco sempre a Fabíula Nascimento (personagem feminino central do filme Estômago). Ela é fantástica, simplesmente. E o desfecho do filme com Fake Plastic Trees (que me fez entender porque o Radiohead viu a premiere gringa) tirou lágrimas dos meus olhos.

Top 33 - filmes

Recentemente, fiz um top33 com as minhas músicas favoritas do Bon Jovi. Aproveitando este "dia livre" de hoje, vou me dar o prazer de fazer algumas coisas que há tanto tempo não faço. Uma listinha com meus filmes favoritos (que achei que já tinha colocado aqui, olha a falha) pode ser o início. E, ainda por cima, estou aproveitando o gancho de uma conversa que tive com a Cláudia Bertrani ontem sobre nossos filmes favoritos. Nem preciso dizer, querida, que Cisne Negro entrou para esta lista, certo?

Em relação aos filmes, alguns critérios precisam ser esclarecidos: a escolha é puramente pessoal. Segundo, eu coleciono DVDs e até poderia me considerar cinéfila, mas meu universo de filmes não abarca todas as produções, de modo que pode ter muita coisa que eu não vi e que mereceria estar aqui... mas que não está porque eu não vi o filme ainda. Terceiro: tenho certeza de que me esqueci de algum e talvez volte pra editar. Talvez.

Segue a lista:

01.    Cidade dos sonhos
02.    Réquiem para um sonho
03.    Persona
04.    As horas
05.    Brilho eterno de uma mente sem lembranças
06.    Closer – perto demais
07.    Tomates verdes fritos 
08.    Matrix – trilogia
09.    2001 – uma odisséia no espaço
10.    Ponto de Mutação
11.    O silêncio dos inocentes
12.    Anticristo
13.    Cisne negro
14.    Monster – dsejo asssassino
15.    Psicopata americano
16.    O exorcista
17.    O iluminado
18.    O céu que nos protege
19.    Meninos não choram
20.    Alien – quadrilogia
21.    A viagem de Chihiro
22.    Thelma e Louise
23.    O segredo de Brokeback Mountain
24.    Em algum lugar do passado
25.    O segredo do abismo
26.    Veludo azul
27.    Má educação
28.    Paris, Texas
29.    Bagdad café
30.    Almas gêmeas
31.    Taxi driver
32.    Animatrix
33.    Jogo subterrâneo

Silêncio

Sem ideias, sem vontade de ter ideias agora.
Me recolho brevemente e observo. Continuem aqui, ein? Porque isso dura um dia, uma semana... quem sabe?
;-)

Infusão

(nulla virtute redemptum a vitiis - Juvenal)

Infundi teu sorriso
- fruto podre de minhas ilusões
em minha xícara de chá verde
e verti-te, como engolir saliva,
seca, dura, amarga.

Eis que tu eras meu espelho
hei-lo reluzente por sobre olhos
cegos e ignorantes.

Eis que tenho um par de globos
oculares doentes, que se exterminam
lentos, na solidão do dia-a-dia.

Infundi a tua simpatia
e no que restou não me reconheci
- sou um busto incompleto sem olhos
e sem a expressão dos imperadores
sequer imagino o que poderia ter sido.

(15/05/2003)

*** 2003 foi um ano especial na minha vida. Os poemas desse ano são únicos, talvez fruto do meu "encontro poético" com meu amigo Del Xênio, que me proporcionou fantásticas conversas líricas. Usei formas curtas, mais imagens do que descrições e, portanto, escrevi poemas imagéticos. Porém, com o tempo, eu voltaria ao meu estilo de escrever, uma humilde inspiração de Drummond meio Bandeira, com drama a la Clarice Lispector e pitadas de Ana Cristina Cesar. É... é assim que eu definiria os meus poemas.