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05 de dezembro

(dedicado a você)

Há alguns raros momentos
em circunstâncias específicas na vida
parece sorte
lembra conspiração
e os mais céticos desdenham
os distraídos nem percebem
mas aqueles puros de coração
sentem
capturam
estendem as mãos
o coração aberto
os olhos atentos
e vivem.

Há algum raro momento
enquanto caminho sozinha
tanto igual ontem
e pode até ser parecido com o amanhã
eu não olho para os meus pés
nem olho para o próximo destino
eu apenas vejo o céu
tantas nuances em tonalidades distintas
o bruto negro tocando o branco suave
nuvens de algodão e céu de chumbo
eu paraliso, hipnotizada, tentando descrever
e me calo.

Entre dois momentos distintos
há duas solidões que se tocam
sem propósito, sem escolha
há razão? É necessária razão?
A razão é uma tola justificativa.
A justificativa é uma tentativa em vão.
Pegue a minha mão, veja as rugas.
Olhe meu coração, veja os calos.
E sinta minha alma: simplesmente feliz por viver.

Não se perca na estrada bifurcada,
que nós mesmos a dividimos.
Trilhar este chão de terra acompanhado,
é muito melhor do que sozinho.

[sem título]

Ao longo de uma vida inteira,
quantos nomes iguais em quantas pessoas diferentes você irá conhecer?
e quantas dores diferentes com motivações iguais
você sobreviverá até entender
que ao longo de uma vida inteira, metade é gasta nos por quês
e a outra metade sequer é aproveitada para, de verdade, viver.

No silêncio ensurdecedor de minha insanidade
eu busco a tranquilidade em outros olhos alheios a mim
quero conhecer os segredos que conduzam ao limiar
ao fim, que enfim, irei saborear
com os olhos cerrados, com os punhos em riste
sem mais medo de perecer, sem medo de morrer.

As histórias são todas iguais e os amores que vertemos
em diferentes corpos, só mudam os rostos e os nomes
o que perdemos e o que ganhamos, que diferença faz
se o que nos satisfaz é a contínua busca esquizofrênica
de uma certeza que não sabemos desenhar nem descrever
pois só seguimos cegos, incertos, loucura sagaz. 

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[E as coisas andam tão atípicas que até poesia voltei a escrever!]