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Um sopro renovador

Anuncio, com alegria e fé, que este blogue trará posts novos até o fim do ano. É a proposta do fim de um longo vácuo -- existencial, diga-se de passagem --, para voltar a falar do cotidiano: esse, tão estranho e cada vez mais frio e egoísta.

Não vou negar que o viés será político. Impossível evitar esse assunto. 

E confesso que essa motivação veio depois de (mais uma... fazer o quê) grande decepção familiar. Durante anos (e não foram poucos), tinha em alta conta uma pessoa de minha família sanguínea. Era uma das últimas a quem atribuía admiração, muita, por sinal. 

Porém, como muitas pessoas perceberam, este ano foi esclarecedor e estarrecedor. Verdades foram reveladas. Que ninguém é perfeito, isso todo mundo sabe, mas conhecer o lado negro de cada um é assustador: preconceito, raiva, ódio, intolerância, desejo que as pessoas morram, se elas morrerem é por um bem maior (!!!), uma cegueira por um terrorismo comunista que avança no mundo como um vírus mortal.

Que a humanidade nunca esteve saudável, todo mundo também sabe. Temos em nosso dna um gene que não vive sem brigar, sem odiar, sem desejar o extermínio daquele (ou daquilo) que não concordamos. Milhares de anos, tantas civilizações e culturas e ainda nos baseamos em um Deus julgador, punitivo e assassino que norteia nossas atitudes. Acho que aquela conhecida afirmação poderia ser refeita assim "Deus foi criado à semelhança e imagem do Homem".

Nos falta o AMOR CRÍSTICO. É fácil amar e aceitar aquele que é totalmente diferente de nós? Por que fazemos isso? Por sermos "superiores"? Qual a base de critério? Socioeconômico, tenha certeza absoluta, meu caro leitor.

Enfim... este post é só pra dar um sinal de vida. Em especial, de mim para mim mesma. Este foi o ano mais difícil de toda a minha vida. Tentei desistir da vida em inúmeras formas e meio que desisti mesmo. Não sei quais serão as perspectivas futuras, mas decidi agir diferente. Posso vir a me cansar de tudo outra vez? Possibilidade que existe e não posso negar. 

Observação final: a todos os leitores que encontram um acalento em meus escritos (eu sei de todos vocês, leitores anônimos!), obrigada por trazer um objetivo maior para este blogue. É por vocês, cada um de vocês, que não desisti de escrever. Minhas palavras quando saem de mim não são mais minhas, são de quem ler, de quem se sentir abraçado. Obrigada a cada um de vocês, belos desconhecidos. 

Feeling like monday but someday I'll be saturday night

O que é o tempo, senão a contagem dos dias e o que fazemos para preencher a contínua necessidade de construir algo, significar algo, deixar um legado? O que é o tempo senão continuamente compararmos o sucesso alheio ao nosso, competirmos para sempre sermos os melhores em qualquer área que atuemos ou que queiramos deixar a nossa marca? O que é o tempo senão um preenchimento contínuo de suposta sabedoria, felicidade e contribuição para o mundo? Supostamente falando.

O vácuo entre meu último aniversário e o próximo pode ser traduzido com tanta coisa. Mas me aterei ao que venho passando nos últimos três meses, com ênfase maior para o último mês:

- morte de uma pessoa da família;
- dermatite agressiva no couro cabeludo;
- virose violenta (a primeira que tive em minha vida);
- saindo (temporariamente) de uma profunda crise de depressão;
- início da pré-menopausa.

Mas ainda não tenho um único fio de cabelo branco à vista. Depois de, no fim do ano passado, passar máquina zero na cabeça, repetir a atitude em meados de março, ainda estou olhando meus cabelos sem corte específico. Olho para mim mesma no espelho e não tenho pensamentos.

Bem, entrando em pormenores a respeito dos itens descritos acima:

1) a burocracia brasileira é generalizada. Ou você é muito rico ou prefira ser muito pobre. O meio-termo, onde jaz a burguesia das classes intermediárias, sofre com tanta coisa para pagar. Vivo ou morto, você paga. E, se você não tiver dinheiro, o governo lhe toma tudo ou lhe empresta a juros altos. Nada é de graça, nenhum documento é emitido gratuitamente e qualquer bem que você possua é sinônimo de imposto a ser pago. A menos, é claro, que você seja muito rico, porque nossos governantes sempre são mais condescendentes.

2) venho enfrentando certos tipos de doenças que nunca tive em minha vida toda. A dermatite creio que seja um resquício da depressão e do estresse. Porém, a virose foi um caso maravilhoso. Sempre ouvi falar de pessoas com viroses e confesso que em todas as vezes sempre olhei com desdém, porque me parecia desculpa para conseguir um atestado ou faltar ao trabalho.
Vivenciei todos as etapas e os sintomas da mais clássica das viroses e da mais violenta também. Tudo começou com dor no corpo, mas eu percebi que não era gripe, porque não tinha febre. Muito mal-estar, moleza e vontade de não fazer nada. No dia seguinte, dores horrorosas no terço final do estômago e na barriga. Muita cólica amenizada com analgésicos. Fiquei assim uns dois dias. Até que no terceiro dia, passei seis horas seguidas indo ao banheiro a cada quinze minutos. Nunca c*gu*i tanto em minha vida e meu c* assou completamente que nem hipoglós dava conta.
Não sei o que é pior, mal-estar físico com enjoo, vômito e dor generalizada ou c*g*neira. Os dois são ruins. Uma experiência que não dedico a ninguém. Espero nunca mais passar por isso outra vez!
Ao final do quinto dia comecei a melhorar. Mas ainda hoje, mais de uma semana depois, meu estômago ainda está meio sensível. E aproveitando o frio também, só tenho me alimentado de sopas.

3) há alguns meses venho notando irregularidade em meu ciclo menstrual. Pesquisei e vi que para muitas mulheres a pré-menopausa (que se divide em três partes até a menopausa em si) começa a partir dos 40. No meu caso, está começando perto dos 41. Meio cedo, mas neste mundo corrido e com a alimentação que temos, tudo adianta, atropela e vai indo na velocidade que tem de ir. Há tempos já faço uso de óleo de prímula e, agora, aumentarei a dosagem.

Eu sempre fiz balanços gerais ao fim do ano e em meus aniversários. Desta vez, não tenho vontade de dizer muito. Há tempos, a minha vontade de dizer as coisas vêm diminuindo com a mesma velocidade que experiências ruins com as poucas pessoas que convivo tem aumentado. Aí é continuamente apertar a mesma tecla e até eu me cansei disso.

Por um tempo, acreditei que em carma e que recebia muita coisa de volta de tanto que já fiz por aí. Talvez seja isso, mas atualmente eu apenas penso que esta é a maior de todas as lições que tenho de aprender. Ela envolve um pouco de tudo que sempre questionei e um pouco de tudo que sempre me incomodou. Um pouco de tudo que sempre acreditei e defendi. Um pouco de tudo que sempre entendi como certo e eterno.

No momento, estou cética e pessimista. Não é que não acredito mais nas pessoas, mas me parece que há um precipício entre o que as pessoas são, o que aparentam e o que elas mostram. Aqueles que mantém essas linhas limítrofes menores podem ser consideradas pessoas melhores que outras? Não. Mas, definitivamente, imagino que sejam pessoas um pouco mais fáceis de entender.

O fato é que quando você sofre depressão as pessoas se afastam. É silencioso e quase involuntário mas quem deseja estar perto de alguém assim? Por isso me surpreende sempre ler quando um artista famoso cometeu suicídio "mas ele tinha depressão? Como assim? Sempre sorridente, fazendo o que mais queria fazer, cheio de amigos, não passava por dificuldades financeiras". É mais interessante conviver com um depressivo mascarado do que com um depressivo assumido. Porque até para ter doença mental, as pessoas precisam disfarçar.

Então, é isso aí, a vida segue. Para compartilhar algo novo que descobri e não terminar este post tão triste e melancolicamente, digo: o incenso - in natura - de palo santo é uma descoberta que eu deveria ter feito antes. O aroma é adocicado, amadeirado e lembra uma mistura de cominho, noz-moscada e pimenta. Quem quiser, aceito como presente

Outro blogue qualquer por aí

Este blogue já foi de tudo: espaço para falar de Isabella Taviani, espaço para falar o que me desse na telha, escrever sobre astrologia, compartilhar qualquer coisa de um dia qualquer.

Mas ele não começou assim: ele nasceu com o propósito de eu me dedicar à prosa, já que tinha fechado a fonte da poesia. Engraçado que as coisas não deveriam ser assim, preto no branco, no entanto, comigo foram.

Treinei e aperfeiçoei muito a minha escrita aqui. Honestamente, gostaria que fosse um espaço mais voltado para crônicas e textos leves... como supostamente deve ser um blogue.

Porém, este canto acabou se tornando o cantinho da lamúria e da tristeza. É com muito pesar que acabei detectando que só falava de problemas, decepções. E mais decepções. E mais e mais decepções.

Por que a vida é uma eterna decepção? Se alguém aí souber me responder...

Li várias retrospectivas e todas elas falam a mesma coisa: solidão, decepção, amigos preocupados com suas próprias vidas. Já disse decepção?

Há uma luta interna, em mim, para não desistir de tudo. E percebi, lendo rapidamente alguns posts, que essa luta se iniciou há muito tempo... 

Por isso, criei um blogue anônimo, que obviamente não divulgarei aqui. Uma última tentativa de poder falar realmente o que quisesse sem perturbar aqui.

Triste esta vida de constantes decepções... fico pensando e refletindo e não chego a um bom lugar. Também penso no quanto decepcionei e nem sei sobre isso.

A vida segue. Até que não vá mais adiante. Enquanto isso...