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Soluço e fita vernelha

Faz 1 minuto que eu estava com um soluço maldito que estava ecoando pela editora onde trabalho! Fazia anos que eu não tinha soluço!

Definição do Houaiss: fenômeno reflexo que se manifesta por contração espasmódica e involuntária do diafragma, seguida de movimento de distensão e de relaxamento, pelo qual o pouco ar que a contração forçara a entrar no peito é expulso com ruído característico [Ocorre às vezes após a ingestão de líquido ou sólido.]

Enfim. Eu conhecia uma simpatia que minha mãe sempre usou quando eu era criança. E eu sempre recorri a essa simpatia para curar soluços indevidos na sala de espera do dentista, por exemplo! (vero)

Pegue uma fita vermelha e coloque sobre sua testa. Aguarde 1 minuto em silêncio e o soluço vai embora.

Lembro que no dia do dentista, eu não tinha porra de fita vermelha nenhuma! Foi qualquer coisa vermelha (tampa de caneta bic tá valendo). E funcionou! Eu nem sei se creio nessas coisas, ou se é força da mente. O duro é que eu não penso nada e até fico achando que isso é balela. Mas passa.

Quem explica?


Minha amiga Denise Yumi tem uma simpatia mais do que bizarríssima que envolve cheirar parede, pular e esperar alguns minutos. Não sei a ordem correta, mas, diz ela, funciona. Confesso que nunca tentei.

Só sei que fiz agora a tal da simpatia da fita vermelha, mas sem fita vermelha, porque, obviamente, quem anda com fita vermelha na bolsa? Usei a tampa de um batom manteiga de cacau, reclinei na cadeira, e equilibrei a tampinha.

PASSOU!

Crendices... vox populi, vox Dei.

E lá se vão...

... quase seis meses de nossa vida, neste ano!

Outro dia qualquer...

AH!

manhã chuvosa na capital de SP. Preguiça profunda -- um dos meus pecados capitais -- e uma sensação de impotência misturada com ansiedade. Acho que tô meio de mau-humor hoje.

MAS...
paciência é uma virtude. One day at a time.

The straight world vs. The L word

Quem me conhece, sabe o quanto sou discreta. O quanto exijo respeito ao meu espaço pessoal e o quanto respeito o espaço alheio. Claro, sou indiscreta com meus amigos, porque eles sabem que isso faz parte do pacote que vem com a minha amizade (após muito tempo). Com os outros, a distância é essencial para a convivência diária.

***

Desde quando ouvi falar de The L Word, confesso que não dei muita bola. Nunca gostei de guetos e nada que remetesse a eles. Este ano, após algumas coincidências, resolvi começar a ver... comprei, vi, gostei e tenho os boxes das quatro primeiras temporadas. Não deu outra: virei fã. .

Eu acho que descobri que embora sempre dissesse que não, tinha um certo preconceito contra os gays. O fato de tanto dizer que não queria pertencer a um grupo (embora eu odeie andar em grupos), era um pouco disso. Assistir a essas quatro temporadas -- mesmo em um mundo americano de Los Angeles -- me fez ver que eu não gosto do mundo gay por causa das pessoas que me vinham à cabeça (na época em que afirmava isso). Hoje, eu posso dizer que tenho amigas incríveis que fazem muito jus à sua presença em minha vida. Apenas não vivem próximas a mim e nós não formamos um "grupo".

Meio confuso isso, mas o que quero dizer é que eu meio que cansei de ter de me adaptar ao mundo hetero. Sempre as mesmas piadas -- ridículas -- entre homens com mais de 30 mas que se comportam inexplicavelmente como adolescentes de 15. Mulheres fúteis que apenas falam mal dos outros e de suas frustrações em família ou em relacionamentos.

EVIDENTE que aqui eu não quero generalizar. Talvez, eu tenha o azar (ou má sorte) de conviver com esses perfis. O fato é que pela primeira vez na minha vida, estou saturada de conviver com heteros. Eu estou me sentindo presa, mesmo sem nunca ter sido enrustida. Todas essas notícias dos últimos dias sobre a Parada Gay e o que a imprensa veicula, e o que ouço, e o que vejo... chega a me dar nojo viver na sociedade em que vivo.

As pessoas fazem piadas de gays e lésbicas e se esquecem que poderíamos fazer piadas deles também. Pois somos igualmente estúpidos e inteligentes. Pois igualmente trabalhamos e pagamos contas. Pois igualmente somos compostos de carne e sangue que, quando morta, apodrece.

Na outra editora em que trabalhava eu via menos isso. Porém, agora parece que isso se escancara para mim, uma realidade horrorosa em que sou obrigada a ouvir piadas de gays e sorrir como se isso tivesse graça. Isso deve ter sempre existido por lá também, mas eu nunca tinha visto com tanta clareza.

Eu deveria começar a sair e tirar sarro dos heteros imaturos que falam errado e se vestem mal (homem hetero é um dos que mais se vestem mal) enquanto eles cospem para fora maledicências sobre gays e lésbicas.

Ver The L word me fez sentir um pouco menos ET neste mundo louco. Pois somos iguais. Somos até mais sensíveis. Mas, somos seres humanos. Eu meio que me cansei de me adaptar a um mundo que pouco faz questão de se adaptar a mim. Raivinha de agora, que logo passa.

Mas eu precisava do desabafo.