Preciso fazer uma lista.
Mas o primeiro item dela está aqui. Registrado.
O cotidiano sob o meu olhar. De tudo um pouco, das coisas que gosto e de tudo que quero eternamente descobrir.
Este ano quase não vi filmes.
Então,
resolvi, na noite do dia 24 de dezembro colocar algum atraso em dia.
Eu sei
que, anualmente, ao menos um filme com temática lésbica e natalina é lançado.
Lembro que no ano passado vi bons filmes mesmo sem ter deixado registrado aqui.
Gosto
muito de poder ver essa representatividade. Sim, lésbicas querem se ver
retratadas na tela com filmes clichês repletos de historinhas que todos sabem
como vai ser e como vai acabar. Ninguém está preocupada com isso, estamos
interessadas em nos ver retratadas: algo que não tem preço.
Então,
algumas empresas, em geral as de nicho mais restrito ou de streaming,
investem aí. Filmes independentes, com baixo orçamento. Mas que a cada ano que
passa aumenta a sua visibilidade.
A lista
está aumentando.
O filme
mais recente com atrizes famosas foi Happiest Season (2020) que no Brasil ficou
como “Alguém avisa” (que título péssimo) com Kristen Stewart e Mackenzie Davis.
Kristen deve ter se perguntado “que porra tô fazendo neste filme?” de tão ruim
que é. Mas eu compreendo sua tentativa. O filme é clichê mas tem um péssimo
fator: a ausência de química entre as atrizes. Mackenzie parecia não entender o
privilégio de contracenar e poder beijar Kristen. Fazer o quê? O registro está
feito e é eterno pra quem quiser ver.
Isso
posto, vamos aos filmes que eu vi neste ano. Vou colocar por ordem de
preferência.
1. 1. A New York Christmas Wedding (2020)
Este é o
melhor desta leva por um motivo simples: a história me cativou profundamente. É
uma história clichê que nos pega pelo menos uma vez na vida: se você tivesse a
oportunidade de voltar atrás e começar tudo de novo, de outra forma, você
aceitaria?
Porém, este filme trata de um tema sensível para mim. A reflexão que fazemos (ou deveríamos fazer) sobre temas como: pensar em nós mesmas, autocuidado, perdão, arrependimento, escolhas erradas.
Deixo
aqui dois destaques que me tiraram muitas lágrimas (foi único de todos os
filmes que me fez chorar muito): a fala de Azrael “Love deeply, trust your
heart and be brave”. E a música que toca quando sobe os créditos que está aqui
no meu repeat one enquanto escrevo este post The Bells on Christmas cantada por Kelsy Madsen.
Os
resumos dizem que este filme pretende ser uma versão lésbica de Love Actually.
É... há uma tentativa. Por isso fica aqui em segundo lugar.
A parte
que sempre me pega é a mulher que é deixada sozinha no altar no dia do
casamento. Tive um belo insight de vida nesse momento.
Não há
antagonistas nem muitos mirabolantes nos clichês que esperamos ver. Mas a gente
torce pelo casal principal (e menos chato) para que elas fiquem juntas ao
final.
E tem uma cena, a mais engraçada do filme, em que pegam uma personagem para fazer uma menção que só poucas pessoas sabem correlacionar: a personagem surda, soldando um material, tocando Flashdance (olá, Jennifer Beals e Marlee Matlin).
Este foi
um dos lançamentos para este ano. Conta a história bonitinha até de duas
mocinhas que passam quase uma década longe da outra depois de viverem um amor adolescente
que não deu certo porque elas eram (adivinhe) imaturas e cada uma tinha um
objetivo de vida diferente.
A
historinha é bem contada, há uma razoável química entre as atrizes e há
bastante tom cômico, o que é meio incomum de se ver. Dá vontade de rir mesmo
que não seja engraçado (esquisito mas eu me senti assim).
Mas a
gente comemora um fim onde as personagens amadurecem depois de muito bater a
cabeça e sofrer boa parte do filme não querendo admitir o óbvio. A gente ama
final feliz. Chega de ver lésbica morrendo ou sendo morta.
O outro lançamento deste ano. Com a famosa (bem para o mainstream lésbico no cinema ela é para mim) Alexandra Swarens. Diretora, roteirista e atriz lésbica, ela tem feito muitas produções com esse cunho de mostrar o simples. Ainda não vi todos os trabalhos dela (ela sempre atua neles) mas já vi o Looking for her (tem aqui no YouTube) e City of trees todos filmes com temática natalina. Dentre esses, The Holiday Club é o mais fraco na minha opinião. A história é boa, mas muito confusa, não foi bem conduzida nem editada, tem muitos furos, muitos cortes abruptos, precisaria de uma baita edição ainda.
Será que
ela está ficando sem história? Acho que não. Para mim, a ideia foi bem válida.
Até achei que a outra atriz estava indo bem com ela, mas... sempre falta.
Alexandra é lésbica então ela não precisa fazer esforço para convencer. Quem não
é, e a pessoa não é boa atriz, sempre fica faltando algo.
Mas
recomendo pela Alexandra e para prestigiar o trabalho dessa jovem cineasta
lésbica.
Ainda
falta um, mas é um filme de temática de ano novo, então vamos ver se acho outro
torrent até lá.
De maneira geral, gosto de ver a forma como a oferta de filmes (não tenho mais paciência pra séries, sorry) para nós, lésbicas, tem aumentado. E quem reclama dos clichês é porque é a pessoa que mais os vive. Comemoremos os clichês. Comemoremos os filmes com finais felizes. Comemoremos testemunhar as personagens que ficaram a vida inteira teimando e, no filme, ela reconhece os erros, sabe como corrigi-los, sabe como mudar, faz tudo dar certo. Não é fácil assim não, gente, mas é sempre bom ver um filme que, por alguns intantes, nos faz crer que, sim, é possível!
Porque a grande questão desses filmes natalinos é: no Natal tudo é possível. Somos tomados pelo espírito natalino ou seja lá pelo que for e seus desejos podem se tornar realidade. Precisamos de um pouco disso, né?
Se foi.
Voou.
Repleto de histórias. Reflexões. Pensamentos. E eles — muitos aprendizados!
Cá estava eu olhando as conversas arquivadas no WhatsApp. Olhando aquela lista com fotos de todas as mulheres com quem conversei e que, por algum motivo, a conversa não foi pra frente. E não ficou um tchau, um ponto final, uma última conversa. Não ficou nem o ghosting. Não ficou nada.
O que ficou?
O que fica?
Olhando para os nomes, para as fotos, para as conversas que ficaram paradas em um capítulo não finalizado, fico reflexiva. Dezembro é um mês de reflexão naturalmente para mim. Com a proximidade do Natal e do Ano Novo, eu fecho para balanço e penso no que quero para o meu futuro.
Mas foi inevitável uma sensação sem palavras ao ver tantas fotos. Porque houve um desejo genuíno de construir uma conexão. Eu não converso com as pessoas levianamente, ainda mais quando a gente se propõe a iniciar um contato através de um app. A maioria majoritária das pessoas pode desejar assim mas eu não. Sempre há um investimento de tempo, energia, mente, coração.
Acho que nunca esteve tão difícil fazer novos contatos.
Quando você escolhe determinados caminhos pessoais, quando você conhece alguém que trilha uma outra estrada completamente distinta... ela vai continuar ali. E você vai continuar aonde você está. E, no fim, tudo estará bem, porque tudo está como tem de estar. Não há determinismo. Não há destino. Não há acaso.
É sempre a gente que tenta fazer caber algo que não é para estar ali.
Mas, a despeito disso, para mim fica sempre a sensação de que "poderia ser diferente". 2023/2024 foram anos marcados pela entrada provisória de muita gente nova. Ainda sinto a ânsia de fazer bons contatos ao mesmo tempo que sinto uma imensa preguiça e cansaço para mantê-los. Essa ambiguidade por vezes me cansa... Porque vivo em um limiar ambíguo. E, ao final, afinal, tudo continua a mesma coisa.
Uma hora apagarei esses contatos em definitivo. Mas o fato de não tê-los apagado é porque ainda resta um restinho de sentimento que eu gostaria que tivesse sido um pouco diferente. Há os contatos apagados, deletados, bloqueados e que também continuam em minhas lembranças e, ocasionalmente, eu penso nessas pessoas.
Uma coisa boa deste ano é que adentrei fundo em meu inconsciente. Era chegada a hora de limpar o porão. E você sempre se surpreende como sempre tem coisa pra jogar fora! Porque sempre tem.
Também estou aprofundando ainda mais meus estudos com a Halu Gamashi.
Acho que o único porém disso tudo... eu gostaria de poder voltar a sonhar. Quer dizer, eu tenho sonhado à noite. Não estou me referindo a isso. Mas aos sonhos-desejos.Ao longo dos anos, parei de me permitir desejar algo por puro medo de ter minhas expectativas frustradas. A esta altura da minha vida, compreendi sonhar é uma decisão muito arriscada, porque ela (praticamente) nunca se concretiza. Muitas coisas que sequer sonhei se concretizaram. Então, tenho percebido que preciso alinhar essas duas pontas em mim. Talvez elas consigam se encontrar em um futuro não muito distante.
Desejar, sonhar... talvez seja um bom pedido para 2025.
Mas o que mais desejo para 2025 é que eu consiga identificar o momento de agir e o momento de silenciar. Ou como diria a frase...
Então, aos leitores do meu blogue, desejo que o ano de 2025 seja de muita coragem, foco, autoconsciência, autoconhecimento, sabedoria, paciência e amor. Porque será necessário tudo isso e muito mais para conseguir passar pelo Apocalipse com bons aprendizados e o mínimo de dor necessária. Ninguém precisa sentir dor para aprender (mesmo que esse seja um dos caminhos para a nossa redenção pessoal...)
Seguimos juntos!
Já faz um bom tempo que não escrevo — e não é apenas aqui.
Minha vida percorreu várias existências em segundos.
Minha mente navegou várias lembranças em minutos.
Meu corpo existiu e deixou de existir em um piscar de olhos.
Estamos, aqui, no meio do segundo semestre de 2024. O planeta Terra sendo massivamente destruído. Os seres humanos ensandecidos destruindo a si mesmos e aos seus semelhantes. É difícil manter-se são e focado. Todos estamos sobrevivendo com o mínimo necessário. E outros tantos por aí já desistiram de viver há tempos.
A minha vida se tornou tudo o que eu quis. A minha vida perdeu o sentido. E entre as vitórias e as derrotas, eu jazo nua ao final de um túnel, buscando a luz — a única coisa que me restou fazer antes que eu destruísse a mim mesma em meio a todo esse caos apocalíptico.
Porque a gente nunca escolhe quando vai trocar de roupa, mas não pode perder a oportunidade quando ela surge. E não importa quando isso vai acontecer.
Eu já tive tantos desejos. Já tive tantos sonhos. Já construí tantos cenários futuros. E os desejos, e os sonhos e os cenários nunca foram reais, nunca foram meus. Eles eram outra construção. Coletiva, talvez. Um empréstimo que fiz, uma apropriação indevida. E quando achei que seria feliz, eu tive que devolver esse pacote que nunca foi meu e nunca me pertenceu.Hoje eu não sei aonde está essa felicidade. E por mais que eu me pergunte, o eco não me responde. Não há som no vácuo onde eu grito. Não há existência onde não há gravidade. Eu desconheço o que é o tempo. Eu não sinto mais as nuances do toque de alguém. Desaprendi a sentir calor e frio.
O que é felicidade?
O que é a felicidade que buscamos nesta existência?
O que é a infelicidade?
O que é o sonho?
O que é o desejo?
O que é a existência?
E tantos que já responderam.
E tantas respostas que existem.
Eu, aos 47 anos, dispenso todas elas.
Meus quereres perderam sentido.
Minhas afirmações se dissiparam no ar.
Meu olhar vago busca a certeza que nunca existiu e nunca existirá.
Estamos sós mesmo sem estar.
Talvez...
A única certeza possa ser o amor — essa outra entidade tão estranha e tão pura. Essa coisa que eu acho que toco mas na verdade parece outra ilusão me fazendo perguntas impossíveis de responder. Me espreita e ameaça me abraçar para então sumir em um vento deixando apenas o rastro de um perfume. Retorna como uma leve garoa num fim de tarde para então secar e eu me perguntar se eu vivi ou apenas imaginei. O amor parece tão real e tão irreal que não sei mais diferenciar. O ter sem ter. O existir sem nunca ser. O amor não pode existir em planeta Terra. O amor, aqui, é apenas isso: um projeto que nunca se concretizará porque não fazemos ideia de como ele seja.
Hoje é o dia mais importante da minha vida: dia 18 de julho, dia do meu aniversário.
Eu sempre amei comemorar aniversários, ao contrário da maioria das pessoas que nunca quer ser relembrada de que o tempo passa e um número aumenta no contador da idade pessoal. Mesmo em momentos mais tristes e depressivos que já vivi, viver o 18 de julho sempre é sinônimo de um sopro novo, uma nova chance. Um novo porvir.
Não tenho medo nem nunca tive medo de envelhecer. O que é envelhecer senão o ciclo natural da vida? Daria para escrever um livro, como muitos já o fizeram, sobre o ato de envelhecer. Mas quem pensa em envelhecer não vive o presente. Viver o hoje é uma das tarefas mais difíceis de executar para qualquer ser humano na face da Terra. Viver o momento nos dirá sobre como poderá ser o futuro. Cercar-se de ferramentas, aplicá-las, enfrentar a vida, não ser temeroso, despir-se e transmutar-se. Uns mais, outros menos: todos nós nascemos para ir além e isso não tem nada a ver com juntar dinheiro.
Lembro que no aniversário do ano passado, eu fui tomada por uma poderosa energia que me preencheu me dando impulso para fazer coisas inéditas mais uma vez. Afirmo, sem sombra de dúvida, que 2023 foi o ano em que tive que depurar radicalmente o meu conceito de relacionamentos, amorosos ou não. Não foi nada fácil. Todos os meus posts aqui, ainda em 2022, me indicavam que essas experiências foram necessárias para que eu pudesse estar minimamente preparada para algo que sempre desejei minha vida toda: um relacionamento amoroso de verdade.
Mas como você consegue interpretar o que é bom se ainda está tomado por sujeira? Simples. Não consegue.
Então, como foi bem narrado aqui, vivi de tudo que você pode imaginar. Não fisicamente, claro, apenas virtualmente.
Agora, estou feliz vivendo um namoro que sempre desejei e esperei a minha vida toda, mesmo sem saber como seria, o que seria, quando seria, muito menos se seria possível. Então, posso afirmar: se eu consegui, depois de todas as coisas que fiz e vivi, qualquer pessoa pode conseguir. Mas a pergunta é: o quão disposto você está de abdicar de tudo aquilo que não lhe serve mais?Para o novo ciclo 2024-25, meu foco será outro, que já venho também adiando há algum tempo. Estou com alguns trânsitos astrológicos favoráveis e abusarei deles. Prevejo muitos desafios, revisitar dificuldades velhas conhecidas... prevejo racionamento e tempos difíceis, além do fato de estarmos neste momento planetário de Apocalipse, terceira guerra mundial, força total da extrema direita. Halu sempre pergunta que é o momento de escolher. Eu já fiz minha escolha há muito tempo. E isso não quer dizer que será mais ou menos fácil. A estrada requer que nos dediquemos um dia por vez, como se fosse o último e o primeiro dia de nossas vidas.