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Ode to my family

Ontem, voltando pra casa numa São Paulo chuventa a semana inteira, me ocorreu algo: eu quase nunca falo da minha família aqui e para ninguém. Fiquei com a pulga atrás da orelha.

Acho que como toda boa lésbica (e algumas devem viver este confronto até hoje), eu também senti e ainda sinto os efeitos de não ser uma "normal da sociedade", que tem filhos aos 30 anos, prestação de casa, carro na garagem... como tinha dito minha amiga Gabitchs no blog dela. Mas, dentre todos esses confrontos, eu trago boas lembranças de minha família e de minha infância. Tudo ainda é questão de ponto de vista e de como você lida com o que é inerente a você.

Da minha irmã, eu sempre vou me lembrar dos salgadinhos Ruffles e de quando ela mordeu meu olho, sendo uma bebezinha de meses, e quase me cegou. A gente não se dá muito bem, mas a gente se respeita e se gosta.

Do meu pai, vou sempre recordar das canções de ninar antes de dormir e de como é bom deixar a barriga sempre aquecida durante a noite, para não ter cólicas. E de como é bom gostar de desenhos e ser eclético em música. E de como nunca ser um pisciano em seus piores defeitos.

Da minha mãe, eu tenho as melhores recordações. Ela me ensinou a ser forte, independente e simpática -- características muito impossíveis para uma canceriana com ascendente em peixes e lua em leão. Eu sempre fui retraída e tímida e tinha vergonha da minha mãe com seu jeito sagitariano e espontâneo de ser.

Minha mãe me ensinou que devemos ser respeitados pelo que somos. A vocês confidencio que sempre sofri por ser japa. Imagina ser uma japa lésbica! Minha mãe, inconscientemente, me incutiu a regra de que você deve ser quem você é, fazer o que você gosta. Ser sempre alegre e acreditar.

Além do lance de repetir à exaustão que se não temos ninguém para nos ajudar, não devemos sentar e lamentar, mas sim correr atrás daquilo que é necessário. Isso vai desde trocar uma lâmpada a arranjar um emprego.

Hoje em dia, tenho muito de minha mãe em mim. E tenho muito orgulho dela. Mesmo que eu saiba que ela nunca leria este blogue, este post de hoje é, basicamente, uma homenagem a ela.

Zélia Duncan

Amanhã, Zélia Duncan na Livraria Cultura, em SP.

Deve estar meio muvucado, mas depois do David Lynch, eu encaro qualquer coisa.

Vejam o link! Eu estarei lá!

Processador 3.2

Estes dias eu tenho coberto as férias da Elaine, secretária editorial, de onde trabalho. Afora o volume infinito de tarefas simultâneas (às quais me dou bem, graças ao leão e gêmeos de meu mapa) meu cérebro e minha alma estão a mil. Confesso que não tô dando conta.

Aí, conversando com a minha filha, berrei: "Sim!!! Sou um processador 3.2!!!"

E vamo que vamo.

And so it is..

... just like you said it would be, life goes easy on me, most of the time.

Tanto do tanto que não consigo entender. Ultimamente, tenho tentado captar umas ideias que ficam pulando na minha mente, como se meu cérebro fosse uma ponte do rio que cai. Quando cai, viram posts neste blog ou viram poemas.

Nem comentei que já escrevi mais de 700 poemas desde 1994, que eu tenha registrado. Muitos disquetes, impressos e cds.

Desde 2008 eu parei de escrever, sabe quando você meio que sente que já disse tudo que deveria dizer? Pois é. Eu sinto que meus poemas já deram o que tinham de falar, agora estou partindo para prosa, meu sempre ponto fraco.

Tenho recebido elogios importantes de pessoas muito importantes que me conhecem desde a época de poeta. E é muito legal saber que posso me enveredar pelos caminhos da prosa com destreza e sensibilidade, bom humor e elegância, profundidade e uma certa prolixidade que eu -- sem qualquer modéstia -- tinha na poesia.

Ah! Dias estranhos! Venham! Estou de braços abertos para viver tudo que tiver de viver!!!

Outro dia qualquer...















Uma puta preguiça, dor nas costas, frio nos pés e vontade de estar com meu amor...

Olhei para o apoio do meu monitor e olha que cena meiga...