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Do silêncio

Eu gosto do silêncio. Em geral, quando as pessoas sempre pensam em preenchê-lo de alguma forma, seja com uma conversa (que pode ser produtiva ou não), ou com uma televisão ligada, ou com uma música (nem sempre das mais agradáveis) – eu gosto do silêncio.

Eu gosto da sensação que ele produz. Parece que no silêncio, quando você pode ser até capaz de ouvir seu próprio coração batendo, o tempo perde a noção de tempo. Perde a pressa, perde o passado. Parece um vácuo manipulável, que pode ser preenchido da melhor maneira que lhe aprouver.

Me admiram as pessoas incapazes de viverem alguns minutos em silêncio. Já presenciei um comichão subindo, uma necessidade de olhar ao redor e procurar alguém pra importunar. Já presenciei um silêncio delicioso ser preenchido por vozes destoantes e desafinadas gralharem sem parar.

Nunca deixo de pensar qual é o limite do reflexo desta sociedade que vivemos atualmente. Vivemos submersos em um mundo de estímulos exteriores, desde muito pequenos. Quer dizer, eu venho de uma época “careta e brega” a dos anos 80. Minha mãe me educou muito diferente de quase todas as crianças que ouvi falar. E embora à época eu apenas concluísse repressão, hoje em dia tenho mais do que certeza absoluta de que minha mãe fez as melhores escolhas para mim!

Somos bombardeados como música de baixa qualidade, com programas televisivos de qualidade ausente! Nossa comida é ruim, comemos muito mais fast e junk food. Vivemos numa sociedade consumista que apenas prega as marcas das grandes griffes e exibirmos sempre que temos produtos novos, sejam de quais espécies forem.

O que somos, afinal? Somos o reflexo do que temos ao nosso redor. Temos, sim, nosso livre-arbítrio... mas é preciso muita coragem para poder se excluir da grande massa. Em todos os lugares que vamos, precisamos ter coragem para não fazer o que se espera que nós façamos e dizer aquilo que não seja o senso comum que espera que seja dito por nós.

Então... o apreciar o silêncio é um desses itens raros que poucas pessoas apresentam hoje em dia. Porque uma pessoa mais silenciosa pode ser simplesmente... traiçoeira! Ou uma pessoa que prefira se abster de uma conversa enfadonha pode ser simplesmente... antissocial! As classificações existem aos montes e sempre que uma coisa está fora do classificável, as blasfemações igualmente vêm aos montes.

Apenas digo que um momento de silêncio por dia faz a gente ouvir a própria voz. Se isto parece frase de livro de auto-ajuda, faça o teste. Procure o canto vazio, longe de pessoas eufóricas, longe de estímulos insanos e apenas esteja você com você mesmo. Será um encontro que pode até causar estranhamento, mas vai te trazer uma paz momentânea. O que, para pessoas que vivem no caos diário como vivemos, é uma bênção.

Em homenagem a este post, leia-o ouvindo as seguintes músicas, pérolas perfeitas, na minha humilde opinião.


Retratos de outono

O outono deste ano tem trazido cores muito lindas... mesmo não morando regiões temperadas, como a Europa, por exemplo, tenho presenciado cores muito vívidas e contrastantes não apenas na vegetação, como no nascer e no por do sol! Um espetáculo lindo... que me faz pensar muito que ainda devemos ter -- sim -- muita esperança e muito vontade no amanhã.

As fotos a seguir foram tiradas da janela e da laje da minha casa. Se "laje" parecer brega... o espetáculo vale todos os vilipêndios direcionados à mim por causa dessa palavra!!!



















































ps: as fotos foram colocadas em alta resolução! Sinta-se à vontade para baixar e colocar em seu papel de parede!

Why don't you get a job?

Já que estamos na fase vídeos do Youtube, resgatei esta pérola do Offspring. Saudade dessa época (e nem faz tanto tempo assim...) em que eram esses vídeos que passavam na MTV (não que isso seja parâmetro). Mas emo e as babosices de hoje em dia... blerg.

E convenhamos, este vídeo não vem a calhar com minha fase atual? (piada interna)

Pela causa

Saiu ontem (sexta-feira) na Folha de S.Paulo. Se o presidente da ABGLT está otimista, também estarei.

Maioria é contra adoção por casal gay
Datafolha ouviu 2.660 pessoas no país e 51% reprovaram esse direito; mulheres e mais jovens são mais favoráveis
"O fato de quase 40% da população apoiar a adoção gay é uma ótima notícia", diz Toni Reis, presidente da ABGLT
Rafael Andrade/Folhapress

A partir da esq., o casal André e Carlos Alberto com as filhas que adotaram juntos, no Rio

CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

Quase dois meses após o STJ (Superior Tribunal de Justiça) reconhecer que casais homossexuais têm o direito de adotar, 51% dos brasileiros dizem ser contra essa prática. Outros 39% são favoráveis à adoção por gays.
É o que revela pesquisa Datafolha realizada entre os dias 20 e 21 de maio com 2.660 entrevistados em todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
As mulheres são mais tolerantes à adoção por homossexuais que os homens: 44% contra 33%. Da mesma forma que os jovens em relação aos mais velhos: na faixa etária entre 16 e 24 anos, a prática é apoiada por 58%, enquanto que entre os que têm 60 anos ou mais, por apenas 19%.
"Já é um grande avanço. Na Idade Média, éramos queimados. Depois, tidos como criminosos e doentes. O fato de quase 40% da população apoiar a adoção gay é uma ótima notícia", diz Toni Reis, presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais).
Ele reconhece, porém, que o preconceito é ainda grande. "Serão necessárias muitas paradas e marchas para convencer a população de que somos cidadãos que merecemos o direito da paternidade e da maternidade."
A taxa de pessoas favoráveis à adoção por homossexuais cresce com a renda (49% entre os que recebem mais de dez salários mínimos contra 35% entre os que ganham até dois mínimos) e a escolaridade (50% entre os com nível superior e 28%, com ensino fundamental).
Para a advogada Maria Berenice Dias, desembargadora do Tribunal de Justiça do RS, a tendência é que a decisão do STJ sirva de jurisprudência em futuras ações e que isso, aos poucos, motive mais pessoas a aprovarem a adoção por homossexuais.
"A maioria da população brasileira ainda é conservadora, mas já foi pior."
Entre as religiões, os católicos são os mais "progressistas": 41% se declaram a favor da adoção por homossexuais e 47%, contrários. Entre os evangélicos pentecostais, a desaprovação alcança o maior índice: 71%, contra somente 22% favoráveis.
O padre Luiz Antônio Bento, assessor da comissão para vida e família da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), afirma que a adoção por homossexuais fere o direito de a criança crescer em um ambiente familiar, formado por pai e mãe, e isso pode trazer "problemas psicológicos à criança".
A psicóloga Ana Bahia Bock, professora da PUC de São Paulo, discorda. "A questão é cultural. Se a criança convive com pessoas que encaram com naturalidade [a sexualidade dos pais], ela atribui um significado positivo à experiência."

As melhores risadas

Debra Winger (minha eterna musa), Christiane Torloni (outra eterna musa) e Isabella Taviani (minha mais recente musa). Adoro risadas e o que essas três mulheres têm em comum, além da risada deliciosa, são o timbre grave da voz, uma elegância de berço e a risada... solta, pra fora, gargalhada: como tem de ser! Pena não ter vídeos agora para vocês verem...

Minha vida

Mais uma música do meu querido Bon Jovi para estes dias... tão especiais para mim: It's my life é A música.

This ain't a song for the brokenhearted
No silent prayer for faithdeparted
I ain't gonna be just a face in the crowd
You're gonna hear my voice
When I shout it out loud
It's my life
It's now or never
I ain't gonna live forever
I just want to live while I'm alive
(It's my life)
My heart is like an open highway
Like Frankie said
I did it my way
I just wanna live while I'm alive
It's my life
This is for the ones who stood their ground
For Tommy and Gina who never backed down
Tomorrow's getting hard make no mistake
Luck ain't even lucky
Got to make your owns breaks
Better stand tall when they're calling you out
Don't bend, don't break, baby, don't back down

Dupla de humor

Ah! Fazia tempo que eu não postava nenhuma charge do Adão Iturrusgarai. Como amo pra carai esse cara... adorei a tira a seguir, pra um dia frio e nublado como este! O original tá aqui, ó.


Amigos e sem mais

Relembrando uma pergunta que me fizeram no Formspring.me. Seja lá quem tenha feito, estava inspirado. E, penso, a pessoa também não me conhece... senão saberia a resposta! Enfim. Eis a pergunta:

Que qualidades (beirando a perfeição), um amigo tem que ter para você?

A melhor resposta é: amigo é amigo. Não se questiona, não se magoa, não se espera, não se decepciona. Ele simplesmente está lá. E pensando nisso, ontem tive uma semi-epifania pensando que tenho poucos, mas amigos tão amigos que me dói de alegria e de vontade de chorar (que sentimentos paradoxais...). Não vou nomeá-los, eles sabem quem são e porquê são. Neste exato momento da minha vida, é apenas isso do que preciso: meus leais, fiéis e eternos amigos. Para vocês, uma música que gosto muito, de um filme especialíssimo que -- na minha humilde opinião -- retrata a amizade da melhor forma possível.

(ps: a música tem várias versões [de Westlife a Joan Osbourne], escolhi esta do Paul Young, já que me agrada o timbre de voz dele. O original, de Jimmy Ruffin, é lindo. Ouça aqui)

Happy now

Acordei meio anestesiada... com uma sensação agradável de júbilo e liberdade como há muito não sentia. Claro, meu corpo ainda ressente da sobrecarga de remédios e da gripe que não se cura de jeito nenhum... mas este é um detalhe. Vim cantarolando a música Happy Now do Bon Jovi. Porque é incrível como essa banda escreve hinos para mim. Esta foi a primeira música de que mais gostei quando fui ouvir o novo álbum dos caras. E Happy Now me parece tão perfeita para mim agora.

What would you say to me
If I told you I had a dream
If I told you everything
Would you tell me to go back to sleep

Take a look in these tired eyes
They're coming back to life

I know I can change, got hope in my veins
I tell you I ain't going back to the pain

Can I be happy now?
Can I let my breath out
Let me believe
I'm building a dream
Don't try to drag me down

I just wanna scream out loud
Can I be happy now?
Went down on my knees
I learned how to bleed
I'm turning my world around

Can I be happy now
Can I break free somehow
I just wanna live again
Love again
Take my pride off off of the ground

I'm ready to pick a fight
Crawl out of the dark to shine a light
I ain't throwing stones, got sins of my own
And everybody just trying to find their way home

Can I be happy now?
Can I let my breath out
Let me believe
I'm building a dream
Don't try to drag me down

I just wanna scream out loud
Can I be happy now?
Went down on my knees
I learned how to bleed
I'm turning my world around

You're born and you die, and it's gone in a minute
I ain't looking back, 'cause I don't wanna miss it
You better live now

Cause no one's gonna get out alive - alive

Can I be happy now?
Can I let my breath out
Let me believe
I'm building a dream
Don't try to drag me down

I just wanna scream out loud
Can I be happy now?
Went down on my knees
I learned how to bleed
I'm turning my world around

Can I be happy now? - [oohoohooh]
I'm turning my world around

Can I be happy now?

Amor ou trabalho em primeiro plano?

Olha que texto lindo e fantástico saiu na Revista Personare. Mais um que vai entrar nas reflexões sobre o amor que pretendo escrever em breve aqui. 

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Amor ou trabalho em primeiro plano?

Nos meus atendimentos, uma das reclamações mais frequentes das mulheres é que seus parceiros não conseguem o equilíbrio entre o tempo para o trabalho e o tempo para o relacionamento. Elas também, por sua vez, também se encontram nessa berlinda ? divididas entre querer ter sucesso na carreira, além de serem lindas, bem cuidadas e amadas.
É claro que chega uma hora em nossas vidas em que vivemos o impasse entre se dedicar ao trabalho para conseguir aquela promoção desejada ou ter disponibilidade para quem se ama. Mas será que realmente precisamos enxergar só um lado de nossas vidas? Será que ao abrir mão de alguém que amamos seremos realmente compensados com a ascensão profissional?
O que eu vejo em muitos casos são pessoas que acabam extrapolando os seus limites entre produzir um excelente trabalho e se tornar um escravo dele. Deixam de respeitar até mesmo o horário de almoço e se esquecem da importância de ter uma alimentação saudável. Realmente, essas pessoas estão ultrapassando o limite entre o trabalhar bem e o respeito por si mesmas.
Se essas pessoas se esquecem de comer, imagina se estão dando a devida atenção ao seu parceiro? Muito provavelmente não. Certamente, a compreensão do par é muito importante para continuar ao lado de quem ama, mantendo a relação em harmonia. E nem sempre o parceiro consegue abrir os olhos do seu par para o exagero da entrega dele ao trabalho.

Lacunas a preencher

Muitas pessoas têm a visão de que relacionamentos amorosos trazem junto no pacote problemas que podem interferir em outras áreas da vida, tal como a profissional. Realmente, se pensarmos assim, vamos atrair não só esse tipo de relacionamento conflituoso, como acabaremos mesmo gerando complicações e interferências no trabalho.
Em alguns casos, eu vejo pessoas bem sucedidas que têm algum tipo de compulsão por seu trabalho e acreditam que sua realização está apenas em suas metas profissionais. Ao mesmo tempo, se vêem vazias de sentimentos e sozinhas. Seus relacionamentos, no geral, são casuais, porque essas pessoas não se colocam como abertas a ter um relacionamento amoroso com comprometimento. Assim, vemos homens e mulheres super bem profissionalmente e com uma lacuna na vida amorosa, porque não dão a devida importância a essa parte de suas vidas.
Se você está passando por esse impasse, se questione:
  • Se você é uma pessoa bem sucedida e acha que ter um amor nesta fase de sua vida iria atrapalhar seus planos, será que não está vendo o amor como um problema?
  • Se você tem alguém e a relação está complicada, por acaso já passou pela sua cabeça que você poderia estar usando o seu trabalho como uma desculpa para não ter que tomar uma decisão definitiva no seu relacionamento?
  • Será que você quer mesmo ter uma relação mais séria com essa pessoa que está ao seu lado? Seja sincero e honesto consigo mesmo e busque a resposta sobre o que você sente pelo seu par.
  • Ter alguém ao lado realmente implica em trocar atenção, amor e carinho. Será que uma boa conversa com o par, explicando sobre suas metas e como você precisa se dedicar neste momento ao seu trabalho não seria uma solução para equilibrar essas duas partes de sua vida?
Compensar a falta de atenção num fim de semana porque você ficou trabalhando vários dias além da conta pode se uma maneira provisória de resolver a sua situação amorosa. Mas buscar uma solução plausível para as duas partes requer um equilíbrio entre o trabalhar bem e respeitar a vontade de ficarem juntos.
Se você percebe que há em você alguma resistência ao pensar na possibilidade de conciliar o sucesso profissional e sucesso afetivo, opte por ler: http://www.personare.com.br/revista/amor/materia/144/deixe-de-lado-o-medo-de-amar

Usufruto

Fazia tempo que eu queria ver uma peça da Lúcia Veríssimo em cartaz no teatro da FAAP. Chama-se Usufruto. Tudo aconteceu (descobri que ela é canceriana como eu... rs, trocaram o ator da peça, o competentíssimo André Fusko!) até que ontem, ganhei um par de convites!!! Cortesia da Nova Brasil FM pelo Twitter (obrigada pelo presente!).

Fui! Consegui que minha querida Juliana Julião aceitasse vir comigo, numa quinta-feira fria em SP. Comemos no Gendai e fomos. Lá encontramos com as fofésimas Karina e Dani.

Nunca leia o enredo de nada (cinema ou teatro). Vá sem expectativas, sem saber finais, sem saber detalhes, sem ter lido spoilers ou críticas. É bem melhor assim... adotei isso como tática para reagir naturalmente à arte em vida ao vivo! E sempre me surpreende.

Por isso não vou falar (agora) muito da peça, porque pretendo comentar seu tema aqui no meu blogue. Fato apenas que acho interessante como o amor (como assim?!) em tempos modernos como o nosso tem sido discutido da forma como tem sido.

Obviamente (como veria, com surpresa, Julião) que sou tiete e tirei fotos. Ei-las!

Eu e André Fusko.







Eu e Lúcia. Mulherão, viu???








Historieta: pra finalizar, quem me conhece, sabe que consigo ser uma sem-noção educada com artistas. Eles são seres humanos como nós! Então, dá-lhe simplicidade! Nada de escândalos, nem gritarias. Virei pra Lúcia e disse, enquanto a abraçava: 
Eu: Sou canceriana como vc!
Ela: De que dia?
Eu: 18 de julho!
Ela: Mesmo dia do meu filho!
Eu: Ele deve ser gente boa!
(risos e mais um diálogo que óbvio que não lembro mais)
Adoro conversar astrologia com os artistas. Dica de Lúcia: apenas cancerianos aguentam cancerianos (verdadona...) mas minha querida Jana que não pôde estar presente, também me atura, viu?!... Pena não ter dado tempo de dizer isso a Lúcia!

A coragem do amor que dura

Saiu hoje na Folha. Outro excelente texto!!! Escrevi um email ao Contardo Calligaris. Se ele me responder, junto com meus pensamentos e vira post aqui. Adoro esse tema. O que vcs acham?

A coragem do amor que dura

Quando amo, consigo olhar o mundo por duas janelas que não se confundem, a minha e a do ser amado

PROLONGANDO MINHAS observações da semana passada sobre "Quincas Berro d'Água", vários leitores e leitoras observaram que a literatura e o cinema, em geral, glorificam a coragem de quem, um belo dia, chuta o balde e vai embora.
E como ficam os que passam a vida inteira deslocando o balde para estancar as goteiras? Será que eles são todos covardes e acomodados?
É inegável: nossa cultura idealiza a ruptura, a aventura, a saída para o mar aberto. Em matéria amorosa, o momento que preferimos contar é a hora do apaixonamento.
Depois disso, gostamos de imaginar que "eles viveram felizes para sempre", mas sem entrar em detalhes que poderiam transformar a história numa farsa.
Uma boa solução, aliás, é que os amantes morram logo. O sumiço (de ambos ou de um dos dois) evita que a comédia da vida que levariam juntos contamine a apoteose do encontro inicial. Os amantes ideais são os que não duraram no tempo: Romeu e Julieta, o jovem Werther e Charlotte, Tristão e Isolda.
Concluir o quê? Que a coragem é sempre a de quem deixa a mornidão de seu conforto para se queimar num instante de paixão? Será que não pode haver coragem nos esforços para que o amor dure?
É óbvio que a duração não é um valor em si: uma relação pode durar a vida inteira e ser uma longa e insulsa experiência repetitiva, sem amor algum. Mas, inversamente, será que as paixões-relâmpago são amores? Enfim, seria útil dispor de uma definição do amor.
Justamente, li nestes dias um livro que me tocou, "Éloge de l'Amour" (elogio do amor, Flammarion 2009, ainda não traduzido para o português), de Alain Badiou; é a transcrição de uma breve entrevista do filósofo francês.
Nela, inevitavelmente, Badiou constata que, em nossa cultura, a visão dominante do amor é a de uma espécie de "heroísmo da fusão" dos amantes, que, uma vez consumidos por sua paixão, podem sair de cena (para não se tornar ridículos) ou sair do mundo e morrer (para se tornar sublimes).
Contra essa visão, Badiou define o amor mais como um percurso do que como um acontecimento: segundo ele, o amor precisa durar um tempo porque é "uma construção".
Confesso que fiquei com medo de que o filósofo nos propusesse amores tagarelas, em que os amantes não parariam de discutir a relação (claro, para construí-la). Por sorte, não se trata disso. Então, o que constroem os amantes?
Geralmente, explica Badiou, minha experiência do mundo é organizada por minha vontade de sobreviver e por meu interesse particular: vejo o mundo só de minha janela.
Certo, ao redor de mim, há muitos outros de quem gosto e aos quais reconheço o direito de também sobreviver e promover seus interesses.
Mas o fato de eu respeitar esses meus semelhantes não muda em nada meu ângulo de visão. É só quando amo que consigo olhar, ao mesmo tempo, por duas janelas que não se confundem, a minha e a de meu amado. A estranha experiência ótica faz com que os amantes reconstruam o mundo, enxergando coisas que ficam escondidas para quem só sabe olhar por uma janela.
Entende-se que o amor assim definido exija tempo. Quanto tempo? Um mês, um ano, uma vida, tanto faz. Consumir-se na paixão pode ser rápido, mas reinventar o mundo a dois é uma tarefa de fôlego.
O amor segundo Badiou, em suma, é uma aventura, mas que precisa ser obstinada: "Abandonar a empreitada ao primeiro obstáculo, à primeira divergência séria ou aos primeiros problemas é uma desfiguração do amor. Um amor verdadeiro é o que triunfa duravelmente, às vezes duramente, dos obstáculos que o espaço, o mundo e o tempo lhe propõem".
Você aprecia a definição, mas a acha um pouco abstrata? Gostaria da história de um amor que dura e se obstina sem se tornar pesadelo ou farsa? Pois bem, acabo de ler um texto comovedor, bonito e capaz de ilustrar e explicar perfeitamente as palavras de Badiou.
Em "Amar o Que É: Um Casamento Transformado" (Objetiva), Alix Kates Shulman conta como ela e Scott, o marido, reinventaram o mundo, a dois, obstinadamente, depois de um acidente que precipitou Scott numa forma de demência.
Há momentos difíceis, sacrifícios e durezas, mas, curiosamente, o relato não chega nunca a ser triste porque se trata de uma extraordinária história de amor.

Frase....

Fiquei retumbando com isso ontem. É.
Não somos perfeitos, mas somos criaturas divinas, em busca do encontro da alma com a razão.

Espiando blogue alheio

A querida Dayana Monfardini ontem escreveu um post simples, com muita sensibilidade (algo que, por mais irônico que possa parecer, está me faltando). Reproduzo, com devidos créditos, um parágrafo do post e deixo o link aqui para vocês visitarem. Ela escreve pouco, mas escreve com muita um olhar sensível de quem vê as mazelas, não se deixou infectar por elas e ainda tem muita esperança.
Precisamos de uma vez por todas, entender que a gentileza gera gentileza, que o respeito gera respeito, que o amor gera amor e não o contrário. Reclamamos aos quatros cantos do mundo que não somos amados, que temos mais problemas que os demais, que a pessoa ao lado não sorri e nem diz bom dia, que infelizmente não temos sorte no amor, que o nosso jardim não é tão florido quanto o do vizinho, enfim, passamos a maior parte da vida reclamando do por que não somos felizes como merecíamos, afinal de contas, pagamos nossos impostos da mesma forma. Pois é... e a resposta está debaixo dos nossos olhos e sequer conseguimos abrí-los para compreender, não dá tempo; reclamamos antes de isso acontecer.

Carpe diem

Do blogue (que não é do Contardo Calligaris) mas cujo texto é de autoria dele. Compartilho o texto que me parece refletir muito da nossa atualidade.


Carpe diem, aproveite o momento
Quem vive plenamente não terá medo de morrer. Mas o que é viver plenamente?


ESTREIA AMANHÃ , Brasil afora, "Quincas Berro d'Água", de Sérgio Machado, inspirado num dos romances mais bonitos (e mais lidos) de Jorge Amado, "A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água".

O filme é uma daquelas raríssimas obras que nos fazem rir e sorrir da vida, do mundo e de nós mesmos, enquanto, justamente, pensamos seriamente na vida, no mundo e em nós mesmos.
Esse milagre deve ser efeito do roteiro (do próprio Machado) e da atuação de um conjunto de atores que todos mereceriam ser mencionados, a começar por Paulo José, que é Quincas, vivo e morto (e não pense que encarnar um morto seja tarefa fácil).

Agora, nesse grupo extraordinário, quem rouba a cena é Mariana Ximenes, no papel de Vanda, a filha que Quincas abandonou quando deixou sua vida de funcionário "respeitável" e caiu na farra. Quase sem palavras, com delicadas e progressivas mudanças de seu olhar, Ximenes nos conta, de maneira inesquecível, o despertar nela dos genes paternos.

Enfim, meu jeito de agradecer à equipe que nos oferece esse filme foi anotar algumas reflexões que ele suscitou em mim.

1) Quase sempre, quando sonhamos em mudar de vida radicalmente, enxergamos esse ato como a conquista de uma alforria: seremos livres -dos pais ou, então, da mulher ou do marido que nos aprisionam. De fato, às vezes, os outros nos controlam e nos impedem de viver, mas não é frequente.

Em geral, nós os acusamos pela mesmice de nossa vida ("se nos livrássemos desses tiranos, poderíamos viver plenamente"), mas a tirania que nos oprime é a de nossa inércia e de nossa covardia.

2) Às vezes, num casal, as exigências triviais do parceiro são intoleráveis por parecerem absolutamente insignificantes: tire os pés da mesa, não espalhe o jornal pelo chão da sala nem a roupa pelo chão do quarto. Indignação: a morte nos espreita, e eis que alguém se preocupa com as migalhas que podem cair no sofá.

Como teria dito Sêneca, nós nascemos para coisas grandes demais para continuarmos escravos dessas picuinhas, não é?

Problema: uma vez chutado o pau da barraca, quem garante que a "grandeza" para a qual nascemos não se resuma em comer livremente amendoins na cama?

3) Quincas tem razão: só teme a morte quem não se permitiu viver, ou seja, quem viveu plenamente não tem medo de morrer.

Mas o que é uma vida plena? Será que é a vida de Quincas? A bebida e os amores? A fuga das responsabilidades domésticas?

Talvez o valor da farra de Quincas esteja, sobretudo, na liberdade de viver sem se importar com o julgamento dos outros, com a boa reputação. Para aproveitar a vida, antes de mais nada, não se preocupe com o olhar reprovador dos demais.

4) Reli a ode 1.11 de Horácio, onde está o famoso "carpe diem" (colha o dia). Horácio sugere que não apostemos nossas fichas no futuro, mas nos preocupemos com o agora, com o hoje.
Tudo bem, mas será que viver como se não houvesse amanhã significa necessariamente perder-se (ou encontrar-se) nos prazeres imediatos da carne? Não é nada óbvio. Um cristão poderia concordar com Horácio, entendendo o "carpe diem" assim: é preciso estar em paz com Deus hoje, agora, não amanhã.

5) Então, o que é viver plenamente: gozar, rezar, meditar, cultivar-se?

Talvez seja possível responder sem tomar partido.

Eis uma anedota da qual Quincas teria gostado. O rei da Itália, Vittorio Emanuele 2º, passeava a cavalo pelo campo de seu Piemonte nativo.

Chegou à fazendola de um camponês, que fez grande festa e o convidou à mesa.

Vittorio Emanuele elogiou o vinho do camponês, o qual comentou: "Isto não é nada. Sua Majestade deveria experimentar o de três anos atrás". O rei replicou: "E esse vinho de três anos atrás acabou?". "Não acabou, Majestade", respondeu o homem, "mas a gente guarda o que sobrou para as grandes ocasiões".

Pois é, quando Mefisto comprou a alma de Faust, ele impôs a seguinte condição: Faust viveria até o dia em que, diante da beleza do que ele estaria vivenciando, fosse levado a pedir que o átimo parasse. Quando isso acontecesse, ele morreria, seu tempo acabaria.

Há várias interpretações dessa passagem do "Faust", de Goethe (1, 699-706); uma delas é que Faust só poderia morrer uma vez que ele descobrisse o segredo da vida. E esse segredo é que, para viver plenamente, é preciso reconhecer que, com ou sem o rei sentado à mesa, com farra ou sem farra, na alegria ou na tristeza, cada momento presente é sempre uma grande ocasião.

Isabella Taviani, Via Funchal e todas as alegrias da vida! (parte final)

Para terminar a trilogia (porque tinha de ser uma trilogia...) vou postar minha foto, devidamente editada pela querida Juliana Wândega (mais conhecida como amiga da Morango e cover de Daniela Mercury). Fala que a Diva está com cara de demoninha na foto, fala?












Também fiz o upload dos dois únicos vídeos filmados, afinal, ou vc filma e tira fotos ou vc vê o show. Eu queria ver o show...

Vídeo delicioso de "Escorpião" e toda a dança de Isabella.

E a canção-hino mais linda que eu -- certamente -- ouvirei em minha vida: "Iguais".

Isabella Taviani, Via Funchal e todas as alegrias da vida!

Dia 15 de maio de 2010.

Um dia especialíssimo, que ficará eternamente gravado na minha memória.

Como tinha dito, fui ao show da Isabella Taviani, na Via Funchal.

Confesso, ainda, estar em estado catatônico. Digamos que agora tenha passado ao estado semi-catatônico. Digamos que se a Diva não estivesse doente, o show estaria irrepreensível.
Pois mesmo ela dizendo que estava com a garganta inflamada, cantando 40-50% da potência da sua voz, não dava para perceber, apenas no fim.

A intensidade do show estava por conta dos detalhes...

1-) sentei, pela primeira vez, numa primeira fila. Não tem preço ver o show desse lugar. Nenhuma cabeça na sua frente, nenhuma mão tentando tirar foto, apenas os garçons passando e querendo sair em uma foto ou outra. Quem dera eu ter uma câmera semi-profissional... minhas fotos seriam lindas. Mas eu consegui tirar ótimas boas fotos, como vcs verão a seguir.

2-) encontro das Dêmonias Twitteiras! Foi maravilhoso ver rostos que até então eram apenas posts no twitter. Foi lindo conhecer Carla Piolla, Fabiane Lopes, Regiane, Robelsa, Joelma, Teka, as lindas Karina e Dani (do vídeo fofo) a grande e única Cris Barufi. Esta sim, devo dizer, dona de um carisma tão grandioso quanto o da Diva, merece o lugar que lhe é cabido entre as fãs. Tinha muito mais gente, encontro mais ainda de primeira viagem. Ah sim, sem querer, encontrei a Dayana Monfardini, outro doce de pessoa! Pena que não conseguimos conversar na muvuca instalada ao fim do show...

3-) as cortinas abaixadas, aquela expectativa imensa. Eu e Carla podíamos ver os pés da diva, calçados num belo sapato azul -- com o detalhe: listras negras, simulando um maverick --, atrás das cortinas. Se aquecendo, nitidamente.

4-) ver a Diva cantando "Arranjo" e imitando a voz de Zélia Duncan (já que a música é cantada em Dueto) nas partes que eram dela.

5-) momento chifrinhos pisca-pisca em "Luxúria". Todas as demoninhas puseram seus chifrinhos que arrancou risos da Diva durante a música. Carlinha se levantou, quando a Diva começou a andar pelo palco, e num movimento de pura eficácia, colocou os chifres na Isabella que terminou a música, devidamente vestida e categorizada!

6-) ver a dança de "Escorpião". E espero que ela nunca deixe de cantar "Iguais" em shows. É uma música-hino, linda de se ver cantada ao vivo.

7-) pulserinhas vermelhas reluzindo pela Via Funchal inteira! Deve ter ficando lindo para a Isabella ver do palco! Obra das Demoninhas Twitteiras e de Karina e Dani.

Nem tudo são flores... fiquei decepcionada com a chatice da produção da Via Funchal. Tudo bem, entendemos tudo, mas poxa! Grosseria entre pessoas que apenas gostam da Isabella e querem estar perto dela não é necessário!

Momento camarim tenso, mas rápido! Incrivelmente rápido! Foi impagável ser reconhecida pela Isabella: "Cris! Você veio!" Quase chorei, nem precisa dizer, né?  Um abraço gostoso e foto. Tudo rápido, porque fiquei com medo dos seguranças de 3 m de altura partirem para a ignorância...

Autógrafo devido no ingresso, abracei-a bem juntinho apenas dizendo para ela se cuidar e muito gengibre para curar a garganta, no que ela retrucou "Sim, gengibre, pode deixar!".
Ao fim de tudo, as meninas esticaram num bar-boate. Divertidíssimo! Não fiquei até o fim pelo cansaço e dor de cabeça. Mas as lembranças dessa noite única estarão eternamente impressas em minhas lembranças!

As fotinhas, ei-las!













ISABELLA VIROU DEMONINHA TWITTEIRA!!!















Tenho mais algumas fotos especiais que não serão postadas agora. Primeiro, enviarei umas 2 para o fotolog da Isabella. Outras, enviarei especialmente para o Flickr da Voz de Taviani. Depois de postadas lá, serão postadas aqui. Sabe como é... sem querer-querendo,  o copy-paste rola solto e eu quero preservar minhas humildes fotinhas...