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O amor e o fanatismo

Estes dias tava lá tuitando quando a querida (e sempre sumida) Cláudia Bertrani veio me incentivar a falar sobre o amor fanático. Eu disse a ela que poderia levar pedradas como a Geni. E ela apenas me disse: "Cachorro late e a caravana passa!". Bastante motivador, não?

Já que tenho twitter e facebook como ferramentas para acompanhar meus artistas favoritos, invariavelmente acabo acompanhando os seus respectivos fãs. E invariavelmente tenho me surpreendido (deveria?) com as coisas vistas nas últimas semanas!!!

Ok, vamos à informação básica de tudo: internet e globalização mudaram a cara de tudo em todos os setores da nossa vida. Ainda me surpreeendo que em 1991 eu mandava cartas. Nessa mesma época, fiz curso de datilografia. Em 1998 mandei meu primeiro email no Bol e agora a minha caligrafia anda ficando cada vez mais preguiçosa porque apenas digito. As pessoas pararam de comprar no supermercado, as crianças só fazem trabalho pesquisando na internet. Tudo tem sua versão virtual e cada um de nós tem seu avatar.

Tudo é rápido demais, fácil demais e sem limites. Nessas horas não há firewall nem etiqueta para internet. A chamada "inclusão digital" me dá arrepios porque as pessoas não sabem ler nem escrever e caem aos borbotões na frente de um pc. As pessoas deveriam aprender a ler, escrever, visitar bibliotecas públicas (como fiz minha vida toda), não reclamar que não tem dinheiro pra ler, porque isso não é desculpa na hora de comprar Diário de S.Paulo, Lance ou Sou mais eu.

Assim, me assusta quando os fanáticos caem na rede diante de seus artistas. Quer dizer, artista que é artista precisa estar preparado para tudo! Faz parte da profissão. Esses fanáticos podem vir de todos os lugares, da inclusão digital ou da sua faculdade mas têm uma característica em comum: não admiram seu artista, louvam, colocam ele num pedestal em que certo e errado não existem, ele se torna norte e sul, alimento da alma.

O Merovíngio (do filme Matrix Revolutions) tem uma frase que adoro de ouvir toda vez que revejo esse filme: "Incrível como a paixão tem uma semelhança com a loucura". Coisas que apenas nós, "Os seres humanos", podemos ter.

Nesse caso, esse amor fanático se assemelha e muito com o amor religioso. Ops, pisei no calo de alguém? Desculpe, piso em ovos. Mas que tem muita semelhança, tem sim!

Assim vejo o fã diante de seu artista. Ali tão fácil e tão disponível, pela internet. Uns se atrevem a falar obscenidades, outros assumem o papel de zelador, outros querem ser amigos íntimos, outros são apenas fãs. Ocorre um verdadeiro mix de admiração, paixão, idolatração. O artista? Depende. Uns aceitam, outros recusam, outros administram bem.

A amor devocional vem sempre pintado de pureza, porque traz uma "falsa lealdade" consigo. Então, como costuma acontecer com as pessoas que amam demais, o fanático -- na minha humilde opinião -- precisa de um foco para direcionar a própria vida. Claro, ele dirá, eu faço o que quiser da minha vida. No entanto, se analisarmos bem, veremos que não é bem assim. Pois penso que quando colocamos algo no pedestal (que não seja a nossa honestidade, crescimento e aprendizado) tudo se perde. Vivemos uma vida que não é nossa. Vivemos uma realidade que pode até parecer, mas não nos pertence.

Agora, vamos às pedras ou ver apenas os cães ladrarem.

Quando um amor vai embora?

Ultimamente ando com um sentimentalismo tão intenso... lágrimas fora de hora, outras em momento específicos -- mas exageradas demais...

E também tenho falado do amor e suas variantes. Talvez seja esta nova configuração astrológica que me deixa com tanta água e quase me afoga... ser canceriana com ascendente em peixes ao quadrado e lua em escorpião não é nada fácil!!!

Estes dias, conversando com Sharleu, falamos de amores passados. Toda vez que vejo um amor partir, eu me sinto assim. Porque eu sei exatamente como se sente a pessoa... bom, quer dizer, todos nós sabemos, mas uns sentem mais intensamente que outros. Eu sempre me permiti sentir toda a dor que fosse possível, mas como sempre costumava sofrer antes da dor em si, quando tinha de sofrer... digamos que já tinha sofrido tudo!

Eu olho para as pessoas por quem me apaixonei e tudo tem um gosto tão bizarro, pra não achar adjetivo mais adequado. Porque costuma ser sempre assim, também, não é?

Quando amamos alguém (ou melhor, quando estamos apaixonados) tudo é perfeito. Eu vivo dizendo isso por aqui, não por ser uma verdade universal, mas algo bem próximo a ela, na minha opinião.

Com todo o respeito aos meus amores anteriores... mas não me apaixonaria de novo por nenhum deles. Obviamente, a gente só se apaixona de novo pela pessoa que está com a gente por muito tempo. Mas eu lembro da dor que eu senti porque foram amores que não deram certo, cada um com seu motivo.

E toda vez que vejo alguém sofrendo por amor, eu me lembro desses momentos. Tantas e tantas lágrimas choradas. Já reparou que tem gente que tem medo de se apaixonar? Elas vão ficando com cor de gaveta fechada, com uma expressão que por mais que tente ser disfarçada, não disfarça. E as pessoas que amam indiscriminadamente e são assim porque não têm mais o que doar? Não são uma gaveta fechada, mas perderam o brilho de confiar e amar.

E conheço alguns exemplos aqui e ali do que falei acima. E, mais recente, com uma breve história de amor que não deu certo, achei esta música linda do Bon Jovi, um b-side, escondido desde 1999 que eu desconhecia (como assim, Crisão?!). Sim, desconhecia. Uma música clássica BJ, clássica pra mim, que tenho ouvido no repeat one desde ontem (louca, eu sei).

 

Estou tentando buscar a inspiração e a criatividade -- ofício-mor do artista -- nas histórias tangentes que tenho acompanhado. Amamos porque não conseguimos viver sozinhos. Precisamos abrir a guarda, mesmo sabendo que poderemos nos machucar, faz parte do jogo apostar um pouco da sua ingenuidade e honestidade. Nos apaixonamos e tudo pode durar um piscar de olhos, na velocidade uma conversa ou na intensidade de uma noite apenas.

Quando tudo termina, ficam os cigarros, a ansiedade, o desejo que tudo fosse eterno e... músicas como esta. Queria ter mais algo a dizer às pessoas que amam e perdem seu amor. Mas fico apenas naquele velho chavão de que tudo é aprendizado... você precisa amar com intensidade, mas sempre guardar um pouco pra vc, porque o outro pode ir embora, mas vc ficará para sempre com vc. É a frase mais tola e é também o melhor conselho que me dei.

O amor e o ódio nos relacionamentos virtuais

Acho que um dos meus maiores defeitos foi nunca conseguir andar na superfície. Ao contrário, eu sempre fiz um esforço gigante para me fazer de superficial, olhar tudo blasé e para tentar entender porque certas coisas nunca fizeram sentido nenhum para mim.

Os últimos meses andam numa agitação tão imensa na minha vida pessoal que eu tive de fazer o processo inverso de apenas deixar a vida me levar... deixar de ser crítica e andar apenas na superfície. Mas, como um chamado, eu não consigo deixar de ouvir essa parte intrínseca da minha pessoa, que é ser quem eu realmente sou. Então, vez ou outra, como agora, dou força total a esse meu lado e liberto tudo o que ele sente.

A introdução serve para ilustrar o que escrevo a seguir: observar pessoas. Adoro observar as pessoas e elas estão sendo observadas onde menos se percebe. E nem uso "ferramentas" específicas, é tudo apenas uma simples questão de olhar, ver e enxergar.

Se me privei do maior contato diário físico com as pessoas, aumentei ainda mais o contato virtual. De tal modo que todas as minhas lentes estão voltadas e focadas para esse lado.

Algumas coisas nunca mudam e talvez nunca mudem: a intensidade volúvel da internet. Acho que isso é o que mais me marca.

As pessoas se amam e se odeiam muito rápido em contatos virtuais! A extensão do reflexo e a carência -- acredito eu -- devam ser os fatores mais comuns. "Não importa quem vc seja desde que vc me dê atenção" é o lema dos relacionamentos da internet.

Aí as juras de amor caem feito temporal de verão. "Somos amigos eternos", "Te amo com todas as forças do meu ser", "Fidelidade é assim mermão", "Amigo que é amigo é como você" e por aí vai.

Vem o primeiro teste. Quando a coisa até tem um certo sentido, vinga. Mas aí vem o segundo teste... aí a coisa realmente periga porque "Eu me importo com o que você diz, se não estiver de acordo com o que estou dizendo". Aí caí uma verdadeira nevasca com rajadas de fogo (é possível, sim! hehe) "Amigos de verdade não são assim", "Eu achava que você me amava" e "Traíra de monta maior".

Aí o amor eterno vira inimigo jurado. Os antes amigos viram facções inimigas de torcidas de futebol. E nada do que você diga ou faça diminui, parece apenas gasolina intensificando o fogo!

Passa-se algum tempo e começam as frases indiretas lançadas com ares filosóficos em todas as redes sociais possíveis e inimagináveis. Não sou nada contra reprodução de frases... mas esse artifício sempre me parece pretexto para pessoas com preguiça de pensar e, até, falsos pensadores.

Ok, posso ter ido longe, mas não é meio assim mesmo? Eu me incomodo com quem fala apenas frases alheias ou mesmo conversa parecendo ter acabado de ler Goleman, Gasparetto ou o livro "melhores citações do mundo". Nada contra nenhum desses autores porque os já li aos montes! Mas uma coisa é ler um livro e procurar uma citação, outra é viver de citações, como uma eterna colcha de retalhos.

Então você começa a ler vindo de todos os lados "Não sou pessoa de indiretas". Claro que é!!! Todos somos!!! Por que? Porque os corajosos de puro coração são raros, se é que existem entre nós. A gente? A gente se esconde atrás de zilhões de subterfúgios, se enche de frases alheias apenas para esconder (outras vezes, mostrar mesmo) a nossa carência, a nossa superficialidade, a nossa pobreza de emoções genuínas.

Estamos todos juntos nessa mesma batalha "de sermos melhores do que um ser humano consegue ser". E, nessa, mundo virtual e mundo real são iguaizinhos. Exceto que nos relacionamentos virtuais ainda temos mais tempo de "esconder" quem realmente somos. Mas não tem jeito, uma hora vem a tona. E, ultimamente, o que mais tenho visto são personalidades emergindo... para boiar.

Estes últimos dias - a minha reflexão

Já ouviu a expressão: "Falar algo ara alguém, mas que na verdade está sendo dito para si mesmo?" Sempre valeu para mim. E acho que, de alguma forma, vale para o que escreverei a seguir.

Estes últimos dias foram muito agitados para mim, quase uma volta de 180º. Eu, que sempre gostei da vida pacata, confesso estar meio lenta, propositadamente para conseguir acompanhar o ritmo!

E dentre tudo isso que está acontecendo comigo, ressalto algumas coisas:

1-) O amor -- apenas o real e verdadeiro amor -- pode nos guiar. Mesmo que tenhamos perdido quase 90% do sentido real desse puro sentimento, podemos e devemos tentar resgatar sua essência ao máximo, como se fosse a última e única tarefa de nossas vidas!

2-) Precisamos agir diferente! Precisamos sentir em vez de reagir. Refletir. Precisamos ter paciência (como naquela música linda do Lenine). Muita paciência!

3-) A hora da distinção chegou: não podemos mais ser coniventes conosco mesmos. Jogar fora o que é ruim, renascer para o novo e tentar o diferente. É isso que precisamos fazer.

Meu blogue, como sempre expliquei, foi o meu canto especial para exorcizar demônios e combater a solidão. Hoje em dia, graças a Deus e às boas energias, ele está sendo muito bem visitado por todos os tipos de pessoas! Porque sempre fui contra a setorização e a polaridade. Gosto de poder falar e estar com todas as pessoas, sem distinção de sexo, raça ou orientação sexual. Muita gente nem entende isso, mas eu sempre me mantive firme para defender essa ideia.

Por isso, fico muito contente com os novos visitantes que aumentaram muito o fluxo deste blogue. Mesmo sem comentários, sei que estamos trocando energias -- e energias muito positivas! Isso me alegra pra caramba! Fico contente demais de saber que posso dividir meus sentimentos e minhas reflexões, shows de Isabella Taviani e músicas, porque como dizem os sábios, não é o status que importa, não é vencer ou perder que importa, mas sim compartilhar, aprender e crescer.

Assim, meu caro e querido leitor, espero que continuemos essa parceria... compartilhando, aprendendo e crescendo! Mesmo que a gente nunca se fale ou nunca saiba um do outro. Obrigada mais uma vez!