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Minhas mães e meu pai - o filme

Sexta-feira fui conferir o The kids are all right -- que em português ficou como Minhas mães e meu pai. Filme que anda concorrendo a tantos prêmios, vem sendo tão elogiado pela crítica... aí eu fico reticente e achando que tem alguma coisa esquisita por trás disso tudo. Porém, nos últimos tempos andei perdendo tantos filmes com temática lésbica, que não podia perder esse!

Trago, mais uma vez, o Mestre David Lynch para dizer: "Um filme não precisa ser explicado. Ele é o que você quiser. Cada um o interpreta como preferir e conseguir." Sempre penso nessa lição grandiosa do mestre quando vou ver um filme qualquer. Percebi que, para este filme, de fato não há barreiras entre classificá-la como filme lésbico ou hetero. Eis a primeira conclusão que tirei, ao sair do cinema.

Vi entrevistas das atrizes Annette Benning e Julianne Moore que afirmam que é um filme sobre família, sobre detalhes particulares, sobre o amor. E quer tema mais universal do que falar sobre família? Família é meio aquela música velha do Titãs. Família é tudo igual e tudo diferente ao mesmo tempo.

Gostei muito da crítica da Veja Rio, de Isabela Boscov. Considerando o alcance que essa revista tem no público (e não necessariamente a sua idoneidade...) ela foi bastante feliz ao dizer: "O saldo é um filme que fala com muito conhecimento de causa de um casamento gay -- e, com compreensão e afeição inesgotáveis, de um casamento qualquer, e ponto." Acho que essa frase resumiria bem o filme. Porém, se ficou curioso além disso, precisa mesmo é ir vê-lo.

O elenco está soberbo, mesmo, como andei lendo. Gosto da plasticidade e da pluralidade de personagens que Mark Ruffalo e Julianne Moore conseguem fazer. Annette Benning é clássica. Os filhos tão especiais quanto. Mais que isso seria interessante fazer um único aparte: a relação entre o casal lésbico. Se tiver dúvidas de verossimilhança, acompanhe o desenvolvimento da história.

O filme tem um roteiro tão coeso que assusta. E é simples. Uma mágica que poucos roteiristas conseguem alcançar. O monólogo impactante, quase ao final do filme, interpretado pela Jules, vivida por Julianne Moore, me levou às lágrimas. Porque eu nunca vi uma definição mais perfeita de casamento do que aquilo que ela disse.

Infelizmente, eu queria reproduzir o trecho, mas não achei a versão final do roteiro na internet. Achei uma versão anterior, que pelo que li, não é a versão que foi filmada. Uma pena. Caso você, meu querido leitor, fica curioso, sacie-a indo ao cinema ver esse filme. Vale, viu? Porque em tempos de tantos filmes de ação, com foco em violência, 3D e mirabolantes histórias, a maior graça da vida está mesmo em detalhes... e em filmes como este.

Para falar de preconceito

Nos últimos meses, mesmo distante do mundo virtual, foi impossível não deixar de ficar sabendo do aumento (ou talvez, da exposição maior) do preconceito contra homossexuais. Eu sempre me nego a falar de algo que é tão óbvio e simples... mas diante de tantos fatos chocantes, não posso deixar passar o ano sem deixar meu comentário anotado aqui no blogue.

Que é sabido e mais do que repetido entre todos, que homossexuais existem desde que somos seres humanos, sejam com macacos (bonobos ou não), sejam com gregos, safos, romanos ou troianos. Lembrar isso, atualmente, é argumento fraco, porque já estamos literalmente carecas de saber.

Se colocarmos as coisas a ferro e fogo, como os preconceituosos sempre fizeram, poderíamos fazer assim: vamos excluir todos os homossexuais do planeta. Adivinha? Não vai restar muita gente e as que restarem...

No entanto, as coisas nunca devem ser vistas assim! Somos o resultado de uma rica interação, quer gostemos dela ou não. Ou vocês acham que eu, como lésbica, gosto de ver um monte de coisas por aí? Não gosto e nem por isso saio espancando quem me desagrada. Ok, isso também foi um argumento fraco, porque quem me conhece -- a despeito de minha personalidade um pouco agressiva -- sabe que sou incapaz de brutalidades anti-humanas.
Lembro de um show da minha querida Isabella Taviani em que entre uma música e outra, como introito da música Iguais, ela disse: "Por que existe o preconceito? É mais amor. Como podemos ser contra haver mais amor? É tudo amor!". Essa frase ficou marcada na minha cabeça.

Então, não saberia nem começar a pensar num motivo para o preconceito. Porque ele é irracional mesmo. E quanto mais você alimenta o irracional, mais monstro ele se torna, em mais ferramenta letal ele se transforma. Mas para e repara: estamos numa época singular da existência humana: a liberdade religiosa aumentou em proporções inimagináveis as mais diversas linhas, sub-linhas e sub-sub-linhas de católicos e evangélicos, por exemplo. Globalização parece palavra do passado, porque hoje em dia qualquer pessoa na rua tem um celular, todos de alguma têm acesso a internet, ou seja, a transmissão e o conhecimento de dados é feito assim, num piscar de olhos.

O planeta Terra está a beira de um caos, prestes a se desintegrar, a ser destruído por causa dos inúmeros erros causados pela ambição humana em construir, expandir e lucrar. Ainda assim, todos pagam as mesmas contas pelos mesmos preços -- uns bem injustamente --; a impunidade e a violência religiosa -- tão impossível de acreditar que ainda existe, mesmo depois do Holocausto -- ainda existe: e cada vez pior!

Então, me diga: por que existe preconceito? E por que o preconceito contra homossexuais aumentou? Há números que indicam que o Brasil (onde supostamente é o local da miscigenação e integração de tudo e de todos) é um dos países com alto índice de crimes homofóbicos. 

Acredito muito em um dia em que todos viverão harmonicamente, mesmo com seus credos, suas crenças, suas filosofias -- um mundo aquariano, ao pé da letra. Porém, infelizmente, creio que não será nesta vida. Eu poderia tentar escrever linhas e linhas sobre este assunto e não terminar. E eu, humildemente, nem quero tentar perpassar o amplo conhecimento que tantos estudiosos têm sobre o assunto como Luiz Mott, Jean Wyllys e Vange Leonel para citar os que me vêm à cabeça agora. Graças a Deus deve ter muita gente boa por aí que eu preciso conhecer.

Porém e até lá, não podemos simplesmente fechar os olhos para o preconceito, fingindo que ele não existe, imaginando um mundo cor de rosa, porque esse mundo não existe! O preconceito respira e está camuflado das mais diversas formas. O que resta a cada uma das pessoas que sofre homofobia ou qualquer outro tipo de fobia? Lutar. A luta é feita de muitas maneiras. Saindo às ruas. Escrevendo no blogue, como eu. Evangelizando -- no melhor sentido da palavra, porque preconceito é sinônimo de ignorância. E principalmente: não se escondendo, não ter vergonha nunca de quem é. Mostrar ao mundo que não importa qual rótulo nos seja dado. O que importa é quem somos de verdade como alma, como caráter, como ser humano de verdade -- que cada vez mais desaprendemos a ser.

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Meu post scriptum vai para o documentário que vi este ano, chamado Celluloid Closet, já devidamente postado. Vale rever.

Quem somos, afinal?

Mais um fim de ano se aproxima... e com ela aquela sensação indescritível -- e sempre tão igual -- de que mais um ano se passou rápido demais, que deixamos de fazer tantas coisas ou que poderíamos ter feito muito mais. Aquela semi-impotência associada a um bem-estar paradoxal de que no ano tudo vai se resolver, porque toda vez que temos a chance de começar tudo de novo, tudo parece que vai se resolver, num passe de mágica...

Sou um ser humano comum e não me privo dessas sensações. Ontem postei que observando as pessoas com quem convivo, notei um certo pesar... uma certa tensão. Não sei, mas desta vez, algo parece diferente. As pessoas parecem acometidas de uma angústia -- acima da média -- sem saber exatamente as origens, quanto mais sabem resolvê-las.

Eu me sinto de mãos atadas, com uma vontade enorme de poder ajudar. Mas preciso lembrar que mal tenho conseguido me ajudar devidamente nos últimos meses, que foi feita exclusivamente à dedicação de terceiros. Isso é uma observação, não uma reclamação. No entanto, confesso solene e abertamente que sempre sinto um ímpeto de poder fazer algo... e não saio do lugar.

Agora alguém me responda à pergunta: por que, sabendo que sentimos invariavelmente isso todos os fins de ano, não fazemos quase nada para mudar? Por que é tão mais "seguro" manter o mesmo padrão? O que nos impele tão forte para a manutenção de uma aparência que já não é mais agradável nem para o seu próprio dono?

Não sei. Não sei explicar tantas coisas... mas parece que quando tudo se obscurece, eu enxergo melhor. Este ano, para mim, por exemplo, foi tão... tão... tão marcante, que eu não saberia dizer em pormenores. Tantas coisas me aconteceram, eu poderia me dividir em quatro pedaços e cada um deles contar o que aconteceu. 

Acho que em uma frase poderia resumir: abra-se para o novo, sem preconceito, sem receio, sem titubear. Silencie a sua voz, silencie os seus ânimos... foque em seu próprio coração e ouça o que ele tem a dizer. Você se surpreenderá.

Não siga aquela frase que eu mesma dizia para mim mesma há uns meses atrás "apenas seja você mesma". Não! Minha frase agora seria: "apenas silencie-se... e ouça o seu coração".

Neste 1º de dezembro...

Fora o melhor fato do dia -- minha querida mãe faz aniver hoje: FELIZ ANIVERSÁRIO, MAMIS!!! -- a despeito da Barbara Abramo (uma excelente astróloga) ter feito previsões boas para os próximos dias, com Sagitário ocupando planetas com uma voracidade inacreditável (hehe) sinto aquele comichão de fim de ano acometendo as pessoas... e não me excluo dessa lista.

As pessoas estão... tensas, não sei explicar. Fechar os ciclos (nos próximos posts, escreverei meu resumão 2010), refletir sobre as coisas e principalmente as NÃO feitas. Criar mais e mais expectativas pro ano seguinte, porque aquela promessa de começar tudo de novo sempre dá um gás para aqueles desejos largados de lado.

A despeito disso tudo, sinto uma tristeza nas pessoas, que talvez tenha me acometido hoje, talvez por isso tenha demorado tanto a postar. Talvez por isso não tenha respondido vários emails nem feito as coisas que deveria fazer. Talvez... talvez...

Espero que as boas energias continuem circulando, invadindo e renovando a todos. Ler a interpretação da Barbara para o próximo mês me deixou bastante otimista. Vamos seguindo! 

Capítulo final: Zoológico no Rio de Janeiro

Se você pensar em Rio de Janeiro, um dos lugares menos pensados pra passear é o Zoológico. E é por isso que eu estava lá: pra fazer os passeios que reúnam o mínimo possível de pessoas! rs

Quinta da Boa Vista, que fica em São Cristóvão, lugar lindo de se visitar. O parque abriga um Museu e extensa área verde que protege todo mundo do sol torrante carioca. Não deu tempo de ver tudo, óbvio, fica pra outro dia. Meu objetivo era ver os animais.

Minha última experiência em zoos foi em SP e há tanto tempo que eu nem me lembro mais. Apenas, sim, me lembro de duas coisas: não ter visto o serpentário (uma grande frustração minha!) e tudo ser muito grande demais. Ainda viria a descobrir, como se verá, que certas coisas nunca mudam mesmo...

O caminho até o zoo é meio longe, logo que você desce da estação de trem. Mas dá pra aproveitar a paisagem com um parque arborizado com árvores antiquíssimas! Fiquei imaginando quantos anos teriam aquelas árvores e coqueiros e, na minha ignorância, calculei uns 200 anos aproximadamente. Depois checando uns sites, vi que esse lugar existe desde a época de D. Pedro II!!! Ou seja... Nunca vi árvores tão antigas como no Rio de Janeiro!

Paralelamente, vocêm também pode observar o espaço que foi reservado para os animais que ficam em semiliberdade. Aqui postei a foto de um... cervo, eu acho. Também vi gatinhos lindos passeando no parque, sem nenhum medo dos transeuntes.

Minha má sorte foi ter pego o zoológico num dia de visitação escolar. Que terror foi aquele??? Crianças e mais crianças e infinitas crianças gritando "Gatinho, acorda, que eu vim de longe pra te ver." Total fail... mas fazer o que?

O serpentário é minúsculo e mal deu pra ver umas cobras amuadas em caixas tão pequenas que fiquei pensando se elas estariam minimamente confortáveis ali. 

A mesma sensação ficou com a parte das aves. Não entendo nada de ornitologia, mas definitivamente, os animais que mais admiro são aves e felinos. Adoro as aves, as suas cores, a sua delicadeza, a capacidade de voar.

De resto, este zoológico é pequeno, dá pra percorrê-lo inteiro em duas horas, olhando tudo com calma. No entanto, uma péssima impressão ficou: os bichinhos enjaulados. Nunca senti tanta aflição. Como disse meu amor, em determinado momento, parecia que sentíamos a tristeza deles. Pode parecer exagero ou sentimentalismo, mas fato é que não vou postar nenhuma foto de nenhum bichinho enjaulado. Porque vendo as fotos em casa, comprovei mesmo que seria impossível eles estarem felizes enjaulados, mesmo que a sobrevivência deles dependa dessa prisão.

Apesar disso, o passeio foi muito proveitoso e agradável. E posto aqui umas fotos de bichinhos ao ar livre. E a de passarinhos, que não sei a raça, provavelmente mãe e filhote, comendo. Pra quem quiser conhecer São Cristóvão e a Quinta da Boa Vista, taí a dica.