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Next exit (Próxima saída) — o filme

Há tempos venho tentando escolher um filme para ver. Não. Não é fácil me manter sentada em uma cadeira por quase duas horas ininterruptas. Pausa. Levanta. Distrai. Desiste. Esse tem sido o movimento comum para mim.

O que não aconteceu com este filme: NEXT EXIT

E acho que era isso que precisava mesmo. Um filme fora do circuito comum, de todo o clichê comum que Hollywood e o cinema comercial e todas as suas demandas trazem. 

Tava lá eu no meu site favorito de streaming (gratuito. claro, não dou um centavo para ninguém) e achei essa sugestão. Vi o trailer, li a sinopse. Me chamou a atenção. Em especial por ser um road novie, adoro road movies! Adoro a dinâmica intimista, mas sem ser claustrofóbica, de estar em um carro em movimento, saindo de um lugar e indo para outro lugar o filme inteiro.

E, sob esse contexto, se desenvolve a trama em um mundo futurístico onde as pessoas acreditam em espíritos e em vida após a morte. Mas, como nem tudo são flores, é preciso optar pelo suicídio assistido para chegar ao outro lado — sem ter garantias exatas de como é, como será a comunicação (porque nesse futuro, as pessoas podem ver entes queridos mortos).

O filme não se pauta sob a ótica da ficção científica, então, não inventa teorias malucas nem traz visuais com efeitos gráficos de última geração. Trata-se de um filme mais reflexivo, filosófico sobre as questões que atormentam todos os seres humanos ao menos uma vez na vida: vale a pena viver?

A princípio até considerei o perigo de estar diante de um filme que fizesse apologia ao suicídio. Mas, não. O roteiro (escrito e dirigido por Mali Elfman) traz uma leveza absoluta mesmo tratando de temas pesados. A pitada de comédia cria um antagonismo interessante entre as duas personagens principais. E a fotografia, sempre escura, cinza e fria (o filme começa no inverno de Nova York e termina ainda no inverno mas nas praias da Califórnia), sai do escuro para o claro, mas não totalmente, pois não vemos Sol, vemos pouco dele aliás, pois o filme se passa mais à noite, nas penumbras do amanhecer e do anoitecer. Uma escolha deliberada muito bem feita, que reforça ainda mais o ar anímico-onírico do filme.

Ao mesmo tempo, o filme não é moralista (ainda bem que não caiu nesse clichê) nem é julgador. Ali, as escolhas, o resultado das escolhas, as confusões para fazer uma escolha — são todas respeitadas. E isso gera um conforto inconfundível para nós, espectadores, que acompanhamos a decisão irrestrita de duas personagens cansadas da vida e que decidem morrer, porque não conseguem matar a si próprias. Inclusive, durante a viagem, os dois personagens encontram um padre católico ao acaso. E, mesmo esse padre, não tem lições morais a dar.

Se você não quiser spoiler, pare aqui. O filme está passando no Hulu. Não sei qual streaming no Brasil vai passar o filme.

Se você não liga para spoiler, vamos lá!

O filme termina com uma EQM (experiência de quase morte) da personagem principal. E, nessa experiência, constatamos algo simples: precisamos nos autoperdoar. Precisamos perdoar o que aconteceu no passado, deixá-lo para trás. Claro, continuaremos carregando ele, mas como uma lembrança, não um fardo. O agora, o minuto agora, é o que é mais importante em nossa vida.

Confesso que gostei muito filme. Veio realmente de encontro ao momento reflexivo que vivo. E, de maneira geral, também trata de um tema delicado mas que sempre nos rodeou: todos têm o livre arbítrio para decidir sobre a própria vida? Existe vida após a morte?

Claro, não espere altas reflexões filosóficas, científicas ou moralistas porque esse não é o propósito do filme.

O objetivo do filme é te levar, por horas, viajando de carro atravessando o país, para abrir-se a possibilidades impensadas e para uma nova chance. Nem que seja por um minuto apenas.

Pedaço de quebra-cabeça

Este ano começou com tantos sentimentos e em uma velocidade que, por vezes, ora queria que diminuísse, ora queria que aumentasse.

2023 não começou fácil!

O meu primeiro post foi lindo. Uma tentativa de reconexão com algo interior que ainda não sabia bem o que era. 

No entanto, não foi suficiente.

Eu sabia que havia algo mais a supurar. E, sim, o verbo é esse exatamente: SUPURAR.

Eu não faço terapia (deveria?... quem paga pra mim?). Ao longo da minha vida toda, fiz terapia com amigos próximos, pessoas mais experientes, pessoas mais velhas e, talvez, a melhor delas, a terapia ocasionada por eventos inesperados quando você tem de reagir e agir ao mesmo tempo, em uma equilibrada mistura, delicada o suficiente para alcançar o resultado mais próximo do esperado.

E, admito aqui, já tô perdendo a conta desses eventos.

A vida, para mim, parece um eterno ciclo de lidar com o inesperado. Alguns, até meio previsíveis, outros, no entanto, totalmente impossíveis de prever. Algumas experiências eu fiz questão de viver, por mais dor que me causasse. Algumas escolhas eu fiz deliberadamente, apoiada em um idealismo e esperança otimistas demais para alguém canceriana com ascendente em peixes e Netuno lá no Meio do Céu, como eu.

No começo, nas primeiras experiências, você ainda é jovem o suficiente para se recuperar rápido. Ingênuo o suficiente para acreditar que as pessoas são boas e melhoram com o tempo. Otimista o bastante para imaginar que, no futuro, as melhores coisas estão reservadas para você.

Após uns três golpes, meio sangrando, você ainda crê. Porque o único movimento da vida (na minha opinião, até este momento que escrevo este post) é que amanhã será melhor que hoje. E não é, afinal?

Todo mundo, sem exceção creio eu, deseja uma vida calma, tranquila, previsível. Sem alarmes e sem surpresas. Mas, admita, quantos de vocês aí lidariam sabiamente com isso?

Então, após algumas décadas levando golpes (baixos ou não), a sua situação é precária. Você não é mais jovem, está beirando os cinquenta anos de idade, o seu mundo, o seu contexto, a sua realidade não são um cenário de terra desolada mas você sente cansaço.

E, então, um novo golpe, um "teste da vida" chega inesperado para te testar em relação a tudo que, supostamente, você aprendeu.

  • eu vou conseguir dar conta?
  • como devo me sentir depois?
  • por que isso ainda acontece?

No passado, passei por uma das situações, certamente a pior de todas, em minha vida. Apenas amigos íntimos sabem. E eu acho que fui bem, no contexto geral, tanto que me dei um 10. Hoje em dia, no entanto, eu sei que não foi esse dez perfeito. E, talvez, essa soberba (ela, mais uma vez!) -- ou não... -- me impediu de enxergar algo simples que me pegaria no meu ponto mais vulnerável. E eu não percebi.

Seis meses se passaram (ainda bem que comigo o tempo das coisas é rápido!) e apenas em fevereiro deste ano, vivenciando uma situação difícil do dia a dia, mas nada fora do controle, eu percebi que tinha algo de errado.

Ontem, tirei uma foto em uma tentativa de eternizar o momento que vivia. A sensação de ver a última peça que faltava encaixar no quebra-cabeça da minha vida. Ajeitar corpo-mente-alma. Recomeçar. MAIS UMA VEZ. Mais uma vez...

E tiro umas lições preciosas para esta nova etapa.

  • quem quiser ficar ao seu lado, virá até você.
  • quem quiser ficar ao seu lado, te aceitará como você é, sem exceções.
  • quem não quiser ficar ao seu lado, você deverá deixar ir. Sem olhar para trás, sem arrependimentos.
  • quem for gratuitamente agressivo com você, obviamente, além de ser um problema da pessoa com ela mesma, você deverá se aceitar como vulnerável e não um muro de aço impenetrável.
  • quem ainda permanece com você, naturalmente, saberá ser aberto e sincero, sem meios-termos, sem disfarces ou subterfúgios.
  • quem ainda está aí com você é porque realmente te aprecia. Valorize essas pessoas.
  • AS PESSOAS SOMENTE DÃO O QUE PODEM OFERECER. MUITAS PESSOAS NÃO TÊM NADA A OFERECER, ENTÃO NÃO EXIJA DE QUEM NÃO TEM NADA A OFERECER. E isso será claríssimo de notar. 
  • Não pressione quem não tem nada a oferecer, porque essa pessoa sequer tem algo a oferecer para ela mesma.
Apesar de complexo e quase impossível de compreender, eu ainda gosto de lidar com seres humanos. Remendada e cicatrizando, sigo. É da minha natureza mais primordial ser assim, eterna filha de Netuno.

A maior e mais importante pergunta de todas

 Hoje está um dia frio de 18ºC, atípico para a época.

Um domingo de folias mas em meu coração o único repique é o questionamento.

Acho que nunca fiz tantas perguntas. Eu sempre fiz muitas perguntas, sempre tive curiosidade, sempre quis saber o algo além que uma informação traz. Nunca me satisfiz com uma afirmação. Na minha cabeça, certezas nos guiam mas nos delimitam. 

Será que chega um momento na vida em que cansamos de perguntar?

Será que chega um momento na vida em que precisamos parar de procurar?

Será que chega um momento na vida em que nada mais faz sentido?

Quem acompanha este blogue, sabe que sempre faço declarações contundentes. 

Mas, hoje, o dia é de frases curtas, pensamentos cortados, lembranças aleatórias. Um silêncio do lado de fora que não se mistura com a torrente infinita em minha mente e em meu coração.

Talvez, a melhor pergunta que eu deva fazer a mim mesma seja: se você pudesse apertar um botão que determinasse uma outra rota, distinta de tudo que você viveu até agora, você apertaria esse botão? Você aceitaria viver uma vida comum e oposta a tudo que você descobriu e que direcionou para o que você é hoje?

Apertaria?

Não sei.

Acho que enquanto viver, não terei um momento de tranquilidade em que possa afirmar: nada vai me desestabilizar. Tudo está sob controle.

Acho que estou com saudade de viver sedada e cega para a realidade, saudade de viver em uma ilusão.

Porque quando você escolhe trilhar o caminho oposto à ilusão, é preciso coragem para resistir e perdurar.

Sobre o idealismo e sobre o amor

Acho que sempre fui pretensiosa, admito, por acreditar que uma experiência dolorosa é capaz de nos dar nortes poderosos feitos a partir de reflexões profundas e conclusões quase absolutas. O tempo, sábio, sempre nos mostra que somos sempre aprendizes. E é não tenho vergonha em admitir essa breguice — sou uma constante aprendiz, talvez, um pouco mais esperta agora.

Depois de 2019, eu me considerei capacitada a enfrentar qualquer dor que atravessasse meu caminho em qualquer área da minha vida. Bom, para quem não sabe, esse foi o pior ano da minha vida, que eu sempre repito para mim mesma como um lembreete de onde eu não quero mais estar. E, não coincidentemente, não fiz uma única postagem neste blogue nesse ano.

Eu sabia que algumas resoluções precisavam ser feitas... e seguidas. Depois que você perde muita coisa na vida, em especial o que há de mais puro dentro de sua alma, creio que existam dois caminhos simples a serem seguidos: a recuperação (otimista) e a amargura (pessimista). Alguns seguem um caminho ou outro de forma mais extremista, enquanto que acho que a maioria de nós fica ali no meio-fio, escolhendo lados sem definição, flertando com o que mais agrada no momento.

Eu segui o caminho da reconstrução. 

Porque embora já soubesse, ainda não tinha admitido para mim mesma algo: eu sou idealista. Eu sempre fui idealista e parte das minhas dores nasceu de um terreno não cuidado do meu idealismo. Sim, porque não basta ser puramente idealista, é preciso cuidar desse parte crucial de meu caráter. Os riscos de se viver sob o julgo de um idealismo imaturo cobram um preço muito alto. Preço esse... que já paguei inúmeras vezes.

Mas ainda tinha uma característica minha que eu não queria admitir e que precisou de quase dois anos para que eu tivesse coragem para colocá-la em evidência, para cuidar dela, para tratá-la com o devido respeito. Porque, juntamente com o idealismo, ela sempre fez parte de mim e eu simplesmente a tinha enterrado, soterrado debaixo de muitas experiências ruins e muita dor - o que é a atitude mais comum feita pela maioria das pessoas.

Eu sou romântica, eu acredito no amor.

Acredito que o amor é a resposta para tudo. E essa caracteristica está intrinsecamente ligada ao idealismo. Como eu pude separar as duas coisas, que são quase a mesma coisa?

Pois é... separei.

Precisei fazer um exercício de resgate das lembranças mais antigas que sempre tive sobre as formas de amor que eu senti ao longo da minha existência. Começou com uma foto minha e de minha mãe, que eu associava a um sonho constante que sempre tinha sobre uma mulher que amava, mas que não sabia quem era. Eu achava que ela existia, mas não, ela era uma ideia - a minha concepção de amor - que estava ali, inconscientemente, me chamando. Eu tive muitos sonhos recorrentes em um período curto de tempo. Tudo isso no primeiro semestre do ano passado, especialmente.

Quando eu fiz a conexão, parei de sonhar. E nunca mais tive esse sonho que, agora, são recordações anotadas e guardadas no meu diário virtual dos sonhos.

No final do ano passado, eu fiz algo que nunca tinha feito até então (por preconceito, admito, coisa de pessoa formada em Letras — que erro!): comecei a ler uma fanfic. Foi um ato despretensioso mas estimulado principalmente pela autora: ela sempre me passou credibilidade e eu resolvi dar uma chance.

À medida que fui lendo os capítulos sendo escritos, lágrimas e emoções ressurgidos em total polvorosa dentro de mim (a fanfic é uma história de amor improvável, mas ainda assim, uma história de amor) me chamaram à reflexão. Por que estou sentindo tudo isso? De onde vêm esses sentimentos? Eu ainda sou capaz de sentir tudo isso apenas lendo uma "fanfic"?

Então, a ponte que faltava foi feita.

As reflexões que eu já tinha feito com os sonhos recorrentes que tinha se juntaram ao turbilhão de emoções que eu senti lendo a fanfic - e tudo fez sentido!

Precisei de um tempo para processar, afinal, a mente racional tem uma velocidade, a nossa intuição tem outra e nossa alma tem outra. Precisei alinhar todo mundo para um trabalho em conjunto. A primeira coisa que fiz foi me deixar levar por todas as emoções sentidas lendo a fanfic. Me liberei sem amarras. Comecei a reouvir as músicas de amor que eu sempre amei e que tinha parado de ouvir. Ainda estou caçando uns filmes românticos para ver.

Ao mesmo tempo, fiquei pensando no histórico da minha vida amorosa. Em tudo que sempre fui, as coisas que sempre errei, as felicidades e as imensas dores (essas muito mais) que eu sempre vivi. As decepções. As perdas pequenas e contínuas que foram minando a minha crença no amor. Aos poucos, guardadas as devidas proporções, eu estava me tornando naquilo que eu sempre critiquei: uma sapatona de meia-idade amargurada que não acredita mais no amor e não tem nada a oferecer nada além de reclamações e dores.

NÃO! ESSA NÃO SOU EU!

E esse foi o insight mais maravilhoso que eu poderia ter ganhado de presente de mim mesma.

A minha mente racional diz: a sua realidade ao seu redor continua a mesma, nada mudou. E eu respondo, sim, é verdade. Mas ter alcançado esse entendimento de mim mesma me libertou. Estou me sentindo consciente. Como dizem as frases de autoajuda, não posso mudar as coisas ao meu redor então mudo a única coisa que posso mudar: eu mesma.

Para finalizar, o sentimento de reencontrar essa versão mais pura e antiga minha, que eu achava que estivesse morta e destruída, tem me feito tão bem, que eu não quero me apaixonar, não quero flertar, não quero encontrar (em alguém) lá fora o que tem me satisfeito aqui dentro. Não preciso disso agora — o que não quer dizer que eu não vá querer. Mas, agora, o simples e puro agora é este: estou encantada comigo mesma. Essa parte preciosa que sempre foi minha e que eu achei que tinha perdido.

Uma Cris que sempre foi doce e dedicada, que adivinha pensamentos, que faz leituras precisas... que sempre ansiou por um amor que simplesmente exista por existir e que não precise de lutas, batalhas, provas contínuas e dor. — esse é outro tipo de amor. Eu anseio por um amor (que eu creio ser quase impossível existir entre seres humanos comuns) que seja sábio e aprendiz, pleno e humilde, que acalente e aconchege. Um amor que não duvida. Um amor que, nós humanos, ainda temos tanto a aprender...

Uma longa reflexão que ainda continua... mas que precisava ser registrada, aqui, como a primeira de 2023.

Feliz ano velho

 E, num bater de asas de uma borboleta, este ano praticamente se foi.

Como sempre faço (não apenas na retrospectiva, mas como hábito que seguirá comigo até o último suspiro de minha vida), estou reflexiva. Pensativa. Pesando prós e contras. Vendo onde valeu a pena. Vendo onde eu errei, de novo. Me lembrando das promessas de começo de ano e o quanto eu consegui cumprir e o quanto eu falhei.

O balanço?

Bem, a gente planeja as coisas como se tudo seguisse um fluxo de raciocínio comum. É impossível prever as surpresas, nem mapa de previsões ou tarô são capazes de fazer isso. Nessas horas, estamos suscetíveis ao acaso, ao destino... ao que você quiser dar nome.

Com o tempo, percebemos que quanto mais nos acostumamos às surpresas da vida, quanto mais aprendemos a ter jogo de cintura, a relevar, a perdoar, a aceitar, a entender e a brigar onde é preciso... podemos dizer que alguém alcançou mais um nível de maturidade.

Pois acredito que maturidade seja isso: ter as rédeas da vida na mão, saber conduzir nossos cavalos, e saber continuar tocando a vida mesmo que não tenhamos mais as rédeas, uma roda se soltou, sua bunda tá cheia de calos pelos buracos da estrada.

Este ano não foi fácil. Não me recordo de um "ano simples" há mais de uma década em minha vida. Tenho bons momentos, mas esta longa estrada da vida (acompanhando meus trânsitos astrológicos) é um constante teste para saber se a minha fé em mim mesma continua firme e indiscutível. E, neste ano, eu tive provas de que sim, acho que cresci e amadureci mais um pouco. Larguei para trás os fardos da culpa e da mágoa.

No entanto, vivi mais um desafio único e inédito. E entendo que tudo que vivi até hoje me preparou para poder vivê-lo. Pois, precisei de foco, coragem, fé, humildade, resiliência e bons amigos.

Essa situação me mostrou algo muito claro: quanto menos resistência você faz com as coisas que você não quer em sua vida, mais rápido elas vão embora e menos você vai sofrer. Mas para aprender uma lição aparentemente "simples" como essa, eu tive de viver por mais de dez anos (citados acima) com dores iguais, mágoas iguais. Caso contrário, certamente, eu teria mais um carma para cumprir nesta vida. 

Não há receita mágica nem secreta para isso além disto: autoconhecer-se.

O autoconhecimento, além de matéria-prima para todos os livros de autoajuda, é uma das verdades mais imutáveis de nossa existência. Quanto mais nos conhecemos, nossas qualidades e nossos defeitos, mais podemos nos lapidar. Outra velha metáfora.

Tenho conversado sobre isso com algumas pessoas próximas a mim. E fico feliz por saber que compartilhamos de um mesmo conceito geral de que, sem se autoconhecer, não há muito para onde ir a não ser o lugar-comum dos erros e reclamações.

Não sei o que me espera em 2023. Mas sei que sem vocês - Denise, Manu, Renata, Aline, Lari, Maria Helena, Claudia, Nilce e Tamires (e outras duas pessoas que se despediram de mim e não irei mencioná-las aqui, já que elas decidiram terminar a amizade comigo) - este ano teria sido muito mais perigoso e difícil. Obrigada a cada uma de vocês pela amizade.

A todos nós, que mesmo na dificuldade, saibamos ouvir, compartilhar e falar. Pedir, se for necessário. E que 2023 traga muita saúde e luz!