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Memória afetiva: sequilhos de leite condensado

O sinal dos bons tempos trouxe de volta a vontade de cozinhar. Fazia muito tempo que não me arriscava... por que? Eu adoro cozinhar! Adoro a química dos temperos, das combinações, da técnicas. Cozinhar é algo que todos os pais deveriam ensinar a seus filhos. 

Assim como ler com uma criança em fase de aprendizado aproxima pais e filhos, acredito que cozinhar também tem esse mesmo efeito. Fora que você estará não apenas estreitando laços que, certamente, determinarão o caráter de seu filho no futuro; mas também estará plantando sementinhas que germinarão surpresas maravilhosas, esteja certo.

Nessa toada, eu tenho uma das melhores memórias afetivas da minha infância: fazer sequilhos de leite condensado com meu pai. Não sei qual era a minha idade, mas sei que gostava de vê-lo misturar as coisas e depois me deixar enrolar meus biscoitinhos nos formatos mais esquisitos -- mas que toda criança acha o máximo! E eu lembro, até hoje, da sensação de comer esses biscoitinhos, assados e quentinhos, com meu pai.

É impossível tentar reviver o mesmo sentimento, mas é possível tentar fazer uns biscoitinhos. Nunca tentei antes, nem sei os motivos. Mas desde que meu ímpeto por cozinhar voltou, resolvi arriscar. Porque isso também vai de encontro com minha maior resolução para este ano: fazer as coisas que nunca fiz.

Saí pesquisando receitas e confesso que achei umas combinações bizarras. Biscoito de sequilho com ovo e/ou farinha? Não mesmo! Fui no básico: maisena, leite condensado, manteiga e fermento. E o resultado ficou delicioso!

O aroma dos biscoitos assando invadiu a casa. E eu fiquei, ali, sozinha, pensando comigo mesma. Aproveitando esse frio atípico em pleno verão (ainda bem!!!!), a chuva, os gatos pertinho de mim... novos tempos chegaram com uma força total. Me sinto vivendo plenamente meu ascendente em sagitário. Voltando a ser eu mesma, outra vez! Com um otimismo sem pedantismo correndo quente nas veias. E acho que comemorei da melhor forma, com esses sequilhos de leite condensado.

Para quem quiser fazer em casa, segue a receita. Rende mais de 50 biscoitinhos pequenos!

- maisena (cerca de 400g) 
- 2 colheres de sopa de manteiga sem sal
- 1 caixa de leite condensado
- meia colher de sopa de fermento em pó

Junte tudo em um recipiente e misture, inicialmente, com uma colher. Depois, lave bem as mãos e coloque a mão na massa! Estará no ponto quando conseguir enrolar com as mãos.

Faça bolinhas pequenas (do tamanho de um brigadeirinho de festa) e deixe bastante espaço entre elas na forma. Se não for usar uma forma antiaderente, unte a forma, porque gruda. Pré-aqueça o forno a 180C. Cada fornada fica no máximo por 15 minutos. E deguste! Ele fica fofinho... lembrando um macaron (claro, com as guardadas comparações). Enquanto comia, sentia a leveza da massa, mesmo sendo amido e fermento, e imaginei conseguir cortar e rechear com goiabada. Nem tentei... queria comer o biscoito clássico. Quem sabe amanhã?

Você, leitor, tem alguma memória afetiva ligada com infância e comida? Compartilhe! ;)

"A boa fama dos japoneses"

Vou compartilhar com vocês uma historinha que vivi hoje cedo. Uma historinha que ligou algumas reflexões que já vinha fazendo.

Numa lojinha de doces, onde sempre me abasteço das drogas pro dia, peguei um resto de conversa do dono, evangélico (a tv da loja está sempre ligada no programa da Igreja Internacional da Graça de Deus), com a filha: "Porque as pessoas não saúdam, não louvam, não agradecem. Tem saúde, dinheiro, casa, comida, emprego." 

Concordei. Como sou cliente cativa, a gente dá aquele sorrisinho simpático, misturado com bom-dia. Aí, eis que ele fez algo que nunca tinha feito antes: me incluiu na conversa. Porque eu já tinha presenciado conversas assim, mas nunca fui participante ativa, apenas ficava ouvindo.

"Porque os japoneses, sabe [disse já olhando para mim. Ao menos, não me confundiu com chinesa e coreana (com todo o respeito!)], eles não são assim. Eles são unidos. Quando alguém, amigo, parente ou conhecido, têm algum problema, eles ajudam. Eles são unidos [o que é verdade, e eu assenti]. Veja, mesmo eles louvando a Buda, eles são assim.]

Bem, a conversa continuou e eu apenas concordei. Em geral, não sou daquelas pessoas doutrinadoras das ruas. Sou daquelas que falam aos que querem ouvir. E que, no geral, apenas ouve e concorda (mesmo com vontade de discordar). Mas, sem mudar o assunto, achei interessante a visão dele sobre os japoneses (bastante real) e o aparte 'mesmo eles louvando a Buda'.

Uma informação essencial (e, para saber disso, ele teria de pesquisar e se informar a respeito) é que a imensa população japonesa é xintoísta (seguida de budista, católicos e outras religiões, como diz dados da própria embaixada japonesa.

Interessante, o ponto de vista das pessoas em geral em relação aos japoneses. Eu sempre ouço essa de "eu admiro vocês". Okay, de fato, os japoneses possuem qualidades incomparáveis. A união e a organização, por exemplo.

Muita gente tira os japoneses por honestos e legais apenas pela "boa fama" da raça. Veja bem, "boa fama da raça" para mim, é algo tão preconceituoso e vulgar quanto chamar um negro de "preto sujo". Não existe isso!!! Japoneses são seres humanos como qualquer outro ser do planeta Terra.

Uma rápida lida em livros de História mostrará o que os japoneses fizeram com chineses e coreanos no fim do século 19: os chamados "crimes de guerra japoneses". Isso não é divulgado e, eu mesma, só fui saber disso muito tempo depois. Não há louvor nenhum na guerra e muito menos no que os japoneses fizeram a chineses e coreanos.

Mas se isso foi uma lição a ser aprendida, após o sofrimento da Segunda Guerra Mundial, uma coleção de mangás foi escrita por um dos (senão o maior ícone) sobreviventes:  Keiji Nakazawa. O mangá se chama Gen, pés descalços. Tem versões em desenho e filme que podem ser acessadas livremente no YouTube. O livro pode ser comprado no site da Conrad. E vejam o filme!

Enfim, este foi um post que nem nasceu para ser post de blogue, mas post de facebook. Mas achei válido deixar registrado esses meus pensamentos aqui. Esses últimos dias têm sido bem profícuos e minhas reflexões estão a mil. A quem tiver chegado ao fim deste post, aguardo comentários sobre o seu ponto de vista em relação aos japas. Evitem o clichê, aliás, sim? ;)

Futuro do pretérito? O futuro é agora!

Finalmente! O primeiro post de 2014!!!

Não. Não abandonei o blogue. 
Não escrevi antes por razões óbvias: não tinha o que escrever. Para não ficar palavreando à toa, resolvi ficar mesmo em silêncio.

E, não, este não é um post de gramática do português. Hoje me peguei pensando nas reflexões antropológicas e culturais que a gramática de cada língua faz a respeito. Não sou nem nunca serei uma erudita dos estudos linguísticos (e, aliás, essas matérias eram as que menos me apeteciam no curso de Letras...) mas me peguei pensando nos nossos tempos verbais. E o que mais me chamou a atenção (aliás, lembrei que sempre me chamou a atenção desde os tempos da adolescência, que eu tinha de decorar os tu, eles, vós) foi o FUTURO DO PRETÉRITO.

Me digam, como pode haver futuro no pretérito? Sem esquecer que ainda temos o futuro do presente. Oi? Coisas da nossa língua portuguesa. Talvez fosse apenas uma coisa de nomenclatura... mas no caso específico do futuro do pretérito, não sei... vejam: uma definição clássica é que ele enuncia algo que pode acontecer depois de um determinado fato passado. Nó na cabeça? É o clássico "seria".

Mudei a direção de pensamento. Fiquei matutando que as pessoas, cada uma na sua própria língua nativa, mantém esse "faria", o futuro do pretérito no presente, e o presente no futuro do presente. E o presente propriamente dito... fica vagando entre o seria e o serei.

Várias filosofias ensinam a "viver o presente". Pois sem querer ficamos com um pé no futuro e outro no passado. E eu me peguei muito pensando nisso de uns tempos para cá. Também andei pensando na minha maior resolução para 2014: fazer tudo o que sempre quis fazer e nunca fiz! Dureza? Um desafio que me impus. E também ando pensando demais numa reflexão antropológica/sociológica/histórica para tentar entender o comportamento coletivo do brasileiro. Não sei aonde vou chegar, nem sei se quero chegar a algum lugar. Quero pensar, refletir, sentir... tentar entender.

Uma coisa eu sei, com certeza: QUERO FAZER NOVAS AMIZADES! Quero conhecer pessoalmente as pessoas que apenas virtualmente. E me peguei pensando, num pensamento final, como — aos quase quarenta anos — fazer novas amizades? 
EU — aquela que sempre disse que era muito difícil fazer novos amigos depois dos 30?
EU — aquela que sofre de idealismo constante e incurável?

Não sei. Mas sou canceriana com ascendente em peixes, casa 10 lá em Sagitário, vênus em Gêmeos. Tristeza, descrença, solidão, frieza... definitivamente não combinam comigo!

Então vamos lá! A todos os leitores que nunca desistem de visitar este blogue, um feliz 2014 com muita coisa maravilhosa. Muita força, coragem, HUMANIDADE, paciência, AMOR, empatia. 


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ps: hoje é aniversário de uma aquariana querida a quem gostaria de prestar homenagem neste blogue: Michelle Lange. Vejo-a como um raio de esperança para o futuro! FELIZ ANIVERSÁRIO, lindinha. Gostaria de ter uma foto nossa para postar aqui... mas gostaria de poder conhecê-la pessoalmente! EM BREVE, né? Até lá, continue assim, sorrindo, acreditando em sua profissão, sendo doce e sempre, sempre, sempre VOCÊ MESMA!