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Sobre a paixão (por alguém)
Recentemente, me peguei pensando de novo nesse tema que nunca se esgota! Impressionante. À medida que as primaveras passam, é possível trazer novos entendimentos em um mesmo assunto. E por se tratar de um tema caro para mim — os relacionamentos humanos — eu também sempre busco aprofundar, aprender algo, ampliar o meu conhecimento. Eu já discorri sobre esse tema anteriormente como você pode ler clicando aqui. Assim, não vou retomar o que disse em alguns posts antigos. Vou tentar delinear brevemente o que eu entendo agora sobre a paixão que uma pessoa sente por outra.
Etimologicamente, a origem da palavra está ligada aos termos "sofrimento" e "doença". E é curioso constatar que, mesmo sem ter feito essa pequena pesquisa, eu sempre afirmei que a "paixão é uma forma de loucura".
E por que eu digo isso? Não precisamos refletir muito para chegarmos às mesmas conclusões. A paixão é um ato não programado de súbita conexão com alguém que suscita em nós sentimentos mistos de alegria, furor, prazer, ansiedade, posse e muita, mas MUITA intensidade.
É como se destravássemos uma chave no cérebro. Quem não quer estar apaixonado? Quem não quer se apaixonar? E se for correspondido?
O ato de estar apaixonado diminui a nossa capacidade crítica praticamente a levando a zero. O ato de estar apaixonado aciona nosso modo instintivo, involuntário e irracional.
Defeitos do outro? Não existem!
Incompatibilidades? O amor (a paixão) vence tudo!
Um único (talvez dois ou três) ponto em comum constrói castelos gigantes de possibilidades, obviamente embasadas em um terreno frágil que passou longe de conseguir analisar prós e contras.
Não existem contras quando a gente está apaixonado!
"Juntos vamos vencer o mundo" dizem os apaixonados e eles se esquecem de pensar que mal conseguirão vencer a si mesmos nessa empreitada.
Apaixonar-se é sair do lugar comum. A sociedade nos enfia goela abaixo a ideia do amor romântico que começa numa paixão e termina em final feliz com os dois velhos sentados juntos compartilhando sonhos e boas lembranças.
Quando a gente se apaixona, a gente quer se apaixonar. A gente quer estar apaixonado. A gente quer viver esse sentimento com alguém. É um desejo visceral que não tem paciência alguma e quer ser saciado com urgência. Nisso, as pessoas se conhecem, se encontram, fazem juras eternas no dia seguinte, se casam no mês seguinte (ou fazem união estável...) como se uma assinatura num papel fosse o suficiente para confirmar que o sentimento ali é sólido. Usar aliança. Fotos de casal em todos os perfis virtuais. A dissolução do um em dois, pois não há mais individualidades e sim "o casal".
Eu já vi essa história tantas e tantas vezes... e em todas as vezes o final foi o mesmo.
Estudos dizem que uma paixão dura cerca de seis meses. Se o casal se estabelece, dura cerca de dois a três anos. Quantos casais que ficaram juntos por dois anos você não conhece por aí?
A gente bem que gostaria, mas o calor da paixão — (in)felizmente — tem prazo de validade. E quando as pessoas voltam a si, se dão conta de que quando não há mais tesão sexual, o relacionamento começa a escancarar todos os defeitos que, na verdade, sempre estiveram ali. Porque, afinal, desejar sexualmente a mesma pessoa ano após ano é um detalhe que as novelas românticas nem os comerciais de dia dos namorados ensinam.
Então, me vem a pergunta: por que a gente se apaixona?
Eu acredito que, basicamente, a gente se apaixona porque a gente não está apaixonado por si mesmo.
E de onde eu tiro essa ideia?
A resposta pode tomar alguns direcionamentos, mas em suma me parece simples: quem não pratica autoconhecimento e autocuidado de verdade (sem usar a terapia como muleta) sabe o preço que é curar um coração partido — seja essa dor causada por uma decepção amorosa ou outra qualquer (mas, em especial, a amorosa).
O ato de se autocurar exige muitas atitudes. E a gente sempre acaba pulando uma ou várias delas. Por impaciência, por incapacidade, por ingenuidade... é apenas nas experiências dolorosas que nos lapidamos — ou, pelo menos, é isso que deveria acontecer.
Creio que a autoestima é uma das etapas da autocura onde mais precisamos do outro como elemento externo para nos validar. E isso é extremamente ardiloso, ambíguo e tênue. porque ao nos abrirmos à opinião alheia, saberemos como filtrar o que é importante ouvir e o que deve ser descartado?
Porque sabemos que não será de qualquer pessoa que virá aquela palavra que acionará a faísca em uma brasa quase se extinguindo dentro de nós.
E quando, inesperadamente ou não, surge o tal alguém que acende essa brasa sem que pedíssemos, nos permitindo voltar a ver um mundo com cores (que sempre estiveram ali mas que você era incapaz de ver), fazendo a gente voltar a acreditar naquelas qualidades que você até sabe que tinha mas nem se lembrava mais. Você volta a respirar. Você sente seu coração bater com força.
E eu acho que deveria parar aí!
Porque se a pessoa que te causou isso for alguém por quem você facilmente se sentiria atraído fisicamente, mentalmente (ou nada disso), você cairá, sem perceber, na armadilha de ser picado pela doença da paixão.
Aí surgem os "encontros fatais" e as paixões fulminantes. Ou, na mesma medida, quando um apenas se apaixona e o outro usa esse pedestal em que se encontra para se aproveitar do apaixonado tirando todo tipo de vantagem pessoal — a pior delas, alimentar o próprio ego com a devoção cega de alguém. Ou quando simplesmente o que não está apaixonado diz "vamos ser amigos?".
Acredito que no dia em que conseguirmos entender só um pouquinho mais do mecanismo que diferencia radicalmente amor e paixão, poderemos ser mais felizes em nossos relacionamentos amorosos e em nosso relacionamentos, de modo geral. Porque, sim, a imensa e esmagadora maioria confunde amor e paixão.
Não estou negando que elas possam começar juntas!
Acho que todo mundo aqui conhece ao menos uma história de duas pessoas que trocaram um olhar, algumas palavras, se apaixonaram, se casaram e, mais de trinta anos depois, continuam juntas até hoje.
Porém, essa NÃO É a regra!
E como faz?
Aí volto ao começo deste post sobre autocura e autoestima.
Quem não consegue se amar, como conseguirá amar alguém?
Quem não está encantado por si próprio como saberá se encantar por alguém sem estar sob os efeitos da loucura?
Quem não se autoconhece bem saberá reconhecer o outro além da superficialidade cada vez mais leviana estimulada hoje em dia?
Quem não tiver o controle do tempo nas mãos saberá usar esse mesmo tempo para construir um descobrir, um despertar que caminhe para a criação do conjunto de duas pessoas que estão se conhecendo?
Amar alguém não é tapar o buraco de uma ausência com a presença de uma pessoa nova ali.
Amar é estar constantemente encantado (não apaixonado).
Amar não é estar imune a oscilações e desequilíbrios e, sim, saber, junto com o outro, a comunicar os sentimentos e juntos buscarem uma solução que seja boa para ambos.
Amar é saber comunicar com empatia, sinceridade e acolhimento.
Então, apenas me responda: uma paixão que está praticamente sendo guiada e alimentada pelos instintos e pelo irracional é capaz de agir dessa forma? Ilusoriamente até que sim. Até passar... o véu cair. E a realidade assustadora queimar os olhos das pessoas sem possibilidade de desqueimar.
Minhas músicas favoritas de Isabella Taviani
Este já foi um blogue praticamente e inteiramente dedicado à ela: Isabella Taviani.
E esses foram momentos únicos que nunca esquecerei. Viajar pelo país, assistir a tantos shows em tantas casas diferentes lá na terra de Isabella, o belo Rio de Janeiro que eu aprendi a amar.Mas, as circunstâncias de minha vida tomaram rumos que me afastaram da possibilidade de sequer conseguir a um show. Perdi toda a turnê do Carpenters Avenue. Assisti a um único show da turnê dela revisitando a carreira. E também assisti a um show da turnê Máquina do Tempo. Foram-se as épocas de ficar gravando vídeos, subindo no youtube, fazendo postagens aqui.
No entanto, meu amor por ela nunca mudou.
Minha admiração por essa que considero a mais bela voz feminina da MPB só aumenta a cada trabalho novo. Ouça um cd dela e ouça um show ao vivo — é a mesma voz. Sem desafinar, sem exagerar. Pura perfeição.
Há algum tempo que venho pensando em rever a minha lista de músicas favoritas dela. O álbum Máquina do Tempo mostra uma Isabella feliz e em paz. As músicas têm outra energia a que os fãs estão mais acostumados. A intensidade e a profundidade de suas letras atingem outros níveis agora.
Isso posto, exatamente no show Máquina do Tempo, uma música me tocou tão profundamente que me tirou lágrimas. E ela consta aqui, impossível seria se fosse o contrário!
01. Pontos cardeais
06. Recado do tempo
08. Norte
09. Ivete
10. Luxúria
Obrigada, Isabella, por existir e por ser a artista quem é, a pessoa intensa e excepcional que você é por nunca deixar qualquer tipo de sucesso enevoar a alma incrível que você tem. Serei sempre sua admiradora e sua fã, aonde quer que você vá.
Bem-vinda ao mundo dos apps de relacionamento!
O perfume das flores de jabuticaba
Hoje eu fui tomada por um sentimento atípico que há muito não sentia. Não assim.
Ao longo do dia, não consegui refletir a respeito do
que seria essa sensação...
Mas, agora, à noite, observando a cidade sob um frio
tardio de inverno, eu senti o aroma das flores do pé de jabuticaba que minha
mãe plantou.
Eu queria ficar em silêncio.
Queria sentir o silêncio.
Queria me alimentar do silêncio.
Estar e continuar só sem me sentir solitária.
E eu me lembrei de, há muitas décadas atrás, olhar para a noite e me sentir assim...
E hoje.
Entender que algumas coisas precisam mudar e morrer.
Enquanto outras mudam e ainda continuam as mesmas.
Ter a sabedoria para discernir essa tênue linha que
separa passado, presente e futuro.
Ter a humildade para aceitar e perdoar o eu do passado
que ainda continua convivendo em nossas lembranças com o nosso eu de agora.
Abraçar todas as nossas várias pessoas que fizeram
coisas de que nos envergonhamos.
Esse único e poderoso encontro que acontece e poucas
vezes nos damos conta.
E eu fiquei observando a cidade silenciosa. Imaginando o que as pessoas estariam fazendo em suas casas. Procurando estrelas em uma cidade iluminada que não deixa mais que as vejamos.
Sentindo o vento gélido e o silêncio...
Que retumba em minha alma e reverbera sons múltiplos e
suaves em mim.
A vida é feita de certezas...
Mas a melhor certeza que podemos ter é que podemos
sempre ser uma nova pessoa, tão pura e tão pueril quanto aquela que fomos um
dia, sem deixar de abraçar todos os outros eu que representamos.
E qual é o elo disso tudo?
Amor.
Apenas o amor.