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Mulheres... mulheres de 30

Ao longo de toda a minha existência, sempre tive uma característica que foi se desenvolvendo com o passar dos anos: observação. Como já disse antes por aqui, como sempre fui muito tímida e na infância e adolescência sofri com o preconceito pelo fato de ser japa (acreditem!), fiquei reclusa. Nessas horas, nunca briguei. Nunca enfrentei. Não é do meu feitio fazer isso. Por outro lado, esta circunstânc ia exterior fez com que eu desenvolvesse um olhar extremamente apurado sobre o ser humano e sobre todas as coisas ao meu redor.

Sou desconfiadíssima ao último grau. Mas sou aberta a todas novas possibilidades. O que as pessoas nunca souberam diferenciar em mim é se minha simpatia é porque sou simpática ou porque sou dissimulada. Talvez seja um pouco dos dois, devido aos Gêmeos no meu mapa astral. Mas fato é que é impossível uma canceriana com ascendente em peixes não ser simpática. Agora, ser amiga dela... são outros muitos quinhentos! Aí, entra a dissimulação para agradar tanto meu lado simpático quanto meu lado reservado.

Complexo... mas sou do sexo feminino e complexidade é algo inerente às seres humanas regidas pelos estrógenos.

Teve uma época -- e me lembro de ter compartilhado isso com Sharleu -- em que fiz um relatório de como classificar as mulheres para relacionamentos. Vou dar um panorama geral.

15-23 anos: São inocentes, ingênuas, esperançosas e dispostas a tudo. Acreditam em amores eternos e fazem de tudo para manter esse amor. Não têm medo de arriscar. Não têm medo de perder. Vivem com os hormônios e a coragem à flor da pele!

24-28 anos: Já passaram por algumas situações como término de um namoro, traição (seja traindo ou sendo traída), mas ainda alimentam a esperança do encontro de um amor que seja melhor que o anterior e que, de preferência, seja eterno pois ainda têm esperança de que o conto de fadas é possível de realizar. Mas, são temerosas, dão passos progressivos mas extremamente cautelosos.

29-32 anos: Ah! Que medo das mulheres dessa idade! Elas podem ser qualquer coisa, mas em geral, já passaram por uns dois relacionamentos frustrados. Claro, frutos de expectativas inocentes postas em excesso. Mas, tudo bem. Agora essas mulheres sabem o que querem e não têm medo de ficarem sozinhas, se for o caso. São muito exigentes. E são cheias de implicâncias, porque querem as coisas ao seu modo. Estão em crise. Podem ser mil personagens em um mesmo dia. Querem tudo e não querem nada. Têm ataques de risos e ataques existenciais.

33-40 anos: Mulheres radicais. Podem ter vivido uma vida tranquila e estarem bem consigo mesmas e com o mundo ou terem sofrido o cão e estarem totalmente fechadas. Não se esqueçam que estou falando de mulheres em relacionamentos. Se eles estiverem bem, não farão da vida dos seus próximos um inferno, principalmente se já tiverem tido um filho. Mas, se não tiverem tido (ou tendo) um relacionamento bacana... poderão estar amargas e despejando bile por aí. Se tiverem vivido o que a sua intuição mandou, estarão bem-resolvidas consigo mesmas. Se estiverem fazendo algo de que gostem, estarão sorrindo. Senão...

41-55 anos: Segunda crise da vida. Poucas pessoas sabem que o segredo básico de um momento de crise não é desperar-se, mas fazer aquilo que o seu mais íntimo lhe manda fazer. Ninguém mais. Nem namorado/a, nem filho/a, nem família, nem amigos. A mulher nesta fase não faz muita questão de ficar ensinando às mais jovens os pequenos segredos de uma vida mais facilitada. E tudo está mais do que consolidado. Se foi uma mulher que viveu uma vida plena, de acordo com seus desejos, estará bem. Senão (que é o que acontece em sua maioria, infelizmente), será uma reclamona daquilo que viveu e não deu certo, do que deveria ter feito e nunca teve coragem de fazer. Olham mais do que desconfiadas para tudo, principalmente para as/os jovens de 15-23 por quem podem se encantar ou ter asco.

55-adiante: Não muda mais. Quer dizer... a ninguém deve se dizer que não muda mais. Mas... se depois de duas crises os verdadeiros rumos não foram seguidos, acho improvável que haja uma reviravolta depois de tantos anos. Claro, as pessoas surpreendem, mas esses espécimes são raros. O ideal é que as pessoas com mais idade sejam nossos guias orientadores, depois de terem vivido uma vida bem-resolvida. Mas, confesso que vi poucos casos pessoalmente. Em geral, as mulheres e os homens tornam-se rígidos, cheios de sermão (quando ranzinzas). Alguns podem se tornar vovós legais. Alguns podem seguir seus dias já sem lembrarem quem são...

*****

As mulheres são uma criatura interessante, ambígua e paradoxal por natureza. Mas sem ser dissimulada, como meu autocoloquei acima. Cada ser humano é único. Com inúmeras chances a serem exploradas. No entanto... o ser humano se acomoda com o tempo. Gruda-se em muletas virtuais que podem ser desde um vício a uma quase depressão que o impede de ser ele mesmo e de se aprimorar e evoluir. Sempre achamos que certas coisas podem ser resolvidas depois... depois... e quando vamos ver, passou-se tempo depois. Em alguns casos, tanto tempo que é praticamente impossível reverter. Principalmente quando tiver outras pessoas envolvidas. Aí, a falta de ação misturada à covardia gera culpa e ranzice.

Estou agora com 31 anos. Me enquadro praticamente em todas as qualificações que observei em outras mulheres. Mas, eu faço constantemente escolhas para trocar de pele e para renascer em mim mesma. Acho que uma das melhores coisas que podemos fazer como seres humanos é mudar. Aquele que estagna está morto para si mesmo. Triste dizer, mas algo digno de pena e tristeza profunda.


Gingerbor


Faz alguns dias que venho pensando em uma música... aquela que celebre este quase um ano que se passou desde que mudanças drásticas começaram a ocorrer em minha vida e que culminaram no dia em que te conheci.

A vida tem sido muito diferente desde então. Novos gostos. Experiências novas e enriquecedoras. Tudo como simplesmente precisa ser.

Sempre pensei em uma música-tema que contemplasse esses sentimentos. Existem várias... mas a que segue é única. Eu sei porquê. Você sabe porquê.

Qualquer relacionamento é construído no dia a dia, nada vem pronto nesta vida. E quando parece que vem, é efêmero. O que é eterno precisa ser reconstruído todos os dias. Precisa ter o seu foco lembrado todos os dias. Precisa seguir no mesmo objetivo todos os dias. Precisa ser melhorado e moldado todos os dias. Qualquer coisa oposta a isso é paixão, é momentâneo. É delicioso, mas tem prazo certo de duração.

Assim, pensando... eu dedico esta música. Que possui uma letra linda. Que está em um filme lindo. Que ganhou um Oscar (apesar de que isso não é lá um grande parâmetro...). Espero que goste.

Que este ano novo para nós se renove e continue se renovando... eu estarei sempre ao seu lado...

Take this sinking boat
And point it home
We've still got time
Raise your hopeful voice
You have a choice
You've made it now

http://www.youtube.com/watch?v=JPbC2YrUUsI
http://letras.terra.com.br/glen-hansard-and-marketa-irglova/1208362/
http://letras.terra.com.br/glen-hansard-and-marketa-irglova/1216609/

Minha "filha"

Ainda meio sonada pelo excesso de remédios dos últimos dias (andei gripada, virolada e com amigdalite. Agora, tô com sinusite. Quem merece?!)... hoje quase pensei em não postar. Mas, minha filha querida -- Poliana -- me inspirou. E hoje este post bem tardio vai em homenagem a ela.

Pouca gente sabe, mas em teoria, não era para darmos certo. Não teria como nos suportarmos. Somos diametralmente opostas, cada uma no seu ângulo. Mas, a vida tem essas coisas misteriosas, que vira e mexe a gente esbarra. Nos idos de 2004, eu conheci a morena de cara séria, quase impenetrável.

De lá para cá, apelidos, convivência, muitas lágrimas minhas e muita conversa. De todas as pessoas que conheci, ela foi a com quem mais me dei bem. Tive afinidades fantásticas e ainda as tenho. Mas minha filha pode confirmar o que estou dizendo. Se éramos para ter dado errado, hoje temos certeza de que a nossa amizade será eterna.

Para celebrar o momento nostálgico em que me encontro esses dias, me lembrei dos dias em que praticamente convivíamos 24 horas por dia, coisa que nem namorado tem privilégio. Quando ia dormir na casa dela (antes de ela morar com o Rafa), passamos literalmente 48 horas uma ao lado da outra. Ela, falando sem parar, e eu, quieta. Podem acreditar, eu sou uma pessoa quieta!

Idas e vindas em supermercados, Liberdade, cafés. Nossas inesquecíveis conversas pós-prandiais. Cada uma compartilhando sonhos e tentando decifrar enigmas oníricos. Pura psicologia. Pura astrologia. Puro cinema. Pura fofocagem.

Ainda hoje em dia, eu escuto alguém dizer que não sabe como a gente se dá tão bem. Pois é. temos um respeito mútuo uma pela outra. Principalmente pelo modus operandi. Isso é o mais essencial e primordial de tudo. Acho que se todos os casais tivessem um pouco disso que temos como amigas, eles seriam mais felizes. A sensação de completude vem desse estado mútuo de respeito e empatia. No mais puro sentido semântico dessas palavras.

A gente já brincou para tentar desvendar esse darma. Já seguramos as pontas uma da outra. E mesmo hoje, muito distantes, ainda temos essa sintonia. Ela é indestrutível.

Hoje, minha filha veio me falar de "trânsitos e transitórios". Como boa ascendente em áries que é (e eu conheci alguns espécimes para comprovar essa teoria), ela tem uma destreza e uma insatisfação implacável. Isso sempre causou admiração para uma aquática como eu. Vou citar uma frase dela. Ela pode ficar brava, mas a frase merece citação.

"mas os demônios internos estarão sempre comigo, sei disso. como estiveram até o fim com ele, que não morreu em paz por ter tomado essa decisão. mas a gente blefa com a gente mesmo e engana a nossa mente, faz parte da vida..."

Eu pensei em tantas respostas para dar. Acabei sequer respondendo ao email. Fiquei com essas coisas na cabeça. Com esses sonhos que perseguimos. Com essa ânsia de encontrar o "Porto Desejado". Será que tudo é ilusão?

Se vocês não entenderam nada da conversa, ok. Eu e a minha filha sempre brincamos dizendo que vamos compartilhar o mesmo espaço na Casa de Saúde. Falando de Filosofia, Cinema e Astrologia. Um pouco de Espiritualidade. Questionando tudo. Chegando a muitos detalhes e poucas conclusões. Exceto esta, que já chegamos: a vida é transitória.

Obrigada por existir em minha vida, filha. Já disse isso em muitos lugares e repito aqui: sem você, minha vida não seria a mesma e não teria a graça que tem.

***

http://www.youtube.com/watch?v=2vf3ZE7CLg0

Momento nostálgico + Queen



Em uma tarde típica de outono como esta de hoje, me lembro de um tempo "livre" que vivi no Japão, lá pelos idos de 1996. Costumava pegar minha bicicleta e andar. Muito. Aproveitava para ver a paisagem, as casas, as lojas, as pessoas. Passeei muito por todos os supermercados possíveis (quem me conhece, sabe que é um dos meus passatempos favoritos).

Como morava perto da praia, ia até a praia, ver a lua se pôr sobre o mar... uma das cenas mais lindas que eu já vi em toda a minha vida. Cruzava quadras. Fazia cachorros latirem. Ao contrário daqui, nunca foi perigoso.

Tinha várias trilhas sonoras, mas para ilustrar esse momento, escolho Queen, banda que gosto demais.

Momento nostálgico. Mas necessário neste momento.


http://www.youtube.com/watch?v=4ADh8Fs3YdU

http://www.youtube.com/watch?v=gfLD-7bCtME&NR=1

http://www.youtube.com/watch?v=rNBWf54RvsI

http://www.youtube.com/watch?v=gI-bPZQhBLk

http://www.youtube.com/watch?v=hjyka1gkodo




Inacreditável

Adoro contar esta história: no período em que morei no Japão (96-97), eu tive o privilégio de acompanhar uma novela do horário nobre (!!!) (mesmo sem entender praticamente nada) em que a protagonista era uma garota confusa entre um amor de uma mulher e o amor de um homem. SIM!

Vocês pensem que o Brasil é uma terra "moderna"? Aqui o pensamento é mega-retrógrado nesse sentido. Lembrem-se da explosão das lésbicas em Torre de Babel e da "morte" de uma delas em Mulheres Apaixonadas.

Falta muito pra gente ainda. O dito calor humano brasileiro ainda não chegou a esse nível.

Infelizmente, eu não vou sequer saber citar o nome da novela... me perdoem por isso. Mas eu sabia que estava diante de algo inédito que nunca mais veria novamente, a menos em The L Word (muitos e muitos anos depois).

A música a seguir era a trilha sonora principal: Yumi Matsutoya interpretando belamente a Saigo no uso (A útlima mentira).

Ah sim, a novela se desenvolveu em meio a muito drama (bem no estilo nipônico que a minha amiga Sharleu mais adora) e terminou bastante libriano: ela ficou sozinha, embora tenha tido um caso tórrido com a mulher, dado uns beijos no homem... preferiu ficar sozinha.

http://www.youtube.com/watch?v=B8XcF1jn3iQ