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Album signing com Zélia Duncan

Como prometido a mim mesma, eu e minha sis fomos ontem ao lançamento do novo cd da Zélia Duncan Pelo sabor do gesto. Com um pouco menos de pontualidade do que eu queria, cheguei na Livraria Cultura às 18h45. Considerando que saí do Alto da Lapa às 18h00, cheguei cedo. Encontrei com minha irmã e ficamos na fila esperando. Exatamente às 20h40, fomos atendidas por uma graciosa Zélia Duncan de chapéu, uma camiseta com a frase "It's never done" e simpaticíssima com cada uma das pessoas que estavam na fila (não foram muitas, calculo umas 300). Claro que até lá, eu fiquei observando as pessoas, a quantidade sempre admirável de sapatas e casais de sapatas -- umas disfarçadas, outras descaradas --, o que sempre me faz pôr em prática meu lado antropóloga-Crisão que quem me conhece, sabe como é sagaz e ligeiramente maldoso.

Enfim... quando chegou a nossa vez, eu estava ansiosa! Fui uma única vez ao show da Zélia há muitos anos atrás! Imagina. Abriu um clarão e eu entrei com os braços abertos (como se estivesse revendo a minha melhor amiga) e fui correndo abraçá-la. Enquanto a abracava, disse: "É um prazer poder te conhecer pessoalmente!". Ne
m lembrei da minha irmã. Achei estranho, mas achei que ela estivesse de lado, olhando, já que disse a ela que eu seria bem sagitariana. Ela falou que estava meio tímida (bem canceriana...). Disse para ela "deixe de ser boba, isso não é hora de ser tímida!". Enfim.

Peguei o encarte com a página devidamente escolhida e entreguei a ela. Perguntei se eram dela as belíssimas aquarelas que compunham o encarte todo. "Não... são de Brígida Baltar", respondeu ela sorrindo aquele sorrisão só dela.

Nisso (finalmente!) me toquei que minha irmã tava longe! Chamei ela! "Vem aqui!!!". E disse para a Zélia "Esta é minha irmã!" E ela respondeu: "Irmã tímida!" Enquanto isso, minha câmera, nas mãos de uma loira, apenas esperava a hora de bater a foto das três. Aliás, foi essa mesma loira que impediu a entrada de minha irmã que, educada e tímida, nem repeliu a loira. Ah se fosse comigo...

Minha irmã se aprochegou, abraçou a Zélia com bem menos efusão que eu. Aí fomos para o autógrafo: Cris e Tati. Eu fiquei vendo ela escreve
r. Nos arrumamos pra foto. RÁ: pus a mão na coxa dela, para me apoiar. Não tinha como evitar, né???.... Ao final, eu disse a Zélia: "E vc vai fazer um reality show igual à Isabella Taviani?" Ela deu uma sonora gargalhada e respondeu: "Nãooo só a Isabella mesmo!!" Eu respondi: "Eu vi o vídeo seu e da Isabella e adorei!!" Ela deu outra gargalhada e ela disse "A Isabella é louca!". Rimos e fomos, eu minha sis.

Foi fantástico, mas não tinha como não falar desse vídeo. As duas juntas são muito engraçadas.

Voltei para casa andando nas nuvens. Nessas horas penso que temos de valorizar nossos artistas -- os brasileiros que estão aqui -- pois eles podem realizar aquele sonho de fã de abraçar, rir e chorar. Nada contra os gringos (praticamente inalcançáveis), mas nenhum deles me deu as alegrias que Ana Carolina, Isabella Taviani e Zélia Duncan me proporcionaram até agora.

BTW, ainda tô ouvindo o CD. Uma graça... doce, leve.

Ode to my family

Ontem, voltando pra casa numa São Paulo chuventa a semana inteira, me ocorreu algo: eu quase nunca falo da minha família aqui e para ninguém. Fiquei com a pulga atrás da orelha.

Acho que como toda boa lésbica (e algumas devem viver este confronto até hoje), eu também senti e ainda sinto os efeitos de não ser uma "normal da sociedade", que tem filhos aos 30 anos, prestação de casa, carro na garagem... como tinha dito minha amiga Gabitchs no blog dela. Mas, dentre todos esses confrontos, eu trago boas lembranças de minha família e de minha infância. Tudo ainda é questão de ponto de vista e de como você lida com o que é inerente a você.

Da minha irmã, eu sempre vou me lembrar dos salgadinhos Ruffles e de quando ela mordeu meu olho, sendo uma bebezinha de meses, e quase me cegou. A gente não se dá muito bem, mas a gente se respeita e se gosta.

Do meu pai, vou sempre recordar das canções de ninar antes de dormir e de como é bom deixar a barriga sempre aquecida durante a noite, para não ter cólicas. E de como é bom gostar de desenhos e ser eclético em música. E de como nunca ser um pisciano em seus piores defeitos.

Da minha mãe, eu tenho as melhores recordações. Ela me ensinou a ser forte, independente e simpática -- características muito impossíveis para uma canceriana com ascendente em peixes e lua em leão. Eu sempre fui retraída e tímida e tinha vergonha da minha mãe com seu jeito sagitariano e espontâneo de ser.

Minha mãe me ensinou que devemos ser respeitados pelo que somos. A vocês confidencio que sempre sofri por ser japa. Imagina ser uma japa lésbica! Minha mãe, inconscientemente, me incutiu a regra de que você deve ser quem você é, fazer o que você gosta. Ser sempre alegre e acreditar.

Além do lance de repetir à exaustão que se não temos ninguém para nos ajudar, não devemos sentar e lamentar, mas sim correr atrás daquilo que é necessário. Isso vai desde trocar uma lâmpada a arranjar um emprego.

Hoje em dia, tenho muito de minha mãe em mim. E tenho muito orgulho dela. Mesmo que eu saiba que ela nunca leria este blogue, este post de hoje é, basicamente, uma homenagem a ela.

Zélia Duncan

Amanhã, Zélia Duncan na Livraria Cultura, em SP.

Deve estar meio muvucado, mas depois do David Lynch, eu encaro qualquer coisa.

Vejam o link! Eu estarei lá!

Processador 3.2

Estes dias eu tenho coberto as férias da Elaine, secretária editorial, de onde trabalho. Afora o volume infinito de tarefas simultâneas (às quais me dou bem, graças ao leão e gêmeos de meu mapa) meu cérebro e minha alma estão a mil. Confesso que não tô dando conta.

Aí, conversando com a minha filha, berrei: "Sim!!! Sou um processador 3.2!!!"

E vamo que vamo.

And so it is..

... just like you said it would be, life goes easy on me, most of the time.

Tanto do tanto que não consigo entender. Ultimamente, tenho tentado captar umas ideias que ficam pulando na minha mente, como se meu cérebro fosse uma ponte do rio que cai. Quando cai, viram posts neste blog ou viram poemas.

Nem comentei que já escrevi mais de 700 poemas desde 1994, que eu tenha registrado. Muitos disquetes, impressos e cds.

Desde 2008 eu parei de escrever, sabe quando você meio que sente que já disse tudo que deveria dizer? Pois é. Eu sinto que meus poemas já deram o que tinham de falar, agora estou partindo para prosa, meu sempre ponto fraco.

Tenho recebido elogios importantes de pessoas muito importantes que me conhecem desde a época de poeta. E é muito legal saber que posso me enveredar pelos caminhos da prosa com destreza e sensibilidade, bom humor e elegância, profundidade e uma certa prolixidade que eu -- sem qualquer modéstia -- tinha na poesia.

Ah! Dias estranhos! Venham! Estou de braços abertos para viver tudo que tiver de viver!!!