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E a Pixar?

Alguns de vocês já devem ter visto a mais nova animação da Pixar UP. Que desenho é este? E o curta da abertura Partly Cloudly?
Surpreendentemente surpreendente.

Ontem fui conferir e fiquei fascinada como eles conseguiram resgatar a ingenuidade da infância, ao retratar as cegonhas e as nuvens, no curta. E como eles conseguem ser delicados e inteligentes, ao falar de sonhos na velhice, no filme.

Eu adoro todas as animações da Pixar, um pouco menos Carros. Mas este UP está na lista dos meus favoritos! A cada vez eles se superam mais.

Prestes

Eu me fiz uma pergunta, aparentemente sem resposta. Porque, pretensiosamente, intuía saber todas as respostas. E sabemos que a falta de humildade é sempre castigada com mais perda e desilusão.

Eu nunca soube a resposta. Mas eu sabia que não podia fugir de quem eu realmente era. Longe dos holofotes que tanto me agradam, eu sempre fui uma pessoa introspectiva. Silenciosa. Observadora das pessoas e das vidas.

De certa forma, de alguns anos para cá, eu tinha perdido isso. Talvez por ter mergulhado demais a fundo e sempre enfiando a brasa quente na ferida aberta, eu tenha me cansado um pouco disso. Graças ao Kronos Quartet, devo dizer que estou me sentindo viva novamente.

Assim, peguei minhas trilhas favoritas para fazer qualquer ser humano se despir de superficialidade, tal qual eu estava vestida: Philip Glass; Angelo Badalamenti (e suas obras-primas compostas em parceria com David Lynch); Kronos Quartet; The Division Bell, do Pink Floyd; The Four Seasons, de Vivaldi; réquiems e árias isoladas de Bach; todos os adágios de Tommaso Albinoni.

E estou me sentindo amparada, de uma estranha e suave forma, como pouquíssimos amigos conseguiram me amparar.
Sim, eu gosto dos movimentos lentos, da quase mesmice do Barroco, da repetição de Philip Glass. Se alguns chamarem meu gosto de “carne de pescoço”, eu digo: Arte é e será sempre Arte. Gosto não se discute.

Eis que então, folheando o encarte da trilha sonora de The hours, encontrei um breve texto do autor Michael Cunningham, autor do livro que inspirou o filme. Trecho divino, que reproduzo aqui:

“Nós, humanos, somos criaturas que nos repetimos, e se nos recusarmos a abraçar a repetição – se empacarmos diante da arte que busca enaltecer suas texturas e ritmos, suas infindáveis variações sutis – estaremos ignorando muito do significado que damos à própria vida.”

E termino: estou pronta para pular em mim, novamente. Sem medo do que encontrar, sem medo de ir até o fundo. Sem medo de voltar, e ser eu mesma e algo mais.

ps: vou me programar para muito em breve rever Mulholland dr., The hours e Requiem for a dream no mesmo dia, de uma só vez.

Eterna angústia (ou a pergunta que não quer calar)

Me ponho para ouvir três trilhas sonoras que há muito tempo não ouvia: Requiem for a dream, The hours e Mulholland dr. Se vocês já viram algum desses filmes e já tiveram a oportunidade de escutar algumas dessas canções saberão que, elas reunidas juntas, formam um belo panteão da dor e da angústia.

Eu sempre tive uma característica: introspecção. E acho que a tinha guardado demais para satisfazer a demanda dos extremos otimistas que não compreendem o que é sentir angústia! Eu comecei a fugir dos filmes dramáticos – mesmo depois de tê-los vistos todos – achando, ingenuamente, que conseguiria apagar a marca indelével deixada em mim.

Sinto que desde que assisti a Into the wild, essa centelha voltou a coçar dentro da minha mente. Algo começou a ser criado e eu nem sabia exatamente o que era. Maldito Christopher McCandless…

Comecei a ler o livro (que deu origem ao filme) e muito embora ainda acredite que ela seja o relato de um psicopata, eu me reconheci em muitos de seus questionamentos. Esses, que faço todos os dias, sem saber porquê, mas faço.

Acho que cada um de nós vive seus momentos de dor e angústia, isso não é privilégio de alguns poucos azarados. A questão é: o modo como cada de um de nós vive essa onda de intensidade que nos atinge, nos deixando sem apoio, sem rumo, em total desamparo.

Uns muitos se refugiam em vícios, que vão desde um cigarro, a uma bebida, a uma mania. Ao excesso de amor ou ao excesso de trabalho. Ao excesso de esporte ou ao excesso de controle. Tudo que é excessivo e, consequentemente, cancerígeno. Da mente, do corpo ou da alma.

A minha fase angustiosa voltou. Na verdade, depois que você abre os olhos, é ingênuo achar que poderá voltar a fechá-los. Mais ingênuo ainda é pensar que será fácil conviver com essa “suposta sabedoria” em uma sociedade como a nossa. Não é!

O que resta, então, para uma pessoa, marionete de mim, sobre mim e em mim mesma? Não bebo nem fumo. Não tenho mais vícios. Não sou covarde pra distribuir minhas dores aos meus amigos que tanto e tanto já me ajudaram. Eles estão sofrendo também. Escrever? Praguejar? Recorrer a uma religião?

Eu acho que, por ora, não tenho resposta. O que me serve de companhia são essas trilhas sonoras. É lembrar que um dia seus sonhos morrem, e por mais que você construa outros sonhos, a lembrança doída da sua primeira frustração nunca se apagará. Talvez eu esteja sendo a maior de todas as egoístas… mas se eu não puder compreender isso em mim, como vou viver para o mundo? Fica então a questão: conseguirei compreender isso um dia?

Se esta escolha que eu já fiz um dia, tiver de ser refeita, farei. Mesmo sem a certeza de outrora. Mesmo com a dor e a angústia de agora. O céu azul ou a noite que fizer lá fora, ainda será o bálsamo. A Natureza.

Às vésperas de um fim de semana

Mais um fim de semana aponta trazendo aquela velha chama de esperança que tanto anima e reanima cada uma das pessoas que passa seus cinco (ou mais) dias da semana batalhando arduamente em seus trabalhos por mais de 8 horas por dia, ou seja lá qual for a rotina de vida.

Com a premissa de esperança e renovação, acordamos tarde no sábado. Alguns podem enrolar, outros madrugam para "aproveitar bem o dia". Saem, fazem compras, passeiam, encontram amigos, enchem a cara, vão pra balada. Domingo é dia de comer na casa da mãe ou de um frango assado da padoca. Pode ser dia de feira e pastel. Pode ser dia de passeios lights para refrescar a mente, um café na Paulista + cinema + Livraria Cultura ou Benedito Calixto.

Vai chegando o fim do finde e o fantasma da segunda-feira chega tomando ares de bode. Na televisão, futebol das 16h00. Faustão. Fantástico. De volta pra minha terra. De volta ao mundo real.

E a vida segue. Tão ordinária quanto ridícula.

Às vezes eu penso: o que eu tenho de ver agora, que estes olhos já não viram. Como disse por aí, a violência sutil não é menos violenta que a explícita. Ambas são formas de violência -- que em nenhum grau -- deveriam existir.

Mas meus olhos laranja mecânica continuam abertos. O sol não vai cegá-los. Saber ou não a realidade não nos torna mais sábios, isso é ilusório. Ao contrário, faz com que nos sintamos o sapo, que dentro de uma panela, não sente quando a água começa a ferver, mesmo com o fogo ligado e com as pequenas bolhas surgindo.

Como diria minha filha Poliana, a Arte ainda é a melhor forma de alienação que o ser humano já inventou. Usada com parcimônia e sabedoria, claro. Tudo bem que nem sempre concordo com ela, no entanto, diante das circunstâncias... não posso reclamar.

A vaidade e a competição

Faz algum tempo que ando pensando nessas duas palavrinhas acima, que dão título a este post.

E as primeiras coisas que me vêm à cabeça são: por que somos treinados, desde pequenos, a sermos competitivos? Será a tal da Seleção Natural de Darwin? Ou isso teria raízes esótericas? Carma? Lei da Ação e Reação? Testosterona? Mundo corporativo?

Pessoalmente, sempre fui de querer ser melhor que as outras. E assumo isso sem papas na língua. Passei muito tempo subestimada pela minha baixa auto-estima, aliada à timidez extrema (isso faz muito tempo atrás). Mas, qual ser humano não passa por esses momentos de crise, mesmo o mais forte e o mais seguro de si?

Queremos ser melhores -- e devo dizer que as mulheres são campeãs, mestras e especialistas em inveja da outra, seja por qual motivo for -- e para isso não nos importamos de jogar uma fofoquinha no ar ou de jogar umas pedrinhas na escada do outro enquanto ele está lá, subindo lentamente. Nessas horas, afirmo sem medo que todos nós temos um lado cruel que usamos. Não consciente, na maior parte das vezes, mas usamos.

Aí, eu me lembrei da tal "imagem poderosa" que guia a nossa vida. Pra qualquer um. Pode ser a imagem do pai, a imagem da mãe, a imagem de um ídolo, mas em geral, eu associaria essa "imagem" a uma fonte de poder (poderia até receber o nome de Deus ou Jesus) com um certo grau punitivo a quem você deve respeito e constantes explicações.

Acho que a Psicologia e a Psicanálise já devem ter falado muito sobre isso, mas o que a grande massa de nós não sabe é: precisamos desse guia na nossa mente. Não prestar contas a ele é como viver à deriva. Parece que perdemos nosso propósito.

Eu sempre fui muito observadora do Ser Humano e devo dizer que tenho uma relação estranha de amor e ódio às vezes. Ultimamente, tem me cansado ver as pessoas se rastejando por migalhas para ter a bênção do chefe. Entenda: isso não é feito de modo consciente.

Para os que fazem de modo consciente, chamamos de puxa-sacos/puxa-tapetes. Para os que não fazem de modo consciente, chamamos de alienados dependentes. No fim, a única pessoa pra quem devemos prestar contas -- hoje, amanhã e sempre -- é nossa alma.